Velho Chico: A Última Gota D’Água?

Se antes um rio de vida e fartura, hoje o Velho Chico agoniza e pede socorro.

O Rio São Francisco ou Velho Chico, tem 2.863 km de extensão, percorre cinco estados brasileiros e abrange uma população de 6,2 milhões de pessoas. Um rio com cenários deslumbrantes e que hoje padece, em situação assustadora.

O grande período de estiagem que se estendeu até o final do ano de 2016 nas regiões Sudeste e Centro Oeste, onde estão os principais afluentes do rio, trouxe grandes reflexos e graves consequências para a região Nordeste, afetando diretamente a sobrevivência de milhões de ribeirinhos.

Imagem: Comitê da Bacia do Rio São Francisco

As barragens da usina hidrelétrica de Três Marias e da usina hidrelétrica de Sobradinho se encontravam, no início deste ano, em níveis críticos. A barragem de Sobradinho, por exemplo, chegou a ter menos de 10% da sua capacidade de armazenamento.

Imagem: Rede Globo

A forte estiagem e as sucessivas reduções na vazão, principalmente nos reservatórios de Xingó e Sobradinho vem comprometendo a biodiversidade e a qualidade da água do rio de um dos principais cursos d’água do Brasil e da América do Sul, além de comprometer a produção de alimentos na região.

Os produtores do Vale São Francisco (região de Petrolina, em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia) estão bastante preocupados com os efeitos da crise hídrica. A região é hoje a maior produtora de frutas tropicais do país, com uma produção anual de 1,4 milhão de toneladas de frutas e destacando-se também pela grande produção de vinhos.

Imagem: Fala Barreiras

A estiagem é apenas um dos fatores para o agravo destas consequências. Assoreamento, poluição, queimadas e desmatamentos também afetam diretamente as nascentes e córregos que ajudam a formar o São Francisco.

O rio das Velhas, o mais longo afluente do São Francisco, é hoje também o maior poluidor da sua bacia. O rio sofre com o despejo diário de um grande volume de esgoto in natura, além de dejetos de mineradoras da região. Esta poluição intensifica ainda mais a perda de biodiversidade e o desaparecimento de diversas espécies.

Imagem: Comitê da Bacia do Rio São Francisco

Um levantamento realizado pelo Comitê Nacional Bacia do Rio São Francisco apontou um cenário alarmante. Das 360 espécies nativas de peixes, apenas 152 ainda são encontradas no rio São Francisco. Isto acarreta prejuízos para os mais de 50 mil pescadores que dependem do Velho Chico para sua sobrevivência.

Imagem: CREA-SE

O Plano Novo Chico, lançado em agosto de 2016 e elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), previa ações permanentes e integradas de preservação, conservação e recuperação ambiental.

Entretanto, os consideráveis cortes no orçamento destes últimos meses afetaram severamente os investimentos para recuperação do Velho Chico. Das ações, somente as relativas a vistorias e monitoramento serão implantadas neste ano e com uma verba de apenas R$ 900 mil para todo o manancial.

Imagem: ABRAP

Circunstâncias assustadoras para um rio carregado de significado e tão marcante para os que vivem e sobrevivem dele.

Imagem: Comitê da Bacia do Rio São Francisco

Se antes um rio de vida e fartura, hoje ele agoniza e pede socorro. É necessária atenção a este patrimônio brasileiro que pode um dia se acabar se não for revitalizado.

 

 
 

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