Severn Suzuki: a menina que calou o mundo na ECO 92 (e ainda precisa ser ouvida)
Entre os dias 03 e 14 de junho de 1992, a cidade do Rio de Janeiro realizou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) com a presença das principais lideranças globais para debater o tema. Anunciavam-se as gravidades dos problemas ambientais e climáticos, mas com entusiasmo e perspectivas de “ventos de mudanças” através de cooperação mútua entre nações.
Durante o encontro, subiu ao púlpito uma menina de 12 anos chamada Severn Suzuki, que representava uma organização de crianças em defesa do ambiente, para um dos discursos mais impactantes e repercutido até hoje. Em tom de alerta, afirmava:
“Estou aqui para falar em nome das incontáveis espécies de animais que estão morrendo em todo o Planeta, porque já não têm mais aonde ir. Não podemos mais permanecer ignorados. Eu tenho medo de tomar sol, por causa dos buracos na camada de ozônio. Eu tenho medo de respirar este ar, porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando. Eu costumava pescar em Vancouver, com meu pai, até que recentemente pescamos um peixe com câncer… e agora temos o conhecimento que animais e plantas estão sendo destruídos e extintos dia após dia…”.[1]
Atônitos, líderes mundiais ouviam a menina de 12 anos denunciar ao mundo que mesmo com pouca idade já podia observar o futuro comprometido por conta das degradações ambientais e, por outro lado, as medidas ainda eram insuficientes ou mesmo nulas para reverter o processo em curso. “Se vocês não podem recuperar nada disso, por favor, parem de destruir!”, dizia Suzuki.
Os anos passaram e a menina Severn Suzuki cresceu e passou a ser uma das combatentes ativistas em prol do ambiente. Em 2012, o Rio de Janeiro realizou a Conferência das Nações Unidas Rio+20 para melhor desenvolver as tratativas internacionais de proteção ao meio ambiente e reversão dos efeitos negativos das mudanças climáticas. Nos atos preparatórios, afirmou Suzuki em entrevista:
“Fui num seminário preparatório para a Rio+20 e o foco era a crise do euro! A economia verde não é uma salvação para o euro. É uma lógica diferente de vida. De forma global, temos que pensar em formas de medir qualidade de vida, para além do Produto Interno Bruto (PIB). E no plano local, temos que olhar as necessidades que nosso modelo de vida impõe. Me preocupam casos como o de Belo Monte, onde, para possibilitar mais consumo de energia, admite-se um impacto imenso no ambiente e na sociedade. Vale a pena?”[2]
O processo entre a utopia ao realismo vivido por Suzuki retrata bem a situação do combate às mudanças climáticas e da proteção ambiental em escala global. Antes, alertava-se a necessidade de que as futuras gerações pudessem usufruir dos recursos ambientais existentes à época. Hoje, o ímpeto de degradação ambiental, os efeitos nocivos de mudanças do clima e os desastres climáticos tornam a situação ainda mais crítica. A menina que calou o mundo ainda precisa ser ouvida!
[1] Discurso disponibilizado na página da Prefeitura de São Paulo. Para acessar, clique aqui.
[2] Fonte: O Globo. Para acessar a reportagem completa, clique aqui.