A importância da diversidade para um futuro melhor (distribuído)
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O renomado escritor em ficção científica e visionário de tecnologia William Gibson alertou: “O futuro já chegou, só ainda não está bem distribuído”.
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A constatação vem a partir de uma realidade onde o melhor oncologista do mundo já é uma inteligência artificial (AI), ao mesmo tempo em que existem 4 bilhões de pessoas sem sequer acesso à internet. A chave da questão pode estar justamente em um erro recorrente de muitos de nós: ignorar as diferenças.
Quando uma nova tecnologia surge, ela será o resultado de quem a criou – uma das valiosas constatações do curso de futurismo da Perestroika (recomendo!). Logo que os airbags passaram a ser comercializados para o mercado, em meados de 1970, houve momentos de horror. Ao invés de salvar vidas em colisões de automóveis, mataram diversas pessoas, a maior parte mulheres e crianças. Isso porque a força com que o airbag as atingia era fatal ao seu biotipo. Mas como, se isso é algo facilmente detectável em testes?
A questão é que não havia nenhuma mulher no laboratório de testes. E quando havia, dificilmente era escutada a ponto de mudar a lógica predominante masculina. Não era um local para as mulheres estarem. Enquanto isso, homens brancos, com privilégios, construíam um equipamento de segurança mortífero por ignorarem que existem pessoas com pesos, alturas e massas corpóreas diferentes.
Parece insano e é. Mas isso continua acontecendo hoje, em muitas equipes de trabalho. Basta olhar para o lado para ver cores iguais, roupas iguais, ideias e pensamentos iguais – ambiente altamente tóxico para a evolução e a distribuição de conhecimento.
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Comprovadamente, times diversificados têm uma visão mais abrangente e empática dos fatos e um poder de inovação maior que qualquer outro. Quando colocamos juntas, num mesmo propósito, pessoas de diferentes vivências, classes sociais, visões de mundo, gênero e cultura aumentamos exponencialmente a chance de um projeto urbano, produto ou serviço ser bem sucedido. É justamente na interseção entre diferenças e propósito comum que o melhor acontece.
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A teoria não é uma novidade, mas a prática vem ganhando força com a ascensão de iniciativas globais e grupos independentes. O Black Girls Code e o brasileiro Minas Programam são exemplos de movimentos de empoderamento da mulher negra num universo bem nichado e ainda hostil a elas, o da tecnologia. As iniciativas oferecem apresentação de conceitos em programação, treinamentos e qualificações para meninas que dificilmente encontrariam o mesmo espaço em outros lugares.
Organização norte americana Black Girls Code. Imagem: Good Black News |
Reprodução: Revista Fórum. Imagem: Minas Programam |
O próximo passo é colocar essas meninas e tantos outros grupos diversos para dentro das equipes e organizações que estão construindo e distribuindo o nosso futuro hoje. Só assim vamos começar a diminuir esse abismo e nos aproximar, um pouco mais, de um desenvolvimento mais sustentável, humano e próspero.