5 Passos para ser um consumidor consciente e praticar a sustentabilidade em casa

Você sabia que a prática de ações sustentáveis no cotidiano pode ser muito eficaz para a melhoria do impacto que causamos diariamente no planeta? E que o consumo consciente é parte essencial para que isso aconteça?

Pensando nisso, preparamos algumas dicas de como você pode se tornar um consumidor consciente e começar a deixar sua pegada no planeta mais sustentável e menos impactante.

1. Escolha um local da casa para focar sua atenção

Pode ser difícil focar em um local específico quando queremos mudar todos os nossos hábitos, não é mesmo? Mas escolher um cômodo da casa para começar as transformações para ter uma pegada mais sustentável pode ser mais simples, além de evitar preocupações e ansiedade caso você optasse por modificar toda a casa de uma única vez.

A cozinha é o local perfeito para colocar em prática o consumo consciente e a sustentabilidade! Ela é um dos locais da casa que mais pode gerar desperdício e impacto no meio ambiente. Então, fique atento para as dicas!

Imagem: Creative Commons

2. Atenção aos produtos que usualmente são consumidos

Um dos grandes vilões na cozinha é o detergente, considerado como um dos produtos de limpeza que mais concentram poluentes químicos. Além da poluição que causam em rios, os detergentes também prejudicam a vida de aves aquáticas e podem causar alergias dermatológicas nos seres humanos.

O plástico é outro elemento que produz grande impacto. Rios, mares e oceanos estão cada vez mais tomados por plástico das mais variadas formas. A situação é tão grave que se continuarmos a consumir e descartar plástico como fazemos hoje, em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Uma forma de conter tanta poluição é diminuir o consumo e o descarte de plástico, começando pelo uso de sacolas.

Rio Tietê cheio de espuma resultante de produtos como detergentes e fertilizantes em Pirapora do Bom Jesus. / Imagem: Rafael Pacheco/Fotos Públicas. / Reprodução: G1

3. Evite o desperdício de alimentos frescos

Sabe aquelas embalagens plásticas (os sacos plásticos que geralmente são vendidos em grande quantidade nos mercados) para armazenamento de alimentos na geladeira? Além da poluição ambiental causada pelo descarte, esses sacos plásticos geram impactos desde a extração de recursos necessários à produção (elas são derivadas do petróleo), passando pelo uso água e energia no processo produtivo, onde são liberados rejeitos líquidos e gases de efeito estufa (GEE) [1].

Se não bastasse todo esse histórico de impacto e de alta pegada de carbono que adquirimos ao consumidor esse tipo de produto, essas embalagens também podem reduzir o tempo de vida de verduras e legumes aumentando o desperdício de alimentos e de seu dinheiro. Nossa dica para aumentar a durabilidade de seus alimentos é optar por outras formas de armazenamento.

Imagem: Embrapa

4. Busque por produtos que tenham menor impacto no meio ambiente

Como estamos focando em mudar nosso consumo primeiramente pela cozinha, podemos buscar produtos que tenham uma cadeia produtiva que gere impactos sociais positivos e sejam menos poluentes ao meio ambiente.

Com a proibição de sacolas plásticas em alguns estados do Brasil, foi bem comum ver pessoas questionando a respeito da embalagem de produtos comumente consumidos em mercados como arroz, feijão e açúcar, por exemplo. Essa ainda é a forma mais segura de se conservar produtos não perecíveis e garantir que os mesmos cheguem em grande escala a todo o mercado consumidor (precisamos considerar que nem todas as pessoas possuem acesso facilitado a alimentos). No entanto, já percebemos o aumento de locais que comercializam alimentos a granel, o que reduz bastante o consumo e descarte de plástico.

Voltando aos produtos que citados como poluentes, já há soluções de menor impacto no meio ambiente. Uma forma de combater tanto impacto negativo dos detergentes convencionais no meio ambiente e garantir a saúde da sua pele é optar por produtos de limpeza naturais e biodegradáveis.  A Positiva possui uma linha de produtos de limpeza pensados para o consumidor consciente que deseja reduzir seus impactos na natureza, como o lava louças que também é hipoalergênico e possui embalagem feita com plástico retirado dos oceanos 100% reciclado.

Lava louças da Positiva: hipoalergênico, biodegradável e vegano. / Imagem: Positiva

Para substituir as sacolas plásticas para descartar os resíduos residenciais pode-se optar por alternativas menos impactantes como os sacos de lixo 100% biodegradáveis da Tudo Biodegradável.  E para as embalagens plásticas de armazenamento de alimentos uma boa alternativa são os produtos da Junibee como as bags de geladeira feitas para o correto armazenamento de verduras e legumes lavados. Além das bags conservarem seu alimento e não poluírem os oceanos, também são feitas de algodão orgânico.

Bag Junibee para armazenar folhas, verduras, legumes lavadas na geladeira./ Imagem: Junibee

5. Se possível, concentre suas compras em um único lugar

A boa notícia é que tem se tornado cada vez mais fácil encontrar lojas, empresas e estabelecimentos que comercializem produtos com uma pegada mais sustentável e isso é fruto da maior conscientização que nós, consumidores, estamos desenvolvendo.

Uma boa dica, já pensando um pouco mais além, seria concentrar as compras em um único local, que disponibilizasse para a venda diversos produtos que tivessem um impacto social positivo e um menor impacto negativo na natureza. Um local que reúna todos esses itens é a Pangeia, uma loja online e física (que fica no Rio de Janeiro), que assim como nós, acredita em um mundo mais sustentável e justo a partir de pequenas ações no dia a dia e da conscientização das pessoas. Para saber mais sobre a Pangeia, clique aqui.

Print da loja online da Pangeia. / Imagem: Pangeia

Gostou das dicas? Você é um consumidor consciente? Conta para gente o que tem feito para tornar sua pegada no planeta mais sustentável.

[1] Fonte: MMA

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ABREU, Nathália. 5 Passos para ser um consumidor consciente e praticar a sustentabilidade em casa. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/5-passos-para-e-ser-um-consumidor-consciente-e-praticar-a-sustentabilidade-em-casa.html>.

Um terço de tudo que você compra vai direto para o lixo

O Brasil é um dos 10 países que mais desperdiça comida no mundo. São cerca de 26,3 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todos os anos. E os principais ingredientes que compõem o tradicional prato do brasileiro – arroz e feijão (38%), carne (20%) e frango (15%) – são os mais desperdiçados.

Atualmente, perdemos ou desperdiçamos aproximadamente um terço de todo o alimento que é produzido globalmente. São cerca de 310 bilhões de dólares anuais perdidos somente nos países em desenvolvimento.

Ao desperdiçarmos toneladas de alimentos diariamente, contribuímos para a degradação econômica e social do nosso país, prejudicando a saúde de milhões de pessoas, cidadãos que sofrem com a insegurança alimentar e a irracionalidade do desperdício.

E, esse desperdício está em todo o lugar, ao longo de toda a cadeia de produção. Ele passa pelos produtores rurais, transportadoras, comerciantes e a casa de cada um de nós. No Brasil o desperdício é assim distribuído:

Imagem: Autossustentável
  • 10% de todo o desperdício ocorre na colheita, como a eliminação de produtos deformados;
  • 50% ocorre no manuseio e transporte, com o uso de embalagens inadequadas durante o transporte e distribuição – frutas, legumes e verduras são empilhados em caixas retangulares que quase nunca conseguem deixar os alimentos intactos, elas amassam os que estão em baixo, arranham e machucam os alimentos;
  • 10% ocorre nas centrais de abastecimento (CEASAS), com descarte de alimentos que não passam no controle de qualidade, uma vez que somente os “melhores” produtos são escolhidos pela indústria;
  • 30% são diluídos entre supermercados e consumidores, como o descarte de produtos próximos da data de vencimento pelos varejos e o não aproveitamento integral dos alimentos por parte dos consumidores.

Para atingir a sustentabilidade e reduzir a insegurança alimentar no mundo, é fundamental melhorarmos a gestão do desperdício. A Agenda 2030 estabelece como um dos objetivo do ODS 12, a redução pela metade do desperdício de alimentos per capita nos níveis de varejo e consumidor.

Imagem: ONU

Assim, adotando medidas simples pode-se economizar e combater o desperdício de alimentos do momento da compra até o preparo.

  • É necessário planejar as compras; olhar a despensa e a geladeira, pensar em cardápios semanais e, organizar uma lista com alimentos que serão, de fato, utilizados no consumo, podem ajudar muito neste processo.
  • Prefira os alimentos da época, assim temos a garantia de consumir frutas, legumes, verduras e raízes com melhor qualidade (maior durabilidade, maior teor nutricional e menor quantidade de defensivos agrícolas), além de apresentarem preços mais acessíveis.
  • Armazene os alimentos em locais limpos e em temperaturas adequadas para cada tipo de alimento, prestando atenção nas orientações impressas na embalagem.
  • Frutas, verduras, legumes, cascas, entrecascas, talos, sementes e folhas devem ser lavados, um a um, em água corrente – somente depois devem ser higienizados em solução de hipoclorito de sódio.
Imagem: Creative Commons
  • No momento do preparo seja criativo! Sempre que possível, procure aproveitar também as partes não convencionais dos alimentos (cascas, entrecascas, folhas, talos e sementes), que são, normalmente, descartadas, sem que as pessoas associem este descarte como um desperdício.
  • Prepare apenas a quantidade necessária para as refeições da família. Faça uma média da quantidade de porções por pessoa. E, caso haja sobras, armazene-as em geladeira para utilizar em outras refeições.

Com informações: Instituto AkatuONU e TV Cultura

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SOUZA, L. B. Leonardo. Um terço de tudo que você compra vai direto para o lixo. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/um-terco-de-tudo-que-voce-compra-vai-direto-para-o-lixo.html>.

Dia do Consumo Consciente alerta para produção e consumo exagerados

O Dia do Consumo Consciente é celebrado no Brasil no dia 15 de outubro, data criada em 2009 pelo Ministério do Meio Ambiente. A ideia da data é despertar a consciência do público para os problemas sociais, econômicos, ambientais e políticos resultantes dos padrões de produção e consumo insustentáveis praticados atualmente.

A melhor maneira de mudar isso é a partir das nossas escolhas de consumo. Devemos, sempre que possível, optar por produtos ou serviços que minimizem o uso de recursos naturais e materiais tóxicos e que, diminuem a emissão de poluentes e a geração de resíduos.

Essas e outras informações estão disponíveis na cartilha “Pequeno Guia para o Consumo Consciente”.

Vale lembrar que todo consumo causa impactos (positivos ou negativos) econômicos, sociais, ambientais e em você mesmo. Ao colocar em prática um consumo mais consciente na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos. Todas essas escolhas contribuem diretamente para a sustentabilidade e o futuro das próximas gerações.

Você é um consumidor consciente? Faça o teste!

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SOUZA, L. B. Leonardo. Dia do Consumo Consciente alerta para produção e consumo exagerados. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/dia-consumo-consciente-producao-exagerado.html>.

Que tal presentear alguém de forma consciente? Conheça a Presente Consciente

Você já pensou em dar um presente diferente a alguém? Algo que possa ser útil e que impacte quem o receba? Você já pensou se o dinheiro gasto em presentes fosse transformado em doação para instituições?

Conheça a Presente Consciente! Uma plataforma online que oferece uma maneira diferente de presentear, através de vales-doação, que funcionam em dois modelos: Festa Consciente ou FeliciCards Avulso.

Mas como funciona?

No modelo Avulso, quem quer presentear oferece o FeliciCard e o presenteado pode escolher para qual instituição parceira irá a doação. Assim, o presente também é um convite à participação e ao envolvimento nas causas sociais.

Já na Festa Consciente o realizador da festa escolhe até duas instituições parceiras e pede FeliciCards de presente aos convidados. O dono da festa pode escolher doar toda a quantia arrecadada ou somente metade, ficando com o restante.

Imagem: Presente Consciente

São cerca de 30 instituições cadastradas de segmentos variados e de pequeno, médio ou grande porte. Algumas já conhecidas como: AACD, ActionAid, Anistia Internacional, APAE SP, Casa do Zezinho, Doutores da Alegria, Gastromotiva, Médicos Sem Fronteiras, Teto e WWF-Brasil.

Bacana, né? Agora todo evento e presente é uma oportunidade de fazer o bem e construir uma sociedade melhor!

Para enviar o seu FeliciCard, basta acessar o site: https://www.presenteconsciente.com/

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SOUZA, L. B. Leonardo. Que tal presentear alguém de forma consciente? Conheça a Presente Consciente. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/presente-consciente.html>.

Quando a sustentabilidade faz o dinheiro ficar mais barato!

Uma empresa tem basicamente três formas principais de conseguir dinheiro pra continuar operando: reinvestindo o lucro de suas operações; vendendo uma parte da própria empresa (colocando ações pra vender na bolsa ou vendendo uma porcentagem da empresa pra algum investidor); ou pedindo emprestado (pra um banco, vários bancos, investidores). Isso não é novidade. A novidade é que a sustentabilidade pode tornar esse dinheiro bem mais barato para as empresas!

Estou falando de uma nova modalidade de financiamento que tem crescido assustadoramente no exterior e que começa a chegar no Brasil: o Empréstimo ASG (tradução livre de “ESG-linked loan”). O Empréstimo ASG nada mais é que a vinculação da taxa de juros de um empréstimo em taxas inversamente proporcionais ao cumprimento de metas de sustentabilidade por parte do tomador do crédito.

Ficou confuso? Explico: a Indústria Seu Manuel precisa de R$ 100 milhões pra construir uma nova fábrica. Ela vai falar com o Banco Porquinho Feliz. O Banco Porquinho Feliz fica, bem, feliz em emprestar os R$ 100 milhões e propõe que o seu Manuel pague de volta o empréstimo apenas daqui a 3 anos. Mas estamos falando aqui de um empréstimo e um empréstimo sempre tem juros! Pense que os juros são a remuneração que o Banco Porquinho Feliz vai ter por emprestar esse dinheiro ao Seu Manuel – eles estão literalmente vendendo dinheiro e querem um lucro pra essa operação. Então, eles combinam com o Seu Manuel que, daqui a 3 anos, ele não pagará R$ 100 milhões, mas,  sim, R$ 110 milhões; ou seja, uma taxa de juros de 10%, que será o “lucro” do Banco Porquinho Feliz.

Imagem: Creative Commons

E por que existe essa taxa de juros? Bem, primeiro porque o Banco tem que ter alguma motivação para emprestar seu dinheiro (senão eles colocariam em algum outro lugar melhor, ou mesmo gastariam comprando bacon, sei lá). Mas também porque há sempre uma chance da Indústria Seu Manuel dar um calote e não pagar esse dinheiro no futuro. Pode ser que a Indústria não consiga crescer e tenha problemas financeiros.  Pode ser que eles tenham outras dívidas e tenham que gastar o dinheiro com elas. Ou pode ser que o Seu Manuel é apenas caloteiro. Não importa: se o Banco empresta dinheiro pra alguém, tem que checar o risco desse alguém não pagar de volta. Quanto maior o risco, mais “caro” o dinheiro pra essa instituição; quanto menor o risco, então, menor a taxa de juros.

Mas o Seu Manuel, além de bom pagador, é um cara sagaz. E, mais que isso, sustentável! Ele responde à proposta do Banco Porquinho Feliz com o seguinte ponto: “Minha indústria é a mais sustentável do mercado. E eu quero ficar ainda melhor! Vou diminuir minhas emissões de gases, vou diminuir meu uso de água, vou melhorar as comunidades próximas à minha Indústria, vai ser lindo. Tenho metas ambiciosas e vou atingi-las… e se, caso eu atinja todas essas metas sustentáveis, ao invés de ter que pagar R$ 110 milhões, eu tenha que pagar apenas R$ 107 milhões?”

É claro que o Banco Porquinho Feliz vai estranhar num primeiro momento. Mas o Seu Manuel começa a mostrar diversos estudos e constatações de que mais sustentabilidade requer melhor gestão e que tende a levar em melhores resultados. E é aí que está o pulo do gato: mais sustentabilidade é um risco menor ao Banco Porquinho Feliz! Que fica ainda mais feliz com a proposta e prontamente aceita.

E isso é um Empréstimo ASG: é vincular taxas menores de empréstimo ao quão melhor você for em temáticas de sustentabilidade. Claro que é um pouquinho mais complexo do que o que foi apresentado aqui, mas a lógica é essa. E esse é o motivo e a beleza de seu crescimento: pra que uma empresa se torne mais sustentável, TODA a empresa tem que ir nesse caminho. Todos têm que cooperar para cumprir as metas estabelecidas. E todos saem ganhando com os resultados. É dinheiro mais barato para o tomador. Menor risco pra quem empresta. E benefícios ambientais e sociais pra todo o planeta.

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MALTA, Fernando. Quando a sustentabilidade faz o dinheiro ficar mais barato!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/quando-a-sustentabilidade-faz-o-dinheiro-ficar-mais-barato.html>.

O que a nova geração pode nos ensinar sobre a urgência de ações pelo clima?

A frase “Nós nunca perdoaremos vocês!” tem ecoado na minha memória desde que Greta Thunberg falou na Cúpula do Clima da ONU. Naquele momento ela estava se dirigindo aos líderes globais ali reunidos, nossos representantes. E ela representava muitos, mas não através do voto. Ela foi aclamada líder pelos seus representados? Também não. Ela estava naquele momento cumprindo seu papel social.

Imagem: Creative Commons

Uma menina falando na ONU. Uma menina jovem falando na ONU. Uma menina jovem autista falando na ONU. Uma menina jovem autista falando com propriedade na ONU. Uma menina jovem autista falando com propriedade e consciência social na ONU.

Definitivamente ela causou impacto e as pessoas não estão sabendo lidar com isso. Ela só tem 16 anos, mas como ela própria afirmou, é uma sortuda. O acesso que ela tem à informação na palma da mão é muito maior do que jamais poderíamos imaginar quando começamos a ter conhecimento sobre mudanças climáticas.

Imagem: Lucas Jackson/ REUTERS. Reprodução: O Globo

Ao comentar sobre ela com um amigo ele retrucou: o que acho mais estranho é uma jovem ter esse tanto de conhecimento e permitirem que ela fale num ambiente de “raposas velhas”. Em que pese ela viva em um país que privilegia a educação e a autonomia do ser humano desde muito cedo, a internet possibilita sim que uma jovem adolescente possa passar seus dias tendo acesso a muita informação e conhecimento científico.

Como ela conseguiu se inserir em um mundo de players políticos de alto escalão? Ela ousou dizer o que todos já sabíamos e que muitos estudantes de direito levam anos para entender: vocês criam textos lindos, mas eles não se convertem em ação. Vocês escrevem sobre princípios constitucionais, valores da sociedade de um país, mas vocês não os respeitam e nem os priorizam. Vocês querem que todos cumpram, mas vocês não acreditam neles.

E assim são os autistas. Eles não têm o bloqueio da opinião alheia que a maioria dos que estão fora do espectro autista tem. Empatia e vergonha são emoções que nos bloqueiam afala e a ação.  Mas um autista não possui essas características, que são tão desenvolvidas no trato social. Eles têm uma característica que especialmente encanta todos aqueles que convivem com eles: verdade. Não há simulação; o que é, é. O chefe do Departamento de tratamento de autismo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre explica: “Um autista jamais vai trapacear ou enganar alguém. Não porque ele não quer. Mas simplesmente porque não sabe, não faz parte do DNA dele.” Eles também possuem um hiperfoco, ou seja, quando algo chama a sua atenção, eles se dedicarão àquilo de modo intenso, completo e incansável.

O fato de uma jovem mulher autista questionar nossas decisões, enfiar o dedo na moleira e nos ameaçar de dormirmos para sempre com a consciência pesada (pois a próxima geração nunca nos perdoará), é isso que tem incomodado muita gente. Ela está cumprindo seu papel social: recebeu educação de alta qualidade, tem conhecimento do assunto e teve acesso aos holofotes. E continua, pois juntamente com outros jovens, exerceu seu direito e protocolou uma reclamação junto à ONU.

Imagem: Creative Commons

Mas e nós? O que sabemos sobre a solidariedade entre gerações? Estamos informados sobre o que diz a nossa constituição? Estamos cientes do conteúdo dos documentos internacionais sobre mudanças climáticas? Realmente estudamos e pesquisamos sobre o assunto antes de apregoar ao mundo a nossa humilde opinião? Já pensamos qual é o nosso papel na sociedade em que vivemos (família, bairro, cidade, estado, país, mundo)? Quais valores estamos priorizando em nossas escolhas diárias? Como isso se reflete no mundo ao nosso redor?

A garotinha de 16 anos que ousou fazer isso está olhando para você e questionando: como você se atreve?

Para saber mais sobre ela, dê um google no nome dela. A imprensa do mundo inteiro tem informações interessantes para você.

Para assistir ao discurso completo dela na ONU com legendas em português, clique aqui.

Para assistir ao vídeo de análise de linguagem comportamental da Greta durante o discurso na ONU, clique aqui.

Para acessar a matéria da Folha de São Paulo que trata sobre o modelo dos países nórdicos onde as crianças aprendem a valorizar a coletividade deixando a preocupação com dinheiro em segundo plano, clique aqui.

Para acessar a reportagem da Revista Exame que conta um pouco da história de Greta, clique aqui.

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Saiba como colocá-lo nas referências:

STEFFEN, Janaína. O que a nova geração pode nos ensinar sobre a urgência de ações pelo clima?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/o-que-a-nova-geracao-pode-nos-ensinar-sobre-a-urgencia-de-acoes-pelo-clima.html>.

Energia Solar no Brasil: Entre Entraves e Avanços

O Brasil possui imenso campo para a captação de energia proveniente de luz solar. Dentre as qualidades, verifica-se ser fonte de energia sustentável, não produzir ruídos e poluição sonora, facilidade de instalação e pouca manutenção, além de longa vida útil.

Nessa área, a Alemanha é um grande exemplo a ser seguido. Mediante grande aporte de subsídios concedidos pelo governo, leis sobre o tema e mecanismos regulatórios o país conseguiu alcançar importantes avanços. Dentre as legislações, destaca-se a Lei de Energias Térmicas Renováveis (EEWärmeG) de 2009, que tornou obrigatória a utilização de fontes fotovoltaicas em novas edificações.

Imagem: Creative Commons

No Brasil, a situação ainda caminha a passos mais amenos. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR):

 “o Brasil conta com 1,7 mil megawatts de capacidade instalada para produção de energia com sistema solar fotovoltaico. Isso representa apenas cerca de 1% da matriz energética nacional, mas o crescimento é rápido: só no ano passado, foram cerca de 900 megawatts adicionados, o que coloca o país como o décimo que mais adicionou capacidade produtiva em todo o mundo no período, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA)” [1].

Um das vantagens da energia solar é a possibilidade de geração distribuída, que em território brasileiro é regulamentada pela Resolução Aneel nº. 482/2012, que atualmente está em processo de revisão.

Usina de Energia Solar no Piauí. / Imagem: Piauí Hoje

Segundo Ronaldo Koloszuk e Rodrigo Sauaia, “apesar de a geração distribuída estar, finalmente, crescendo no País, o fato é que permanecemos muito atrasados em relação ao mundo. No Brasil a geração distribuída trouxe liberdade a menos de 75 mil consumidores de um universo de mais de 84 milhões de consumidores cativos atendidos pelas distribuidoras. Ou seja, não representa nem uma gota sequer em um oceano de brasileiros cada vez mais pressionados por altas tarifas” [2].

Bons exemplos, porém, podem ser citados. Em projeto pioneiro, os morros da Babilônia e do Chapéu-Mangueira no Rio de Janeiro. Os painéis construídos são frutos de ação da associação sem fins lucrativos RevoluSolar [3], em parceria com a Associação de Moradores da Babilônia [4].

Fundadores do RevoluSolar. Imagem: RioOnWatch

Diante disso, é necessário avanços nos debates sobre as regulamentações e maior empenho dos governantes para reduzir o abismo entre o potencial energético e o cenário efetivamente verificado atualmente.

[1] Fonte: Época
[2] Fonte: Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) 
[3] Fonte: Combate Racismo Ambiental 
[4] Fonte: Novos Paradigmas

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PIRES, Felipe. Energia Solar no Brasil: Entre Entraves e Avanços. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/energia-solar-no-brasil-entre-entraves-e-avancos.html>.

Por que incluir os ODS na escola?

No dia 25 de setembro os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU completaram 4 anos. A Agenda 2030, como também é conhecida, é composta por 17 objetivos globais ambiciosos, complexos e urgentes.

Desde seu lançamento, em 2015, temos levado os ODS e todas suas potencialidades para dentro do contexto educacional formal.

Imagem: Ministério das Relações Exteriores

Os ODS ampliam o leque de possibilidades para se trabalhar com sustentabilidade na escola. Junto das temáticas mais comumente trabalhadas como água, resíduos e horta complementam-se questões como equidade de gêneros, cultura de paz e erradicação da pobreza.

Além disso, colocam a escola e os alunos em um contexto global, trazendo a compreensão de que o que é desenvolvido na escola está conectado com um cenário amplo e sistêmico. Os alunos podem entender e praticar a visão de agir localmente e pensar globalmente.

Imagem: Creative Commons

Muitas instituições, políticas públicas e empresas também têm trabalhado com a Agenda 2030. Dessa maneira, é possível alinhar a comunicação e dialogar mais facilmente com diferentes atores.

Trabalhar com uma agenda composta por utopias coletivas e individuais pode ser um grande desafio para a escola, mas ao mesmo tempo proporciona um trabalho interdisciplinar, colaborativo, contextualizado e focado na solução de problemas.

Temos 11 anos para nos aproximar cada vez mais dos objetivos estipulados. Será utopia ou possibilidade?

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RIBEIRO, Livia. Por que incluir os ODS na escola?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/10/por-que-incluir-os-ods-na-escola.html>.

A Amazônia continua em chamas

Imagem aérea de queimadas na cidade de Altamira, Estado do Pará. (Foto: Victor Moriyama / Greenpeace)

Muito já se falou sobre as queimadas na Amazônia. A chocante temporada de incêndios entre julho e setembro gerou uma grande quantidade de notícias, fotos, videos e opiniões em nível local e internacional pelos mais diversos profissionais e especialistas.

Escrevo este texto ciente de que será publicado somente no final de setembro e me pergunto se ainda será relevante para o leitor. Depois de muito refletir, abrir e fechar o computador, cheguei a conclusão que a Amazônia continua em perigo, independente do mês. Com a nossa atual política, a Amazônia vive em perigo. Então escrevo aqui, mais uma opinião, um chamado para ação e um alerta.

Fogo na região em 2018: se nada for feito, as secas aumentarão. / Imagem: Daniel Beltra / GREENPEACE. / Reprodução: Veja

Nosso Presente e Suas Consequências

Houve no Brasil este ano cerca de 76% a mais de incêndios do que no mesmo período do ano passado. Encontrei artigos que apontaram até quase 90% a mais de incêndios, mas deixo aqui uma referencia mais conservadora e ainda extremamente alarmante. Setenta e seis porcento!

 Dióxido de Carbono (CO2)

Estes incêndios terão um impacto grande e duradouro na própria floresta e também no mundo porque liberaram grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, quando apenas 0,2% da Amazônia queimou em 2016, lançou 30 milhões de toneladas de CO₂ – quase a mesma quantidade de CO2 emitida pela Dinamarca em 2018.

Claro que isso é uma má notícia, porque o CO₂ é um gás de efeito estufa (GEE) que contribui para o aquecimento global e para as mudanças climáticas – além disso já emitimos uma quantidade considerável de dióxido de carbono através do uso de energia, transporte e indústria.

 Ecossistema e Biodiversidade

Além da quantidade exorbitante de CO₂ liberado na atmosfera, os incêndios transformam completamente o ecossistema da floresta que além de ser a maior floresta tropical do planeta, também pode abrigar 1/4 da biodiversidade do planeta.

Se continuar queimando, é provável que se torne um ambiente completamente diferente, com menos árvores e com diferentes espécies de plantas e animais –  algumas espécies podem desaparecer completamente da área. Quando penso nisso, me pergunto como temos a coragem de matar tantos seres vivos diariamente. Florestas podem pegar fogo naturalmente, mas isso não significa que os incêndios que estamos vendo agora sejam normais ou naturais.

Ao contrário de outros ecossistemas – como a savana africana, o mato australiano ou as florestas de coníferas dos EUA – que evoluíram com incêndios ao longo de milhares de anos, as plantas e animais que vivem na Amazônia não têm as características necessárias para sobreviver a um grande incêndio e se regenerar após o fogo. As árvores na Amazônia têm casca relativamente fina; portanto, durante um incêndio, o calor pode danificar seriamente as células dentro da árvore, o que eventualmente a mata. Pesquisas anteriores feitas na Amazônia descobriram que mais de 40% das árvores morrem até três anos após um incêndio. À medida que os incêndios se tornam mais frequentes e intensos, as chances de recuperação da floresta tropical diminuem. Dois ou três incêndios podem danificar o estoque de sementes das árvores destruindo completamente o ecossistema.

Direitos Indígenas

Além da perda de espécie e das enormes emissões de CO₂, a destruição da terra ancestral e sagrada dos povos indígenas torna os incêndios um crime de diretos humanos. Povos indígenas dependem da floresta para sobreviver. Isso não significa que dependem somente do solo, água e ar que a floresta os fornece, mas a sua cosmologia também necessita da Amazônia viva. A língua, os mitos, os rituais e cerimônias somente existem dentro deste ambiente harmonioso que é a floresta Amazônica. Queimar a floresta é remover a fonte de Vida dos povos indígenas.

Engrenagem

É provável que os incêndios em todo o Brasil este ano tenham sido causados pelo desmatamento para dar lugar à pecuária e à soja. A abordagem “cortar e queimar” – onde as pessoas cortam árvores, as deixam secar e depois as queimam – é a ferramenta mais barata para derrubar florestas na Amazônia. No auge da estação seca, quando a chuva é escassa, as chamas podem escapar para a floresta, intencionalmente ou não. Se não for controlado, os incêndios florestais podem queimar até ficar sem combustível ou serem apagados pelas chuvas da estação chuvosa.

Corte e queimada da floreta em Mato Grosso. / Imagem: George Steinmetz

Para proteger a Floresta Amazônica de novos incêndios, nosso governo deveria conter o desmatamento. Porém, sabemos que a atual política ambiental age na direção contrária. Além de negar completamente a ciência climática, observamos o desmantelamento de leis e órgãos ambientais, o total descrédito ao trabalho de ONGs e ativistas. As declarações sobre a produção agrícola na Amazônia ser necessária para alimentar a população do país não condizem com informações contidas em sites próprios do governo – Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – que informa que a Agricultura familiar do Brasil é 8ª maior produtora de alimentos do mundo (clique aqui para ler a matéria).

Cabe agora refletir – os incêndios e o desmatamento ocorrem, majoritariamente, por dois motivos: a pecuária e a produção da soja. Ambos, são exportados para países como a China e para os que fazem parte da União Europeia. Recentemente, algumas empresas cortaram “seus pedidos” do Brasil até que seja estabelecido uma produção sustentável. Essa pode ser parte da solução, mas é só o começo.

É claro que o problema é mais profundo. Ao meu ver, é preciso não só uma mudança na nossa forma de produção agrícola e econômica, como também uma mudança de valores sobre que tipo de nação queremos ser. Somos um país que explora e coloniza nossas terras indígenas, nossas águas e florestas? Ou somos um país que valoriza, respeita e honra a natureza que vive em nossa terra?

Nosso Destino

Hoje acredito que somente duas forças, atuando em conjunto, têm a capacidade de alterar o triste destino de nossa floresta. A primeira seria a pressão da sociedade civil, incansável e insatisfeita. Precisamos demonstrar de forma criativa e não violenta o nosso descontentamento pela atual política ambiental chancelada pelo presidente, que resultou em ecocídio. Como cidadãos, podemos também consumir de forma mais consciente sempre verificando a cadeia de produção e impacto dos produtos que escolhemos comprar.

A outra força, imprescindível, ao meu ver, é a pressão internacional. Países de todo o mundo precisam dizer ‘não’ a atual política ambiental brasileira. Não advogo para um boicote econômico total, pois aonde a sociedade brasileira seria a maior prejudicada, porém é preciso um posicionamento que demonstre que o atual governo do Brasil não reflete preocupação com o meio ambiente e o Brasil, hoje, não coopera com a necessária ação global para mitigar as mudanças climáticas.

Mas o que tudo isso significa para você?

Há alguns anos eu era uma ativista pela Amazônia, indo e voltando da minha cidade, Rio de Janeiro, para a Reserva Indígena do Xingu, no estado de Mato Grosso. Toda a minha vida era sobre a floresta, meu conhecimento e a maior parte da minha primeira experiência com a sustentabilidade veio de lá. Mas a chama e a energia que uma vez morou tão fortemente em mim tem diminuido. Enfraqueceu tanto que eu aguardei alguns dias depois que o fogo queimou nossa floresta para sentir minha dor e me manifestar sobre este luto… Como é que eu cheguei aqui? Como é que nós chegamos até aqui? Tão distantes da floresta e do nosso planeta.

Maria Eduarda na Reserva Indígena do Xingu. / Imagem: George Steinmetz

Levei um tempo, mas agora entendo que a Amazônia não significa o mesmo para todos. Os países estrangeiros vêem a Amazônia como uma ferramenta para a mitigação das mudanças climáticas. Para plantas e animais a floresta significa sua casa; para os ruralistas e as empresas de mineração a Amazônia significa uma grande fonte de dinheiro; para os cientistas uma quantidade infinita de possibilidades; para os povos indígenas significa comunidade e espírito.

Para mim? Significa sabedoria e vida.
E para você? O que a floresta significa? O que foi que queimou?

Um lembrete, não ocorrendo mais desmatamento e queimadas, há uma chance da Floresta Amazônica voltar ao seu estado anterior – mas não no curto período da vida humana.

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SOUZA, Maria Eduarda. A Amazônia continua em chamas. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/a-amazonia-continua-em-chamas.html>.

Inovação e Tecnologia – Empresas Brasileiras e Geração de Energia a partir de Resíduos Sólidos Urbanos

Recentemente o Ministério do Meio Ambiente lançou o Programa Lixão Zero, uma iniciativa que visa atender à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) com o objetivo de eliminar os lixões existentes no Brasil e apoiar os municípios em soluções mais adequadas de destinação final dos resíduos sólidos, como os aterros sanitários. Atualmente, mais de 3 mil municípios no país precisam se ajustar à PNRS.

Imagem: Wikimedia

De olho nisso, algumas empresas brasileiras têm buscado disponibilizar ao mercado e utilização em seus próprios parques fabris soluções que utilizam resíduos sólidos urbanos na geração de energia. É o caso da Votorantim, que fabrica cimento com a utilização de combustível derivado de resíduos (CDR). Ela utiliza resíduos que não têm condições de serem reciclados, juntamente com pneus triturados e restos de madeira de reflorestamento, para gerar combustível, trazendo benefícios importantes para a indústria e para o meio ambiente, uma vez que permite o reaproveitamento energético e reduz a quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários.

Imagem: Votorantim

Outro exemplo disso é a cidade de Entre Rios do Oeste, no Paraná, que gera biometano com resíduos da criação de porcos. Depois dos dejetos serem colocados em um biodigestor, o gás gerado corre por uma rede de gasodutos e é queimado em uma minicentral termelétrica, movimentando um gerador e levando energia para a rede da cidade.

A primeira usina do Brasil de produção de biogás a partir do tratamento dos dejetos de suínos na cidade de Entre Rios do Oeste – Paraná. / Imagem: Portal da Cidade Santa Helena

Ainda, a WEG acaba de lançar uma solução para a geração de energia elétrica a partir da gaseificação de resíduos sólidos urbanos (RSU). Na tecnologia oferecida pela companhia, o RSU é processado em várias etapas, transformado em gás combustível em um processo de gaseificação, totalmente livre de gases tóxicos. A solução apresenta vantagens como a possibilidade do uso de todo o lixo, sem necessidade de separação, a redução do custo logístico de destinação dos resíduos, podendo-se construir plantas em locais estratégicos e a produção de gás totalmente livre de furanos e dioxinas, o que dispensa a necessidade de sistemas complexos de tratamento dos gases.

Imagem: Creative Commons

Em países como Estados Unidos, China, Japão e na União Europeia já são utilizadas soluções semelhantes há mais de 3 décadas, mas especificamente no Brasil ainda há muito o que evoluir.

Você também conhece uma empresa ou entidade que gera energia elétrica por meio de resíduos sólidos? Então conta para gente!

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LOPPNOW, Stephani. Inovação e Tecnologia – Empresas Brasileiras e Geração de Energia a partir de Resíduos Sólidos Urbanos. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/empresas-brasileiras-e-geracao-de-energia-a-partir-de-residuos-solidos-urbanos.html>.

Pare, pense e mude! Dia Mundial Sem Carro: dia de começar novos hábitos!

Hoje, dia 22 de setembro, é o Dia Mundial sem Carro. Um movimento que começou em algumas cidades da Europa nos últimos anos do século 20, e desde então vem se espalhando pelo mundo, ganhando a cada edição mais adesões.

A data tem o objetivo de estimular as pessoas a refletirem sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso e excessivo de automóveis como forma de deslocamento, sobretudo nos grandes centros urbanos.

Um estímulo para que as pessoas deixem o automóvel em casa e experimentem formas alternativas de transitarem pela cidade a pé, de transporte público ou de bicicleta.

A gente pergunta: Você deixaria de usar o carro como principal meio de transporte no seu dia a dia?

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SOUZA, L. B. Leonardo. Pare, pense e mude! Dia Mundial Sem Carro: dia de começar novos hábitos!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/dia-mundial-sem-carro-pare-pense-mude.html>.

E-mobility – o futuro já começou! Transporte público limpo, sustentável e livre de emissão de CO2

Falar sobre mobilidade urbana hoje – com o mundo cada vez mais afetado pelas mudanças climáticas – requer urgentemente que repensemos, enquanto sociedade, que tipo de veículos utilizaremos para realizar nossas viagens. No Brasil, o modal mais usado para transportes – herança dos tempos desenvolvimentistas – é o rodoviário, por isso carros, ônibus, caminhões e motos são os veículos mais comuns para transporte seja para fins comerciais ou para lazer.

Devido a isso esbarramos em um grande e preocupante detalhe que impacta cada vez mais nosso dia a dia, as emissões de CO2 (dióxido de carbono). Esses veículos, majoritariamente movidos por combustão de combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, contribuem juntamente a outros fatores (concentração de asfalto e concreto com pouca presença de árvores) para o surgimento de um fenômeno cada vez mais comum nas cidades conhecido como ilhas de calor fazendo com que caminhar pelas cidades durante a tarde seja uma tarefa cansativa acompanhada por desconforto e muito calor.

Nesse cenário cada vez mais cinza, quente e poluído a e-mobility ou mobilidade elétrica (em tradução livre) surge como possível solução para transporte. Os carros elétricos já possuem certo destaque como alternativa não poluente ao meio ambiente, várias foram as empresas que investiram no desenvolvimento desses modelos.

No entanto, alguns países estão investindo em outro tipo de veículo voltado para o transporte público – os ônibus elétricos ou e-bus que não emitem CO2, diminuem a dependência em relação ao petróleo, diminuem os engarrafamentos (devido à grande capacidade de transporte de pessoas) e são mais silenciosos. Os ônibus elétricos são ainda, conforme informado pela ONU, transportes sustentáveis essenciais para o combate às mudanças climáticas, mas também protegem a saúde dos usuários e dos cidadãos, pois um único e-bus pode evitar a emissão de até 60 toneladas de carbono por ano.

A China é hoje o país que possui a maior frota de ônibus elétrico do mundo, cerca de 300 mil e-bus. Sim! A China é, atualmente, o país que mais investe em energias renováveis, principalmente para diminuir a dependência em relação ao petróleo – a cada 1000 ônibus elétricos rodando por dia, são poupados 500 barris de petróleo. E não poderia ser diferente com a mobilidade urbana, não à toa a BYD (Build Your Dreams), maior fabricante de veículos elétricos da China, vem liderando a produção e comercialização de ônibus elétricos.

A cidade chinesa de Shenzhen, cuja população corresponde a 12,5 milhões de pessoas, é a primeira do mundo a ter 100% das frotas de ônibus e táxis elétricos. Em 2018 eram 16.359 ônibus eram elétricos na cidade, conforme informações da The City Fix Brasil. Tudo isso foi possível graças ao incentivo fiscal promovido pelo governo para as empresas realizarem as substituições por modelos elétricos.

Na vice-liderança temos o Chile que possui a maior frota de e-bus da América Latina e do Caribe. E os planos para o setor de transporte público do nosso vizinho são audaciosos: até 2040 o país busca ter uma frota totalmente elétrica.

Fontes: Época Negócios, iCarros, Mobilize, Secretaria da Educação do Paraná, TecMundo, The City Fix Brasil

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ABREU, Nathália. E-mobility – o futuro já começou! Transporte público limpo, sustentável e livre de emissão de CO2. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/e-mobility-o-futuro-ja-comecou-transporte-publico-limpo-sustentavel-e-livre-de-emissao-de-co2.html>.

Navio movido a hidrogênio – O futuro de embarcações livres de emissão de carbono

O setor de transporte marítimo está no centro de discussões a respeito das emissões de CO2 (dióxido de carbono). De acordo com projeções da União Européia, se não houver substituição dos combustíveis convencionalmente usados nas embarcações, até 2050 o setor de transporte marítimo será responsável por 1/5 do total das emissões de CO2. As emissões funcionam como potentes catalisadoras das mudanças climáticas que estão se agravando com o passar do tempo.

O tema também está na mira da Organização Marítima Internacional (OMI) [1], agência da ONU voltada para o setor marítimo, onde os membros assinaram em abril de 2018 um acordo para reduzir as emissões de CO2 do transporte marítimo em pelo menos 50% em comparação às emissões de 2008.

Atenta a isso, a União Européia vem incentivando e financiando empresas e instituições, através da iniciativa Flagships, a fim de construir embarcações de emissão zero de carbono operadas para fins comerciais. Essa finalidade está sendo visada, através de tecnologia que utiliza de células de combustível a hidrogênio, pela empresa ABB que trabalha na construção de uma embarcação que tem data prevista de entrega para 2021. A empresa, juntamente com outras parcerias, está trabalhando no desenvolvimento de uma instalação que permita que as operações desses futuros navios seja feita por uma célula de combustível a hidrogênio de 400kW.

Os testes estão sendo realizados para comprovarem que as células de combustível a hidrogênio são uma solução de propulsão prática e viável economicamente para a produção em larga escala para embarcações de porte médio, que transportam mais de 100 passageiros ou volumes de carga equivalentes para regiões de interior ou litorâneas.

Após a instalação do sistema de célula de combustível a hidrogênio, haverá testes diários de operação da embarcação, principalmente observando os procedimentos de reabastecimento necessários para cumprir o cronograma de operação. Esses testes são de extrema relevância, pois fornecerão insights sobre o desenvolvimento e a otimização da infraestrutura de reabastecimento necessária para as células a combustível de hidrogênio nas operações marítimas.

A tecnologia e inovação das células de combustível a hidrogênio é considerada uma das soluções de energia sustentável mais promissoras para reduzir as emissões marítimas em todo o mundo, porque transformam a energia química do hidrogênio em eletricidade por meio de uma reação eletroquímica. Em outras palavras, o hidrogênio é diretamente convertido em eletricidade, calor e água limpa.

[1] A OMI foi criada em 1948, como um organismo especializado na estrutura da  Organização das  Nações Unidas (ONU) com os seguintes propósitos: promover mecanismos de cooperação; segurança marítima e a prevenção da poluição; remoção dos óbices ao tráfego marítimo. A OMI tem sede em Londres, Inglaterra, conta com 169 Estados Membros e três Membros Associados. Sua Convenção foi ratificada pelo Brasil em 17 de março de 1957. Fonte: Marinha do Brasil.

Fontes: ABB, BBC, Exame, G1, Uol/ Bloomberg

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ABREU, Nathália. Navio movido a hidrogênio – O futuro de embarcações livres de emissão de carbono. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/navio-movido-a-hidrogenio-embarcacoes-livres-de-emissao-de-carbono.html>.

Você usa transporte público? Vem saber como essa escolha é decisiva para o planeta

A forma mais eficiente e mais sustentável para realizar os deslocamentos nas cidades (sejam dentro de uma mesma cidade ou entre cidades) deveria ser o transporte público.

Estamos vivendo uma situação em que os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais intensos, tanto que diversas cidades e instituições mundo a fora já declararam estado de emergência climática.

Imagem: Creative Commons

Mas o que é essa emergência climática? Emergência climática é a resposta dada por várias instituições à necessidade de mitigação imediata da intensificação dos impactos das mudanças climáticas.

Você pode estar pensando: “Ah! Mas isso é tão distante da minha realidade…”. Infelizmente, isso não é verdade. Cada vez mais sentimos os efeitos das mudanças climáticas no Brasil, e o pior, como carecemos de infraestrutura em muitos lugares do país, os impactos são ainda maiores. Um bom exemplo da intensificação das mudanças climáticas pode ser percebido no regime de chuvas. Em vários estados do país a temporada de chuvas vem apresentando maior volume e intensidade, causando impactos tanto ambientais como sociais (vítimas fatais, pessoas que ficaram desabrigadas…).

Vista aérea de Olinda após fortes chuvas © Reprodução/TV Globo. Mortes de pessoas por deslizamento de terras em função de fortes chuvas em Recife é mais um triste alerta da necessidade de adaptação das cidades aos impactos do aquecimento global – Reportagem: Greenpeace.

Um dos vilões para a aceleração das mudanças climáticas é a emissão de gases de efeito estufa (GEE) como o CO2 (dióxido de carbono), tão comum na combustão de veículos movidos a combustível fóssil (como, por exemplo, a gasolina e o diesel). Em 2018, o setor de transporte respondeu por 25% das emissões globais de CO2, como informado em reportagem da Agência Brasil – EBC.

Entre os modais que mais contribuem com as emissões de dióxido de carbono, os carros leves lideram com 45% do volume emitido. Em seguida, aparecem os caminhões, responsáveis por 21% das emissões de CO2, os aviões e navios, ambos com 11% das emissões, ônibus e micro-ônibus representam 5%, triciclos e motocicletas 4% e os trens figuram com 3%.

Trecho do Transport and Climate Change Global Status Report (Relatório Situação Global do Transporte e Mudança Climática Global, em tradução livre) [1] – Agência Brasil – EBC).

Mas podemos contribuir para melhorar esse cenário optando por usar transporte público para nos locomovermos pelas cidades. Com essa simples atitude você será capaz de [2]:

  1. Reduzir consideravelmente as suas emissões diárias de CO2, o que deixará sua pegada de carbono [3] no planeta menos impactante, colaborando para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

    Imagem: Creative Commons
  2. Contribuir para a redução dos tão comuns e estressantes engarrafamentos, diminuindo o tempo gasto em transportes de modal rodoviário.

    Imagem: Creative Commons
  3. Ter maior segurança nos deslocamentos, já que estará menos exposto a possíveis acidentes de trânsito.
  4. Usar o tempo gasto no percurso em atividades enriquecedoras como a leitura de um bom livro.

    Imagem: Creative Commons
  5. Aproveitar esse espaço e tempo para socializar com os demais passageiros, afinal, sustentabilidade também inclui o bom convívio entre as pessoas.

Viu como pequenas atitudes diárias podem fazer a total diferença para nossas vidas e para o planeta?

[1] Para baixar o Relatório Situação Global do Transporte e Mudança Climática Global, clique aqui.
[2] BERTUCCI, Jonas de Oliveira. Os Benefícios do Transporte Coletivo. Boletim regional, urbano e ambiental. IPEA, 2011. Para acessar, clique aqui.
[3] A “pegada de carbono” (carbon footprint) mede o total das emissões de gases de efeito estufa causados diretamente e indiretamente por um indivíduo, organização, evento ou produto. Fonte: MMA.

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ABREU, Nathália. Você usa transporte público? Vem saber como essa escolha é decisiva para o planeta. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/voce-usa-transporte-publico-vem-saber-como-essa-escolha-e-decisiva-para-o-planeta.html>.

Projeto usa bicicletas de bambu para mudar a realidade de moradores da Baixada Fluminense

Uma forma encontrada para incentivar ainda mais o uso das bicicletas nas principais cidades brasileiras é o compartilhamento de bicicletas (bike sharing). No Rio de Janeiro, as famosas “laranjinhas” fazem parte do sistema de bicicletas que hoje conta com mais de 2.600 bicicletas espalhadas em 260 estações do município.

Porém, as facilidades do compartilhamento de bicicletas dificilmente são encontradas fora das capitais. No município de Queimados, na Baixada Fluminense, um projeto proposto pelo coletivo Pedala Queimados vem mudando o cotidiano dos moradores que vivem, principalmente, na periferia.

Enquanto o município foi considerado o mais violento do país em 2016 pelo Atlas Violência 2018 – produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o projeto cria novas oportunidades a jovens em situação de vulnerabilidade, estimula a mobilidade ativa na Baixada Fluminense, além de trazer equidade social ao local. Tudo isso, utilizando uma matéria prima de fácil acesso: o bambu.

Imagem: Fundo Socioambiental CASA

A missão do Pedala Queimados é a de transformar a realidade social do município, pelo uso da bicicleta, em um lugar mais humano, democrático e sustentável. Rodas de conversa em escolas públicas, passeios ciclísticos e oficinas de capacitação de reparos de bikes e de educação no trânsito.

A ideia inicial do Coletivo Pedala Queimados era a criação de um sistema de bicicletas compartilhadas para a população do Conjunto Habitacional Valdariosa, do programa Minha Casa Minha Vida, utilizando bicicletas doadas.

Mas o projeto fez muito sucesso antes mesmo de se iniciar. Em 2018, venceu um prêmio durante o evento Velo-City 2018, no Rio de Janeiro, um dos maiores eventos de mobilidade urbana e ciclismo do mundo. A ideia chamou a atenção da Embaixada da Bicicleta da Holanda que destinou uma verba de apoio ao projeto

A chegada de um novo apoiador possibilitou que o projeto fosse ampliado. A instituição passou a realizar cursos de produção de bicicleta de bambu, passeios ciclísticos e oficinas de formação, com o intuito de atingir o objetivo de ser referência técnica e política na luta pela mobilidade urbana sustentável.

Imagem: Fundo Socioambiental CASA

Atualmente, o Pedala Queimados, agora formalmente registrado como Associação dos Usuários de Meios de Transporte Terrestre à Propulsão Humana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ganhou projeção internacional. Seus cicloativistas participam ativamente de fóruns e conferências mundo a fora.

Para mais informações: https://www.facebook.com/pedalaqueimados/

Bons ventos a este projeto sensacional!

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SOUZA, L. B. Leonardo. Projeto usa bicicletas de bambu para mudar a realidade de moradores da Baixada Fluminense. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/pedala-queimados-bicicletas-bambu.html>.

10 benefícios da bicicleta para o meio ambiente e sua saúde

Andar de bicicleta emagrece, tonifica as pernas, melhora o fôlego, alivia o stress e deixa a gente feliz. Os benefícios são tantos que é fácil perceber porque mais as pessoas usam a bicicleta como um meio de transporte.

Mas você sabe quais são os benefícios de andar de bicicleta para a sua saúde e para o meio ambiente? Para responder essa pergunta nós listamos 10 benefícios para você optar de uma vez por todas pela bicicleta.

  • Emissão zero de CO2: Dentre os principais responsáveis pela emissão de CO2 na atmosfera estão os veículos automotores. Ao optar pela bicicleta como transporte, você deixa de emitir qualquer gás do efeito estufa e outros componentes dos combustíveis fósseis, pois o único combustível necessário é a força de quem pedala;
  • Tira você do trânsito e poupa o tempo: Para curtas e médias distâncias, até 30 minutos – sem grandes inclinações e em percursos mais ou menos planos – é mais rápido e prático do que ir de ônibus ou automóvel. A bicicleta permite fugir dos engarrafamentos, reduzindo o tempo dos deslocamentos. Mas é preciso ficar atento às normas de segurança para circular no meio do trânsito;
  • Reforça valores sociais, como companheirismo, respeito, tolerância e o sentimento de pertencimento ao lugar;
  • Auxilia na perda de peso: Combinadas a uma dieta saudável e com baixas calorias, as pedaladas são um excelente aliado contra o sobrepeso e a obesidade. Uma hora de pedal faz com que uma pessoa de 70 kg perca de 180 a 300 calorias, a depender do nível de esforço;
  • Previne doenças, aliás, muitas doenças hoje são provenientes do sedentarismo o que pode ser evitado com a prática regular de exercícios. A bicicleta estimula o sistema cardiopulmonar como também o muscular prevenindo o aparecimento de várias doenças tais como diabetes, infarto agudo do miocárdio, AVC, dentre outras;
Imagem: Creative Commons
  • Promove um bom estado de saúde e, por consequência, diminui a necessidade de recorrer a medicamentos;
  • Reduz a ansiedade e o estresse: Quando pedalamos, o nosso corpo estimula a liberação de endorfina, que provoca o relaxamento, e a serotonina, que ajuda a manter o bom humor. Ou seja: ao final de uma boa pedalada, você vai estar menos estressado e sentindo-se muito bem;
  • Silêncio no trânsito: As bicicletas estão livres de poluição sonora, especialmente, nas grandes cidades e na hora do rush. Imagina as vias sem o barulho de motor, buzinas, escapamentos?
Imagem: Creative Commons
  • Coloca-lhe um grande sorriso no rosto: Sentado na bicicleta, você sente aquele vento gostoso no rosto, que dá sensação de liberdade;
  • O custo de uma boa bicicleta é dezenas de vezes menor do que um carro médio popular e ela minimiza a parte do orçamento familiar dedicado ao carro.

Viu só a quantidade de benefícios? Agora que você já conhece alguns dos muitos benefícios, que tal pedalar? Lembramos que você não se esqueça de fazer um alongamento antes de começar a atividade, utilizar equipamentos de segurança e buscar acompanhamento médico.

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SOUZA, L. B. Leonardo. 10 benefícios da bicicleta para o meio ambiente e sua saúde. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/10-beneficios-bicicleta-saude-meio-ambiente.html>.

Como mudar os hábitos alimentares – Aprenda 2 receitas veganas maravilhosas!

Cada vez mais somos convidados a repensar nosso modo de produção, consumo e o tipo de alimentação que estamos tendo.

É desafiador para muitos, encontrar criatividade e tempo para olhar a despensa de casa com um enfoque mais crítico e sustentável que direcione a um cardápio sem carnes. Ainda assim, alguns já estão considerando dedicar tempo de qualidade para colocar em prática boas receitas veganas.

Imagem: Creative Commons

Para motivar esse encontro com o sabor e com a simplicidade, fica a sugestão de dois usos excelentes do grão de bico.

Queijo Vegano Fermentado de Grão de Bico

Imagem: Valéria Amores – Autossustentável

Para uma receita que renda 1 queijo grande de quase 1kg, você vai precisar de:

  • 250g de grão de bico (deixado de molho de um dia para o outro)
  • 3 colheres de sopa de levedura em pó de cerveja
  • Sal a gosto
  • Temperos variados (salsa desidratada, orégano desidratado, tomatinho seco, pimenta e o que mais agradar seu paladar)
  • 1 colher de sopa de azeite
  • 1 pitadinha de cúrcuma (para dar cor )

 Modo de Preparo:

  1. Bata o grão de bico com um pouco de água filtrada para formar uma pasta grossa, mas com liquidez.
  2. Em seguida, leve essa pasta a uma panela, com a levedura de cerveja, sal a gosto, temperos desidratados, mas atenção: evite temperos que soltem água.
  3. Acrescente uma colher de sopa de azeite.
  4. Coloque um pouco de cúrcuma para dar cor amarelinha, mas não exagere.
  5. Em fogo baixo, mexa até que comece a desgrudar da panela, porém não muito, já que endurece rápido.
  6. Desligue e coloque rapidamente a massa resultante em um recipiente maleável e untado com azeite. Aperte bem para que fique uniforme.
  7. Deixe virado num prato sobre a pia, sem desenformar.
  8. Depois de uma hora, o queijo vegano desenformará praticamente sozinha.
  9. Por cima do queijo, espalhe o tempero de sua preferência, sugiro os temperos desidratados para não umedecer o queijo.
  10. Cubra com um pano e deixe no forno (ou em qualquer outro espaço com pouca incidência de claridade) por uns 3 ou 4 dias. Sim, vai azedar. Caso esteja fazendo calor esse processo é mais rápido.
  11. Depois deixe descoberto na geladeira por mais 3 dias para maturar.

Esse queijo vegano fica com excelentes corte, sabor e textura, lembrando o queijo gorgonzola. O queijo vegano de grão de bico é ideal para sanduíches e petiscos.

Imagem: Valéria Amores – Autossustentável

Dica: Bata o grão com uva passa branca. Fica um sabor interessante e cria até uma maciez maior.

E uma segunda opção vegana fácil, com grão de bico:

Grãomelete Vegano Recheado com Queijo de Abobrinha e Couve

Imagem: Valéria Amores – Autossustentável

Para uma receita que renda 6 omeletes grossos e medianos, você vai precisar de:

  • 250g de grão de bico crus (deixados de molho por 6 horas)
  • 1 colher de sopa de farinha de linhaça dourada
  • ¾ de xícara de água
  • 1/2 xícara de tapioca ou polvilho azedo
  • 2 abobrinhas italianas grandes
  • Azeite a gosto
  • Couve a gosto
  • Sal a gosto
  • Cúrcuma a gosto
  • Páprica a gosto (doce ou picante)
  • Cominho a gosto

 Modo de Preparo da Pasta

  1. Coloque o grão no liquidificador junto com a farinha de linhaça dourada, o sal, a cúrcuma, o cominho e a páprica. Junte os 3/4 de xícara de água e vá colocando mais, se necessário, conforme for batendo para ajudar a formar uma pasta lisa, mas “grossinha”. Depende do liquidificador.
  2. Reserve essa pasta.

Recheio (com Queijo Vegano de Abobrinha)

  1. Retire o miolo de 2 abobrinhas italianas grandes.
  2. Bata os miolos junto com 1/2 xícara de tapioca (aquela que fazemos na frigideira) ou polvilho azedo.
  3. Coloque cúrcuma para dar uma corzinha e sal a gosto. O recheio ficará com uma consistência líquida, mas não se preocupe! Com o calor irá ganhar consistência grossa.
  4. Para incrementar, pique tiras finas de couve.

 Fritando o Grãomelete

  1. Numa boa frigideira antiaderente aquecida, coloque azeite. Em fogo baixo deixe esquentar um pouco.
  2. Coloque 3 colheres de sopa cheias da pasta de grão de bico e com a parte de trás da colher, espalhe a frigideira. Mantenha o fogo baixo.
  3. Depois de perceber que está formando uma casquinha mais firme, coloque 1 colher de sopa rasa de queijo de abobrinha por cima. Coloque couve e, cuidadosamente, usando uma espátula, vire um lado para ir de encontro ao outro. Ficará em um formato que lembra pastel.
  4. Vire para que o outro lado que você levantou para dobrar frite também. Dê uma apertada. Coloque queijo de abobrinha por cima de cada lateral e deixe-o ir criando uma casquinha com o calor. Vire novamente para fritar do outro lado. Coloque queijo novamente.
  5. Ao perceber que está douradinho, está pronto!

Bom apetite e sucesso em seus novos empenhos para mudar hábitos alimentares!

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AMORES, Valéria. Como mudar os hábitos alimentares – Aprenda 2 receitas veganas maravilhosas!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/como-mudar-os-habitos-alimentares-aprenda-2-receitas-veganas-maravilhosas.html>.

Por que a gente consome?

O consumo é inerente ao ser humano, precisamos consumir de alguma maneira para viver. O problema que está em questão no presente artigo e que hoje contribui com quase todos os desafios sociais, éticos e ambientais não é o consumo em si, mas sim o consumismo, o excesso, o desperdício, o além da necessidade.

Imagem: Creative Commons

É um assunto complexo, difícil de reduzir a um artigo breve como esse. Entretanto, meu objetivo aqui é justamente tentar trazê-lo de uma maneira simplificada e acessível, fazendo um recorte para gerar algum tipo de reflexão em todas as pessoas (e não apenas nos ambientalistas e educadores ambientais como eu).

Para aqueles que querem consumir menos, ou quem sabe incentivar alguém a embarcar nesse processo, o primeiro ponto essencial é entender por que a gente consome acima do necessário. Por trás do ato de consumir, estão algumas crenças fundamentais.

1. “Por que eu mereço”

Você já teve esse sentimento? De que você trabalhou ou estudou muito e por isso merece comprar aquilo que você quiser? A crença do consumo por merecimento é muito forte e presente hoje em dia, principalmente com as pessoas trabalhando cada vez mais.

2. “Quero me incluir nesse grupo”

O humano é um ser social e por isso busca o sentimento de pertencimento a um grupo. Em uma sociedade consumista, muitas vezes, a inclusão acaba sendo pautada por bens de consumo e pelo poder de compra das pessoas.

Imagem: Creative Commons

3. “Eu sou o que eu tenho e não o que sou”

Sentimos que somos julgados por nossas conquistas materiais e o quanto conseguimos comprar e consumir. Principalmente com redes sociais e a cultura da ostentação, o consumo passa a ser o status mais almejado entre as pessoas.

4. “Preciso suprir a falta com alguma coisa”

Essa crença faz referência a vazios internos individuais ou que sentimos deixar nas outras pessoas com as quais nos relacionamos. Como não conseguimos preencher com o que é essencial – amor, autocuidado, afeto, experiências  – buscamos em bens materiais o preenchimento dessa falta.

Imagem: Creative Commons

Essas e muitas outras crenças ligadas ao consumismo estão pautadas em valores humanos intrínsecos da nossa sociedade atual: competição, egoísmo, desconexão, medo, ganância.

Entendendo melhor quais crenças e valores estão por trás do nosso ato de consumir, conseguimos refletir e substituir as causas desses sentimentos de satisfação e prazer ao comprar, por experiências diferentes e mais significativas.

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O ser humano não precisa de coisas, mas sim de vínculos e de afeto. Precisamos ser uma sociedade consumista de cultura, de amor, de conhecimento, de relacionamentos significativos, de experiências e de momentos vividos com significado e felicidade.

E na sua opinião, o que mais influencia as pessoas a serem consumistas?

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RIBEIRO, Livia. Por que a gente consome?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/por-que-a-gente-consome.html>.

Diplomacia Brasileira e o Meio Ambiente: de exemplo global a pária internacional

O Brasil sempre foi um anão diplomático. Em alguns assuntos, ganha destaque e protagonismo pontual – por um tempo, inclusive, chegamos a liderar a agenda e nos tornamos referência global. Mas esse tópico, hoje, não só está nos deixando menores, mas fazendo com que nos tornemos párias internacionais: o meio-ambiente.

Diplomaticamente, o Brasil Império tinha alguma relevância e proximidade à Europa e aos emergentes EUA, mas sempre foi um país… exótico. Quando muito, uma potência regional, mas sem relevância efetiva para o cenário global (eminentemente europeu). O início da República possivelmente foi a Era de Ouro da Diplomacia brasileira, em especial a nível regional. Barão de Rio Branco (sim, quem deu nome ao Instituto) consolida nossas fronteiras de modo brilhante e pacífico. E ainda leva um Acre.

José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco se tornou o patrono da diplomacia brasileira por ter alargado as fronteiras do país (foto: Ministério das Relações Exteriores). Fonte: Agência Senado

O Brasil é mais uma vez periférico na Primeira Guerra, mas acaba por galgar relevância ao ingressar na nata diplomática global posteriormente, via Liga das Nações. O órgão não é lá exemplo de sucesso, mas era o que tínhamos de mais arrojado há um século. Na Segunda Guerra, um papel de maior relevância e um alinhamento certeiro com o lado vencedor. Com a ONU logo depois, não ganhamos maior poder efetivo, mas sem dúvida logramos maior relevância. Sem assento no Conselho de Segurança, mas a “honra” de sempre abrir a Assembleia Geral.

Aliás, nesse ponto é bom explicitar conceito básico de política internacional: hard e soft power. Hard power é o poder efetivo, militar, clássico. Soft power é o poder sutil, cultural, de ideias. Ambos podem ser usados pra influenciar, mas por caminhos distintos. Um exemplo clássico de hard power é a Rússia/URSS, que mantém grande poder bélico e alcance global. Um exemplo de soft power é a França no passado e a Coreia do Sul hoje, que exportam com eficácia sua cultura (ainda que não abdiquem de poder bélico). Os EUA têm ambos (não à toa, a grande superpotência das últimas décadas).

Exército é um exemplo de hard power. Imagem: Creative Commons

O Brasil, como podem supor, nunca foi potência bélica, no máximo tem um alcance na América do Sul. Contudo, desde meados do século XX, “n” fatores culturais possibilitaram a influência tupiniquim no mundo. Futebol, Bossa Nova e outras jabuticabas ajudaram a colocar o Brasil no mapa. Mais do que isso, diplomaticamente o Brasil se insere no debate internacional como um dos líderes dos países em desenvolvimento, inclusive contribuindo e atuando ativamente no debate sobre desenvolvimento e desigualdade.

Mais ou menos nessa época, são criados os primeiros fóruns de debate internacional ambiental. A Conferência de Estolcomo de 1972, o Clube de Roma, o relatório Bruntland, o Protocolo de Montreal: debates, acordos e conversas que, em resumo, falavam que o desenvolvimento global nos levava a um cenário de muitos problemas ambientais que voltariam para nos assombrar em alguns anos.

Estocolmo 1972. Imagem: UN Photo/Yutaka Nagata

Nesses fóruns, o Brasil sempre foi a liderança do desenvolvimento. Ajudou a desenvolver princípios que perduram até hoje, como as responsabilidades comuns, porém diferenciadas (todo mundo é “culpado” por problemas ambientais, mas alguns países têm mais parcela nessa culpa, logo, devem pagar mais que outros) ou a lógica de que “a pobreza é a pior forma de poluição” (frase que coroou a participação da representação brasileira em Estocolm-72), colocando uma hierarquia de interesses de países mais pobres: primeiro temos que nos desenvolver, vencer a pobreza; depois pensamos no meio ambiente. O segundo seria impossível sem o primeiro.

Mas mudam-se os tempos, as prioridades, os governos. Já na redemocratização, o Brasil vê na questão ambiental uma estupenda oportunidade de posicionamento global, em um momento em que acabava com seu histórico isolamento comercial com o mundo. Acaba por ser a sede da Rio/Eco-92, encontro internacional ambiental que ocorre 20 anos após Estocolmo. Desnecessário enfatizar a importância da Rio-92: todo o debate ecológico internacional, toda a instituição criada para os temas ambientais é derivação direta ou indireta dessas discussões. E o Brasil, como sede, ganha imediata projeção no tema.

Hospedando a maior floresta tropical, a maior bacia hidrográfica, o maior aquífero subterrâneo, o maior hotspot de biodiversidade, tendo tamanho continental e uma das maiores zonas costeiras e uma multiplicidade de biomas, a relevância ambiental brasileira é literalmente natural. E a diplomacia nacional se aproveitou disso. A despeito de uma relevância baixa do país no palco global, o corpo diplomático brasileiro sempre foi extremamente bem preparado e elogiado. E, para o novo tema, não foi diferente. Logo, o Brasil dominava temas e pautas ambientais. Foi, por exemplo, decisivo na redação do Protocolo de Quioto, liderando discussões de crédito de carbono e metas de emissão (mas não pra todos, pois responsabilidades comuns porém diferenciadas).

O auge diplomático brasileiro, contudo, veio nos anos 2000. Uma confluência de fatores internos e externos – crescimento contínuo, diminuição da pobreza e fome, pré-sal, auge do ciclo das commodities, alinhamento sul-sul – fez com que o Brasil ganhasse relevância inédita. Dessa época, temos a criação (e relevância) dos BRICS, diversas agendas de cooperação com países da América Latina e África e, para a agenda ambiental, A Grande Virada brasileira: a COP-15.

Imagem: Creative Commons

Talvez nem todos se lembrem, mas a COP-15, Conferência de Clima em Copenhague, em 2009, foi o primeiro evento ambiental global em que a sociedade civil conseguiu colocar o tom de urgência necessária na pauta política. Acabou por levar o maior número de chefes de Estado desde a Rio-92. A chefe de delegação do Brasil era a então ministra Dilma Rousseff – que sabia bem pouco da agenda, mas que já era a pré-candidata a sucessão petista (e que tinha Marina Silva, então pelo PV, nos calcanhares). Próximo ao evento, Dilma soltou algumas falas que soaram bem mal para a posição brasileira. Talvez por isso e o ambiente eleitoral, talvez por uma necessidade de posicionamento diplomático e um cálculo político, talvez pela histórica pouca importância do tema ao governo ou talvez um pouco de cada, a posição de liderança desenvolvimentista do Brasil dá uma guinada decisiva.

O país, que sempre se opôs a meta aos países em desenvolvimento, chega a conferência com metas autoimpostas de redução de emissão – em um momento que pouquíssimos países faziam isso, nenhum do tamanho do Brasil. Muda o discurso e se torna A Grande Liderança do debate. Na COP-15 e nos encontros internacionais posteriores, o Brasil se torna a grande referência, o moderador dos debates. Conseguimos falar pelos mais ricos, pelos mais pobres e conseguimos fazer com que ambos conversem e cheguem a acordos (ainda aquém do necessário, mas, ainda assim, acordos). Não à toa, o Brasil é sede, líder e providencial para a Rio+20 e seu principal legado: os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Notícia disponível no site do Ministério do Meio Ambiente, clique aqui para acessar.

Enfatizo esse momento, pois aqui temos o ápice diplomático do país. Não só éramos coadjuvantes: o debate, a agenda, partia de nós.

Com o fim do ciclo econômico, o impeachment de 2016 e todas as discussões de reforma, a agenda ambiental nacional acaba por ser seriamente “escanteada”. A presença internacional e relevância do Brasil mergulha. A liderança e relevância na agenda climática é colocada em xeque.

E cerca de 10 anos depois do início desse ciclo, vemos o oposto: o Brasil nunca ganhou tanta repercussão internacional desde 2009. Mas por motivos diametralmente opostos: a grande liderança ambiental, o soft power do desenvolvimento, agora perpetra a destruição de seu patrimônio. Mais do que perder a relevância e ser “escanteado”, o Brasil começa a ser isolado pelos países com quem historicamente sempre flertou (o Ocidente) e por conta de pautas que ajudou a construir (o desenvolvimento e o meio-ambiente). É impossível saber a escala de onde chegaremos no atual rumo das coisas, mas devo dizer que sou cético quanto a uma melhoria desse nosso trajeto pelas posições e falas pregressas do presidente e seus ministros de meio ambiente e relações exteriores.

Em 10 anos, o Brasil nunca esteve tanto em evidência como agora no mundo. Mas não como líder, como “farol moral”; estamos nos tornando párias de um sistema que ajudamos a construir. E párias não são apenas escanteados, párias são excluídos.

Imagem: Creative Commons

É claro que muito disso tem a ver com comércio, influência econômica e pressão de lobby interno de outros países. Mas o debate ambiental é o debate de desenvolvimento. E uma mentalidade desenvolvimentista da década de 1970 (ou de antes) não tem mais espaço no mundo chegando a 2020.

Tomara que seja breve. Tomara que entremos em um rumo bom. Tomara que esse texto sirva apenas de alerta de um momento passageiro, que antecipou uma virada espetacular para o país. Desejo mesmo que isso aconteça.

Mas acho que vai acontecer? Não. E temos que estar preparados pra isso.

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MALTA, Fernando. Diplomacia Brasileira e o Meio Ambiente: de exemplo global a pária internacional. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/diplomacia-brasileira-e-o-meio-ambiente-de-exemplo-global-a-paria-internacional.html>.

Sobrecarga da Terra – Vamos repensar nosso consumo?

No dia 29 de julho ultrapassamos o limite de regeneração do planeta. E o que isso significa? Estamos consumindo mais recursos do que a natureza é capaz de repor. E é notório que somos um planeta de endividados, uma parte considerável da população do nosso país convive com dívidas de cartão de crédito e de financiamentos. E o que isso tem a dizer sobre nós?

Neste caso, do nosso endividamento com o planeta, fiquei pensando como era no tempo dos meus avós. Isso porque na época dos meus pais, nos anos 1970, as previsões de sobrecarga já começavam a ser calculadas. Então precisamos analisar um pouco mais para trás. Meus avós eram agricultores do interior do Rio Grande do Sul. Colonizaram terras férteis naquele estado e conseguiram com “força e talento” (como dizia o meu vô João Paim), coragem e suor sustentar suas famílias e dar um mínimo de estudo para seus filhos. Naquela época ainda não se falava em crediário – fosse com o comércio ou com a natureza. Havia sim o caderninho da venda e também algum tipo de troca de produtos. Eles viviam como conseguiam e com o que tinham disponível no momento.

Imagem: Creative Commons

E este é o ponto que me chamou a atenção. Sim, eles viviam com o que estava disponível! Mas o planeta todo estava disponível, Janaína! Sim, estava. Então?

Meus pais, a geração anos 1970, saíram de casa antes dos 18 anos para tentar a sorte na capital. Ambos fizeram concursos públicos e construíram uma vida boa. Também houve força e talento, suor e coragem. Imagine se o seu filho de 16 anos hoje teria coragem e condições de pegar o trem rumo a capital e se virar? Ou você que tem 16 anos, teria essa coragem de sair com pouquíssimo dinheiro e tentar a sorte? Pois eles foram. Meu pai conseguiu emprestado o valor da inscrição do concurso com uma tia que era freira. Minha mãe morou com uma tia e depois viveu em pensões.

Mas o ponto é: essa geração quis dar aos seus filhos tudo o que não teve. A ciência e a agricultura progrediram anos luz neste período. Tanto que a partir dos anos 1980 já era possível encontrar iguarias nos supermercados. Todos os fatores conspiraram para que cada vez mais produzíssemos o que quer que desejássemos a qualquer instante. As frutas e legumes da estação hoje são aqueles que temos em maior abundância no mercado, mas conseguimos trazer alimentos do Alasca e mandar alimentos para o Japão. Se eu quiser uma jabuticaba, é possível encontrá-la em qualquer época do ano, fresca ou congelada. Temos desperdício em vários locais, mas há muitos que ainda passam fome no planeta. Há abundância de tudo, mas não no local necessário. E talvez tenha sido nesta ânsia que nos perdemos…

Imagem: Mayara Vale

… nos perdemos porque gastamos muito tempo e recursos produzindo tudo o tempo todo. Para que possamos preencher nossos desejos e não nossas necessidades. Na venda da Esquina Lewiski ou em Teutônia em 1960, havia o suficiente para preencher as necessidades dos meus avós. Talvez para alguns desejos também. Havia o essencial e algumas iguarias. Nos supermercados hoje, temos inclusive a possibilidade de reclamar se não encontrarmos algo que desejávamos. Meus avós sabiam o valor e o sabor das frutas, verduras e legumes; e também sabiam que era necessário conservar os alimentos em compotas e conservas, aguardar o tempo da nova safra para que a terra descansasse. Algumas crianças hoje não identificam alimentos, querem o mesmo sabor todos os dias e não entendem os processos naturais. Tornou-se uma necessidade para o comércio dispor de variedade cada vez maior de produtos a fim de conquistar e fidelizar clientes.

Imagem: Creative Commons

Dá para perceber o movimento que fizemos? Você reconhece alimentos da estação? Será que a forma de perceber o comércio e oferta de produtos naturais acelerou esse processo? É muito bom que tenhamos variedade, mas isso está fazendo bem para todos? Se o planeta está em burnout (sobrecarga), com quem estamos endividados? Essa dívida será paga por quem e para quem?

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STEFFEN, Janaína. Sobrecarga da Terra – Vamos repensar nosso consumo?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/09/sobrecarga-da-terra-vamos-repensar-nosso-consumo.html>.