Quanto tempo você gasta se deslocando?

Na Semana Temática de Mobilidade não poderíamos deixar de abordar a questão do tempo gasto nos deslocamentos cotidianos.

Imagem: Boca Maldita

O dia a dia parece estar cada vez mais corrido e parece que as horas já não são suficientes para realizarmos todas as tarefas necessárias. Parece até que o tempo vem sendo sugado de nossas vidas. Parece? Bem, responda as perguntas a seguir e vamos ver se o deslocamento cotidiano tem sido um agente limitador do seu dia. Quanto tempo você leva de casa até o trabalho ou escola ou faculdade? Quantas horas por dia você passa em transporte público ou dirigindo?

Trânsito intenso na saída de São Paulo pela Rodovia Castelo BrancoImagem: Fábio Vieira/ Estadão/ Reprodução: G1 

Até aqueles que moram mais próximos dos locais de trabalho ou estudo têm sofrido, ultimamente, com maior tempo de deslocamento. Vamos a alguns dados para entender melhor a situação, de acordo a Confederação Nacional do Transporte, o transporte individual cresceu em um ritmo mais de 3,5 vezes maior do que a rede de trens e metrô no Brasil, aliado a isso verificamos a falta de ônibus e a baixa qualidade do transporte público, e como resultado, sentido todos os dias pela população, as cidades se tornaram gradativamente congestionadas.  O cenário de tempo gasto no trânsito é tão significativo que algumas cidades brasileiras já figuram como as mais congestionadas do mundo. Segundo ranking da Tomtom Traffic Index, empresa holandesa especializada em tráfego, a cidade mais congestionada do país é o Rio de Janeiro, que já é também a oitava cidade mais congestionada do mundo. São Paulo, que por muito tempo foi conhecida por seus longos engarrafamentos, aparece na 71ª posição do ranking mundial, perdendo para Salvador, que ficou na 28ª posição; Recife que ficou em 43º lugar; e Fortaleza, que ocupou a 47ª posição.

Ranking das cidades mais congestionadas do mundo. ImagemTomtom Traffic Index

Mesmo assim, de acordo com Pesquisa de Mobilidade Urbana, considerando o período de um ano, paulistanos ainda perdem cerca 45 dias presos em congestionamentos. Os moradores da periferia foram os mais prejudicados, já que o sistema de ônibus que opera na região é o sistema auxiliar. No Rio de Janeiro a situação se repete, moradores da Baixada Fluminense, que trabalham na cidade do Rio de Janeiro, levam cerca de duas horas no deslocamento casa-trabalho. De acordo com dados obtidos pelo Globo, a economia da Região Metropolitana do Rio é a que mais perde em todo o país por causa das longas viagens feitas por grande parte de seus trabalhadores. O custo do tempo que poderia ser investido em produtividade chegou a R$ 35,7 bilhões em 2014, 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, segundo um levantamento feito pelo economista Guilherme Vianna.

Imagem: O Globo

Além de perdas com a produtividade, devido ao cansaço das longas jornadas de deslocamento, Vianna levanta outras questões como a possibilidade de gastos com lazer com menor tempo de deslocamento casa-trabalho-casa, ou até o uso desse tempo para outros negócios, o que geraria renda e movimentaria a economia. Importante ressaltar que aqueles que mais sofrem com os deslocamentos cotidianos são os mais pobres, que por falta de ofertas de trabalhos, pela não estruturação adequada nas regiões que residem, precisam buscar empregos nas regiões mais desenvolvidas.

Comparação entre a malha metroviária no Rio Janeiro e em Xangai nos anos de 1993 e 2013. ImagemDiário do Rio

Para que esse cenário fosse, de fato, revertido, seriam necessárias melhorias estruturais do sistema de transporte público . A expansão das malhas ferroviária e metroviária, que cresceu 6,7% no Brasil inteiro entre 2011 e 2015, não acompanhou o crescimento demográfico, o número de usuários de trens e metrôs cresceu pelo menos 37% no país. No país inteiro a malha metroviária soma 309 quilômetros de extensão, número que fica aquém da malha de cidades como Xangai, Londres, Nova York ou Tóquio. E mais, das 22 regiões metropolitanas no país com mais de 1 milhão de habitantes, 10 não possuem transporte ferroviário. Para atender a atual demanda da população seria necessário ampliar em 850 quilômetros a malha ferroviária e metroviária, o que corresponde a 80% da estrutura já existente, e isso exigiria um investimento de R$ 167 bilhões.

Para uma análise mais aprofundada da mobilidade urbana no Rio de Janeiro, acessar a matéria “Rio perde R$35 bi com tempo gasto no trânsito pelos trabalhadores”.

Com informações de: Bom Dia Brasil, Estadão, G1, O Globo.

 

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