Biomas Urbanos: Cidades que auxiliam Florestas

Está cada vez mais evidente a necessidade de trazer a natureza de volta para dentro das cidades e para perto das pessoas, tendo em vista o número crescente de problemas oriundos da falta dela em ambiente urbano. Para exemplificar, podemos citar a própria Covid-19 (que, como qualquer pandemia, surgiu pelo contato indevido do ser humano com outros animais), as pragas urbanas (como os caramujos africanos em cidades mineiras) e os desastres naturais (como as tempestades que castigaram Belo Horizonte em janeiro de 2020).

No caso da capital mineira, a combinação da maior chuva da história da cidade com rios canalizados e solo altamente impermeabilizado provocou o caos, com dezenas de mortes e prejuízos milionários. Esses e outros problemas poderiam ser mitigados caso os biomas e seus serviços ecossistêmicos estivessem presentes.

Destruição causada por temporais em Belo Horizonte – MG. / Imagem: Cristiane Mattos/Reuters

Esses serviços compreendem, entre outros exemplos, a redução da temperatura média do ar, o sombreamento de calçadas, o embelezamento de casas e vias, a absorção e infiltração da água da chuva no solo, a redução da poluição sonora, a melhoria da qualidade do ar, o aumento da população de pássaros e borboletas (e outros pequenos animais), a redução da população de pragas urbanas, e a diminuição da intensidade das tempestades [1]. Além de qualidade de vida, tudo isso traz à tona um excelente argumento, que é cada vez mais usado pelos ambientalistas: o econômico. Os serviços ecossistêmicos promovem redução de gastos à população como um todo e podem ser medidos financeiramente, a chamada Economia dos Ecossistemas ou Capital Natural [2].

Esses benefícios são potencializados quando praticamos um paisagismo urbano ecológico, composto, predominantemente, por plantas nativas (aquelas que ocorrem dentro de sua área natural de dispersão potencial), uma vez que, a cidade passa a se tornar uma extensão do bioma em que se encontra e usufrui de vários benefícios que a vegetação, que é típica e bem adaptada à região, proporciona ao meio [3]. Paisagismo é a ciência que cria, projeta, gere e mantém os espaços livres, busca equilibrar funcionalmente, ambientalmente e esteticamente o ambiente em sua relação com o homem, trazendo qualidade de vida para todos. A preocupação paisagística dentro dos ambientes urbanos traz, ao menos em parte, os serviços ecossistêmicos de volta.

Serviços ecossistêmicos (adaptado de Sumário para Tomadores de Decisão). / Imagem: Unidades de Conservação no Brasil.

A sugestão seria fazer os jardins e espaços públicos de São Paulo e do Rio de Janeiro compostos, em grande parte, por espécies de Mata Atlântica, enquanto que os de Goiânia e Brasília por espécies do cerrado e os de Belo Horizonte por espécies de ambos os biomas (por se tratar de um ecótono ou área de transição). Esse projeto de paisagismo urbano ecológico além de fortalecer identidades e a economia regionais (criando um fator diferencial na promoção de atividades ligadas ao turismo), reduziria os custos do setor (já que a perda de plantas e a necessidade de manutenção seriam reduzidos) e seria uma forma de conservação ex-situ – espécies, que hoje estão em risco de extinção e poderiam se tornar um item de composição urbana e dos jardins [4].

Campo de Santana, localizado na região central da cidade do Rio de Janeiro. / Imagem: O Globo

O paisagismo urbano ecológico é uma forma prática de preservação de recursos genéticos para uma futura emergência, ou seja, ao menos impede a perda definitiva de genes e permite uma reconstituição futura de flora. Para isso, é importante que avanços sejam alcançados nos inventários da flora ornamental nativa, para impulsionar o mercado e auxiliar os profissionais da área.

Nessa perspectiva, as pessoas comuns seriam agentes ativos no processo conservacionista da flora. O paisagismo torna-se, assim, um compromisso social de manter a biodiversidade para as gerações futuras e contribui para a educação ambiental dos cidadãos. Felizmente, essa prática já é tendência na Europa e nos EUA, mas o Brasil segue nos seus primeiros passos nesse processo, mesmo sendo o país mais biodiverso do planeta.

Se quiser saber um pouco mais sobre a biodiversidade brasileira, clique aqui.

Referências:
[1] BRÚSSOLO, R.G.; ELY, D.F.; O clima e a cidade: ilhas de calor em Assis (SP). Revista Formação, n.22, volume 2, 2015, p. 99-127. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/view/3579/3080

[2] ANDRADE, D.C.; ROMEIRO, A.R.; Capital Natural, Serviços Ecossistêmicos e Sistema Econômico: rumo a uma “Economia dos Ecossistemas”. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/6228551.pdf

[3] HEIDEN, G.; ROSA LÍA BARBIERI, R.L.; ELISABETH REGINA TEMPEL STUMPF, E.R.T. Considerações sobre o uso de plantas ornamentais nativas. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental. v. 12, n.1, p. 2-7, 2006. Disponível em: https://ornamentalhorticulture.emnuvens.com.br/rbho/article/view/60/69

[4] BARROSO, C.M.; KLEIN, G.N.; BARROS, I.B.I.; FRANKE, L.B.; DELWING, A.B.;Considerações sobre a propagação e o uso ornamental de plantas raras ou ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul, Brasil. Disponível em: https://ornamentalhorticulture.emnuvens.com.br/rbho/article/view/210/105

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PAIVA, Leonardo. Biomas Urbanos: Cidades que auxiliam Florestas. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/06/biomas-urbanos-cidades-que-auxiliam-florestas.html>.

Baianas criam startup com solução para resíduos orgânicos de shoppings

Criada pelas empreendedoras baianas Saville Alves e Gabriela Tiemy, a startup Solos transforma resíduos orgânicos de grandes geradores (como supermercados e shoppings) em adubo.

A iniciativa da gestão de resíduos tem como foco o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12, que prevê a redução pela metade do desperdício per capita mundial até 2030, bem como diminuições das perdas nos sistemas de produção e abastecimento, incluindo no momento pós-colheita.

A empresa analisa a gestão dos resíduos dos resíduos orgânicos e propõe uma solução adequada para as necessidades do lugar. A empresa trabalha com compostagem convencional e uma processadora automática e garante que trata 100% dos resíduos orgânicos. Além disso, toda a estrutura de tratamento é montada nos próprios locais de coleta, o que facilita a logística dos resíduos.

O adubo resultante pode ser utilizado em áreas verdes dentro da empresa ou em escolas, praças ou comunidades do entorno. Ou ainda como moeda de troca para a aquisição de produtos orgânicos de parceiros ou na criação de uma horta no próprio espaço da empresa.

Além deste processo, a empresa ainda leva educação ambiental para dentro das empresas, conscientizando seus líderes sobre a importância de implementar um processo de gestão de resíduos.

Mais informações: https://www.alimentesolos.com.br/

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SOUZA, L. B. Leonardo. Baianas criam startup com solução para resíduos orgânicos de shoppings. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/06/baianas-criam-startup-com-solucao-para-residuos-organicos-de-shoppings.html>.

O que você faz pelo Meio Ambiente?

Em tempos de isolamento social devido a pandemia do COVID-19, passamos grande parte do nosso tempo em casa. Aproveite este período para repensar nossos velhos hábitos e atitudes impactam o meio ambiente.

Mude sua atitude! Com simples atitudes podemos contribuir para um impacto mais positivo para o meio ambiente. Veja algumas dicas que você pode praticar no seu dia-a-dia.

Reflita sobre seus hábitos de consumo nas refeições

Repense a ingestão de proteína animal, incentivando a redução do consumo de carne e, consequentemente, o aumento do consumo de leguminosas, frutas, cereais e verduras. A Segunda Sem Carne é uma ótima proposta para reduzir seu impacto no meio ambiente.

Aproveite a luz solar

Nada mais energizante do que abrir as janelas, sentir aquela brisa e deixar o sol entrar. A prática, além de benéfica para o bem-estar, principalmente nesses tempos, também contribui por reduzir a necessidade de energia elétrica.

Imagem: Creative Commons

Feche a torneira

Feche a torneira enquanto lava suas mãos, escova os seus dentes, se ensaboa no banho ou lava a louça. Essa economia traz uma enorme diferença para o planeta.

Separe seus resíduos recicláveis

O isolamento social causou em um aumento da geração de resíduos domiciliares, por isso é fundamental que sigamos separando o nosso lixo. Esta é uma prática já muito conhecida, mas importante de ser sempre ressaltada. A reciclagem reduz expressivamente o impacto do lixo sobre o meio ambiente e não sobrecarrega os aterros sanitários.

A forma mais simples de separar é isolar o lixo seco (embalagens, papéis, revistas, etc.) do molhado (restos orgânicos como cascas de frutas, talos de verduras, restos de comida e etc.), que podem ser transformados em adubo na compostagem.

Faça sua Composteira

Como você estará mais tempo em casa, seu consumo de alimentos pode aumentar. Então, as sobras de frutas, legumes e verduras podem ir para a compostagem. A compostagem é um processo natural fácil de realizar, uma solução que transforma resíduos orgânicos em composto – um fertilizante naturalmente rico em nutrientes e que pode ser utilizado nos jardins e hortas.

Use e abuse do consumo consciente

Antes de comprar, faça a si mesmo essas 6 perguntas: Por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar? Como descartar?

Não compre mais que o necessário, pois certamente vai virar lixo dentro da sua casa, ocupando espaço, muitas vezes, por anos a fio e sem utilidade. Opte sempre por produtos mais duráveis e verifique se é ecológico e quais os impactos de seu descarte.

Dê preferência ao comércio local e ao pequeno produtor

Nesse período de isolamento, pequenos estabelecimentos e produtores têm maior dificuldade de se financiar em um momento de queda de demanda ou de fechamento do comércio. São milhares de micro, pequenas e médias empresas que geram uma grande quantidade de empregos. Ao fazer a sua parte e comprar destes, você ajuda a assegurar empregos e a economia funcionando.

Outra forma de ajudar é pedir seu delivery diretamente com o restaurante. Nesse movimento você auxilia ainda mais o restaurante neste momento importante.

Dê preferência à alimentos sazonais, orgânicos e locais

Fique atento à temporada e compre somente o que estiver dentro da estação. Você estará levando para casa alimentos mais nutritivos, saudáveis, que agrediram menos a natureza e que certamente terão um sabor bem melhor.

Imagem: Creative Commons

Sempre que possível, procure ainda comprar alimentos orgânicos. Eles normalmente trazem um selo de garantia e foram cultivados naturalmente, sem nenhum tipo de inseticida ou modificação genética. Fazem bem à saúde e são muito mais saborosos.

Evite os descartáveis

Pediu seu almoço ou aquela pizza via delivery ou aplicativo de entrega? Opte por não receber talheres e outros itens descartáveis, uma vez que os plásticos de uso único como canudos, copos e talheres são utilizados por alguns minutos e depois são descartados. Estima-se que cerca de 80% das embalagens são descartadas após ser USADAS APENAS UMA VEZ!

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SOUZA, L. B. Leonardo. O que você faz pelo Meio Ambiente?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/06/o-que-voce-faz-pelo-meio-ambiente.html>.

Dia Mundial do Meio Ambiente: A biodiversidade é fundamental!

Instituído em 1974, como Dia Mundial do Meio Ambiente, o dia 5 de junho tem como principal função sensibilizar pessoas, organizações e países sobre a necessidade de proteção à natureza. Neste ano, o tema é Biodiversidade. E, quando se trata deste assunto, o Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo.

O Brasil é um dos dezessete países que, juntos, possuem 70% da biodiversidade do planeta. O conjunto dos biomas (Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampas) abriga 23% de todos os peixes de água doce do mundo, 16% das aves do planeta, 12% dos mamíferos e 15% de todas as espécies de animais e plantas.

Imagem: Creative Commons

Sabemos que ecossistemas saudáveis e ricos em biodiversidade são fundamentais e estão diretamente ligados à saúde e existência dos seres humanos. No entanto, a flexibilização das leis ambientais, o desmonte dos mecanismos de fiscalização, o avanço das fronteiras agrícolas, o uso excessivo dos recursos naturais, o desmatamento e a degradação florestal estão levando a uma perda sem precedentes de espécies – muitas das quais sequer são conhecidas.

Sem um compromisso com a descarbonização, há uma maior probabilidade de pandemias, eventos climáticos extremos, secas e inundações e provoca a desestabilização generalizada dos sistemas alimentares, econômicos e de segurança globais. Já a produção e consumo insustentáveis ​​levam ao esgotamento dos recursos naturais, à ruptura de ecossistemas, às economias e infraestruturas de alto carbono e também ao uso insustentável de recursos.

Imagem: Creative Commons

As notícias que vemos nos jornais e telejornais são desanimadoras, mas nunca antes tivemos esse tempo e oportunidade que a pandemia nos impôs para repensarmos nossas ações em relação ao meio ambiente.

A crise da COVID-19 evidenciou que só é possível ter recuperação e desenvolvimento sustentável duradouros quando as respostas, os planos e as políticas ambientais receberem a devida importância.

O relatório da ONU Meio Ambiente “O Estado das Florestas do Mundo” nos mostra que para mudar o rumo do desmatamento e da perda da biodiversidade, são necessárias mudanças transformadoras na maneira como consumimos e produzimos . O relatório afirma também que é preciso agir imediatamente para proteger a biodiversidade para que ecossistemas degradados se recuperem, diante da alarmante taxa de desmatamento e da degradação ambiental.

Para o futuro que estamos (re)construindo é preciso colocar a natureza no centro das decisões. Exigir que os governos cumpram os compromissos de proteger a natureza e garantir que as leis ambientais sejam aplicadas. Exigir que as empresas tenham cadeias sustentáveis de suprimentos, bem como práticas agrícolas que não agridam o meio ambiente.

E, também, fazermos a nossa parte! Cuidando da natureza e repensando os nossos padrões de consumo.

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SOUZA, L. B. Leonardo. Dia Mundial do Meio Ambiente: A biodiversidade é fundamental!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/06/dia-mundial-do-meio-ambiente-a-biodiversidade-e-fundamental.html>.

#VireCarranca – Em Defesa do Velho Chico

Por mais um ano, a Autossustentável apoia a campanha “Vire Carranca” em defesa do Velho Chico. A mobilização do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) tem o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância de um rio vivo e ativo.

A campanha promovida pelo Comitê celebra, neste dia 03 de junho, o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, data para reforçar em todo o território da Bacia a importância da preservação do Rio São Francisco,

Neste ano, o tema é “Viva o Velho Chico Vivo! ”. Afinal, falar sobre a preservação e cuidado com o Rio São Francisco serve como ponto de partida para um diálogo sobre a vida e a saúde das pessoas.

Tendo a carranca como ícone, a ideia da campanha “Vire Carranca” é atrair e unir forças para defender o Velho Chico dos graves problemas enfrentados pelo Rio e sua bacia hidrográfica e para a sua necessária e urgente revitalização.

O rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d’água do Brasil e de toda a América do Sul. De sua nascente, na Serra da Canastra (MG), até a foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, o Rio São Francisco percorre 2.700 Km, levando a água que dá vida ao Semiárido. Ele corre por 521 municípios em 5 estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas). Além disso, sua bacia hidrográfica ocupa porções de três biomas: Cerrado (de Minas Gerais ao oeste e sul da Bahia), Caatinga (nordeste baiano) e Mata Atlântica (no Alto São Francisco, principalmente nas cabeceiras).

O Velho Chico alimenta a vida e a esperança dos 18 milhões de brasileiros que dependem direta ou indiretamente de suas águas.

Imagem: Creative Commons

Apesar de termos um rio cheio devido às fortes chuvas ocorridas no final do ano de 2019 e no início deste ano, não há motivos parra comemorar. A bacia hidrográfica do Rio São Francisco tem um histórico de degradação e sua revitalização completa depende de pelo menos R$ 31 bilhões em recursos para ser recuperada. Assim, a mobilização também é uma tentativa de pressionar o poder público para a captação necessária dos recursos.

Nós abraçamos a causa e viramos carranca para defender o nosso Velho Chico. Abrace essa causa você também.

Para mais informações sobre a campanha, acesse: http://virecarranca.com.br

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SOUZA, L. B. Leonardo. #VireCarranca – Em Defesa do Velho Chico Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/06/vire-carranca-rio-sao-francisco.html>.

Mostra Ecofalante: Filmes ambientais e debates para ver na Semana do Meio Ambiente

A Mostra Ecofalante de Cinema preparou uma edição bem especial para celebrar a Semana do Meio Ambiente. Entre os dias 3 e 9 de junho haverá uma programação online e com acesso gratuito a cinco títulos produzidos no Brasil, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

Acessíveis por meio da plataforma Videocamp, estarão os filmes: “Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra”, de Jorge Bodanzky e João Farkas; “Amazônia Sociedade Anônima”, que tem Estêvão Ciavatta como diretor e Walter Salles como produtor associado; “A Grande Muralha Verde”, de Jared P. Scott, que tem produção-executiva de Fernando Meirelles, “O Golpe Corporativo” de Fred Peabody, e “Ebola: Sobreviventes”, de Arthur Pratt.

Os cinco títulos serão o ponto de partida para os debates realizados sobre os seguintes temas: conservação ambiental, emergência climática, economia e saúde. Todos serão transmitidos ao vivo pelo YouTube e pelo Facebook.

Confira a programação!

3 de junho (quarta-feira)

19h00 – Abertura com Chico Guariba e Laís Bodanzky (diretora-presidente da Spcine) e Mário Mantovani.

19h30 – “Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra” – Jorge Bodanzky e João Farkas (Brasil, 2019) *disponibilizado até o final do dia 09/06 (terça-feira).

Imagem: Divulgação

O filme acompanha a luta diária de Ruivaldo Nery de Andrade, um soldado na linha de frente da batalha pela proteção ambiental, para sobreviver diante das consequências do assoreamento do Rio Taquari, em Mato Grosso do Sul.

4 de junho (quinta-feira)

17h00 – “Golpe Corporativo” – Fred Peabody (“The Corporate Coup d’Etat”, Canadá/EUA, 2018) e “Ebola: Sobreviventes” – Arthur Pratt (“Survivors”, EUA, 2018) *disponibilizados até o final do dia 09/06 (terça-feira).

Imagem: Divulgação

O documentário “Golpe Corporativo” narra a história por trás do “golpe corporativo” que seria a origem de muitos dos problemas na democracia atual, controlada por lobistas e pelo corporativismo.

Imagem: Divulgação

Já o longa-metragem “Ebola: Sobreviventes” traça um retrato dos heróis da Serra Leoa ao enfrentar o Ebola durante uma das mais agudas emergências de saúde pública dos tempos modernos19h00 – Debate com Jorge Bodanzky e João Farkas, diretores de “Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra”, Júlia Boock (analista de conservação da WWF Brasil) e mediação de Flávia Guerra.

5 de junho (sexta-feira)

15h00 – Debate “O papel do cinema na comunicação de questões socioambientais” com os diretores Fernando Meirelles, Jorge Bodanzky, Estêvão Ciavatta e Vincent Carelli e mediação de Flávia Guerra.

17h00 – “Amazônia Sociedade Anônima” – Estevão Ciavatta (Brasil, 2019) *disponibilizado por 24 horas, até às 17h00 do dia 6/06 (sábado).

Imagem: Divulgação

Diante do fracasso do governo brasileiro em proteger a Amazônia, índios e ribeirinhos, em uma união inédita liderada pelo Cacique Juarez Saw Munduruku, enfrentam máfias de roubo de terras e desmatamento ilegal para salvar a floresta.

19h00 – Debate “Conservação: Ataque ao Meio Ambiente e aos Povos Tradicionais”, com Adriana Ramos (ISA), Daniel Azeredo (procurador do Ministério Público Federal do Pará) e Joênia Wapichana (deputada federal da REDE-RR –a confirmar), com mediação de Claudio Angelo.

6 de junho (sábado)

17h00 – “A Grande Muralha Verde” – Jared P. Scott (“The Great Green Wall”, Reino Unido, 2019) *disponibilizado por 24 horas, até às 17h do dia 7/06 (domingo).

Imagem: Divulgação

O filme acompanha Inna Modja, cantora e ativista do Mali, em uma jornada épica pela Grande Muralha Verde da África — uma iniciativa ambiciosa para fazer crescer um “muro” de oito mil quilômetros de árvores que se estende por toda a largura do continente para restaurar a terra e fornecer um futuro para milhões de pessoas.

19h00 – Debate “Emergência Climática: desertificação, conflitos, migrações e outros impactos imediatos“, com Fernando Meirelles, Paulo Artaxo, mediação de Daniela Chiaretti.

7 de junho (domingo)

19h00 – Debate “System Error: como o atual sistema econômico leva à destruição ambiental, ao fim do trabalho digno e ao abalo da própria democracia“, com Ladislau Dowbor, Ana Claudia Mielke e mediação de Silvio Caccia Bava.

8 de junho (segunda-feira)

19h00 – Debate “Saúde – Como Comunicar em Tempos de Crise Sanitária e Fake News?”, com Douglas Rodrigues, Ana Paula Morales e mediação de Mariluce Moura.

Mais informações, através do site: http://ecofalante.org.br/evento/semanameioambiente

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SOUZA, L. B. Leonardo. Mostra Ecofalante: Filmes ambientais e debates para ver na Semana do Meio Ambiente. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/06/mostra-ecofalante-meio-ambiente.html>.

Não podemos estar otimistas em relação ao meio ambiente

Você já ouviu alguém falando que a natureza está se regenerandodurante a pandemia? Contemplou imagens de estrelas sendo vistas no céu, animais andando nas ruas ou rios limpos em diferentes cidades? Sob um olhar positivo buscando uma ponta de esperança diante de um cenário tão assolador, ando ouvindo isso bastante em minhas conversas virtuais.

Me considero uma pessoa muito otimista, mas confesso que mesmo com essas melhoras pontuais, não estou esperançosa em relação ao cenário socioambiental durante e após a pandemia.

Ouvi uma comparação que ilustra bem meu ponto: imagine que nosso planeta é uma pessoa precisando emagrecer. Quando essa pessoa pega uma virose, ela perde peso, mas sem necessariamente mudar seus hábitos alimentares ou começar a fazer exercício físico. E o que acontecerá quando a virose passar? Será que a pessoa irá comer tudo o que quiser para compensar o longo tempo comendo apenas sopa?

Imagem: Creative Commons

Assim como as pessoas doentes, nosso planeta está “perdendo peso” – a estimativa é de que a emissão de gases de efeito estufa reduza em 5 ou 6% em 2020 em relação a 2019 – mas ainda aquém dos 7,6% estipulados pela ONU para evitarmos uma catástrofe climática nos próximos anos. Essa é talvez a pior maneira de vivenciar algum tipo de melhora em relação ao meio ambiente pois nenhuma transição essencial está sendo feita em relação a isso, escancarando o enorme e complexo desafio que temos em nossa frente.

Da mesma forma que para emagrecer com saúde precisaríamos repensar nossa dieta e adaptar a rotina de exercícios físicos, políticas públicas e pacotes de incentivo às soluções sustentáveis na recuperação da economia serão essenciais e precisam estar em pauta pelos líderes globais neste momento. Precisaremos de mudanças estruturais e sistêmicas se quisermos de fato reverter o devastador cenário socioambiental que vivemos.

Imagem: Creative Commons

Em um nível individual, tenho focado minhas energias em duas estratégias. A primeira é me manter o mais informada possível sobre o que está acontecendo sob diferentes perspectivas e opiniões (sim, precisamos furar a bolha e ouvir o que todos estão dizendo) e fortalecer meus estudos e conhecimentos. A segunda é o muitas vezes criticado “ativismo de sofá”, mas que tem nos cabido bem em tempos de isolamento físico e social. Pressionar legisladores, doar para fundos de luta e resistência, assinar petições e acompanhar as “lives” de apoio ambientalista é uma possibilidade viável para nós atualmente.

Artists United for Amazonía: Protecting the Protectors (Artistas unidos pela Amazônia: Protegendo os protetores). O evento contou com a artistas se unirão a líderes indígenas, cientistas e uma ampla coalizão de ONGs. Imagem: PRNewsfoto/Amazon Watch

A escolha da palavra “otimista” no título desse artigo foi intencional pois não acredito que o otimismo é o vilão nesse momento, mas ele sozinho não é suficiente. Precisamos estar otimistas, mas agindo em relação ao que é importante nesse momento. Precisamos olhar o lado positivo sem negligenciar a opressão e as vidas que estão (e sempre foram) destruídas. Precisamos atuar hoje para um futuro não apenas melhor, mas possível.

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RIBEIRO, Livia. Não podemos estar otimistas em relação ao meio ambiente. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/nao-podemos-estar-otimistas-em-relacao-ao-meio-ambiente.html>.

Ecovilas: uma alternativa de vida sustentável

Provavelmente, muitas pessoas ainda não conhecem este termo ou aquelas mais curiosas já estão mais familiarizadas. Afinal de contas, o que são as ecovilas?

As ecovilas fazem parte de um movimento chamado “Cidades em Transição” que visa introduzir práticas sustentáveis ao nosso estilo de vida, contribuindo para causar um menor impacto no planeta. Seguem princípios e éticas que se alinham com os ciclos da natureza, podendo assim, viver em harmonia com o ambiente, extraindo apenas o que for necessário sem grandes excessos. Também busca questionar e modificar nosso comportamento de consumo e produção atualmente, portanto, fomentar um estilo de vida alinhado a responsabilidades sociais e ambientais.

Visa ainda questionar a lógica de exploração desmedida de recursos para produção em grande escala, aproximando-se mais de um estilo de vida “slow living”. Tal movimento propõe um retorno à simplicidade, à uma vida preenchida por equilíbrio, realizações e propósitos de bem-estar. Considerando um modo de viver holístico, interconectados (conosco, uns com os outros e com o planeta).

Ecovila Terra Una. Imagem: Cadernos e Caminhos

Enfatiza-se uma maneira de vivermos mais conscientes de nossas ações e devidas consequências. É um resgate de valores e sabedorias que trazem de volta a cooperação, a partilha justa e o cuidado de maneira mais ampla. São valores que diferem e criam outras possibilidades de viver paralelo ao mundo dos excessos, da velocidade, do consumo compulsivo, acúmulo de bens, do senso de competição extremas, do automatismo, imediatismo, etc.

De acordo com a Rede Global de Ecovilas, as Ecovilas são comunidades urbanas ou rurais formados por pessoas que se esforçam para integrar o ambiente social cooperativo com um estilo de vida que não cause danos ao meio ambiente. Elas promovem uma mudança de paradigmas e provam de fato que existem sim, soluções palpáveis para realizarmos a transformação de práticas ecológicas e menos destrutivas para com o planeta.

Imagem: Creative Commons

As inter-relações em comunidade também se transformam, pois acabam desconstruindo aquele formato de relações de uma família composta por uma média de 4 membros (pai, mãe, filhos) e assim expande seu círculo para todos os componentes da comunidade, o que possibilita uma troca de saberes, conhecimentos e visões de vida diversos e ainda assim unidos em um propósito em comum. Trazem valores voltados à decisão em comunidade, não pautados em hierarquias autoritárias. Importante dizer que cada ecovila promove sua gestão de maneira única e singular, construída por cada pessoa que ali faz sua morada. Visando a harmonia com a natureza integrada aos seres humanos.

Pode-se dizer que é uma vivência que admira o diferente, valoriza a diversidade, buscando promover e desenvolver relações coletivas. É uma ferramenta, um processo de experimentação de viver em partilha, abrindo alternativas e novas formas de pensar sobre como coexistir no mundo, pautadas na confiança, na troca, afeto, amorosidade e consciência ecológica.

Imagem: Creative Commons

É necessário lembrar que a Permacultura (sistema de design sustentável) é uma das tecnologias bem populares entre as gestões das ecovilas. Pois permite organizar os ambientes e as relações de modo mais sustentável possível, com suas devidas éticas e princípios.

Desta maneira, há uma divisão em 4 áreas que devem ser consideradas como básicas para os seres humanos viverem, são elas: o acesso a água, alimentos, moradia e captação de energia. Ou seja, com tais dimensões verdadeiramente suprimidas e conectadas, é possível abrir tempo e criar espaços para outros interesses se ampliarem como: artes, hobbies, desenvolvimento pessoal, espiritual, etc.

Imagem: Ecovila Terra Una

Por assim dizer, é uma metodologia sistêmica, planejada para que tenha o máximo de eficiência baseada em princípios e práticas sustentáveis, ou seja, que precisa do mínimo de recursos externos. Projeta-se um sistema que consegue sobreviver sem depredar o patrimônio natural existente, otimizando a energia do trabalho humano em conjunto com o meio ambiente, para que ocorra um funcionamento em equilíbrio, sem excessos, buscando o mínimo de desperdício possível dentro dele. Atribuindo variadas funções para um recurso. Por exemplo, o banheiro seco é de fácil construção, além de economizar na água, produz fertilizantes para o solo.

Imagem: Ecovila El Nagual

As ecovilas e projetos de comunidades sustentáveis estão ganhando corpo e se expandindo em diversas partes do mundo. Atualmente no Brasil, encontra-se em 17 estados e no Distrito Federal.

Abaixo, algumas das Ecovilas espalhadas pelo Brasil:

  1. Ecovila Terra Una (2004 – Liberdade/MG)
  2. Ecovila Alma da Mata (2018 – Macaé de Cima/RJ)
  3. Ecovila Piracanga (2004 – Itacaré/BA)
  4. Ecovila Florescer RPPN (Urubici/SC)
  5. Ecovila Clareando (Piracaia/SP)
  6. Ecovila El Nagual (1989 – Magé/RJ)
  7. Ecoaldeia Portal de Luz (Alto Paraíso/GO)
  8. Ecovila Karaguatá (2003- Santa Cruz do Sul/RS)
  9. Ecovila Tibá (2006 – São Carlos/SP)
  10. Instituto Arca Verde (2005 – São Francisco de Paula/RS)

Portanto, vimos que as ecovilas são projetos de comunidades autossustentáveis que promovem a transição de um mundo baseado em paradigmas individualizantes e competitivos para um novo mundo contemplado pela cooperação, partilha, e o senso de coletividade. Diminuem a escala de grandes cidades para vilas, facilitando a gestão das mesmas. Ressaltam práticas que unem a humanidade em valores que integram o viver COM a natureza e não contra ela, respeitando uns aos outros e todas as demais espécies existentes no planeta.

E você, ficou curioso para visitar uma ecovila? Acredita ser possível adotar um modo de vida mais próximo aos ciclos da natureza? Conte sua opinião, vamos partilhar nossas reflexões!

Referências:

Documentário Ecovilas Brasil: caminhando para sustentabilidade do ser.

Arruda, Beatriz Martins. O fenômeno ecovilas no Brasil contemporâneo. PUC – Campinas, 2018.

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MUNIZ, Isabella. Ecovilas: uma alternativa de vida sustentável. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/ecovilas-alternativa-vida-sustentavel.html>.

Educação e Sustentabilidade: O que é e como aprendemos?

Atualmente, vivemos um momento em que há necessidade de isolamento social. Por isso, as escolas estão fechadas e as crianças estão realizando as atividades indicadas em casa.

Tal experiência possibilitou que responsáveis refletissem sobre os conteúdos ensinados no ambiente escolar e a forma como isto ocorre.

Quando pensamos sobre aprendizagem, facilmente lembramos do ambiente escolar, uma vez que é neste local que formalmente ocorrem os processos de ensino e aprendizagem.

Imagem: Creative Commons

Vamos, então, refletir sobre tais processos. Quem define o que é ensinado nas escolas?

É importante sabermos que existe um currículo nacional com finalidade de que todos aprendizes tenham acesso a informações e valores de qualidade semelhante, de modo que exista um padrão mínimo na oferta da educação.

Para tanto, existem, no Brasil, importantes documentos oficiais que norteiam as práticas pedagógicas, cujos principais exemplos que podemos mencionar são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Os profissionais da educação devem conhecer tais documentos, assim como acompanhar suas atualizações para embasar sua prática e poder garantir qualidade nos trabalhos realizados e na formação de cidadãos críticos e conscientes.

Diante deste cenário, podemos encontrar diversos valores presentes nas práticas escolares, dentre eles, a sustentabilidade.

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Este importante assunto está presente nas orientações sobre a temática de educação ambiental, todavia, não é tratado como disciplina do currículo, mas como tema transversal a ser trabalhado ao longo de todos os anos. Assim, deve-se ser desenvolvido como prática educativa integrada nos diversos níveis e modalidades do conhecimento.

Mas o que isso significa?

Considerando a necessidade mundial e urgente de medidas de cuidados com o meio ambiente, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem liderado eventos com esta preocupação enfatizando a Educação Ambiental como instrumento para transformação e comprometimento com o desenvolvimento de sociedades sustentáveis.

Neste contexto, no ano 1999, foi deferida, no Brasil, a Lei 9.795 que dispõe especificamente sobre Educação Ambiental e apresenta a sustentabilidade como valor indispensável a ser abordado nas salas de aula.

A Educação Ambiental é apontada, nesta proposta, como os processos individuais e coletivos que permitem a construção de valores e atitudes voltados para a preservação do meio ambiente, considerando o desenvolvimento social de forma sustentável.

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Para tanto, as crianças devem adquirir conhecimentos científicos e desenvolver senso reflexivo acerca da temática e, para que isto ocorra de forma significativa, é indispensável que o aluno consiga estabelecer ligação entre o conteúdo ensinado e a realidade vivenciada.

Os documentos que direcionam os processos educacionais sugerem que o trabalho sobre sustentabilidade, para além do conteúdo formal. A começar nas práticas escolares, como por exemplo, estimular reutilização de materiais recicláveis, separação adequada do lixo, uso consciente dos materiais, respeito e valorização das diferenças entre colegas, gestos de solidariedade, participação em pequenas negociações, reconhecimento da importância dos recursos ofertados pela natureza e da necessidade de preservá-los, oferecendo, para isso, a maior diversidade possível de experiências na área.

Entendemos que a sustentabilidade é conceito e valor trabalhado na esfera escolar, entretanto, não podemos esquecer que os processos de aprendizagem não ocorrem unicamente na escola, mas também sofrem grande influência da mídia e das relações sociais, especialmente na família.

Sendo assim, é importante que haja preocupação com exemplos em atitudes e vivências, além de responsabilidade com os conteúdos veiculados pela mídia, considerando principalmente, a grande influência promovida pela internet.

E você, o que tem feito para participar deste movimento e colaborar com a construção de uma sociedade mais sustentável?

Referências

BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9795. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília: MEC/SEF, 27 abr. 1999.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências naturais. Secretaria da Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. Secretaria da Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Secretaria de Educação Básica – Brasília: MEC/ SEB, DICEI, 2013.

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MATTARA, Bianca. Educação e Sustentabilidade: O que é e como aprendemos?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/educacao-e-sustentabilidade-o-que-e-e-como-aprendemos.html>.

Mudanças Climáticas e o novo Coronavírus

Em 2020, o mundo foi confrontado com a pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), onde em distintos locais pelo mundo pessoas foram obrigadas ao isolamento social e a quarentena para evitar propagação e contaminação.

Em conjunto com o novo Coronavírus, fomos confrontados com tais medidas de isolamento onde, consequentemente, ocorreram o fechamento do comércio, o fim de eventos esportivos (inclusive os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020) e a incidência do trabalho “home office”, ou seja, a paralisação mundial em distintos aspectos. Tais medidas resultaram em uma série de problemas econômicos e sociais no Brasil e no mundo. Incertezas e inseguranças são a marca desse tempo.

Mas afinal, o quê isso tem a ver com as mudanças climáticas? E com a proteção ambiental?

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A curto prazo, a redução de pessoas na rua, da quantidade de veículos e da intensa produção industrial poderia ser visto como benéfico à redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs), mas a longo prazo pode ter pouco efeito para que as metas climáticas do Acordo de Paris sejam efetivamente cumpridas.

A pandemia nos mostrou, porém, animais retornando para o habitat natural, canais de Veneza despoluídos sem a presença dos turistas nas românticas gôndolas, avenidas vazias de veículos e aviões parados no hangar dos aeroportos. Outra experiência interessante foi a descoberta virtual em plataformas de ensino, de conferência, de reuniões ou mesmo um bate papo descontraído com amigos. Tais encontros virtuais reduzem os deslocamentos e, por consequência, emissões de gases poluentes. E o cenário pós pandemia? Haverá corrida aos shoppings ou lojas comerciais? Não sabemos.

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O que sabemos, porém, é que a saída “verde” deveria ser inevitável. É preciso se atentar que as mudanças climáticas possuem efeitos nefastos que ao longo do tempo são iguais ou mais sérios que a própria pandemia da COVID-19. A diferença é que seus efeitos são mais lentos, graduais e um pouco mais imperceptíveis pelos cidadãos no dia a dia, mesmo que cada vez mais eventos climáticos e catástrofes têm ocorrido, além dos devidos alertas dos cientistas.

A saída “verde” já tem sido planejada pela União Europeia, que através de um European Green Deal pretende realizar uma recuperação mais sustentável em superação de uma velha economia, a qual se demonstrou fragilizada nesses tempos do novo Coronavírus. Essa ideia está alinhada com pesquisa da IPSOS Moris que indica que sete em cada dez brasileiros concordam que as mudanças climáticas são tão sérias quanto a crise gerada pela COVID-19.

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Portanto, cumpre ressaltar que grandes crises geram grandes oportunidades. E, mais uma vez, indica-se meios para que a sustentabilidade possa ser um dos pilares de enfrentamento dos principais problemas do século XXI. Que os governantes nos ouçam…

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PIRES, Felipe. Mudanças Climáticas e o novo Coronavírus. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/mudancas-climativas-coronavirus-covid19.html>.

O movimento de conforto e solidariedade que nutre e alimenta a vida

Fomos colocados à prova no quesito solidariedade nos últimos tempos. Não diria que é nossa prova final, seria muito catastrofista e até uma forma cômoda de fuga daquilo que precisamos melhorar ou simplificar (porque precisamos). Tudo que está acontecendo, na verdade, pode ser a primeira prova grandiosa para nos testar sobre o quanto somos realmente capazes de compartilhar e ajudar o próximo que nunca esteve tão próximo de nós e tudo isso além do discurso engajado e da foto para a rede social.

Mesmo em uma tela de computador, o que no salta aos olhos diariamente é o cenário de vulnerabilidade de muitos e mesmo o nosso, no aspecto emocional e também material. No fim, fomos todos nutridos por uma ideia de que o consumo promove o progresso e agora, parece até que estamos sendo consumidos por essa ideia insustentável que levamos adiante por um longo tempo.

A fome e os que agem

A vulnerabilidade social leva muitos a um cenário de fome todos os dias e isso acontece muito antes da pandemia chegar por aqui.

Com a presença da pandemia, algumas prefeituras tiveram que criar mecanismos para garantir a merenda das crianças mesmo em casa, pois não é segredo que muitos alunos fazem suas melhores refeições e talvez as únicas, no ambiente escolar. A escola pública também tem esse papel.

Além disso, grupos e comunidades que já serviam marmitas e doavam cestas básicas, intensificaram seus esforços para suprir aqueles que foram afetados e ignorados de maneira muito mais violenta pela pandemia.

Gabinete de Crise do Complexo do Alemão doa cestas básicas no Morro do Adeus. Foto: Matheus Guimarães / Voz das Comunidades

Existe uma força no alimento que vai além daquela que estimula o cozinhar, a troca de receitas, o tipo de dieta e o se reinventar na cozinha diariamente. A força do alimento mexe diretamente com a vida das pessoas e com a qualidade desta vida. O alimento também dá segurança e certamente preserva a saúde, garante imunidade. Algo valioso neste momento. Por isso, o engajamento dos grupos tem sido de grande valia. Eis um auxílio que coopera e muito, enquanto outros auxílios vivem presos constantemente numa onda de “análise”.

Os vizinhos que cuidam

Vizinhos também começaram a dar suporte uns aos outros. Idosos que moram sozinhos se viram sem ajuda, preocupados e com medo. Contaram com o apoio dos mais jovens residentes do bairro, prédio, vila e até de alguns comerciantes que sentiram falta daquela visita semanal e do bom papo dos clientes. Os idosos que moram com a família tiveram e continuam tendo o protagonismo dos mais jovens da casa que, além das compras, seguem cuidando para que avôs e avós, mães e pais fiquem em segurança.

Imagem: Creative Commons

Uma rede nutridora e o que alimentamos diariamente

O que moveu e move essa rede de ajuda, tem como maior impulso, a busca pelos itens fundamentais e pelo alimento. Estamos todos olhando para o bom uso de cada item, pensando mais sobre desperdício, sobre segurança alimentar, sobre higiene e sobre como colaborar com pequenos comércios e agricultores locais. Isso é especial, mas não é tudo e nem pode ser.

Vamos além? Estamos restabelecendo o dom da partilha e a força da solidariedade sem ego. Mais do que nunca e em alguns casos, dividimos com outros, nossa comida conforto, a fatia do bolo da avó, o feijão que deixa aquele cheirinho no corredor. Estamos aprendendo a cuidar e a conviver de forma genuína e sustentável.

Há também um entendimento maior sobre o que é nutrir, sobre o que é alimentar: Nutrimos ideias, realidades e também o corpo, mas estamos aprendendo com mais profundidade, no cenário atual, que nutrir, é algo que depende de consciência social, ambiental e mesmo política e não se limita a cardápios. Alimentar é tirar da fome. Da fome física, cultural, emocional, social. É e garantir a quem compartilha esse mundo conosco, a vida e não mais uma sobrevida.

Imagem: Creative Commons

Certamente que há diferenças em bairros e essa questão da ajuda, ainda não é a realidade de todos os lugares, mas há algo em comum, ganhando força. Há um novo olhar para o que realmente importa, despertando (eu tenho essa esperança, embora às vezes ela teime em fugir): Podemos, devemos e vamos nos ajudar. Cooperação é chave para passarmos por esse momento e sim, vamos passar!

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AMORES, Valéria. O movimento de conforto e solidariedade que nutre e alimenta a vida. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/movimento-conforto-solidariedade-nutre-alimenta-vida.html>.

Saiba como as Ciências Sociais são um importante recurso para entender e combater a crise da pandemia

Recentemente, em algum grupo de Whatsapp, alguém debochou de um comentário meu e perguntou: “O que as Ciências Sociais já fizeram pelo país?”. Claro, a pergunta transparece a total ignorância do interlocutor sobre a importância da Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Psicologia (entre outras humanidades) na construção de uma sociedade saudável.

Apesar da provocação ter sido feita com o objetivo negativo, ela me ajudou a pensar e produzir este texto que tem como mote responder à pergunta: como as Ciências Sociais estão trabalhando para ajudar no combate à pandemia de Covid-19? E, claro, a conclusão também pode ser estendida à luta pela sustentabilidade. Os dois problemas são vistos pelo senso comum como problemas das Ciências Biológicas e correlatas, mas sem as Ciências Sociais será impossível chegar à melhor forma de resolução deles. Desde já deixo claro que não é possível trazer todos os trabalhos e pesquisas existentes, este é um pequeno apanhado do que achei de mais interessante e que tive acesso recentemente das pesquisas brasileiras na área das Ciências Sociais sobre a pandemia de Covid-19. Os trabalhos foram propositalmente escolhidos, também, por representarem grupos de pesquisadores de universidades federais do Norte-Nordeste brasileiro.

Compreender a crise nas mais diferentes parcelas da sociedade

Um dos principais objetivos dos estudos relacionados à pandemia nas Ciências Sociais é compreender como a crise afeta os diferentes grupos inseridos dentro da sociedade brasileira. Não existe uma única saída para o problema, porque nossa sociedade é múltipla e desigual. O último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) afirmou que “A desigualdade na África Subsariana, no Brasil e no Médio Oriente permaneceu extremamente elevada, com uma parcela de rendimentos dos 10 percentis superiores na ordem dos 55–60 por cento”. O que significa dizer que, nesses países, os 10% mais ricos detêm até 55-60% da riqueza nacional. No Brasil, esse percentual ficou em 42% oficialmente. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) brasileiro no ano de 2018 foi de 0,761 deixando o país na 79ª posição do ranking [1].

Complexo da Maré/ Rio de Janeiro. Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Para além da desigualdade social, medida através da concentração de riqueza, a sociedade brasileira também apresenta desigualdades por grupos sociais: gênero, raça, etnias, campo-cidade, entre outras. Cientistas sociais brasileiros com experiência em acompanhar todas essas variáveis vêm produzindo pesquisas sobre como a doença afeta os mais diversos grupos em todas as regiões brasileiras. São trabalhos que nos trazem diferentes olhares sobre o mesmo ponto e que nos fazem pensar para além do óbvio e do senso comum.

O que falam aqueles que vivem epidemias?

Diretamente de Belém, o historiador Antônio Otaviano Vieira da UFPA (Universidade Federal do Pará), escreveu sobre o registro das vozes de quem viveu epidemias na cidade (clique aqui para acessar). Ele comparou a epidemia de hoje com o relatado sobre a epidemia de sarampo entre 1748-1750 na cidade de Belém. Nos registros das falas encontrados, apenas vozes de quem tinha poder: juízes, políticos, religiosos, conselheiros reais. Um grupo muito diferente de quem estava morrendo aos montes: indígenas e negros. O grupo que morria, o fazia em silêncio.

Séculos depois, passamos por outra epidemia e a pergunta é: como essa história será contada? Dessa vez, temos imprensa e mídias sociais que permitem que muitos falem dos seus sentimentos. Contudo, ainda temos uma elite política e econômica que conta uma diferente história. Lembra? Somos muito desiguais.

Reportagem do jornal “O Globo” que ilustra como a pandemia de Covid-19 se mostra mais letal em áreas de periferia e de desigualdade sócio-econômica. Link para a matéria aqui.

Hoje, temos a tecnologia como parceira para ajudar a entender os sentimentos da população. Por exemplo, uma pesquisa foi desenvolvida no departamento de Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) para responder a seguinte pergunta: “O que o brasileiro fala sobre as principais figuras políticas no combate à Covid-19?”.

O doutorando Lucas B. Miranda realizou uma análise de sentimentos nas postagens feitas por brasileiros no Twitter no período de 03 de abril a 16 de abril de 2020. Os resultados (leia clicando aqui) mostram como o debate no Twitter transparece a polaridade política que atingiu também o combate à pandemia no Brasil. Provavelmente, daqui a algumas décadas ou séculos, nossos descendentes contarão a história de 2020 e ela será baseada na polaridade política que ultrapassou a retórica e atrapalhou a construção de políticas públicas eficazes de combate a esta nova doença.

Essa afirmação, aparentemente negativa, é possível por causa das recentes pesquisas que informam que o Brasil tem uma alta taxa de transmissão e em breve será o novo epicentro da pandemia, o que pode ser acessado na mídia essa semana após a recente publicação do Imperial College. Contudo, ainda podemos evitar isso, caso o Brasil mude o discurso para ouvir as ciências e os esforços de pesquisa das suas próprias universidades.

Políticas públicas para populações e comunidades rurais, negras, quilombolas e indígenas

Infelizmente, entre as várias notícias sobre mortes e infecções, uma chamou a atenção por reunir várias injustiças: no começo de abril, um jovem Ianomâmi de apenas 15 anos morreu após contrair o novo coronavírus. Entidades de proteção aos indígenas afirmaram que a comunidade onde o jovem vivia entrou em contato com garimpeiros e denunciaram o aumento dos garimpos ilegais na Amazônia que, consequentemente, em época da pandemia ameaçam não apenas a floresta, mas também a vida dos indígenas.

A preocupação com os grupos mais vulneráveis dentro da nossa sociedade em época de pandemia é objeto de estudo do Núcleo de Extensão em Pesquisa com Populações e Comunidades Rurais, Negras, Quilombolas e Indígenas (NuRuNI), do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Em um artigo (clique aqui para acessar), eles apresentam algumas das medidas sugeridas por eles para conter a evolução da pandemia dentre essas comunidades.

Comunidade Quilombola em Grotão/ TO. Imagem: Ministério Público do Trabalho/Divulgação / Reprodução: G1

O que eles chamam a atenção, primeiramente, é que os governantes devem, ao elaborarem políticas públicas, levar em conta que estas comunidades são mais vulneráveis por estarem localizadas em áreas de difícil acesso, com pouca ou nenhuma estrutura de atendimento à saúde e aglomerados. Para além disso, esses grupos são vítimas de racismo institucional. As comunidades quilombolas, por exemplo, encontram-se em situação ainda mais difícil, uma vez que, diferentemente da população indígena, não contam com o apoio de um subsistema de atenção à saúde.

A principal recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para diminuição da curva de contaminação, o isolamento social, é difícil, se não impossível, quando se fala em famílias que moram em favelas ou palafitas.

Imagem: Creative Commons

De acordo com minha própria observação, a falha na propositura de políticas públicas que compreendam as diferenças nestas comunidades contribui para a pouca ou nenhuma adesão das pessoas às recomendações públicas de isolamento. Se o discurso é direcionado para quem tem o privilégio de ter espaço e empregos que permitam o trabalho de casa, os grupos que vivem uma realidade completamente diferente tendem a não aderir. Seja pela total impossibilidade, ou pela falta de confiança nas instituições políticas. Lembrando que estas mesmas instituições têm um longo histórico de políticas racistas e de exclusão voltadas às essas populações.

Últimas palavrinhas

Mais do que uma “revisão de literatura” dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelo Brasil na área das Ciências Sociais, o texto aqui tem o objetivo de responder uma provocação e jogar luz sobre essa área que produz muito conhecimento que, quando levado à prática, traz resultados positivos.

Seja no combate à pandemia ou na proteção ao meio ambiente (ou qualquer outro problema que envolva a sociedade), as Ciências Sociais são cada vez mais urgentes para contribuir com as melhores práticas políticas no mundo. E, mais, com o avanço das tecnologias e da informação, não há mais possibilidade de aceitar uma política excludente e livre de accountability.

Por fim, gostaria de deixar a minha marca editorial: política é para ser falada, discutida, comentada. Com educação e informação, claro. Sem fake news e agressões. Não há como pensar um mundo sustentável e melhor sem falar de política. Vamos fazer isso?

[1] O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento.

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ABREU, Nathália. Saiba como as Ciências Sociais são um importante recurso para entender e combater a crise da pandemia. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/saiba-como-as-ciencias-sociais-sao-um-importante-recurso-para-entender-e-combater-a-crise-da-pandemia.html>.

O mundo numa garfada: como nossos hábitos alimentares podem ajudar o planeta

Estamos colhendo os frutos de uma sociedade globalizada pós Revoluções Industriais na qual tudo é acelerado e interconectado. Nesse modelo, pequenos atos se somam e podem resultar em grandes impactos, positivos ou negativos.

Um exemplo é o surgimento de pessoas cada vez mais engajadas em pautas ambientais nas últimas décadas em resposta aos danos crescentes que a humanidade vem causando ao planeta. Greenpeace, WWF e o próprio Autossustentável são exemplos disso. Mas como você, que está em casa e não tem perfil de ativista ou não gosta de muita exposição, pode contribuir? A resposta pode estar na sua cozinha.

O hábito de comer carne todos os dias é algo recente na história da humanidade. Antes do advento da agricultura, nossa dieta era baseada naquilo que conseguíamos coletar e, eventualmente, de carne quando a caça prosperava. Mesmo depois que deixamos a vida nômade para trás, o consumo de carne era limitado a ocasiões especiais e festivas, assim como ainda é em boa parte das tribos indígenas. Hoje, a sociedade brasileira vê no consumo de carne um símbolo de status, de que a família vai bem financeiramente.

Em 2019, o brasileiro consumiu, em média, 103 Kg de carne (bovina, suína e aves). Segundo a Embrapa, cada quilo de carne bovina demanda 15,5 mil litros de água. O valor pode parecer absurdo, mas ainda não entra nessa conta a água contaminada pelo mau uso de aditivos, antibióticos, lavagem de abatedouros, etc. Desligar a torneira enquanto escova os dentes é importante, mas o consumo consciente de carne impacta bem mais na preservação ambiental.

A indústria da carne ainda é responsável por uma generosa fatia das emissões de gases estufa. Se o rebanho nacional fosse um país, seria o 17° maior poluidor climático do planeta, com liberação de 392 milhões de toneladas de gases estufa, segundo o SEEG (dados de 2016).

Além disso, é de amplo conhecimento a participação da agropecuária no desmatamento da Amazônia, que degrada o ecossistema e causa impactos sociais às comunidades indígenas. Segundo o documentário “Sob a Pata do Boi”, 80% do desmatamento amazônico é gerado pela indústria da carne. Além dos pastos, legais ou não, ainda pode-se contabilizar as áreas de plantio de soja dedicadas à alimentação do gado. Outra prática comum entre pecuaristas é desmatar terras sem a intenção de torná-las pasto para então vender com valorização para o agronegócio.

Calma, você não precisa desmarcar o churras pós quarentena! (Mas eu gostaria que esse texto te fizesse cogitar o vegetarianismo, não nego).

Existem várias alternativas tecnológicas sustentáveis que ajudam a minimizar todo esse impacto, como sistemas de integração lavoura-pecuária, integração lavoura-pecuária-floresta, pesquisas com gases de efeito estufa, cálculo da pegada hídrica do leite, qualidade da carne e melhoramento genético (Embrapa). Cabe aos consumidores buscar a origem do que põe na mesa, cobrar das empresas e dos governantes medidas para equilibrar a balança entre a pecuária e o meio ambiente.

O consumo de carne é algo cultural em nosso país, com raízes mais ou menos profundas em algumas regiões. Deixando à parte questões éticas, é possível tornar a pecuária uma atividade menos danosa ao meio ambiente e isso pode partir da sua iniciativa.

Não é necessário abolir a carne do cardápio, porém uma redução consciente é bem-vinda. Que tal aderir à Segunda sem Carne (MeatlessMonday) e sentir que, mesmo não sendo a Greta Thumberg, está ajudando a salvar o futuro da próxima (ou da nossa) geração?

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LOPES, Jéssica. O mundo numa garfada: como nossos hábitos alimentares podem ajudar o planeta. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/o-mundo-numa-garfada-como-nossos-habitos-alimentares-podem-ajudar-o-planeta.html>.

Veículos elétricos: estações de recargas com uso de energia solar

Vimos nas últimas décadas uma grande revolução no setor de mobilidade, tanto no meio de transporte coletivo quanto no individual. Boa parte desses veículos são construídos com motores de combustão interna movidos a diesel, gasolina e álcool.  Porém, esses transportes emitem partículas poluentes causando problemas respiratórios na população, além de contribuir diretamente para o aquecimento global.

Os gases de efeito estufa emitidos pelos motores convencionais é visto como um fator importante para acelerar e sustentar o crescimento do uso de veículos elétricos (VE).

Segundo os dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), em 2018 o comércio de veículos elétricos aumentou suas vendas em aproximadamente 58%, ultrapassando a marca de 2 milhões. Estima-se que até 2050 mais de um bilhão de VE (distribuídos entre ônibus, motocicletas, quadriciclos e caminhões) estarão em circulação no mundo [1].

Meios de transportes elétricos

O aumento do uso dessa tecnologia nos leva ao seguinte problema: como alimentar energeticamente tantos veículos elétricos conectados à nossa rede de energia? Parte da rede elétrica em muitos lugares do mundo é impulsionada pela eletricidade gerada pela queima de combustíveis fósseis, retornando ao mesmo problema inserido nos veículos de motores de combustão interna [2].

Uma ótima solução para boa parte desse problema está no uso da energia solar como uma das maiores fontes de geração de energia do país.

As estações de recargas com uso de energia solar

O IRENA lançou em novembro de 2019 outro relatório, em que aborda sobre o futuro da energia solar fotovoltaica destacando maneiras de acelerar a transformação de energia nas próximas três décadas e a necessidade desta fonte de geração para atingir as metas climáticas. Os resultados deste documento preveem que a implantação massiva e acelerada combinada com a eletrificação mais profunda pode fornecer 21% das reduções de emissão de CO₂ (quase 4,9 gigas toneladas por ano) até 2050. Porém, a agência também alerta a importância dos incentivos governamentais para a aceleração do processo de expansão e mix de geração no setor elétrico [3].

Estação pública de recarga com energia solar. Fonte: Freepik

Agora você pode imaginar os efeitos na batalha contra o aquecimento global ao combinar o uso de veículos elétricos e energia solar fotovoltaica? Acredito que a sua resposta foi positiva! Mas como podemos fazer isso?

Como sabemos, os veículos elétricos podem ser recarregados em casa, no trabalho ou em uma estação de recarga pública. A energia que usamos nesse processo no Brasil é proveniente de usinas hidrelétricas, solar, eólica, biomassa e combustíveis fósseis como carvão, óleo e gás natural, em termelétricas [4, 5].

Estação de recarga em prédios. Fonte: Freepik

Nesses locais, que utilizamos como pontos de recarga, pode-se agregar a conexão de sistemas solares fotovoltaicos junto à rede elétrica, conhecidos como geração distribuída. Os sistemas de energia solar até aproximadamente uma década atrás eram instalados isolados da rede elétrica, mas em 2012 foi aprovado a Resolução Normativa nº 482 (e RN nº 687 de 2015) permitindo que esses sistemas pudessem operar de forma conectada à rede de distribuição [6].

Como funciona esse sistema na prática?

Se o carro elétrico for recarregado em casa, o sistema solar pode ser utilizado para gerar energia suficiente para ele e para o consumo geral da residência. Se for uma estação de recarga pública, é possível dimensionar o sistema realizando a previsão diária de quantos carros podem ser atendidas e suas prováveis demandas. A estrutura física, neste caso, é similar ao diagrama apresentando abaixo em que podemos visualizar a geração solar, a estação de recarga e a rede elétrica.

Estrutura física e conexões entre estação de recarga, sistema de energia solar e rede elétrica

Referências

[1] IRENA – International Renewable Energy Agency. 2019. How to transform energy system and reduce carbono emissions.

[2] COSTA, T. S.; et al. 2018. Electric Vehicle Review. Preprint.

[3] IRENA – International Renewable Energy Agency. 2019. Future of solar Photovoltaic.

[4] EPE – Empresa de Pesquisa Energética. 2018. Matriz energética e elétrica.

[5] COSTA, T.S.; et al. 2020. Estação de recarga com sistema híbrido autônomo para veículo elétrico aplicado à Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (No prelo). VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar, Fortaleza.

[6] COSTA, T. S. 2019. Estudo e simulação de sistemas fotovoltaicos híbridos para aplicação autônoma e conectada à rede. Faculdade de Engenharia Elétrica e da Computação, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, Dissertação de Mestrado.

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COSTA, Tatiane. Veículos elétricos: estações de recargas com uso de energia solar. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/veiculos-eletricos-estacoes-recargas-energia-solar.html>.

Dicas para Cultivar Plantas em Casa

Canais que podem te ajudar a diminuir o estresse e melhorar a saúde física e mental através da criação de hortas, árvores e do maior contato com a natureza.

Após séculos de evolução e distanciamento, cada vez mais a conexão com a natureza tem se mostrado um futuro inevitável: é necessário sermos mais ativos e conscientes na nossa produção e consumo e ressignificar a velocidade e qualidade da vida.

Estresse, ansiedade, depressão, poluição, plásticos nos oceanos, comida embalada, industrializada e agrotóxicos invisíveis são companheiros diários no mundo atual. Mas como conectar estes pontos de forma prática e com resultados incríveis?

Os cientistas têm encontrado evidências que estar na natureza tem um impacto profundo em nossos cérebros e em nosso comportamento, ajudando-nos a reduzir a ansiedade, a inquietação e o estresse, além de aumentar nossa atenção, criatividade e capacidade de nos conectarmos com outras pessoas.

Imagem: Creative Commons

Médicos nos Estados Unidos, Canadá e Escócia já prescrevem plantas domésticas como remédio aos seus pacientes e afirmam que os resultados são positivos. Estudos na Austrália sugerem que observar um teto verde por 40 segundos é o suficiente para “reiniciar” o cérebro. Uma pesquisa Britânica com vinte mil pessoas concluiu que 2 horas na natureza por semana melhora consideravelmente os níveis de felicidade e saúde! Por que, então, não trazer um pouco de natureza para seu dia-a-dia?

Sendo assim, separamos 3 canais incríveis no YouTube para você aprender mais sobre cultivo, levar para dentro de casa (e para a mesa do trabalho) um pouco de verde, observar o crescer das plantas e o passar do tempo com mais ar e momentos de atenção plena!

  1. Issac Horta em Apartamento

Como o nome denuncia: Isaac mora em apartamento, mas isso não impede que ele plante e mostre o passo-a-passo do cultivo de diversas plantas para todos os tamanhos de apartamento (e vaso). O canal existe desde 2011 e apresenta com muita simplicidade e simpatia como ter sua própria horta desde então, ajudando iniciantes a desenvolver o famoso “dedo verde” tão desejado. Procure por sua hortaliça favorita!

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Imagem: Creative Commons
  1. Cantinho de casa

Márcio, além de todo o conhecimento sobre árvores frutíferas e hortas, é incrível com receitas orgânicas para adubos, dicas para crescimento mais rápido, tratamento de doenças e pragas de forma natural e a construção de estruturas e experimentos que podem acompanhar você e sua planta durante o crescimento conjunto – uma próxima fase nesse relacionamento.

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  1. Planterina (em inglês)

Prefere plantas ornamentais? Então o caminho é o canal da Amanda: o Planterina. A estadunidense é uma maga das plantas internas! Tem dicas preciosas para desenvolver aquela jiboia, suculenta ou espada de São Jorge no nível máximo (e muitas outras plantas). Propagação, fertilização e guias para plantas de baixa e alta manutenção são apenas alguns dos temas abordados em seus vídeos. O canal é em inglês, mas as instruções geralmente são autoexplicativas.

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Imagem: Creative Commons

E você? Conhece algum outro canal que pode ajudar jardineiros de primeira viagem e/ou capitães experientes? Já cuida da sua saúde com plantas? Acredita nos benefícios de uma vida com mais verde? Sentiu-se melhor depois de ter um vaso na mesa do trabalho? Conta para a gente!

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MOSS, Luana. Dicas para Cultivar Plantas em Casa. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/dicas-cultivar-plantas-casa.html>.

O que você tem plantado no mundo? – Reflexões sobre a sustentabilidade das nossas relações

Algo inegável sobre a pandemia que vivemos é que ela está pondo em xeque todas as nossas relações – com o planeta, com o consumo, com as pessoas, com a gente mesmo, com tudo.

O mundo precisou parar para que pudéssemos entender a falta que um abraço faz. Para vermos novamente animais se movimentando por pólos urbanos e nadando em rios/mares mais límpidos. Para conseguirmos observar o céu. Para que as vídeo-chamadas se tornassem, de fato, as soluções de contato à distância. Para que percebêssemos que somos todos seres humanos que precisam de poucas coisas materiais, muito afeto e um tanto de consciência sobre nossa responsabilidade no mundo.

Imagem: Creative Commons

Temos falado com frequência sobre tudo isso passar e voltarmos à nossa rotina normal. Mas que seja um novo normal, com um olhar mais cuidadoso, com ações cotidianas mais sustentáveis à saúde do planeta.

Se as empresas viram que o home office funciona e traz vantagens, que tal termos menos deslocamentos (um dia de home office por semana seria um bom começo), menos trânsito e poluição nesse campo? Se as pessoas perceberam que todo seu guarda-roupa é um exagero, que tal fazer isso circular? Se a natureza nos dá lindos dias de sol, que tal aproveitarmos ainda mais nossas áreas verdes (ou criá-las!)?

Sem contar o tempo de qualidade com família, amigos, pessoas que amamos, esses encontros na maioria das vezes são adiados pela correria do de nossa rotina cada vez mais agitada. Nenhuma mudança de hábito vem com facilidade, mas é preciso um começo, um esforço e um retorno positivo que nos estimule a continuar.

Imagem: Creative Commons

Um pé de tâmaras antigamente levava de 80 a 100 anos para produzir seus primeiros frutos (hoje as tamareiras produzem a partir do quinto ano), então há um ditado que diz “quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”. A fábula conta a história de um senhor que semeava tamareiras e foi abordado por um rapaz que o questionou porque plantar se não iria colher os frutos. O senhor respondeu serenamente que se todos pensassem assim, não haveria mais tâmaras no mundo. E isso nos ajuda a entender duas lições fundamentais para nossa vida. A primeira é que mais importante que a colheita, é o plantio. E a segunda, é que nem sempre os frutos vêm em curto prazo.

Lembra daquela frase que costumávamos usar: “Pare o mundo que eu quero descer”? Pois é, o mundo parou, mas descer não vai transformá-lo. O que você está fazendo para a roda girar e o que realmente importa continuar em sua vida? Quais sementes você tem plantado e em que raízes você se sustenta e sustenta suas relações?

Imagem: Creative Commons

Aproveite a quarentena e faça uma horta! De temperos, flores, árvores, amor, boas energias e dos frutos que você quer colher (ou, ao menos, semear para futuro)!

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CARVALHO, Bruna. O que você tem plantado no mundo? – Reflexões sobre a sustentabilidade das nossas relações. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/05/o-que-voce-tem-plantado-no-mundo-reflexoes-sobre-a-sustentabilidade-das-nossas-relacoes.html>.

Mindfulness: combatendo a ansiedade e praticando a Sustentabilidade

Vivemos uma época difícil, de uma hora para outra vimos nossos hábitos sendo modificados e nossa rotina ser interrompida, fomos desafiados a fazer adaptações para que pudéssemos passar por esse momento da forma mais responsável e menos caótica possível.

A humanidade que há muito vem sofrendo com uma ansiedade crescente, se viu precisando controlar seus pensamentos para poder manter a calma e repensar sobre como se reorganizar para passar por uma pandemia.

Imagem: Creative Commons

A meditação, é uma técnica milenar que pode nos auxiliar nesse período. É sabido que a técnica traz benefícios na vida do ser humano, sua prática surgiu ainda com povos primitivos que precisavam da observação e atenção plena para a realização de suas atividades. Por esse motivo, as práticas meditativas foram difundidas como forma de manter a mente saudável e tranquila, ou até mesmo para recuperar a saúde mental.

Assim nasce o mindfulness, em busca da necessidade de se manter atento e conectado com o presente, porém, de forma mais simples. A técnica, criada pelo professor americano Jon Kabat-Zinn (1982), como forma de reduzir o estresse, traz a atenção plena da prática meditativa para um contexto mais próximo de todos. Mindfulness significa “consciência plena” ou “atenção plena”, não é em si uma prática meditativa, mas sim, um estado da mente humana, consiste basicamente em manter a atenção no momento em que se está, para a prática é preciso estar atento de maneira constante no momento experienciado, desperto e sem julgamento.

Imagem: Doug Neil

Estar desperto é capaz de aumentar no ser humano o comprometimento com o momento presente, a empatia e a melhor compreensão dos problemas de uma forma geral. Uma melhor clareza da realidade pode gerar em todos um maior empenho com relação ao que se vive agora – perceber que somos responsáveis pelo meio em que vivemos e que ao invés de cuidar da natureza estamos destruindo-a e causando danos sem precedentes – é muito importante para que possamos buscar soluções.

Segundo Rattner, grande pensador do desenvolvimento, a sustentabilidade precisa ser vista como o princípio estruturador de um processo de desenvolvimento mais preocupado com o ser humano. Assim, poderia se tornar o fator mobilizador e motivador nos esforços da sociedade em busca da transformação das instituições sociais, dos padrões de comportamento e dos valores dominantes.

Dessa forma, é preciso entender que o que vivemos hoje é fruto das ações humanas e da falta de comprometimento com o planeta – a forma como produzimos e consumimos está desestabilizando a natureza desde sempre. Estamos presenciando, progressivamente, e de maneira mais agressiva os resultados dessa falta de cuidado, seja em grandes catástrofes ocasionadas pelo desequilíbrio ambiental, ou nos surgimentos de doenças que estão relacionadas também ao processo de degradação do meio ambiente. E essa degradação pode desencadear cada vez mais pandemias.

Imagem: Creative Commons

A prática do mindfulness pode trazer às pessoas nesse momento, mais do que o alívio à ansiedade agravada diante da pandemia, pode trazer consciência de que é preciso mudar a forma como vivemos e enxergamos o meio ambiente. Ora, se fomos capazes de mudar nossa rotina e alguns hábitos, por que não mudar para salvar o Planeta?

É imprescindível nos atentar para o fato de que o estado “normal” de vida, não é bom, nunca existiu e jamais voltará. As nossas vidas irão se reconfigurar, precisaremos nos tornar capazes de sentir empatia pelo outro e mudar nossos hábitos para fazer as pazes com o Planeta Terra. E aí, que tal praticarmos o mindfulness? Vamos despertar para o momento através da empatia com as gerações futuras e viver em mundo mais sustentável?

Referências:

  • ASSIS, D. de. Os benefícios da meditação: melhora na qualidade de vida, no controle do stress e no alcance de metas. Interespe: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação. ISSN 2179-7498, v. 1, n. 3, p. 73-83, 2013. Disponível em: http://ken.pucsp.br/interespe/article/view/17445/12968.
  • RATTNER, Henrique. Sustentabilidade – uma visão humanista. Ambiente & Sociedade, ano II – n° 5 – 2° semestre de 1999. Disponível em:  http://www.scielo.br/pdf/asoc/n5/n5a20.pdf.
  • VANDENBERGHE, L.; SOUSA, A. C. Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 2(1), 35-44, 2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872006000100004.

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MARIA, Flávia. Mindfulness: combatendo a ansiedade e praticando a Sustentabilidade. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/mindfulness-combatendo-a-ansiedade-e-praticando-a-sustentabilidade.html>.

Simples e Novo – Transformando e Reinventando a forma de Viver

Trinta dias e um novo mundo se apresenta aos nossos olhos de forma cada vez mais clara. Na verdade, são dois movimentos como sempre: o movimento do “fica tudo como está” e o movimento dos “novos ares são bem vindos”. Estamos vivendo o epicentro de uma transformação. Talvez no futuro não sejamos apenas o resultado de apenas um desses movimentos. Seremos uma mistura de tudo o que conseguirmos manter, criar e recriar.

Sem dúvida são dias e mais dias de reflexão. Acredito que todos nós estamos passando, em alguma medida, por um balancete de vida. Principalmente revendo as prioridades, definindo o que é importante de verdade, pois o momento não nos deixou opção de supérfluos.

Imagem: Creative Commons

Temos experimentado novas formas de consumo. Quem nunca havia utilizado o telefone para chamar a farmácia, a mercearia, a fruteira e o supermercado? Provavelmente se você, como eu, adorava ir à feira e ao supermercado presencialmente e religiosamente notou a diminuição da conta no fim do mês. Sim, estamos menos expostos às ofertas, pechinchas e lojas que ficavam no caminho. Mas estamos mais suscetíveis aos anúncios online.

Em termos de trabalho, quem nunca havia utilizado o WhatsApp para atender clientes, se viu obrigado a reinventar seus atendimentos, buscar meios de manter a comunicação profissional. Também estamos experimentando a mistura de vida doméstica e trabalho em poucos metros quadrados. Está sendo testada a sua capacidade de manter foco, de separar os assuntos, mesmo tendo que desempenhá-los no mesmo espaço físico.

Imagem: Creative Commons

Nos relacionamentos, que chance dourada de “re-conhecer” seus familiares. De repente estamos juntos dia e noite, precisamos cooperar e compreender mais do que nunca. É um grande desafio seja para casais, famílias, solteiros que passaram a cuidar de idosos. Ironicamente, dia 27/3 completei 10 anos de casada e deveríamos partir para conhecer lugares pitorescos – A viagem dos 10 anos. Ganhamos de presente um intensivo de convivência para ajustar ponteiros e planejar os nossos próximos 10 anos. Tem sido muito bom poder colocar em dia vários assuntos que foram ficando para trás.

É possível que muitos, após este período, retornem de onde pararam e tentem fazer poucos ajustes. Mas definitivamente todos foram tocados por dentro. Você pode não ter surtado, mas reavaliou muita coisa. Você pode não transformar seu comércio em loja virtual, mas buscou entender como funcionar em delivery. Pode ser que você tenha se mantido no emprego, ou com seu salário, mas definitivamente você começou a pensar em um plano B.

A necessidade de ficar em casa ainda não tem data para finalizar, porém não estamos parados. O momento nos fez inovar, nos fez pensar e está nos tornando a cada dia mais simples. Estamos reavaliando e “recalculando a rota”, como no GPS. E todas as rotas estão apontando para algo novo e simples. Simples, pois percebemos que conseguimos fazer muito mais com menos deslocamento, com menos custo, com menos energia. Novo, talvez porque nunca tenhamos pensado em agir assim enquanto estávamos correndo.

Imagem: Creative Commons

Confesso que na minha profissão, a advocacia, tudo sempre foi muito tradicional e cheio de procedimentos. Contudo, hoje não consigo mais visualizar como um advogado tradicional conseguirá se manter nos momentos que estão por vir. Meus atendimentos neste período me mostraram que o cliente de hoje não quer mais o que eu pensava que ele estava querendo. Ele mudou e eu estou criando novos formatos para poder atendê-lo e entregar exatamente o que ele veio buscar.

O que você percebeu que poderia ser muito mais simples? Quer contar para nós qual foi a sua grande sacada desse período?

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STEFFEN, Janaína. Simples e Novo – Transformando e Reinventando a forma de Viver. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/simples-e-novo-transformando-e-reinventando-a-forma-de-viver.html>.

De Energias Não Renováveis a Energias Renováveis – uma Breve História

A domesticação de espécies botânicas e animais permitiu que a espécie humana desse seus primeiros passos para a consolidação de sociedades. Aprender a manipular, armazenar e direcionar a energia, foi um grande diferencial para que ocorresse o desenvolvimento de tecnologias, fazendo com que o mundo moderno fosse tão diferente do passado.

A descoberta do petróleo (fonte de energia não renovável), por volta de 1850, proporcionou diversos avanços tecnológicos e o desenvolvimento de diversos tipos de produtos, como veículos, aeronaves e máquinas cada vez mais complexos, permitindo maximizar processos na agricultura, na pesca e na mineração. Cada vez mais fomos deixando de lado a utilização de energias renováveis, como a energia eólica para o funcionamento de moinhos, ou sistemas hidráulicos para máquinas rudimentares na irrigação, para dar espaço a estas inovações.

Imagem: Creative Commons

Porém, junto a toda produtividade que a energia nos proporcionou, veio também o aumento na capacidade de exploração dos recursos naturais do planeta. De acordo com a Global Footprint Network, desde 1970 a humanidade gasta mais do que o planeta produz, sendo necessário quase dois planetas inteiros para regenerar o que gastamos. E o que dificulta consideravelmente o processo de resiliência do planeta Terra é a utilização de recursos não renováveis, dentre eles as fontes de energia não renováveis.

Imagem: Creative Commons

Portanto, precisamos buscar cada vez mais utilizar energias mais eficientes e renováveis. Ironicamente, graças ao avanço que a energia não renovável nos proporcionou, desde o século passado, passamos a entender melhor os processos biogeoquímicos e desenvolver tecnologias sustentáveis, que são a nossa porta de entrada rumo à exploração de fontes de energias renováveis.

Fazendo referência a um texto que já foi publicado pela colunista Nathália Abreu, aqui na Autossustentável, intitulado Pequeno Guia Sobre Energias Renováveis, alguns tipos de energias renováveis são:

  • Energia Geotérmica: Obtida a partir do calor proveniente de processos geológicos do planeta;
  • Energia de Biomassa: Que é obtida através da queima da energia armazenada em resíduos orgânicos;
  • Energia Hidráulica: Direcionamento da energia cinética dos fluxos de água que é convertida em energia elétrica ao final do processo;
  • Energia Solar: Aproveitamento da energia do sol;
  • Energia Eólica: Energia cinética dos ventos, que ao final do processo se torna energia elétrica;

A ciência e a tecnologia nos permitiram entender muito além dos processos energéticos que fazem o moinho girar e, consequentemente, moer o grão. A partir do conhecimento científico foi possível desenvolver tecnologias para exploração de outros tipos de fonte de energia com diversas vantagens em relação à energia não renovável, como a emissão quase nula de poluentes, diversificação da matriz energética, além de destinação de determinados resíduos gerados pelas indústrias, como é o caso da biomassa.

Energia Eólica./ Imagem: Creative Commons

Portanto, é imprescindível que busquemos tirar estas ideias do papel, e promover uma nova revolução na indústria energética, de impacto maior a de 1850. Precisamos de políticas sólidas e bem estruturadas que promovam a expansão desta indústria, tornando as energias renováveis as principais fontes de energia do planeta, e que estas sejam embasadas nos pilares do desenvolvimento sustentável.

Referências:

Leitura sugerida:
SMIL, V. Energy in world history. 1 ed. New York:Routledge. 1994.

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MIRANDA, Paulo Henrique. De Energias Não Renováveis a Energias Renováveis – uma Breve História. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/de-energias-nao-renovaveis-a-energias-renovaveis-uma-breve-historia.html>.

Energia Solar – Entenda como funciona a Geração de Energia Elétrica e Energia Térmica

O sol tem um papel crucial na manutenção da vida na Terra, graças a sua luz e seu calor. A energia solar, em sua forma luminosa, é responsável pela fotossíntese que permite a obtenção de energia para plantas e vegetais que são a base da cadeia alimentar de todo planeta.

Em termos técnicos, a energia solar nada mais é que a energia eletromagnética do sol que incide na superfície da Terra através de radiação nas formas térmica e luminosa. A térmica corresponde à energia em forma de calor produzida pelo sol, enquanto que a forma luminosa compreende a energia em forma de luz produzida pelo sol.

A irradiação solar que atinge anualmente a superfície terrestre é tão poderosa que é suficiente para atender milhares de vezes o consumo anual de energia no mundo inteiro, segundo informações da EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Por isso, essa é umas das fontes de energias renováveis que mais tem recebido investimento nos últimos anos. O aumento da utilização de energia solar tem ocorrido em vários países, inicialmente na Europa, com destaque para Alemanha, e atualmente na Ásia, sendo objeto de pesadas inversões do gigante chinês.

O Brasil é um país privilegiado com relação à produção de energia a partir de fonte solar, uma vez que, sua posição geográfica possibilita a incidência da radiação solar de forma quase homogênea durante o ano inteiro. Este fato por si só já é um excelente motivo para o país investir mais em energia solar para produção de energia elétrica, seja através da geração centralizada ou da geração distribuída, e evitar a dependência excessiva de fontes como a hidráulica e as termelétricas movidas à carvão, óleo combustível ou gás natural. No entanto, fatores de ordem política e econômica ainda entravam a utilização da energia solar em larga escala no país. Parte inferior do formulário

Como a Luz e o Calor se transformam em Energia?

A utilização da energia solar de forma direta ocorre pela conversão da radiação em energia térmica e em energia elétrica. A energia térmica é usada para aquecimento de fluidos e ambientes e também para a geração de potência mecânica ou elétrica; enquanto que a energia elétrica é obtida através de materiais como o termoelétrico e o fotovoltaico (ANEEL, 2005). “São os equipamentos utilizados nessa captação que determinam qual será o tipo de energia a ser obtida” (ANEEL, 2008, p.84).

Energia Térmica

Os equipamentos envolvidos com a captação e a transformação da energia solar em energia térmica são os coletores solares e concentradores solares. Isto porque em determinados casos, além do processo de captação, há também a concentração da radiação solar em um único ponto. Em função disso, esses equipamentos são conhecidos como “Sistemas de Aquecimento Solar (SAS)” (SILVA, 2015, p.6).

– Coletores Solares

Esses equipamentos, utilizados para o aquecimento de água, podem ser instalados tanto em residências quanto em estabelecimentos comerciais. Também conhecido como aquecimento solar ativo, este sistema compreende a utilização de um coletor solar instalado geralmente no teto das residências ou edificações (ANEEL, 2005).

Funcionamento de um Coletor Solar

Funcionamento de um Coletor Solar. – Fonte: Soletrol, Aquecedores Solares de Água.

– Concentradores Solares

Os concentradores solares são equipamentos utilizados em atividades que necessitam temperaturas mais elevadas, como a secagem de grãos e a produção de vapor. Esse SAS (Sistemas de Aquecimento Solar) possui como finalidade a captação da energia solar em uma área comparativamente grande à área usada pelos coletores solares.

Tipos de Concentradores Solar

Tipos de Concentradores Solares. – Fonte: Atmosferis.com

Após a captação, essa energia é concentrada em uma área bem menor, para que possa haver o aumento substancial da temperatura. A estrutura dos concentradores solares é formada pela superfície refletora com formato parabólico ou esférico a fim de que os raios solares incidentes possam ser refletidos para o foco, uma superfície bem menor, onde o material a ser aquecido fica acondicionado. Para que a radiação solar seja direcionada para o foco é necessária a utilização de algum dispositivo de orientação, o que gerará custos adicionais à implementação deste sistema. Todavia, estes custos tendem a ser minimizados para aplicações deste sistema em grande escala (ANEEL, 2005).

Energia Elétrica

geração de energia elétrica a partir da energia solar, segundo Silva (2015), pode ser adquirida por dois sistemas, o heliotérmico e o fotovoltaico. O heliotérmico (ou termoelétrico) – através da heliotermia (denominada também de termossolar ou concentrated solar power – CSP); e o fotovoltaico – através do efeito fotovoltaico (FV). Essa conversão direta da energia solar em eletricidade ocorre pelos efeitos da radiação, através de calor e luz, que incidem sobre materiais, como os semicondutores (ANEEL, 2005).

– Sistema Heliotérmico

O sistema heliotérmico “é o processo de uso e acúmulo do calor proveniente dos raios solares” (IBICT, 2016). Este sistema converte a energia solar em eletricidade por meio das usinas heliotérmicas, implantadas em regiões com alta incidência de irradiação solar. Isto é, essas plantas precisam ser instaladas em áreas com pouca ocorrência de nuvens e baixos índices pluviométricos.

O processo de conversão de energia solar em eletricidade abrange as seguintes etapas: coleta da energia solarconversão da mesma em calortransporte e armazenamento deste último; e conversão do mesmo em eletricidade (ANEEL, 2008).

coleta da energia solar é realizada por espelhos que refletem a luz solar concentrando-a no receptor, denominado como fluido térmico. Este possui a capacidade de acumular amplo volume de calor. Então o calor do fluido aquece a água até a mesma se transformar em vapor. Este é usado para mover turbinas que acionam um gerador elétrico, que converte a energia mecânica das turbinas em energia elétrica. O calor excedente gerado pelo processo é transmitido para um circuito independente de refrigeração, que faz o vapor ser condensado e voltar ao estoque de água (IBICT, 2016).

Funcionamento Simplificado de uma Usina Heliotérmica

Funcionamento Simplificado de uma Usina Heliotérmica. – Fonte: Energia Heliotérmica, Portal do Governo

A usina heliotérmica opera de forma similar às usinas termelétricas convencionais, se diferenciando apenas em uma questão essencial, o vapor gerado é de fonte de energia não poluente. Além disso, o sistema heliotérmico viabiliza o armazenamento térmico, ou seja, quando é gerada energia excedente ao funcionamento da usina, pode-se armazenar a mesma em um depósito térmico (IBICT, 2016).

– Sistema Fotovoltaico

Nesse sistema ocorre a transformação da radiação solar diretamente em eletricidade. A radiação solar incide sobre materiais semicondutores e é transformada diretamente em corrente contínua; para transformar a corrente contínua em corrente alternada, são utilizados aparelhos chamados inversores (SILVA 2015).

Funcionamento de um Sistema Fotovoltaico em Residência

Funcionamento de um Sistema Fotovoltaico em Residência. – Fonte: Mhecon

O material desses semicondutores geralmente é o silício, Silva (2015) destaca que cerca de 80% das células fotovoltaicas são fabricadas a partir do silício cristalino e apenas 20% de filmes finos. O silício cristalino é obtido a partir do quartzo, que deve ser purificado até o grau solar, que exige um altíssimo grau de pureza. Embora o Brasil possua grandes jazidas de quartzo, ainda não desenvolvemos a tecnologia necessária para obtenção do silício com grau solar.

Apesar do sistema fotovoltaico não necessitar do brilho do sol para operar – podendo o mesmo gerar eletricidade em dias nublados – quanto maior a intensidade de luz, maior o fluxo de energia elétrica produzida (ANEEL, 2008).

A capacidade destes geradores, como informa Vanni (2008), é medida segundo padrões internacionais: a potência produzida nestas condições é expressa na unidade denominada Watts pico (Wp). A energia produzida varia de forma diretamente proporcional à luminosidade incidente. As baterias deste sistema funcionam como armazenadores de energia elétrica para uso durante a noite e em períodos de nebulosidade, onde não há disponibilidade de radiação solar.

Usina de Energia Solar Fotovoltaica no Piauí

Usina de energia fotovoltaica no Piauí. – Foto: Piauí Hoje.

Os painéis fotovoltaicos são formados por um conjunto de células fotovoltaicas e podem ser interconectados de forma a permitir a montagem de arranjos modulares que, em conjunto, podem aumentar a capacidade de geração de energia elétrica (SILVA, 2015).

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Saiba como colocá-lo nas referências:

ABREU, Nathália. Energia Solar – Entenda como funciona a Geração de Energia Elétrica e Energia Térmica. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/energia-solar-entenda-como-funciona-a-geracao-de-energia-eletrica-e-energia-termica.html>.

Referência e Sugestão de Leitura:

ABREU, Nathália de C. A Energia Solar e a Viabilidade Econômica de Implementação na Matriz Energética Brasileira. Monografia de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Econômicas) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.