Economia Circular: a urgência de uma nova economia

Segundo dados da ONU (2017), a população mundial de quase 7,6 bilhões de pessoas deverá aumentar para 9,8 bilhões em 2050. China e Índia são os países que mais contribuirão para este crescimento. Não é mais novidade e está muito claro que os recursos naturais estão cada vez mais escassos e dezenas de cidades já estão enfrentando as consequências das mudanças climáticas.

O relatório da Accenture (2014) mostrou que existe uma forte relação entre o consumo de recursos e o PIB, e que já estamos usando aproximadamente 1,5 vezes a capacidade de recursos do planeta todos os anos. Isso significa que consumiremos três planetas por ano até 2050.

A chamada economia linear, modelo atual que vivenciamos, foi eficaz especialmente no momento pós Revolução Industrial, que presumia um suprimento ilimitado de energia e matérias-primas (que não existe), enquanto o meio ambiente tem uma capacidade infinita de absorver poluição e desperdício (o que não acontece) (Andy Jones et al, 2011). A escassez de recursos e o volume gigantesco de resíduos sólidos neste modelo são inevitáveis.

Economia Circular
Imagem: Autossustentável

 

A Economia Circular como muito bem definida pela Ellen MacArthur Foundation (2012) é um sistema industrial que é restaurativo e regenerativo por intenção e design. Ou seja, não é apenas uma mudança nos produtos, serviços e negócios, trata-se de uma nova economia como um todo. A ideia principal é a adaptação, assim como os sistemas naturais são capazes de fazer. Para saber mais sobre Economia Circular, clique aqui.

Algumas escolas de pensamento estruturaram os conceitos e princípios da economia circular, e uma delas é a Biomimicry (Biomimética, em português), que é inspirada em como os sistemas vivos e a natureza funcionam e como podem ser aplicados aos processos, ecossistemas e design sustentável. Existem exemplos fantásticos, todos disponíveis nos sites AskNature e Biomimicry. Um exemplo clássico é o trem-bala que costumava ter problemas com ruído. Eles aprenderam com os pássaros e projetaram o bico do trem da mesma forma, permitindo reduzir a pressão do ar em 30% e a eletricidade usada em 15% (AskNature, 2018).

Podemos dizer que a economia circular é um sistema completo que reduz ou não produz resíduos (assim como os sistemas vivos), trabalha com energia de fontes renováveis, pensa em sistemas e constrói a resiliência através da diversidade. O interessante é que por ser recente, todas as ideias e conceitos podem mudar e evoluir rapidamente.

No contexto da economia circular, o lixo é um erro de design. O princípio da inércia de Stahel (2011) traduz isso muito bem:

“não conserte o que não está quebrado, não remanufature algo que possa ser consertado, não recicle um produto que possa ser remanufaturado”.

O segredo é dar aos produtos uma segunda chance, uma nova vida, igual ou melhor do que era antes.

 

 

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