Arena da Amazônia: Legados e Perspectivas

De início, alerto que alguns podem me descredenciar como pessoa mais indicada para dissertar sobre os problemas da Copa do Mundo. Sim, comprei um ingresso e assisti os dribles de Neymar e Cia. contra os Camarões no Estádio Mané Garrinha em Brasília no dia 23.06.2014.
Autossustentável: Camisa Seleção Brasileira
Por outro lado, não sou um dos entusiastas do longo e conturbado processo que culmina no evento esportivo, apenas mais um amante do futebol e da seleção canarinho. Coisas distintas devem ser tratadas de formas distintas e uma eventual vitória não será por causa do Poder Público brasileiro, mas apesar dele.
Na área ambiental, porém, é possível vislumbrar alguns pontos positivos das medidas adotadas em alguns estádios, mesmo que não permitam desconsiderar os equívocos também nesse setor como o lançamento de aproximadamente 2,75 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera por conta do torneio de futebol conforme estudo da FGV.
A reutilização da água da chuva na Arena da Amazônia da cidade-sede Manaus pode ser citada como uma alternativa a ser celebrada, na medida em que foi considerado o alto índice pluviométrico da região e tende a ser responsável por reduções de consumo de 45% da água em relação ao funcionamento normal de arenas multiuso. Cumpre destacar que as vigas da cobertura do estádio atuam numa espécie de calha para uso nas descargas dos banheiros visando mitigar o consumo de água.
Autossustentável: Arena da Amazônia
Arena da Amazônia
Autossustentável: Arena da Amazônia
Arena da Amazônia
Noutras medidas, cita-se, aqui, a instalação de uma estação própria de esgoto e de torneiras controladas por meio eletrônico para irrigação do gramado e o reaproveitamento dos entulhos do antigo Vivaldo Lima, no qual tive o privilégio de assistir um Torneio Início do Campeonato Amazonense, como ações sustentáveis da mais nova arena desportiva de Manaus. O projeto arquitetônico, aliás, possui uma fachada no formato de uma cesta indígena que valoriza a cultura local [1].
Após versos de positividade perante a Copa do Mundo 2014, ainda cabe a constatação: o evento não se resume aos belos e modernos estádios “padrão FIFA”. Pessoalmente, sou descendente de amazonense, o que me aproxima umbilicalmente com os problemas da região.
Não se pode e nem se deve tapar o sol com a peneira como se diz na popular expressão
e graves problemas de deslocamento urbano proporcionado por um sistema caótico de transporte público ainda continuam pendentes de urgentes soluções pelo Poder Público amazonense. Noutro problema, os times de futebol do Amazonas não estão presentes nas principais divisões do Campeonato Brasileiro e como visto na Copa da África os altos custos afastam jogos de menor porte. Quem pagaria a conta de um estádio fechado? Como sempre, os próprios cidadãos.


Autossustentável: Transporte Urbano Lotado
Fonte: ACRITICA.COM
Não é demais lembrar que no ano de 2014 também serão realizadas as eleições federais e estaduais, sendo, pois, uma grande oportunidade de responder nas urnas uma indignação.
Havia um cenário propício para que o Brasil organizasse uma verdadeira Copa Verde ou uma Copa Sustentável propriamente dita. Infelizmente, o retrato apontado indica ações pontuais. Quem sabe numa próxima vez…

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