Espaços Protegidos – Por que precisamos de cercadinhos?

Quando se fala em proteção, na legislação, estamos normalmente tratando de pessoas, entes ou situações em que há uma fragilidade.

Há a proteção dos consumidores contra as ingerências das lojas, fabricantes e fornecedores; há a proteção dos idosos, por eles terem se tornado vulneráveis a fraudes e maus tratos; há a proteção das crianças e adolescentes, pois elas não possuem discernimento e poder de decisão até a maioridade; enfim, sempre que o legislador entende que possa haver algum abuso ou violação de direitos, é editada uma lei protetiva.

No caso dos espaços destinados a proteger o meio ambiente, a meta é garantir um mínimo de meio ambiente, uma reserva técnica. Também existem espaços que possuem espécies em extinção ou ecossistemas que são necessários para a manutenção da vida.

Imagem: Praia do Francês

A natureza é rica em capacidade de adaptação e retorno ao equilíbrio. Mas existem espaços, que são dignos de uma deferência, pelo seu significado para a vida como um todo, pela repercussão que possuem no coletivo.

O que sempre me inquietou nos espaços protegidos foi o cercadinho. Que um bebê necessite de limites para não se machucar e seja colocado em um cercadinho, está ok. A criança está sendo protegida. O ser humano em tenra idade precisa ser protegido dos perigos da vida.

Mas no caso do meio ambiente, a proteção é para que o homem respeite o cercadinho. Percebem? O perigo somos nós! Estamos protegendo aquele espaço da ação humana! Somos os vilões da história.

Imagem: Revista Missões

E a cada novo decreto ou lei criando ou extinguindo um espaço protegido temos muitas controvérsias e discussões. Os interesses de cada um dos 7 bilhões de habitantes diferem e mesmo em pequenos municípios há as questões de necessidade de gerar renda x necessidade de proteção.

O debate político terminará com a edição de uma lei, que delimitará o espaço protegido e o que pode ser usado para todos os outros fins. Um combinado entre todos, para que todos respeitem. E então será colocado um cercadinho.

 

Imagem: ONG Assereco

Mas o meu eterno dilema é por que precisamos do cercadinho se já combinamos? E porque diminuir o cercadinho se já concordamos que aquele espaço é essencial para a vida?

Já falei aqui sobre a cultura do excesso (clique aqui para ler). É necessário tudo isso mesmo? O que fizemos com a imensa parcela de terras não protegidas que deixamos liberadas? Ainda não conseguimos tudo o que queríamos?

 

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