A Era do Luxo é A Era do Lixo

Não é novidade que a moda caracteriza-se pelo efêmero, e que seu sistema impõe um ritmo acelerado que faz com que os produtos sejam descartados quando ainda em condições de uso, ocasionando uma série de impactos ambientais. Tudo isso, na maioria da vezes, sem necessidade já que roupas, acessórios e calçados ainda poderiam ser usados e, só não seguem sendo (em todo seu potencial de durabilidade, previsto em projetos de design) por questões de … “o rosa é o novo preto”.

Roupas são colocadas no lixo – sim, surpreendentemente, tem gente que põe fora aquilo que não serve mais, seja em tamanho, seja em aceitação da sociedade. E, além disso, o desejo ávido do consumidor por novidades aciona novamente a cadeia produtiva, explorando os recursos da natureza (quando não os recursos humanos), poluindo o meio ambiente, gerando resíduos no processo (poluindo, de novo!)… Aquela ‘nada boa’ e velha história, que muitos sabem, e poucos fazem o mínimo para mudar.

Além do descarte antecipado das peças, outro fator de peso (pesado) bem discutido no que se refere à moda e impactos ambientais, é a fabricação dos produtos, que resulta em grande quantidade de resíduos têxteis, entre outros fatores críticos.
Autossustentável: Resíduos descartados em lixão
Autossustentável: Retalhos de Tecidos

Tudo isso acontece de seis em seis meses.

Não! A moda costumava ser ditada por estações: uma coleção era feita para “primavera/verão” e outra para “outono/inverno”. Hoje, os varejistas aumentaram a oferta para seis ou oito estações, até mesmo 12, ao ano, muito distante do que consideramos estações verdadeiras. As redes fast fashion são como um “carrossel constantemente girando com novas modas, que mudam no espaço de semanas” (Lee, 2009, p.17). Agora, pense tudo isso acontecendo em grande escala. Pense em ‘semanal global’. Pense em produção a nível mundial, mas junto, pense em descarte e resíduos gerados. Pense.

O que fazer com as peças de roupa que “giram” cada vez mais rápido?

Brechós, doações e bazares de trocas, dentre outras alternativas que permeiam esse universo da segunda mão, aparecem como alternativa, enfrentando a barreira do preconceito do consumidor, que ainda prefere comprar artigos novos a preços mais baixos.

O que fazer com o excesso de resíduos têxteis, que resulta da produção acelerada da indústria?

Algumas empresas desenvolvem produtos de decoração, ou até mesmo vestuário, com retalhos, mas, aí o design entra fortemente como agregador de valor, criando um atrativo para o consumidor que, ainda “olha torto” para produtos reaproveitados.

Tanto pode ser feito com o material que já está a nosso dispor, é só abrir a mente e exercitar a criatividade, além de capacitar mão de obra específica. Por fim, é importante trabalhar culturalmente a aceitação dos produtos desenvolvidos com material reutilizado, pois sabemos que o consumidor tem papel fundamental (Artigo: Depende De Nós Os Consumidores). Não há necessidade de tanta coisa, em tão pouco tempo, para pouco uso, que cause tanto dano.

Abaixo, seguem imagens de produtos de uma marca, do exterior, que utiliza resíduos da indústria têxtil para confecção de bolsas, a Riedizioni, de Luisa Cevese. E como esta, existem outras empresas seguindo esse caminho.

Fontes:

  • http://www.riedizioni.com/
  • LEE, Matilda. EcoChic: o guia de moda ética para a consumidora consciente. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.


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