Gerada por meio da movimentação das ondas, a energia ondomotriz ou energia das ondas é uma fonte de energia alternativa, limpa e renovável para a geração de energia elétrica, mas que ainda é pouco explorada no mundo.
As pesquisas da geração ondomotriz são incipientes e conta somente com a instalação de projetos pilotos. No mundo, existem alguns protótipos de usinas para geração de energia elétrica, especialmente em países europeus como Dinamarca, Portugal e Reino Unido.
Ao contrário do que acontece na energia solar e eólica, existe uma grande variedade de formas de captação da energia das ondas, que resultam das diferentes formas em que a energia pode ser capturada.
No Brasil, em 2012, foi instalado um projeto piloto de energia de ondas, a Usina do Porto do Pecém, localizada no Ceará. O projeto que nasceu com uma parceria dos pesquisadores da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e conta com o apoio do Governo do Estado do Ceará.
O sistema da Usina do Porto do Pecém é composto por flutuadores, braços mecânicos e bombas conectadas a um circuito de água doce. Na ponta de cada um dos braços mecânicos há uma boia circular que sobe e desce de acordo com o movimento das ondas, acionando as bombas hidráulicas.
As bombas fazem com que a água doce contida em um circuito fechado, circule em um local de alta pressão. Essa água sob pressão movimenta uma turbina, que aciona um gerador e produz energia elétrica.
Outros sistemas ondomotrizes
Absorvedores flutuantes
Os absorvedores flutuam na água do oceano. Tratam-se de enormes boias compostas por turbinas. Quando as ondas passam, um pistão dentro da boia é movimentado, o que ativa a turbina para geração de energia elétrica.
Atenuadores – Pelamis
Os atenuadores flutuam paralelamente à direção das ondas. Tratam-se de dispositivos longos e segmentados, conectados a bombas hidráulicas. Quando as ondas passam, estas são movimentadas, o que alimenta um transformador de energia elétrica.
Terminais
Os terminais são torres instaladas na costa do mar. Em cada torre, há uma turbina. Quando as ondas passam, elas movimentam a coluna de água na base da turbina subindo e descendo. Isso faz com que a turbina seja acionada e transforme o movimento cinético em energia elétrica.
Dispositivos overtopping
Os dispositivos overtopping são enormes caixas, como balsas flutuando no mar. Quando as ondas passas, elas enchem de água. Com a ajuda da gravidade, a água é empurrada, o que aciona a turbina no fundo, que transforma o movimento em eletricidade.
Vantagens e Desvantagens
Como todo tipo de energia existem vantagens e desvantagens. As vantagens da utilização da energia das ondas são:
Fonte de energia não poluente e renovável;
Apresenta riscos mínimos ao meio ambiente;
Não necessita de equipamentos muito sofisticados, com diversos processos envolvidos até a obtenção da energia elétrica.
Já as principais desvantagens são:
Fornecimento instável, pois depende do vento e outros fatores;
Altos custos de instalação e manutenção dos equipamentos;
As instalações devem ser fortes e sólidas o suficiente para resistirem às tempestades, ao mesmo tempo em que devem ser sensíveis o bastante para captação da energia das ondas.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Você sabe como funciona a energia das ondas?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/ondomotriz-energia-ondas.html>.
Pesquisa da UFC transforma esgoto em energia elétrica
A nossa grande dependência energética em petróleo e em gás demandam muitas pesquisas na busca por alternativas em energia renovável para compor a matriz energética de cada país. Nessa situação, o hidrogênio surge como uma possibilidade
Por ser renovável e não poluente, o hidrogênio é um forte candidato a matéria-prima para a geração de energia elétrica e de combustível. Por aqui, inclusive, já falamos sobre o navio movido a hidrogênio. No entanto, há um forte impedimento para seu uso: a quantidade de energia externa necessária para sua produção.
Uma solução para esse problema pode estar vindo da pesquisa científica. Uma pesquisa internacional desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com as universidades norte-americanas Princeton e Columbia e com o Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos, vem conseguindo contornar essa situação.
A pesquisadora Fernanda Lobo, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, conseguiu produzir hidrogênio e energia elétrica a partir da matéria orgânica do esgoto e sem qualquer fonte externa de energia.
Mas como funciona?
Um cubo de acrílico, com dois eletrodos, é utilizado para transformar a energia química da matéria orgânica do esgoto para produzir elétrons. Essa tecnologia se chama Bio-Eletroquímica. Os elétrons que vão de um eletrodo a outro são coletados e utilizados, por meio de um sistema de controle de energia, na geração da voltagem necessária para produzir o hidrogênio.
O estudo foi realizado ainda em pequena escala. A ideia, porém, é que a pesquisa possa viabilizar uma nova forma de ver o tratamento de esgoto, agora também como uma nova fonte de matriz energética. No entanto, o caminho até a larga escala é longo e, para que a pesquisa possa continuar são necessários apoio e recursos.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Pesquisa da UFC transforma esgoto em energia elétrica. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/pesquisa-ufc-transforma-esgoto-hidrogenio-energia-eletrica.html>.
Transformando Problema em Solução: Produção de Energia a partir do Lixo. Conheça o Biogás!
Estão cada vez mais evidentes os impactos que causamos ao planeta e começamos a sentir mais intensamente as consequências desses impactos. Várias instituições e organismos internacionais vêm alertando, através de pesquisas nas mais distintas áreas e da divulgação de relatórios e estudos, sobre a aceleração das Mudanças Climáticas devido às ações antropogênicas.
Justamente por isso que precisamos conhecer e entender melhor sobre formas de transformar o preocupante problema da geração crescente de resíduos sólidos urbanos, mais conhecidos como lixo, em possíveis soluções que minimizem os impactos ambientais.
E aí entra a utilização do lixo para produção de energia. A produção de biogás faz parte do ciclo global do carbono, presente em toda matéria orgânica, inclusive nos resíduos urbanos de aterros. Assim, os aterros sanitários, como informado pelo Ministério do Meio Ambiente, funcionam como verdadeiros “reatores biológicos”, onde entram resíduos sólidos e água e saem gases e chorume. Os principais gases resultantes da decomposição anaeróbia (em ausência de oxigênio ou de ar) dos resíduos orgânicos são o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2). Quando esses gases são canalizados para biodigestores em plantas industriais instaladas nos aterros ou próximas a eles é possível se obter o biogás, que além de ser uma poderosa fonte de energia também presta um importante serviço ambiental. “É a única energia renovável que transforma o passivo ambiental em ativo econômico”, Rodrigo Régis de Almeida Galvão, diretor-presidente do CIBiogás.
A produção de biogás a partir de aterros sanitários pode ser iniciada após três meses do início do funcionamento dos mesmos e pode se prolongar por um período de 20 a 30 anos após o encerramento das atividades dos aterros sanitários. Além de eletricidade, o biogás produzido a partir dos aterros sanitários pode ser convertido em várias outras formas de energia como: combustível veicular [1], vapor, combustível para caldeiras ou fogões, ou para abastecer gasodutos.
O Rio de Janeiro já conta com usinas que transformam lixo em biogás, algumas delas são:
Cidade de Nova Iguaçu
O município de Nova Iguaçu faz parte da RMRJ – Região Metropolitana do Rio de Janeiro e está localizada na sub-região da Baixada Fluminense. A usina foi instalada na CTR (Central de Tratamento de Resíduos) do bairro Adrianópolis, e possui capacidade total de geração de 16,5 MW, potência suficiente para o abastecimento de 65 mil residências com padrão médio de consumo de energia.
Cidade de Seropédica
Assim como Nova Iguaçu, Seropédica também é um dos municípios da RMRJ e se localiza na Baixada Fluminense. Na cidade se localiza o maior aterro sanitário da América Latina e a mesma empresa que administra o aterro – a Ciclus – é também a responsável pela extração do biogás. Para se ter uma ideia da magnitude desse aterro são recebidas diariamente 10 mil toneladas de lixo provenientes de vários municípios da RMRJ. A usina é voltada para a produção de biogás para combustível veicular e tem capacidade de produção de 73 milhões de metros cúbicos de gás natural renovável (GNR) por ano.
Como é a questão da destinação de resíduos sólidos urbanos em seu estado? Já existe alguma usina de biogás a partir de aterros sanitários?
[1] O biogás é um combustível menos poluente para o meio ambiente que o GNV.
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ABREU, Nathália. Transformando Problema em Solução: Produção de Energia a partir do Lixo. Conheça o Biogás!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/transformando-problema-em-solucao-producao-de-energia-a-partir-do-lixo-conheca-o-biogas.html>.
Cinesolar: o cinema itinerante movido a energia solar
Com o objetivo de democratizar o acesso ao cinema e popularizar a produção audiovisual nacional, o projeto Cinesolar leva sessões de cinema gratuitas itinerantes e de modo sustentável para destinos que não dispõem de salas de exibição ou para comunidades em que o custo do ingresso de cinema não cabe no orçamento.
O projeto é inspirado no seu primo holandês, o Solar World Cinema, que exibe filmes para públicos do mundo todo através do uso da energia solar.
O CineSolar é o primeiro cinema itinerante do país que utiliza energia limpa e renovável para funcionar, levando cultura para as comunidades e preservando o meio ambiente. Tudo funciona a partir de vans equipadas com placas solares que possibilitam alimentar toda a estrutura de exibição.
No interior do veículo há 100 assentos para o público, uma tela de projeção de 200 polegadas, sistema de projeção e som, e até um estúdio de gravação. Quando chega às cidades tudo é retirado da van e o cinema é montado em lugares como praças públicas e quadras esportivas, principalmente em regiões carentes da periferia do Brasil e até mesmo cidades que não possuem energia elétrica.
Além de toda essa estrutura para a exibição de filmes, dentro das vans há infográficos e monitores que mostram como funciona o carro e também os princípios básicos da energia solar. Em todas as cidades, também são promovidas diversas oficinas de conscientização ambiental e sustentabilidade para crianças e adolescentes, em várias áreas do conhecimento.
O projeto é financiado através de patrocínios de empresas privadas com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura e toda a emissão de CO2 é compensada através do plantio de árvores.
Desde o início das atividades em 2013, o Cinesolar já visitou 345 cidades do país, realizou 1035 sessões, possibilitou que mais de 176 mil pessoas fossem contempladas com a exibição de mais de 100 filmes, entre curtas-metragens (de temática socioambiental) e longas, percorrendo mais de 120 mil quilômetros pelo Brasil.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Cinesolar: o cinema itinerante movido a energia solar. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/cinesolar-cinema-itinerante-energia-solar.html>.
Coronavírus e o Macroorganismo Planeta Terra
A pandemia que estamos testemunhando já foi anunciada pelos nossos ancestrais. Talvez não exatamente dessa forma, mas certamente com esses mesmos efeitos de nações não-resilientes e despreparadas. Uma visão sistêmica da nossa vida, integrada com tudo o que nos cerca, sem dúvida, facilita compreender esse momento.
O grande mestre da agrofloresta sintrópica, Ernst Gotsch, costuma dizer que se temos alguma dúvida, basta olharmos para a natureza. Muitas vezes esquecemos que somos parte desse organismo vivo, grandioso e inteligente. Vemos a natureza de um lado e nós – homo sapiens, do outro. Como se fôssemos algo externo a tudo que nos cerca, distantes de todas as árvores, animais, fungos, bactérias e vírus.
Em 1979, o cientista inglês James Lovelock elaborou a hipótese de Gaia, que finalmente trouxe a comprovação científica dos saberes tradicionais sobre a unidade desse sistema que se auto-regula. Posteriormente, essa teoria foi fortalecida pelos estudos da bióloga norte-americana Lynn Margulis e o macroorganismo planeta Terra pode ser compreendido de forma muito mais complexa, embora suas relações residam justamente na simplicidade.
Talvez a nossa grande dificuldade em compreender a natureza e seus fenômenos seja pelo fato de que não nos consideramos parte dela. Nosso planeta é um ser em si mesmo e fazemos parte dele como, em nosso corpo, os órgãos fazem parte de nós. Outra forma de visualizar isso seria como numa grande empresa – com funcionários, diversas áreas e hierarquias – onde existem valores específicos e únicos que se complementam para formar uma corporação de sucesso. Tudo é equipe, tudo é sincronia e cada um tem o seu valor individual que, somado aos outros, faz a diferença. Na natureza também é assim e essa, sem dúvida, é uma das grandes mensagens que a floresta nos transmite, sobre união e parceria.
Em qualquer plantação, quando alguma coisa não está em equilíbrio, emergem outros seres que vem para mostrar o que está acontecendo ali. São elementos bioindicadores, mas, ainda mais do que isso, são fiscalizadores. Se aparecem formigas, chamamos de praga, mas elas são mensageiras e chamam atenção para o desequilíbrio. Se aparecem plantas indesejadas, diferente daquelas que a monocultura do campo e da mente estavam esperando, chamamos de ervas daninhas, de invasoras. Quando na verdade, em um ambiente saudável, em um mundo ideal e equilibrado, não existem pragas, tudo são sinais.
Quando nós, seres humanos, estamos em desequilíbrio, seja físico, mental, emocional ou espiritual, nossa imunidade baixa permitindo que outros seres venham fiscalizar a nossa saúde também. Eles servem de alerta, sinalizam rapidamente que algo não está certo com nosso organismo corpo-mente-alma. Já diz o ditado, “o corpo fala”, não é mesmo?
Nosso macroorganismo planeta Terra está claramente em desequilíbrio. O coronavírus é um mensageiro, um fiscalizador. Ele traz luz à falta de resiliência das nossas cidades, à desigualdade do nosso sistema econômico, à injustiça social, ao individualismo, ao medo. Ilumina todas as nossas sombras e coloca a todos nós como ameaça constante um para o outro. O agente fiscalizador traz um perigo que mora no toque, no encontro e na troca.
Mas o ser humano padece de uma doença ainda mais grave que o COVID-19, a miopia da consciência, que não nos torna aptos a enxergar os recursos e possibilidades que o universo nos envia. Nos cega diante das inúmeras oportunidades desse momento e continuamos sem entender que a maioria das doenças da humanidade vem justamente dos nossos pensamentos, emoções e ações em total desequilíbrio com a nossa natureza. Quando a gente se distancia da fonte daquilo que nos adoece, não conseguimos enxergar a cura.
Vivemos imersos em uma cultura materialista, onde o foco dos nossos sentidos se resume ao plano material e à dimensão daquilo que os olhos podem ver. Nossa medicina ocidental acompanha esse mesmo paradigma e é exatamente o que nos limita. Nosso mundo está imerso em emoções primitivas e densas de ganância e ódio, que afetam a saúde do nosso corpo, das nossas cidades, das nossas florestas, dos nossos oceanos e até do ar que respiramos. Enquanto não nos educarmos para ver os processos de cura de forma holística e integrada, percebendo e sentindo que tudo está conectado, o vírus não vai embora daqui.
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GRINSZTEJN, Camila. Coronavírus e o Macroorganismo Planeta Terra. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/coronavirus-e-o-macroorganismo-planeta-terra.html>.
Super Dicas de Atividades para o Período de Isolamento Social – Educação e Sustentabilidade em Casa
Diante do cenário de pandemia que estamos vivendo é super importante para nossa saúde, para a saúde do que amamos e para saúde e bem-estar da sociedade como um todo, que continuemos em nossas casas. É claro que nem todos podemos permanecer em casa, mas se você não trabalha com as atividades consideradas essenciais e pode ficar em casa é imprescindível que fique em casa!
Esse período vem carregado de desafios, desde a forma como realocamos e reorganizamos nossas rotinas para que todas as atividades continuem sendo realizadas sem muito prejuízo para as áreas pessoal e profissional, até mantermos a saúde psicológica diante de mudanças tão bruscas e repentinas.
Por isso te convidados a inspirar bem fundo e expirar lentamente. Isso mesmo, inspire pelo nariz até que os pulmões estejam completamente cheios, conte mentalmente até 30 e solte lentamente o ar pela boca. Desacelerou? Um pouco mais relaxad@? Se for preciso repita o processo mais algumas vezes.
O que você tem feito para relaxar nesse período? A matéria de hoje é justamente para falarmos sobre qualidade do tempo e atividades bacanas para todas as idades. No entanto, não se sinta obrigad@ a ser produtiv@ se tudo o que precisa é ficar um pouco off do mundo. Precisamos entender que cada pessoa é um universo diferente e como tal cada um possui formas diferentes de reagir e agir.
Nossos parceiros da Reconectta elaboraram uma série de materiais sobre educação e sustentabilidade para esse período de isolamento social se tornar um pouco mais criativo, agradável, produtivo e sustentável. E sabe o que é ainda melhor? É tudo gratuito!
A curadoria desse material foi desenvolvida por nossos parceiros com temáticas específicas, envolvendo vídeos, plataformas, livros e sugestões de atividades sobre vários temas. Os conteúdos são divididos em três tipos: Reconectte em Casa – Para Crianças; Reconectte em Casa – Para Jovens e Adultos; e Reconectte em Casa – Para Educadores.
O Reconectte em Casa – Para Crianças foi pensado como um conteúdo voltado para atividades que podem ser feitas em casa com as crianças durante o período de isolamento social. Para acessar o material, clique aqui.
E o Reconectte em Casa – Para Educadores conta com indicações de artigos e livros sobre educação e sustentabilidade para educadores se aprofundarem em seus estudos. Para acessar o material, clique aqui.
Você tem alguma dica que queira compartilhar conosco? Conta para gente!
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ABREU, Nathália. Super Dicas de Atividades para o Período de Isolamento Social – Educação e Sustentabilidade em Casa. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/super-dicas-de-atividades-para-o-periodo-de-isolamento-social-educacao-e-sustentabilidade-em-casa.html>.
Vulnerabilidade Social e Coronavírus – Como ajudar a quem precisa?
Todos estamos vivendo uma rotina que foge completamente do que estamos habituados. A pandemia que tomou conta do mundo está cada dia mais próxima de nós. Por isso, precisamos intensificar os cuidados com a higiene (lavando adequadamente as mãos com água e sabão e fazendo uso de álcool gel), e manter o isolamento social, sair de casa apenas para casos de urgência como mercado ou farmácia. Atenção redobrada para as pessoas em grupo de risco, como idosos e pessoas portadoras de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, asma. Fique em casa!
Infelizmente, nem todos podem permanecer em casa. Há pessoas que trabalham com serviços essenciais (como saúde, transporte, limpeza urbana) e por esse motivo, precisam se deslocar de suas casas até o local onde trabalham. Como o próprio Ministério da Saúde recomendou, é preciso atenção para a higienização e para o distanciamento mínimo de outras pessoas, evitando o contato direto, além do uso de máscaras caseiras.
Tendo exposto a situação e reforçado a necessidade de sermos cuidadosos, agora vamos sair por um momento de nossas bolhas e olhar em volta. Para além das imagens do isolamento em casas, apartamentos e condomínios, vamos lançar nosso olhar um pouco além do que normalmente fazemos. Vamos ver o que normalmente é ignorado, invisibilizado: a desigualdade social que em sua forma extrema acaba produzindo a situação de vulnerabilidade social que aumenta a cada ano, solapando uma parcela cada vez maior da sociedade.
Segundo dados do Banco Mundial, o Brasil tinha 9,25 milhões de pessoas vivendo com menos de $ 1,90 por dia em 2017, já ao final de 2018 havia 9,3 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de miséria. Em 2019, a extrema pobreza chegou a 13,2 milhões de brasileiros, conforme dados do Cadastro Único do Ministério da Cidadania.
Não precisamos ir muito longe para nos deparar com pessoas vivendo em situação de pobreza, aqui no Rio de Janeiro mesmo, frutos de uma construção político-econômica, temos elevado índice de desigualdade social. E não estou me referindo apenas às favelas, as regiões de periferia também concentram grande parte dessa população em vulnerabilidade social.
Por isso convido você a lançar seu olhar para essas pessoas. Como podemos ajudar nesse momento tão delicado?
Há várias campanhas voltadas para doações para os que mais precisam nesse momento, como moradores de comunidades e regiões de periferia e também para catadores. E o mais importante: você pode ajudar sem precisar sair de casa!
O “Movimento Eu Sou Catador” do Rio de Janeiro representa a categoria de catadores e catadoras de materiais recicláveis em seus interesses e objetivos comuns e nessa época de pandemia está recebendo doações para comprar cestas básicas para catadores que nesse momento, pelo cenário de pandemia e pelo alto risco de contágio, estão com as atividades suspensas.
Tendo em vista que esses trabalhadores só recebem a partir do que coletam e repassam para as cooperativas – a renda média mensal de R$680,00 já é um indicativo de vulnerabilidade social – nesse período de isolamento social, o futuro gera incertezas e angústia principalmente sobre a ameaça da fome.
As doações podem ser feitas no link http://vaka.me/955813. A meta inicial dessa vaquinha é ajudar a suprir as necessidades básicas de 160 famílias de catadores de forma direta, através da distribuição de cestas básicas. Cada cesta básica que será distribuída contará com 31 itens, entre alimentos e produtos de higiene, suficientes para manter uma família de 5 pessoas pelo período de até um mês. Nesta primeira etapa, serão atendidas as cooperativas: Mais Verde, Cooper Rio Oeste, Cooper Ideal, Coopembau, COOMUB, Cooper Ecológica, Coopereco, COOPSANTA, Cooper Beija flor, Cooper Transvida e Associação Renascer.
Link da Vakinha: http://vaka.me/955813 Página do Movimento no Facebook, clique aqui. Telefone e e-mail para contato: (21) 97184-3243, movimentoeusoucatador@gmail.com
ACAMJG – Associação de Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho
O Aterro de Jardim Gramacho (localizado no bairro de Jardim Gramacho em Duque de Caxias – Baixada Fluminense), que funcionou até o ano de 2012, conhecido durante muito tempo como o maior lixão a céu da América Latina, também possui uma associação de catadores bem atuante.
A Associação de Catadores do Jardim Gramacho continua na luta por garantir a seus associados o que o governo estadual se comprometeu no momento de encerramento das atividades do Aterro de Gramacho, assistência social às centenas de famílias que tinham seu sustento retirado diretamente da atividade de coleta de recicláveis no aterro.
A ACAMJG também está recebendo doações através da conta da própria associação. O presidente da associação Sebastião Santos está diretamente responsável pela compra dos materiais para as cestas básicas que estão sendo distribuídas. Confira a seguir como fazer sua doação:
Nome: Associação de Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho
Agência 8097 / Conta: 08305-2
CNPJ: 09.490.884/0001-84
Nos links abaixo você pode acompanhar todo o trabalho de distribuição das cestas básicas. Instagram do presidente da ACAMJG, clique aqui. Página no Facebook do presidente da ACAMJG, clique aqui.
Outra parcela da população que está sobre grande risco com a atual situação de pandemia é representada pelos moradores de favelas e comunidades de todo o Brasil. Classificados pelo IBGE como aglomerados subnormais, as favelas concentram cidadãos que são comumente invisibilizados pelos mecanismos sociais, um exemplo disso é a ausência do estado via políticas públicas que garantam a prestação de serviços como saneamento básico.
Observam-se dois fatores que expõe essa população a um maior risco de contágio do coronavírus (Covid-19), as favelas brasileiras são territórios de grandes aglomerações populacionais, isso considerando a disposição de construções muito próximas umas às outras e também o fato de, na maioria acachapante dos casos, concentrarem muitos habitantes em moradias de pequenos cômodos; e a oferta intermitente de abastecimento de água.
Como manter a higiene? Como lavar as mãos se é mais comum torneiras secas que jorrando água? O isolamento social se torna um grande desafio para a população de comunidades e para o governo, em todas as suas instâncias, tendo em vista a grande vulnerabilidade social a que essas pessoas estão expostas.
Foi pensando nisso e conhecendo muito bem a realidade das comunidades no Rio de Janeiro que a ONG Voz das Comunidades lançou a campanha para doações denominada “Pandemia com Empatia”.
A campanha Pandemia com Empatia foi criada pela ONG Voz das Comunidades justamente para ajudar as famílias, em situação de maior vulnerabilidade social, a terem materiais para se manter os cuidados com higiene e saúde orientados pela Organização Mundial da Saúde – OMS e pelo Ministério da Saúde. O valor arrecadado tem sido destinado à compra de itens como água, álcool em gel e sabonete. A ONG ressalta a urgência em se conseguir esses itens, já que, em algumas favelas o abastecimento de água acontece a cada 15 dias.
A ONG pede que as doações sejam feitas através de transferências, priorizando depósito bancário e pic pay, para evitar que mais pessoas se ponham em risco nas ruas. Anote os dados para que você possa fazer sua doação:
Caixa Econômica Federal
Agência: 0198 / Conta Corrente: 3021-2 / Operação:03
ONG VOZ DAS COMUNIDADES
CNPJ: 21.317.767/0001-19
Junto à Voz das Comunidades, estão presentes outras organizações e líderes comunitários empenhados em conter o avanço do Covid-19 nas favelas. Você pode acompanhar o trabalho que vem sendo realizado pela #COVID19NasFavelas. Uma dessas organizações é o Coletivo Papo Reto que está atuando diretamente com a ONG Voz das Comunidades na questão da conscientização dos moradores sobre a periculosidade da doença e também na distribuição dos kits de higiene e de cestas básicas.
O Coletivo Papo Reto também está recebendo doações através do Banco Santander. Atenção para os dados abaixo:
Site Voz das Comunidades, clique aqui. Página do Facebook Voz das Comunidades, clique aqui. Instagram Voz das Comunidades, clique aqui.
Para conhecer outras instituições que estão mobilizadas para ajudar, com a ajuda de doações, pessoas em situação de vulnerabilidade social, clique aqui.
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ABREU, Nathália. Vulnerabilidade Social e Coronavírus – Como ajudar a quem precisa?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/vulnerabilidade-social-e-coronavirus-como-ajudar-a-quem-precisa.html>.
Empresas que estão se mobilizando para combater o Coronavírus
O coronavírus (COVID-19) tem sido o tema central na vida de bilhões de pessoas neste momento. Atualmente, dos 193 países membros da ONU (Organização das Nações Unidas), há registro de contágio em 183 países ou territórios (clique aqui e saiba mais). Imagino que todos já tenham visto as recomendações para evitar o contágio, como higienização das mãos, distanciamento social, uso do álcool gel e demais medidas preventivas.
Para fugir um pouco da agenda negativa de informações sobre o assunto, buscamos reunir iniciativas de empresas que, cada qual ao seu modo, visam ajudar no combate ao coronavírus e/ou mitigar os impactos desta pandemia.
Natura
Em comunicado interno a empresa se comprometeu a não demitir pessoas pelos próximos 60 dias. A Natura congelou aumentos de salário e promoções, bem como contratações que não sejam consideradas críticas e anunciou que suas fábricas da América Latina seguirão produzindo apenas itens de higiene pessoal, álcool gel e líquido, importantes para frear a propagação do vírus.
Ambev
A empresa se juntou à prefeitura de São Paulo, a Gerdau e ao Hospital Israelita Albert Einstein para construir em 40 dias um hospital com 100 leitos. A parceria prevê que a Ambev entre com a experiência em processos ágeis na gestão do projeto e com os custos da obra, a Gerdau com o aço e o conhecimento técnico, o Einstein com uma equipe de 200 profissionais de saúde. Posteriormente o hospital será entregue à Prefeitura de São Paulo para fazer parte da rede pública de saúde do município. Além disso, a Ambev anunciou a produção e doação de 500 mil unidades de álcool gel para hospitais.
Malwee
Nos últimos dias o Grupo divulgou uma série de doações como a confecção de toucas, aventais e máscaras para hospitais de diversas regiões do Brasil. Além disso, a Malwee doou itens de material hospitalar descartável e buscou parcerias para atuar no enfrentamento ao vírus. Outras diversas empresas têxteis e do vestuário, como a Reserva, Marisa e Lunelli têm feito o mesmo no sentido de confeccionar peças para hospitais.
O Boticário
Em anúncio feito no dia 19 de março O Boticário, por meio do Instituto Grupo Boticário, se comprometeu a doar 1,7 tonelada de álcool gel para a Secretaria Municipal de Curitiba, local de sede da empresa. A doação foi motivada pelo sentimento de união que o atual momento exige.
Volkswagen
A empresa está emprestando 100 veículos para as cidades em que mantém suas fábricas no intuito de apoiar no deslocamento de profissionais de saúde, transporte de medicamentos e equipamentos de saúde. Serão doados também um lote de máscaras protetoras para estas cidades.
Santander, Bradesco e Itaú Unibanco
Os três bancos se juntaram para importar e doar 5 milhões de testes de detecção rápida do corona ao sistema de saúde do Brasil, além de tomógrafos e respiradores, que visam auxiliar no tratamento e acompanhamento da doença. Santander, Bradesco e Itaú Unibanco são concorrentes e este case representa um importante passo no combate conjunto à pandemia.
XP
A XP Inc lançou o movimento Juntos Transformamos, que já nasceu com R$ 25 milhões doados pela própria XP, e busca reunir doações que serão convertidas em assistência para colocar comida na mesa de famílias em situação de vulnerabilidade.
Stella Artois
A marca tem encabeçado a campanha Apoie um Restaurante, movimento em que a pessoa pode comprar um voucher de R$ 100,00 como crédito no restaurante que escolher e pagar apenas R$50,00 por isso, ficando os outros R$50,00 a serem pagos pela Stella Artois e seus parceiros e, assim, o restaurante recebe agora o valor integral. A ação tem como objetivo levar renda aos restaurantes que neste momento estão impossibilitados de abrirem ao público em função das restrições impostas pelo governo no combate ao vírus.
WEG
A multinacional brasileira de equipamentos eletroeletrônicos começou a produzir álcool gel em uma de suas fábricas para doação a hospitais localizados na região da sua sede, em Santa Catarina. Reinaldo Richter, diretor superintendente da divisão de Tintas da WEG, explicou que a companhia já tinha expertise para produzir o produto e conseguiu a liberação de fabricação junto à Secretaria de Estado da Saúde e da Anvisa, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). Além disso, a empresa está adaptando uma de suas fábricas para produzir respiradores artificiais para pacientes com COVID-19.
Ypê
A fabricante de produtos de limpeza doará 21 toneladas de sabão para moradores de Paraisópolis (favela de São Paulo) buscando suprir 2 meses de consumo de todas as famílias da comunidade. O montante é equivalente a 100 mil barras de produto. O mesmo acontecerá na comunidade do Alemão, no Rio, onde serão entregues 25 toneladas de sabão, correspondendo a 125 mil unidades do produto.
E você, conhece outras iniciativas empresariais? Então compartilhe conosco!
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LOPPNOW, Stephani. Empresas que estão se mobilizando para combater o Coronavírus. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/04/empresas-que-estao-se-mobilizando-para-combater-o-coronavirus.html>.
Tempo de Qualidade: Despertando a consciência com novos e saborosos hábitos alimentares
Em tempo de distanciamento social é preciso ocupar-se com sabedoria. Muitos de nós, trouxemos para casa o trabalho e a escola dos filhos, o curso de inglês, as disciplinas da faculdade e até a academia. Está correto. Precisamos nos manter seguros e a salvo de toda e qualquer orientação que não preserve vidas. Precisamos apenas, ajustar a rota com medida e equilíbrio.
Quando pensamos em saúde, muitas vezes não compreendemos que não se trata apenas de nós, mas de um grupo maior de pessoas. Todos nós interagimos, convivemos, atuamos em parcerias. Portanto, ficar em casa é um ato de respeito e responsabilidade, além de ser uma oportunidade interessante para aprender sobre gestão sábia e de qualidade do tempo. Um tempo para colocar em ação a tão sonhada mudança de hábito em alguma instância da vida. O hábito alimentar é uma das pautas.
Boas escolhas no cardápio da vida
O que posso colocar em minha rotina, neste período, que pode acalmar inquietações, dissolver medos e tornar a ecologia interior harmonizada? Precisamos aproveitar o período para expandir a compreensão sobre o que é ser sustentável? O que é ser saudável? Como, de fato, a qualidade da nossa presença e ações impacta o meio?
Podemos, por exemplo, ir para a cozinha e favorecer um novo comportamento alimentar. Aprender a cozinhar seja por tutoriais online ou na companhia da avó (mantendo-se o distanciamento recomendado), parece uma boa pedida. Não é segredo que comida caseira tem mais sabor e saúde. Estimular essa prática para que a cada dia um novo e bom hábito se fortaleça parece bem convidativo!
Além de aprender a cozinhar, vem mais uma proposta:
Verificar se a alimentação habitual tem sido uma alimentação que não agride o meio ambiente. Muitos buscavam uma oportunidade para tentar se tornar vegetariano e mesmo vegano, por exemplo. Sem pressão ou cobranças, é hora de testar uma receita e perceber como se sente. Se a vontade é genuína, acontece, vira hábito, vira vida.
Fortalecer comércios locais de alimentos orgânicos mesmo a distância
Essa atitude mantém os mesmos em suas atividades e fomenta uma alimentação mais coerente quando a ideia é ser sustentável.
Se nunca comprou de algum estabelecimento de orgânicos, se pouco ia a um hortifruti e estabelecimentos de produtos naturais, de produtores locais, vale aproveitar a presença deles online e fazer seu pedido. Ter tempo para degustar comida de verdade é um presente!
Use tudo com maestria
Em tempos assim, não desperdiçar comida é uma atitude louvável. Parece repetitivo, mas aproveite cascas, sementes, talos e transforme o que ficou na panela, ainda que seja pouco. Arroz vira bolinho de arroz, feijão vira hamburguer vegano, frutas muito maduras podem e devem virar boas geleias.
Cuidado com a alimentação do ponto de vista egóico!
Vimos as cenas de superlotação de supermercados e pessoas esvaziando prateleiras. Ter uma proposta de vida sustentável implica em agir diferente disso. Precisamos lidar com o necessário e fazer bom uso dele. Estocar alimentos numa postura de tomada, posse, medo e sem medida, é tirar de outros.
Não adianta degustar comida orgânica ou estar constantemente em ações de cuidado ambiental, se a ida ao supermercado for com a postura de acúmulo.
O tempo nos convida ao orgânico do ser e fazer
Quando conseguimos organizar bem nossas atividades inadiáveis, com coerência, sem querer inserir na agenda virtual o excesso que não cabia na presencial, sobra um tempo incrível para trabalhos manuais. Cozinhar é um deles.
Fazer o próprio pão, biscoitos, criar um bolo de sua autoria e dentro dos sabores que aprecia, organizar os potinhos de grãos, usar com criatividade os grãos, legumes e verduras… Tudo isso envolve nosso lado mais orgânico.
Temos a chance de experimentar e envolver aqueles que amamos em momentos assim. Por favor, não desperdicem! Desfrutem. Saboreiem a vida.
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AMORES, Valéria. Tempo de Qualidade: Despertando a consciência com novos e saborosos hábitos alimentares. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/tempo-de-qualidade-despertando-a-consciencia-com-novos-e-saborosos-habitos-alimentares.html>.
Você sabe o que são rios aéreos ou voadores?
É assim que são popularmente conhecidos os fluxos aéreos maciços de água sob a forma de vapor e propelidos pelas correntes aéreas.
Os rios aéreos ou voadores estão a uma altura de até três quilômetros e podem transportar mais água do que o rio Amazonas, mais de 200 milhões de litros por segundo! Toda essa umidade contida nesses rios precipita na forma de chuva, quando encontra condições meteorológicas propícias, como uma frente fria, por exemplo.
São essas chuvas, inclusive, que garantem a sobrevivência da própria floresta e dos recursos hídricos de boa parte das bacias hidrográficas brasileiras.
O principal rio voador do Brasil é rio aéreo amazônico, que nasce no oceano Atlântico (próximo à linha do Equador). A Floresta Amazônica funciona como uma bomba d’água, puxando para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico.
Essa massa de umidade viaja para oeste rumo à região Norte movido pelos ventos elísios (que sopram de leste para oeste) e aumenta significativamente de volume ao incorporar a umidade que evapora da Floresta Amazônica.
Parte dessa umidade cai sob forma de precipitação sobre a Floresta Amazônica, que depois retorna à atmosfera, pela ação da transpiração, como vapor de água, dando início a um novo ciclo hídrico.
Outra parte segue até encontrar a barreira formada pela Cordilheira dos Andes. Ao encontrar, uma parcela dessa umidade se precipita nas encostas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Porém, essa barreira física evita a fuga da umidade na direção do Oceano Pacífico e redireciona os rios voadores, ainda transportando vapor de água de volta para o território brasileiro. Seguindo agora em direção ao sul do país, rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além de alguns outros países.
É um fenômeno real que tem um impacto bem significante em nossas vidas. Sem toda essa umidade circulando pelo país, o centro-sul brasileiro, principalmente o Cerrado brasileiro, seria uma região desértica, com seu potencial agrícola reduzido enormemente.
O mesmo pode ser dito sobre a Floresta Amazônica, que possivelmente não teria se formado sem a presença do enorme paredão de 4 mil metros de altura dos Andes, que retém essa umidade.
O que pode ser observar, nesse processo, é a importância da preservação da Floresta Amazônica. Caso o processo de destruição da floresta amazônica se agrave ainda mais, com desmatamentos e queimadas sequenciais, sentiremos impactos. Alterações climáticas, como o aumento das temperaturas médias e uma maior frequência de secas mais rigorosas, principalmente no centro-sul do país.
A Floresta Amazônica é um patrimônio brasileiro que necessita ser protegido e preservado. Afinal, a Floresta em pé tem mais valor!
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SOUZA, L. B. Leonardo. Você sabe o que são rios aéreos ou voadores?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/voce-sabe-o-que-sao-rios-aereos-ou-voadores.html>.
Equatoriana usa restos de bananeira para purificar água
A jovem engenheira biotecnóloga Maricela Granda é natural da província de Sucumbios, na parte norte da Amazônia equatoriana. A região é conhecida pela sua produção de petróleo e pelo cultivo de bananas.
Em suas pesquisas, ela descobriu que a água da região onde vive vinha estava sendo poluída por hidrocarbonetos, com severos impactos prejudiciais na obtenção de água potável para a população.
Para quem não sabe, os hidrocarbonetos vêm de fontes como o petróleo e o gás natural. Eles são largamente utilizados na indústria química e essenciais na produção de derivados do petróleo, como: combustíveis, polímeros, parafina, corantes e tantos outros produtos úteis ao homem.
Foi durante uma colheita na terra de seus pais, que Granda observou a estrutura detalhada do pseudocaule — a parte da bananeira que parece um tronco — que era descartada na natureza e não era utilizado de nenhuma forma pelos produtores de bananeiras.
Surgiu então a ideia de fazer um biofiltro. Sua pesquisa, junto a empresas e instituições locais, trabalha atualmente em um projeto piloto com o pseudocaule sendo utilizado como material absorvente para hidrocarbonetos na água. Após esta primeira etapa, há uma filtragem adicional como cascalho e areia para complementar o processo.
O objetivo da pesquisa é que o biofiltro possa ser instalado nas residências de forma a levar água limpa para as áreas afetadas pela poluição.
Os resultados obtidos são comparados com padrões técnicos nacionais sujeitos aos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS), a fim de garantir que o a água atenda todos os parâmetros exigidos para garantia da qualidade da água.
A pesquisadora também está em contato direto com grupos e organizações que monitoram a poluição hídrica da região. A coleta dessas informações e o compilamento dos dados são essenciais para descobrir como a poluição afeta os ecossistemas locais e dá embasamento para se trabalhar diretamente com os tomadores de decisão da comunidade.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Equatoriana usa restos de bananeira para purificar água. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/restos-bananeira-purificar-agua.html>.
Você sabe quanta água é necessária para produzir 1 Kg de carne?
A necessidade de economizarmos água já é uma realidade para todos nós, porque é um recurso natural finito e essencial à nossa vida. Algumas mudanças de hábitos, como tomar banhos mais curtos e reutilizar água para regar plantas ou lavar calçadas já ajudam muito, mas existem outras formas de economia de água, escondidas nos produtos que usamos todos os dias.
Afinal, você já parou para pensar qual é a quantidade de água utilizada na fabricação dos produtos usados no cotidiano?
Para medir a quantidade de água utilizada para cada produto ou alimento que produzimos e consumimos, a Water Footprint desenvolveu uma metodologia bem interessante, a famosa Pegada Hídrica. Ela mede o consumo direto e indireto de água em todo o ciclo de produção, da cadeia de suprimentos ao usuário final de um determinado produto.
Entram nesse cálculo da Pegada Hídrica, a utilização das águas de chuva, das águas superficiais e subterrâneas e mais a quantidade necessária para diluir os poluentes lançados nos cursos d’água, de modo que seus padrões de qualidade sejam mantidos. Leva-se em conta também o local de produção dos bens, a fonte da água e em que ponto da cadeia ela é utilizada.
Por exemplo, a Pegada Hídrica de uma calça de jeans, é o somatório da pegada hídrica de cada etapa ou processo necessário para produzir esse produto. Uma calça jeans exigirá que o algodão seja cultivado, descaroçado, além da fiação das fibras, tecelagem, costura e processamento úmido do tecido para obter o produto final. Cada etapa tem uma pegada hídrica. Dessa forma, a quantidade total de água consumida ou poluída é levada em consideração na pegada hídrica do produto.
A Pegada Hídrica é uma média global para cada produto ou alimento e varia de um país para outro ou mesmo entre fabricantes em locais próximos. Ela nos ajuda a obter uma imagem clara de como a água é utilizada pela sociedade.
Mas em que atividades ocorre maior uso da água?
Em alguns setores, a quantidade de água usada na produção é imensa e muitas vezes desproporcional. As atividades agropecuárias são as que possuem maior demanda no consumo de água no processo produtivo. De acordo com estimativas da Water Footprint, cerca de 66% da água usada na economia tem como origem as atividades agrícolas (produção de gêneros agrícolas e comercialização). As atividades pecuárias ficam com cerca de 24%, enquanto a indústria utiliza cerca de 10%.
As atividades agrícolas necessitam de muita água, principalmente, para o processo de irrigação. Já a pecuária, de forma indireta, tem alto consumo de água envolvido na fabricação de ração para a alimentação dos animais.
Alguns fatos e números
A produção de um quilograma de carne bovina requer 15.415 litros de água. Há uma enorme variação em torno dessa média global. A pegada hídrica depende de fatores como o tipo de sistema de produção (pastoreio, mista ou industrial) e a composição e origem da ração. A pegada hídrica de carne de bovina é maior do que as pegadas da carne de porco (5.988 litros/kg) e frango (4.325 litros/kg).
Para a produção de uma camisa de algodão de aproximadamente 250 gramas são necessários 2.500 litros de água. Isto é, para cada quilo de algodão, são gastos 10.000 litros de água. Essa grande quantidade de água é originada, principalmente da plantação do algodão: 45% da água é gasta na irrigação; 41% na absorção de água da chuva para o crescimento da plantação e; 14% na diluição dos resíduos de fertilizantes utilizados na safra e dos produtos químicos da indústria têxtil.
A pegada hídrica média global da cevada é de 1.420 litros/kg. Quando consideramos a quantidade de cevada maltada para produzir cerveja, a pegada hídrica da cerveja é de 298 litros de água por litro de cerveja. Isso significa que um copo de cerveja (250 ml) ‘custa’ 74 litros de água.
1 pizza margherita (cerca de 725 gramas): 1.259 litros de água.
1 taça de vinho: de 109 a 125 litros de água;
1 xícara de café: 132 litros de água;
1 banana grande (cerca de 200 gramas): 160 litros de água;
1 ovo (cerca de 60 gramas): 196 litros de água;
1 pé de alface: 237 litros de água;
1 kg de leite integral: 1.020 litros de água;
1 kg de açúcar: 1.782 litros de água;
1 kg de arroz: 2.497 mil litros de água;
1 kg de queijo: 3.178 litros de água;
1 kg de chocolate: 17.196 litros de água.
Compreender nosso consumo de água pode nos ajudar a repensar nossas escolhas de consumo, optando, sempre que possível, por produtos ou alimentos que minimizem o uso desse recurso natural.
Além disso, podemos e devemos incentivar empresas e governos a tomar as medidas necessárias para garantir que haja água suficiente para sustentar todos os seres vivos em nosso planeta.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Você sabe quanta água é necessária para produzir 1 Kg de carne?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/pegada-hidrica-voce-sabe-quanta-agua-produzir-kg-carne.html>.
Indiano larga emprego no Google para despoluir lagos e rios
Segundo o relatório World Water Development, mais de 2 bilhões de pessoas, quase um terço da população mundial, vivem em países que experimentam algum tipo de estresse hídrico. E não são poucos: 31 países enfrentam o problema de forma leve ou moderada. Outros 22 países encontram-se em situação grave de estresse hídrico.
A Índia é um desses países que enfrentam este grave problema. Com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, sua expansão vem colocando seus recursos naturais sob pressão. A crescente demanda por água para as indústrias e para a agricultura com extração insustentável e os altos níveis de poluição hídrica agravam ainda mais a situação quanto à disponibilidade de água potável.
A poluição hídrica é um caso à parte, uma alarmante porcentagem de águas residuais não tratadas é despejada diretamente em corpos d’água superficiais. Somente no rio Ganges, são despejados quase 1 trilhão de litros de esgoto não tratado. Completam o caos, uma enormidade quantidade de resíduos plástico e efluentes industriais que sufocam os principais rios do país.
Mas isso vem, aos poucos, mudando. O conservacionista indiano Arun Krishnamurthy tem feito o possível para combater este problema. Largou seu emprego no Google para fundar a Environmentalist Foundation of India (EFI), onde restaura habitats de água doce – como rios, lagos e lagoas – no território indiano.
O movimento já recuperou, com a ajuda de voluntários, 89 corpos de água doce em 12 estados do país desde sua criação em 2007. As ações deram tão certo que despertaram a atenção de governos locais e da iniciativa privada, que passaram a patrocinar a EFI.
O processo de limpeza inclui a remoção de lixo e espécies botânicas invasoras e nocivas que ocupam a área de captação e obstruem as válvulas de entrada de esgoto. Essas ações são cruciais para manter o equilíbrio ecológico da natureza e garantir proteção futura contra inundações e estabilização do lençol freático nos locais.
O amor de Krishnamurthy por corpos hídricos começou em sua infância, quando cresceu em um bairro cercado por eles. Seu sonho e seu propósito de vida é um só: ver lagos limpos com sapos, peixes, pássaros e vegetação.
Para isso, é fundamental o esforço e o envolvimento das comunidades assistidas. Por essa razão, a ONG também promove atividades ao ar livre, em lagos no entorno dessas comunidades, como passeios ciclísticos, para conscientizá-las e educá-las, mostrando a importância da preservação dos recursos hídricos para o planeta.
O movimento já recuperou, com a ajuda de voluntários, 89 corpos de água em 12 estados do país desde sua criação em 2007. A ONG também promove atividades para conscientizar e educar mostrando a importância da preservação dos recursos hídricos do para o planeta.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Indiano larga emprego no Google para despoluir lagos e rios. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/india-despoluir-rios-lagos.html>.
A invenção que facilita o transporte de água na África
Todos os dias, em comunidades rurais e mais pobres dos centros urbanos do continente africano, centenas de milhões de pessoas sofrem com a falta de acesso à água limpa e segura. São mulheres e crianças na sua maioria que percorrem longas distâncias atrás de água limpa, carregando baldes de água em seus ombros ou acima de suas cabeças, o que consequentemente pode gerar diversos problemas de saúde.
A escassez de água e falta de saneamento na África não é novidade para ninguém. Historicamente falando, o continente sempre concentrou seus esforços e luta na construção de uma estrutura que melhorasse a qualidade de vida de seus habitantes – que sofrem dia após dia com falta de higienização, alimentação, saúde e poucos postos assistenciais.
Para termos uma ideia, atualmente, cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável e outras 4,2 bilhões – ou 55% da população mundial – não possuem saneamento básico, segundo dados recentes da ONU.
Uma nova forma de transportar água de forma simples e sustentável e menos desgastante é o que propõe o Hippo Water Roller. Um galão capaz de transportar até cerca de 90 litros de água que rola sobre o chão conectado a um eixo e possibilita que qualquer pessoa carregue sem grandes dificuldades.
Do ponto de visto tecnológico, não é nada elaborado – na verdade, é apenas de um barril com eixo – mas o fato de poder ser arrastado pelo chão permite às pessoas possam salvar tempo e esforço, bem como armazenar uma maior quantidade do recurso natural.
O Hippo Roller foi projetado especificamente para os mais diversos terrenos sem interferir na qualidade da água. Ele pode durar até sete anos e existem versão equipadas com um filtro que torna a água apropriada para o consumo.
O projeto, dos engenheiros sul-africanos Pettie Petzer e Johan Jonker, existem desde 1993 e provocou impacto social em mais de 48 países, com mais de 55.000 Hippo Roller doados e mais de 500.000 pessoas beneficiadas. A ideia já rendeu também diversos prêmios e méritos desde então.
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SOUZA, L. B. Leonardo. A invenção que facilita o transporte de água na África. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/transporte-agua-africa-hippo-roller.html>.
O que você faz com o lixo gerado no dia a dia? Confira dicas para lidar com os resíduos!
Você já reparou na quantidade de lixo que produzimos diariamente? São sobras de comida, dezenas de embalagens, rejeitos do processo produtivo de todo tipo de item que utilizamos, dos mais simples, como bebidas consumidas, até os mais complexos como automóveis ou eletrodomésticos. E todo esse rejeito, todos esses resíduos precisam de uma destinação final, ou seja, devem ser descartados de alguma maneira.
Estima-se que, em média, apenas de resíduo sólido cada pessoa produza cerca de 1,3 kg por dia. Para entender melhor o que é resíduo sólido e quais os tipos, clique aqui. O mais recente Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), de 2018, indica que naquele ano o país gerou 79 milhões de toneladas de lixo, sendo que mais de 40% foram descartados em locais inadequados. Este mesmo panorama mostra que o crescimento na geração de lixo também tem crescido mais rápido do que a infraestrutura necessária para lidar com o problema, confira mais informações, clicando aqui. Em matéria do Estadão é possível saber um pouco mais sobre isso, clique aquipara saber mais.
Então qual é o seu papel nisso tudo? Preste atenção em apenas um dia na sua rotina: a quantidade de plásticos que acompanha os alimentos, as embalagens dos produtos de higiene, os restos das refeições, isso sem falar na quantidade de água utilizada na limpeza de pratos, talheres e roupas, que também são descartados e precisam de destinação correta! Ou seja, cada um de nós é parte do problema e tem responsabilidade sobre o tema.
Determinados tipos de resíduos são altamente poluentes e alguns inclusive perigosos para o meio ambiente como um todo. Desde 2011 o Brasil possui uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que determina a forma com que o país lida com o lixo, cobrando dos setores públicos e privados transparência no gerenciamento de seus resíduos. E é nosso dever enquanto cidadão cobrar a atuação do governo, mas precisamos também ajudar a construir uma consciência mais sustentável. (Para saber um pouco mais sobre a importância da PNRS, confira a matéria “Você sabe o que é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e como ela impacta diretamente na reciclagem?”)
O que podemos fazer para contribuir? Confira algumas das ações que cada um pode adicionar na sua rotina:
Reduzir o consumo de produtos;
Dar preferência para produtos recicláveis e reciclados;
Evitar o desperdício,
Reaproveitar ou reutilizar materiais;
Fazer a separação correta do lixo possibilitando a reciclagem de materiais;
Realizar compostagem doméstica.
Se você tiver interesse, há uma plataforma que visa criar um espaço democrático e multifuncional para mobilização social e disseminação de conhecimento em gestão sustentável de resíduos sólidos e suas repercussões climáticas, cumprindo a função de difusão das informações para a sociedade e para os técnicos envolvidos nesta área. Lá você encontra módulos de ensino à distância que podem interessar. Clique aqui e saiba mais.
O blog Meu Resíduo divulgou algumas curiosidades a respeito do tema que nos fazem entender ainda mais a importância dessa conscientização sustentável.
De acordo com o site:
1 tonelada de papel reciclado economiza 10 mil litros de água e evita o corte de 17 árvores adultas;
A reciclagem de uma única lata de alumínio economiza energia suficiente para manter uma TV ligada durante três horas;
100 toneladas de plástico reciclado economiza 1 tonelada de petróleo;
Para produzir 1 tonelada de papel é preciso 100 mil litros de água e 5 mil KW de energia enquanto para produzir 1 tonelada de papel reciclado, são usados apenas 2 mil litros de água e 50% da energia.
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LOPPNOW, Stephani. O que você faz com o lixo gerado no dia a dia? Confira dicas para lidar com os resíduos!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/o-que-voce-faz-com-o-lixo-gerado-no-dia-a-dia.html>.
O Paradigma da Sustentabilidade e o Papel Crucial da Educação
A construção de sociedades sustentáveis depende de mudanças sensíveis e complexas em diferentes esferas, desde a pessoal (incluindo percepções, valores, atitudes, comportamentos e relações) até a planetária (considerando as interações entre componentes políticos, culturais, ambientais, sociais, econômicos, entre outros).
O movimento denominado “do local ao global” tem dado conta de apenas uma parte das transformações necessárias em um planeta cada vez mais globalizado. Não é mais aceitável (aliás, não é de agora) que o ônus da sustentabilidade recaia somente sobre indivíduos em demandas isoladas e apolíticas como, por exemplo, o descarte seletivo, banhos mais curtos e abrir menos a geladeira em dias quentes.
Além disso, e sem tirar a importância das mudanças e ações individuais, essas demandas têm ecoado positivamente para uma pequena parcela das sociedades, considerando que a maior parte delas, ainda, está lutando pelos componentes básicos de subsistência – fazendo menção à hierarquia das necessidades de Maslow (1943) -, e uma pequena parcela vive um status quo fundado no consumo e descarte ilimitados.
O paradigma da sustentabilidade depende, de forma cada vez mais urgente, do estabelecimento de caminhos que propiciem a formação de indivíduos que compreendam a realidade de maneira mais sistêmica, integrada, inter e transdisciplinar, facilitando que façamos escolhas cada vez mais fundadas em um bem maior, coletivo. É nesse ponto que acreditamos que a sustentabilidade encontra a educação, uma vez que todos os espaços formais, informais e não-formais são, em algum nível, educadores.
Para cumprir seu papel formador – considerando como mote, por exemplo, o panorama traçado pelo World Economic Forum (2015) sobre as habilidades requeridas para o século XXI – a quase totalidade dos espaços educadores demandam ajustes e reorientações estruturais, tecnológicas e metodológicas para cumprir sua função de educar na direção da geração de maior autonomia competente na leitura, interpretação e compreensão do mundo.
Apesar de urgência desses ajustes, a educação formal (do infantil ao universitário) é ainda a que mais resiste às mudanças e, portanto, demora a se adequar às novas urgências ligadas aos desafios socioambientais. Sendo assim, corremos atrás de um futuro que está se distanciando cada vez mais velozmente de todos e todas.
No nível das universidades, um dos caminhos possíveis para a resignificação das relações de ensino-aprendizagem no tocante à sustentabilidade está ligado à ambientalização de espaços e currículos, considerando-se que a temática socioambiental é inerentemente transversal e pode ser trabalhada por diferentes cursos de diferentes faculdades, ponto já tratado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais na década de 1990 para a Educação Básica.
O desafiador caminho da ambientalização e da interdisciplinaridade tem sido pesquisado por Bacci et al. (e.g. 2015; 2017 e 2019). Parte dessas pesquisas investigou professores e estudantes de graduação sobre a construção de uma “cultura da sustentabilidade”. Os dados foram coletados por meio de entrevistas a estudantes de graduação e professores/coordenadores de 8 cursos em 3 diferentes campi da Universidade de São Paulo.
Os estudantes entrevistados descrevem a praxis educativa como centrada no conhecimento e menos nos valores e formas de participação. Com relação aos professores/coordenadores, foram apontadas a falta de desejo pessoal e institucional como barreiras para incorporação da sustentabilidade e práticas mais transdisciplinares, bem como a disciplinarização dos conteúdos e baixo número de projetos (Bacci e Silva, 2020; no prelo).
O quadro apresentado anteriormente pode ser facilmente identificado em outros níveis de escolaridade, em especial, a partir do Ensino Fundamental 2, quando a disciplinarização e especialização docente entram em evidência e a instalação de uma nova cultura encontra mais resistência. Para Jacobi (2015),
“a transformação cultural é necessária para quebrar o hiato existente entre o reconhecimento da crise social e ambiental e a construção real de práticas capazes de estruturar as bases de uma sociedade sustentável”.
De forma geral, passamos por um momento de transição na educação, no qual o papel da interdisciplinaridade, da participação, da colaboração e da cocriação estão cada vez mais encontrando adeptos em diferentes espaços formadores e de tomadas de decisão. Segundo Jacobi, Toledo e Grandisoli (2016),
“Educar para a sustentabilidade é um excelente campo de conhecimento para expandir a crescente capacidade das entidades sociais de realizar ações relacionadas à sustentabilidade, uma vez que elas estão relacionadas aos processos de aprendizagem e seus resultados. Esse caminho relacionado ao conceito de aprendizagem social deve ser considerado no planejamento, execução e avaliação de programas, cursos e projetos […]”
Apesar de sua importância do ponto de vista da construção de novos conhecimentos mais contextualizados, processos de aprendizagem social podem ainda ser considerados incipientes graças à falta de cultura de participação (historicamente instalada) e à complexidade técnica para a instalação de processos dialógicos locais, regionais e globais.
Espaços democráticos multiatores, nos quais a horizontalização das relações e a valorização e o respeito aos diferentes tipos de conhecimento (práticos, científicos, tradicionais, etc.) devem se tornar cada vez mais presentes nas comunidades e instituições de ensino, a fim de compreender-se mais e melhor seu real papel e aplicabilidade na busca pela sustentabilidade (ver Grandisoli, 2018; Ernest, 2019; Souza, 2019).
A aprendizagem social multiator pode ser um dos caminhos mais significativos na busca por um novo paradigma, não somente da sustentabilidade, mas por um novo paradigma voltado para a construção de sociedades mais igualitárias, solidárias e colaborativas, pontos que dependem diretamente da reconstrução e regeneração das redes de relacionamentos que devem estar fundadas na confiança e na visão compartilhada da busca pelo bem comum.
Artigo de: Edson Grandisoli & Pedro Roberto Jacobi
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GRANDISOLI, Edson; JACOBI, Pedro Roberto. O Paradigma da Sustentabilidade e o Papel Crucial da Educação. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/o-paradigma-da-sustentabilidade-e-o-papel-crucial-da-educacao.html>.
Referências:
BACCI, D.C., SILVA, R.L.F., SORRENTINO, M. Educação ambiental e universidade: diagnóstico disciplinar para a construção de uma política ambiental. In: Anais do VIII Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental. Rio de Janeiro, RJ, 2015.
BACCI, D.C., CARDOSO, L.S.C., SANTIAGO, L.O. Educação Ambiental nos Cursos de Graduação: Tendências à Ambientalização Curricular. In: XVI Encontro Paranaense de Educação Ambiental. Anais do XVI Encontro Paranaense de Educação Ambiental. Londrina, PR., 2017.
BACCI, D.C., SILVA, R.L.F., CARDOSO, L. S., GARCIA, A.S.; SILVA, K.S.L.; PEREIRA, R.S.D. Ambientalização Curricular e Cultura da Sustentabilidade na universidade pública: pluralismo e diversidade na educação ambiental. Anais do X EPEA. Aracaju, SE, 2019.
BACCI, D.C., SILVA, R.L.F. A cultura da sustentabilidade nas instituições de ensino superior. In: GRANDISOLI, E.; JACOBI, P. R.; SOUZA, D. T. P. Educar para a sustentabilidade: visões de presente e futuro. IEA-IEE-USP, 2020 (no prelo).
ERNEST, A. Review of factors influencing social learning within participatory environmental governance. Ecology and Society, 24 (1): 3, 2019.
GRANDISOLI, E. Projeto Educação para a Sustentabilidade: transformando espaços e pessoas. Uma experiência de 7 anos no Ensino Médio. Tese de doutoramento. PROCAM-IEE-USP, 2018.
JACOBI, P. R. (Org.) Aprendizagem social e áreas de proteção ambiental. São Paulo: Annablume, GovAmb, IEE-USP, 2015.
JACOBI, P. R.; TOLEDO, R. F.; GRANDISOLI, E. Education, sustainability and social learning. Braz. J. Sci. Technol. 3:3, 2016.
MASLOW, A. H. A theory of human motivation. Psychological Review, 50(4), 370-96, 1943.
SOUZA, D. P. T. Caminhos para a transformação de uma realidade local: uma experiência de aprendizagem social para a sustentabilidade na comunidade da Lomba do Pinheiro - o caso do Arroio Taquara. Tese de doutoramento. PROCAM-IEE-USP, 2019.
WORLD ECONOMIC FORUM. New Vision for Education. Unlocking the Potential of Technology. Cologny/Geneva Switzerland, 2015.
A Importância do Projeto de Lei Geral de Licenciamento Ambiental e seus Reflexos
É provável que já tenham lido alguma matéria sobre a existência de um projeto de lei geral de licenciamento no Congresso Nacional. Mas, afinal, por que diante de tantas propostas legislativas sobre assuntos diversos essa tenha tido tanto destaque pelos meios de comunicação?
Para responder essa pergunta, precisamos voltar um pouco no tempo. Mais especificamente em 1981. Ano de aprovação da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que ainda está vigor e que estruturou a proteção ao meio ambiente no Brasil. Esta lei institui, dentre outros instrumentos, o licenciamento ambiental, conforme definição abaixo:
“Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso [1]“.
Nessa perspectiva, o Congresso Nacional está atualmente debruçado em discutir pontos para aprimoramento da Política Nacional do Meio Ambiente, divididos entre aqueles que defendem veementemente as mudanças e aqueles que as rechaçam.
Dentre outros argumentos daqueles que apontam as necessidades de mudanças trazidas pelo novo projeto de lei, inclui-se a criação de um cenário de maior agilidade e menor desburocratização dos processos, principalmente em empreendimentos de menor impacto ambiental. Nesse campo, indica o deputado federal Kim Kataguri:
“Na verdade, as regras ficam objetivas naquele empreendimento que você já conhece o impacto, você conhece a localidade onde ele vai ser colocado, você sabe quais são os condicionantes a serem exibidos pelo empreendedor [2]“.
E concluiu:
“Depois de todas essas condições atingidas – e mais, o empreendimento não pode ter significativo impacto ambiental – aí sim você pode conceder uma licença por adesão e compromisso, que é a licença que você já começa a operar, já começa a construir, já começa a empreender, gerar renda, gerar emprego e aí, a posteriori, é feita a fiscalização [3].”
O deputado federal Rodrigo Agostinho, presidente da Frente Parlamentar Ambientalista na Câmara Federal, ao tratar do assunto, destacou a importância de que o movimento ambientalista esteja atento às questões relativas ao projeto de lei geral de licenciamento ambiental. Nesse sentido, expôs:
“A gente sabe que vai ter muito trabalho do ponto vista de resistência para conseguir barrar projetos prejudiciais à questão ambiental. O licenciamento é a espinha dorsal do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). É importante que a gente tenha uma lei geral que traga equilíbrio nas relações e não uma lei geral para liberar geral [4]”.
Destaca-se que o projeto pode e deve ser discutido perante o parlamento, por juristas e ambientalistas para que o instituto do licenciamento ambiental seja efetivamente instrumento estratégico de políticas públicas. Nessa perspectiva, há que se observar pontos positivos, como a (re)discussão do tema com as dimensões complexas do século XXI, e negativos, como a introdução de possibilidade de autorizações tácitas de alguns documentos.
Certamente, o Poder Legislativo é o ambiente democrático adequado para o debate desse tipo de assunto com o apoio da sociedade civil em geral, juristas e especialistas em meio ambiente. Continuamos acompanhando…
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PIRES, Felipe. A Importância do Projeto de Lei Geral de Licenciamento Ambiental e seus Reflexos. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/a-importancia-do-projeto-de-lei-geral-de-licenciamento-ambiental-e-seus-reflexos.html>.
A Perfeição do Caos
O ser humano progrediu com o passar dos anos e chegou a um ponto em que podemos fazer tudo. Nem sempre devemos, mas está ao nosso alcance realizar coisas inimagináveis. E organizar todas as novas possibilidades têm sido uma tarefa recorrente do direito. Mas como organizar?
As regras existem por criação humana. É mais fácil gerenciar, minimizamos risco de imprevistos e adianta uma possível solução em caso de conflito. Quando você tem um condomínio, basta dizer: a Convenção não permite e a questão está encerrada. Nos processos judiciais: a lei diz isso e eu reconheço o seu direito.
Nós nos acostumamos com regras e ordem. Nos acostumamos com algo superior a nós que define como vai ser nos momentos de crise. É cultural e é humano. É como o nosso sistema se organiza. E sim, buscamos regras e cenários cada vez mais perfeitos e organizados.
Fiquei responsável por cuidar das plantas do meu pai em janeiro. Um misto de jardim, horta e selva (risos). Ele implantou um sistema de coleta da água da chuva e a rega é feita com uma mangueira que vem deste sistema.
Observando a natureza, fico pensando em como funciona a organização não humana. Meu pai tem regras para o local, mas nem tudo nasce da forma que ele planeja. Algumas coisas que ele planta não vingam. Outras resolvem nascer. Quando ele põe frutas para os pássaros, eles derrubam sementes e acabam “plantando” outras espécies que ele não previa.
Olhando para o resultado final, não parece organizado. Parece até um caos. Se você entra na floresta também não há uma ordem que possamos captar de imediato. Depois, estudando até entendemos que árvores maiores criam mais umidade no solo por causa da sombra. Que há uma seleção natural e isso é natural (repetição proposital).
Está certo que vemos o caos e que alguns tentarão “corrigir” a natureza. Arrancar as ervas daninhas e favorecer aquelas plantas que queremos que cresçam. Plantar árvores que não são nativas. Exigir que elas cresçam no espaço que determinamos para elas.
Traduzindo isso para o nosso sistema de leis e regras percebemos a mesma coisa. Tentativa de ordem e intervenção no caos. Às vezes funciona e às vezes foge do nosso controle. A ordem perfeita dependeria de muitos fatores sobre os quais não temos controle.
Talvez por isso tenhamos um número grande de leis. São nossas tentativas de organizar o caos. Mas muitos reclamam que não tem sido efetivo e nem eficiente. Alguns países com outras culturas e outras experiências de organização possuem menos leis (regra) e se baseiam em princípios. Mas qual é a diferença entre um princípio e uma lei?
Princípio – ter boa-fé nas relações comerciais.
Regra – O anunciante é obrigado a vender pelo preço que anunciou.
Quando temos um princípio, conseguimos resolver problemas entre regras e também temos solução para algumas situações que não estão previstas em leis. Então acredito que sim, precisamos de princípios e de regras.
Aparentemente estamos em caos, muitas leis, muitas Medidas Provisórias, muitas normativas da Receita Federal, do INSS, das Agências Reguladoras (Aneel, ANS, ANP, ANVISA)… mas existe uma ordem e o sistema está operando no seu ritmo natural. Estamos convivendo em meio à perfeição do nosso caos e os nossos jardineiros (aqueles que fazem as leis) mudam a cada quatro anos. São muitos e cada um defende um tipo planta (tema ou parte da população). Precisamos conversar com nossos jardineiros!
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STEFFEN, Janaína. A Perfeição do Caos. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/a-perfeicao-do-caos.html>.
Coronavírus e Mudanças Climáticas
Recentemente o mundo viu uma queda enorme nas emissões de dióxido de carbono, o principal fator do aquecimento global. No entanto, o motivo não é algo para comemorar. A razão desta queda foi o surto do coronavírus (COVID-2019) na China, que infectou quase 80 mil pessoas, fechou fábricas, refinarias e voos em todo o país.
Eu moro em Xangai e a sensação era de que o país estava parado, apesar de supermercados farmácias e alguns restaurantes operarem a todo vapor. As autoridades ordenaram a todos que ficassem em casa, e como resultado, as emissões de CO2 (dióxido de carbono) nas últimas três semanas foram de cerca de 25% menores do que no mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos de Lauri Myllyvirta, analista do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo. A China é uma potência industrial tão grande que mesmo uma queda temporária como essa é significativa.
Os números oferecem um lembrete preocupante de quão profundamente dependente de combustíveis fósseis a economia moderna ainda é, não só na China mas em todo o mundo. Quando a atividade industrial diminui, seja por causa de uma recessão ou por conta de um grande surto de doença, a poluição climática também tende a despencar.
E quanto mais exploramos os recursos naturais, mais contribuímos para as mudanças climáticas e mais próximos estamos de novos virosferas [1]. Por exemplo, por conta do derretimento de geleiras entramos em contatos com vírus que estavam congelados há mais de 20 mil anos; devido ao desmatamento e ao contato com animais e ecossistemas antes distantes de nós, entramos em contato com vírus que não temos conhecimento e nem resistência imunológica.
‘‘Este (COVID-2019) é mais um vírus que chega à espécie humana por causa de impacto ambiental. Ao desmatar, degradar o ambiente e ampliar a proximidade de animais silvestres para alimentação, recreação ou estimação, o homem se aproxima de vírus com os quais não tinha contato nem imunidade.’’ – Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia em entrevista à BBC Brasil.
As mudanças climáticas também podem tornar os ecossistemas inadequados para os animais, forçando-os a irem para mais perto das áreas urbanas e, dessa forma, aumentando o risco de transmissão de outras doenças. Conforme informações da BBC Brasil, é estimado que só conhecemos 3 mil dos 1,5 milhão de vírus que existe na vida selvagem do planeta. O que sabemos é que um mundo em aquecimento incentiva o surgimento e a disseminação de novas doenças infecciosas.
O Covid-2019 é mais uma amostra de como justiça ambiental é também justiça social. Provavelmente outros vírus vão surgir no Brasil, e no mundo, nas próximas décadas, fruto do nossa ignorância em relação ao meio ambiente. Será que podemos aprender com esta atual crise ou vamos continuar repetindo nossos erros?
[1] Termo criado por Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, para nomear os novos tipos de vírus que a humanidade está se expondo devido às mudanças climáticas em curso e à degradação do meio ambiente.
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SOUZA, Maria Eduarda. Coronavírus e Mudanças Climáticas. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/03/coronavirus-e-mudancas-climaticas.html>.
Ter ou Não Ter? – Uma reflexão sobre filhos em tempos de mudanças climáticas
É difícil ser honesta com o que queremos em nossas vidas e o que pensamos sobre as mudanças climáticas ao mesmo tempo. Uma das grandes preocupações que tenho – e acredito que outras pessoas também – é que ter filhos em tempos atuais significa contribuir para a derretimento de geleiras, aumento do nível dos oceanos e climas extremos. Ou até pior, significa tornar meus filhos vítimas das mudanças climáticas.
Tendo consciência do que está acontecendo hoje na Terra e do futuro que nos aguarda alguns graus a mais, eu me pergunto: Será mesmo um ato de amor ter filhos atualmente? Ou será um ato de fantasia do ego e deveres sociais? Estas nunca foram questões que me deixaram sem dormir, mas agora chegando aos 30 anos e em um relacionamento com amor, confiança e companheirismo, é impossível não questionar o futuro da família que estou formando.
Em outubro de 2018, o painel de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas reportou que temos 11 anos para fazer mudanças sistêmicas e alterar o curso da humanidade. Em maio deste ano, a ONU prevê um declínio “sem precedentes” na biodiversidade global, nos alertando que mais de 1 milhão de espécies serão extintas nas próximas décadas.
No mesmo mês de maio, eu fiz 29 anos e imediatamente pensei no futuro dos meus possíveis filhos. “Será que eles não verão os animais selvagens que vi em Botswana ou os corais no Pacífico ou os pássaros da Amazônia? Será que o que eu amo na natureza eles não conhecerão?”. Senti uma tristeza profunda por esta perda e em seguida uma raiva por nossa sociedade permitir este assassinato a biodiversidade. Mas agora penso: Como é que explicamos aos nossos hipotéticos filhos que nós os trouxemos para um mundo caótico, cada vez mais inabitável onde grande parte da biodiversidade global foi extinta?
Como ecologista social, ativista ambiental e feminista, eu consigo perfeitamente me imaginar feliz e realizada sem filhos, e respeito também que existem diversas maneiras de ser mãe e ter a experiência da maternidade sem, necessariamente, gestar filhos. Mas ainda assim, eu não estou imune do imperativo biológico que mantém a humanidade por mais de 200 mil anos. E ainda mais, eu gosto de crianças e de estar em família. Tenho momentos de pura alegria por estar na presença dos meus pais, avó e irmãs. Hoje sinto que família é o mais importante na minha vida. E tenho então, o sonho de um dia criar a minha própria ‘grande família’.
Mas e o senso de urgência e todo aquele conhecimento sobre as consequências da degradação ambiental? Deixamos de lado? A certeza que o aumento da população não é benéfico para o planeta. Esquecemos por alguns minutos? O que fazemos com o arsenal de dados alarmantes que temos em mãos?
Parece que enxergar a crise climática e realizar a vontade de procriar não podem habitar o mesmo lugar – ou a mesma pessoa. Ainda assim, esta vontade de ter filhos parece não ir embora. O plural aqui não é uma coincidência, somente mais um fator que amplia este dilema. Eu venho de uma grande família, com irmãs que são minhas melhores amigas e companheiras, temos uma conexão profunda e especial. Naturalmente, quero oferecer a experiência de ter irmãos aos meus filhos. Enquanto isso, o dilema continua crescendo…
Busco então outras opiniões. Durante um jantar, um amigo me disse: “Você pode ter filhos e trabalhar para reverter o aquecimento global, você pode não ter filhos e escolher contribuir com as mudanças climáticas”. Isto era exatamente o que eu queria ouvir, e de certa forma, trouxe um pouco de paz. Porém, na mesma mesa, um ambientalista me diz: “Não ter filhos reduz a sua pegada de dióxido de carbono em 9,441 toneladas durante uma vida de 80 anos.” Que? Isso significa que seria melhor eu ter um avião particular e voar para todos os lugares do que ter um bebê?
Outra dia, estava conversando com uma amiga francesa que está casada há seis anos. No meio do papo, ela diz: “Eu não quero ter filhos, nunca quis. Meu marido não faz muita questão também. Estamos felizes, mas eu sinto que tenho que me explicar para todo mundo e garantir para minha família que tenho um casamento saudável. Quando percebi que podia usar do argumento das mudanças climáticas para evitar estas perguntas detalhadas, minha vida mudou”.
Depois de refletir, comecei a entender que a resposta de não ter filhos por conta da questão ambiental é de certa forma mais aceita. A decisão feminina de não querer ter filhos ainda estranha e assusta a nossa sociedade contemporânea. No entanto, ainda não conheci uma pessoa que escolheu não ter filhos somente pela questão ambiental, em geral é uma decisão tomada por outros fatores e as mudanças ambientais fazem somente parte da decisão.
Durante um evento sobre os direitos das mulheres na China, estava conversando com uma americana sobre este dilema de ter filhos e recebi a seguinte resposta. “Você acha que meus pais, durante a Guerra Fria, foram tomados pelo medo? Claro que não! Se tivessem, hoje eu não estaria aqui para declamar poesias feministas.” Esta mulher tem hoje 4 filhos. O mais novo tem 2 anos.
A diferença hoje é que as mudanças climáticas já podem ser sentidas. Não é como na época da Guerra Fria, quando o futuro e ameaça nuclear era uma grande incerteza. Atualmente, crianças já estão sofrendo os efeitos da crise climática e nós sabemos, relativamente, o que vai acontecer. Claro, que eu sei também que meu dilema é um privilégio, muitas mulheres ao redor do mundo não podem escolher se ou quando vão ter filhos. Mas ainda assim, isto não torna a minha decisão mais fácil.
Eu posso escolher não propagar meu DNA, porém isto me parece dizer também que eu desisti. Eu admito a derrota, não vale a pena, não tem futuro na Terra. Sinto que se eu escolho não ter filhos por conta da vida assustadora que as mudanças climáticas vão gerar eu estou essencialmente assumindo um papel de perdedor nesta causa.
Quando na verdade eu me sinto de forma contrária, me sinto otimista, vitoriosa. Vejo hoje diversas mudanças positivas em esfera global e individual. Eu sou uma destas mudanças. E tenho esperança que outras(os) jovens como Greta Thunberg irão transformar o mundo em que minhas/meus hipotéticas(os) filhas(os) irão nascer. Mas, também não espero que somente outras pessoas resolvam tudo. Devemos trabalhar juntos, somos um movimento de transição.
Afinal, não existe uma resposta universal para este dilema. É fundamentalmente uma questão particular que deve ser respeitada e celebrada por todas(os), quaisquer que seja a decisão. Acredito que uma grande parte da mudança acontece com pessoas agindo e criando suas/seus filhas(os) de maneira consciente. E a maternidade se torna assim não só uma realização pessoal mas uma ação social.
Termino aqui com o meu desejo de procriar um pouco mais resolvido. E caso aconteça, com a certeza de que estas crianças também irão apreciar seu tempo aqui neste planeta. Nesta tão gloriosa e efêmera Terra que nós herdamos – o que quer que aconteça.
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SOUZA, Maria Eduarda. Ter ou Não Ter? – Uma reflexão sobre filhos em tempos de mudanças climáticas. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/12/ter-ou-nao-ter-uma-reflexao-sobre-filhos-em-tempos-de-mudancas-climaticas.html>.