Sustentabilidade: Conceito, Desafios e Futuro

As primeiras ideias de desenvolvimento sustentável apareceram nos anos 1980, sugerindo crescimento para todos e a conservação de recursos para a nossa sobrevivência e das gerações futuras. Dentro desse contexto, caracteriza-se o conceito de sustentabilidade como integração das dimensões ambientais, sociais e econômicas, e aponta-se a necessidade de mudança do comportamento do consumidor para aumentar a demanda por produtos sustentáveis.
Em 1987, foi publicado o relatório Nosso Futuro Comum, expondo a situação do planeta. Este documento derivou da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), de 1983, presidida por Gro Harlem Brundtland, ficando conhecida como Comissão Brundtland. Serviu como guia para a Conferência do Rio de Janeiro, em 1992, e introduziu o conceito de desenvolvimento sustentável. O relatório não buscava prever a decadência do mundo, mas sim, a possibilidade de um crescimento econômico que incluísse a conservação dos recursos ambientais. Reconheceu os impactos que o crescimento e o desenvolvimento podem ocasionar, mas não propôs que se cessasse o progresso, e sim, que se adotassem práticas de conservação do meio-ambiente (WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT, 1991). O desenvolvimento sustentável surgiu como uma proposta de novas formas de desenvolvimento, considerando tanto o crescimento quanto o meio-ambiente.
A temática da sustentabilidade apesar de não ser um tema atual, ganhou ênfase nos últimos anos, quando a preservação ambiental tornou-se o foco das empresas e da sociedade, que vem sofrendo os impactos da destruição da natureza. Pela primeira vez, trata-se o problema como algo que vai além da questão ecológica, incorporando aspectos sociais.
Thierry Kazazian, autor do livro Haverá a Idade das Coisas Leves (2005), sugere que o pensamento ecológico desenvolveu-se nos anos 1960 como um meio de contestar a sociedade materialista, a política e a cultura da época. Se nessa década o pensamento ecológico surgiu em virtude da contracultura, foi nos anos 1970, com a crise do petróleo, que a sociedade tornou-se realmente ciente dos limites dos recursos ambientais. A crise gerou a necessidade de encontrar alternativas de energia, assim como de avaliar os processos produtivos. Foi neste período que ocorreu a primeira conferência internacional da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o assunto, em Estocolmo. Ainda na década de 1970, o consumo dos recursos naturais começou a superar a capacidade de renovação da Terra. Na década de 1980, uma sucessiva onda de desastres ecológicos evidenciou os impactos negativos de nossa busca pelo progresso. O aquecimento global, o buraco na camada de ozônio e a redução da biodiversidade são exemplos das conseqüências dos processos industriais. A consciência tornou-se global devido à evolução paralela da divulgação de informação.
A evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, como solução dos problemas ambientais e sociais derivados do progresso desenfreado, aconteceu de forma lenta. A consciência global, ou seja, a percepção do problema como de todos, é recente e exige atitudes positivas rumo à mudança. Esta levará às condições de sobrevivência das gerações atuais e futuras.
Com a temática da sustentabilidade em destaque, surge uma conscientização ecológica mais visível e a necessidade de encontrar alternativas para manter o progresso econômico, juntamente com a preservação ambiental e condições de trabalho justas. Não se pode, e nem se quer, voltar aos valores arcaicos de sobrevivência. (KAZAZIAN, 2005). O autor afirma que não se questiona o sistema capitalista em si, mas como equilibrar a divisão de bens e de renda em um mundo que apresenta enorme desigualdade local e global: “20 % da população consome 80% dos recursos naturais extraídos.
 Uma vez que não se pretende contestar esse modelo econômico, que sugere renovação constante de produtos e serviços, é preciso encontrar um modo de fazer a transição para uma sociedade sustentável, que equilibre a divisão de renda, proporcione o acesso aos bens e serviços a todos, e que preserve a natureza. O planeta atingiu um limite que não se refere somente à questão ambiental, mas também à falta de empregos, mercado e recursos para todos.
Seguindo esses preceitos, muitas empresas têm voltado sua produção para reciclagem e reaproveitamento, e surgem metas a serem atingidas por governos e nações. Em edição especial da Revista Veja (2010), Sustentabilidade, sugere-se que o que era apenas uma proposta teórica, há oito anos, tornou-se prática por parte de governos, empresas e pessoas. A mesma matéria traz opiniões de especialistas no assunto, que argumentam que sustentabilidade não se trata somente de preservação ambiental. Sabe-se que a Terra já sobreviveu a diversas extinções em massa, então o importante é encontrar maneiras do planeta sustentar a civilização moderna. Recursos existem, mas não são bem divididos e são consumidos antes que a Terra possa repô-los.

Fonte: Quadro: Sustentabilidade – artista: LuWa

As mudanças se fazem necessárias porque não há como manter o crescimento nos padrões de produção e consumo atuais. As empresas buscam em inovações tecnológicas, alternativas de energia renovável, reaproveitamento de materiais, redução do consumo de recursos naturais, entre outros processos sustentáveis.
Se no século XX a temática surgiu como estratégia de desenvolvimento, hoje, no século XXI, ela atingiu dimensão e escala maiores. Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à Presidência, disse que “o século XXI é tempo de procurar o que há de comum na diversidade de interesses e a partir daí, sem deixar de conservar o que precisa ser conservado, construir o novo inescapável”.

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