A simplificação e suas consequências ambientais
Ao contrário do que é sugerido pelo senso comum, muitas vezes a simplificação não é sustentável. E isso pode ser entendido através de um exemplo clássico na zona rural.
O desmatamento causado pela implantação de pastos e lavouras extensivas é considerado uma prática comum e simples. Porém, essa simplificação destrói indiscriminadamente todo e qualquer tipo de formação vegetal, de pequeno, médio ou grande porte, independente de sua importância ecológica, medicinal/farmacológica, ornamental, cultural, estando ou não em vias de extinção. Logo depois, o processo é agravado pela prática das queimadas resultando na transformação de toda a matéria viva, que durante anos foi formada retirando do solo os nutrientes para seu desenvolvimento e crescimento com suas funções e serviços ambientais que beneficiam tanto aos animais como ao homem. E, repentinamente, tudo isso vira cinzas. Nada poderia ser mais simples. O plantio nessa área realmente gerará uma alta produtividade devido à facilidade de absorção dos minerais que estão muito disponíveis, mas como eles são metabolizados rapidamente causam o empobrecimento do solo que, já estando morto em função das altas temperaturas que exterminaram os organismos e microorganismos presentes nas camadas superficiais do solo, levará novas áreas a serem devastadas em aproximadamente três anos. Assim, todo o processo simplificado se reinicia.
Porque essa simplificação não é sustentável?
A complexidade que acompanha a sustentabilidade está baseada na sensibilidade em examinar atentamente a natureza no sentido de assemelhar-se a ela. As diferentes formações vegetacionais (florestas, savanas, campos, etc.), independente de suas características climáticas (úmidas, sub-úmidas, semi-áridas e etc.), vivem em um equilíbrio dinâmico. E este equilíbrio, juntamente com a disponibilização gradativa de matéria orgânica, permite que essas formações vegetacionais se sustentem através da ciclagem de nutrientes promovida pelos microorganismos ali presentes. É nesse ponto que nasce a questão da cópia, ou seja, a retirada seletiva de árvores dessas florestas para a implantação de cultivos (corte seletivo) ou a poda das partes aéreas na vegetação para diminuir o sombreamento (raleamento), isso simula a queda das árvores e queda de troncos e folhas. É essencial que esse material continue na área para que, assim como nas florestas intocadas, os microorganismos possam agir e disponibilizar os nutrientes tanto para as plantas nativas remanescentes, quanto para o plantio instalado. Esses nutrientes são liberados gradativamente ao longo do tempo e o sistema fica mais rico e capaz de manter a umidade por um período mais prolongado através da cobertura morta no solo.
- Simples: Área com vegetação derrubada, queima do material, plantio, exploração do solo até sua exaustão, e conseqüente mudança de área.
- Complexo: Área manejada com corte e poda seletiva de material, disposição do material para ser degradado e disponibilizado pelos microorganismos para as plantas que, por sua vez, vão continuar tendo queda natural de troncos, folhas, flores e frutos para serem degradados e disponibilizados.
Resumindo: O que não possibilita um ciclo não gera sustentabilidade. A maioria das simplificações não respeita os processos naturais interrompendo-os, e, consequentemente quebrando os ciclos.