A Vida Moderna e os Transtornos Alimentares – Parte II

Como vimos na segunda matéria sobre a Semana Temática de Saúde e Bem Estar (clique aqui para conferir), o estresse e a agitação da vida moderna, aliados a um volume cada vez maior de informações e de padrões de vida favorecem o aparecimento de vários transtornos alimentares.

A bulimia nervosa e a anorexia nervosa, infelizmente, são alguns dos transtornos mais observados atualmente na sociedade, atingindo principalmente adolescentes e jovens. E a pressão cada vez maior pela busca de um corpo perfeito também tem intensificado a incidência de um conhecido transtorno alimentar, a compulsão alimentar; assim como o aparecimento de novos transtornos como a ortorexia nervosa e a vigorexia nervosa.  

 

Compulsão Alimentar

A compulsão alimentar ou TCAP (Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica), como é denominado cientificamente, é um transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de compulsão, onde o indivíduo ingere grande quantidade de alimentos rapidamente, perdendo o controle sobre sua alimentação. Muitas vezes a compulsão alimentar não permite que o indivíduo interrompa a ingestão de alimentos nem mesmo quando já está plenamente saciado.  Por isso, os episódios de compulsão cessam apenas quando o desconforto aparece. Após o episódio, o indivíduo é tomado por um grande sentimento de culpa e perda de controle, o que ocasiona vergonha e angústia.

A compulsão alimentar é uma doença causada por um distúrbio químico nos mecanismos da saciedade, ou seja, devido a uma falha química o cérebro do indivíduo compulsivo não recebe a mensagem de que já comeu o suficiente para se saciar, fazendo o mesmo continuar a comer até sentir desconforto físico.

Imagem: G1

Normalmente, a compulsão resulta de uma combinação de fatores, como características genéticas, sociais, e psicológicas relacionadas a experiências de vida. Exemplo disso é a pressão social de um padrão de vida que exige indivíduos magros, cenário que para os compulsivos só potencializam a vergonha que sentem devido à sua condição e acaba intensificando o ciclo de culpa e piorando a doença.

Apesar da semelhança com a bulimia, ambas têm como principal sintoma o “descontrole” alimentar, a compulsão alimentar não é seguida por quaisquer formas de medidas compensatórias.

Imagem: G1

Comprometimento funcional do organismo, ansiedade, depressão, risco de suicídio e uma alta frequência de transtornos psíquicos são algumas das consequências desse transtorno alimentar. Além disso, cerca de 75% das pessoas que apresentam essa doença ganham muito peso, devido ao consumo de calorias ser muito maior do que o necessário.

E o pior, comumente as pessoas obesas, ou fora dos padrões considerados normais, ainda são estigmatizados pela sociedade como preguiçosos ou sem força de vontade para controlarem a alimentação. Fica o alerta de como se pode estar piorando a vida de alguém com críticas sobre o peso ou medidas que não se encaixam nos padrões de beleza.

 

Ortorexia Nervosa

A ortorexia nervosa, termo (do grego, ortho: correto; orexis: apetite) criado pelo médico americano Steven Bratman, é um novo distúrbio do comportamento alimentar caracterizado por obsessão por comidas saudáveis. As pessoas que apresentam ortorexia desenvolvem obsessão pela qualidade da alimentação, passando a limitar a variedade de grupos alimentares, excluindo, por exemplo, carnes, laticínios, gorduras, carboidratos sem fazer a substituição adequada. O que pode provocar quadros de carências nutricionais ou distúrbio da conduta alimentar.

A ortorexia ainda não é reconhecida como um transtorno alimentar, porém, tem sido bastante discutida devido às suas características, interações e sintomas que preocupam pela alta incidência observada. Geralmente as informações sobre alimentação saudável são obtidas de fontes genéricas como, meios de comunicação e redes sociais, onde, por vezes, são passadas de forma distorcida e exagerada.

Fixação em alimentação saudável e definição bastante rígida do conceito de saudável são alguns exemplos de comportamento ligados à ortorexia. Além disso, pode-se observar o isolamento social provocado pela necessidade de seguir um padrão alimentar tão rígido que apenas em casa poderá ser alcançado.

 

Vigorexia

A vigorexia ou transtorno dismórfico muscular é um distúrbio de ansiedade pouco conhecido, onde o indivíduo tem uma visão distorcida de seu corpo, os vigoréxicos se veem fracos e franzinos, apesar de fortes e muito musculosos. Devido a essa distorção a vigorexia leva seus portadores à prática exagerada de exercícios físicos, em busca do corpo perfeito de acordo com os padrões de beleza impostos pela sociedade.

Especialistas acreditam que sua origem pode estar relacionada à condição genética ou a um desequilíbrio químico no cérebro. Cansaço, inapetência, insônia, ritmo cardíaco alterado mesmo em repouso, dores musculares, tremores, queda no desempenho sexual, irritabilidade, depressão e ansiedade, e desinteresse por atividades que não estejam ligadas ao treinamento intensivo para adquirir massa muscular são alguns dos sintomas desse distúrbio.

Além disso, a vigorexia também causa mudanças de hábito como por exemplo treinamento intensivo para adquirir massa muscular, alterações na dieta (constituída basicamente por proteínas), consumo de suplementos alimentares (muitas vezes sem orientação médica) e uso de esteroides e anabolizantes.

Vale ressaltar que todo comportamento que fuja do equilíbrio seja comportamental, alimentar e emocional necessita de tratamento especializado! É importante a busca por especialistas tanto na área psicológica quanto nutricional e endócrina. A investigação química e psíquica dos fatores causadores dos transtornos alimentares é essencial para o tratamento. Busque ajuda!

 

Com informações de ABRAN, BBC, Drauzio Varella, Estadão, G1, GNT e GTDA.

 

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