Meio Ambiente, Disputas Políticas e as Mudanças Climáticas, o que podemos esperar em 2017?
Ao iniciarmos 2017, é inegável que o fato político mais relevante foi a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Sua relevância se dá principalmente pelas consequências desse movimento.
Imagem: Autossustentável |
O ponto que muitos esquecem, contudo, é que este movimento de ascensão de figuras avessas a “política tradicional” e a descrença nas instituições governamentais não estão restritos somente aos EUA (ou ao Brasil). É algo verificado em muitos cantos do mundo. O problema (bem, um desses problemas) é o efeito desse movimento à causa ambiental.
Imagem: Banksy! |
Em 2015 tivemos dois grandes marcos institucionais internacionais em prol do ambientalismo. Por um lado, a Conferência de Paris aprovou o limite de aumento de 1,5°C na temperatura média do planeta até o fim do século. Por outro, os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), eram postos em prática, estabelecendo 17 objetivos, 169 metas e centenas de indicadores para acompanhamento dos limites socioambientais do planeta. O ano de 2015 foi um dos mais frutíferos para o ambientalismo.
Imagem: ONU Brasil |
Contudo, os últimos dois anos foram decepcionantes. Os exemplos são inúmeros: o esvaziamento efetivo da Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana por Trump, além dos sinais quase certos da saída dos EUA do Acordo de Paris, atitude similar por Theresa May de fechar o departamento de Energia e Mudança do Clima do Reino Unido.
Impacto das mudanças climáticas na saúde. Imagem: Centers for Disease Control and Prevention |
Além disso, a conclusão de que a Antártida também começa a degelar; e, mais uma vez, recordes sucessivos dos meses e anos mais quentes já medidos. E por aqui, conversas do governo (sem autorização do Ministério do Meio Ambiente) sobre soluções legais para redução das áreas de conservação da Amazônia Legal.
Imagem: Mafalda. Autor: Quinho |
A consolidação de partidos e candidatos conservadores não seria um problema às políticas voltadas ao meio ambiente se não fosse o uso do seu discurso como parte de uma série de ações “progressistas”. No limite, o que é “ambiental” entra na mesma lógica de “direitos humanos”, “progresso social”, “feminismo” e tantas outras categorias fundamentais, porém abstratas.
Desastre ambiental em Mariana, distrito de Minas Gerais. Imagem: Cruzeiro do Vale |
Não há qualquer problema em partidos que o movimento ambiental seja reconhecido como progressista. Mas a partir do momento em que há sua vinculação ao mesmo, soluções técnicas deixam de ser pensadas e aplicadas a problemas que, governados por direita ou esquerda, são comuns a todos. Este fato acaba se intensificando a partir do momento que as consequências das problemáticas ambientais não são vistas no curtíssimo prazo.
Imagem: Armandinho |
As soluções necessárias às questões ambientais terão que passar pela superação dessa divisão esquerda-direita tão acentuada no mundo. Não pendendo para qualquer um dos lados, mas unindo-os em prol de uma mesma causa: sua existência.