4 Aprendizados que tive trabalhando por anos com Sustentabilidade em Escolas
Não poderia iniciar essa parceria com o Autossustentável de maneira mais especial do que contribuindo para a Semana Temática de Educação Ambiental, assunto parte da minha vida e atuação profissional há algum tempo.
Um dos principais aprendizados que tive ao longo desses anos atuando com programas de sustentabilidade em escolas é que não existe receita pronta. Não existe um passo a passo de sucesso que funcione igualmente para todas as instituições e que faça com que projetos saiam do papel, engajem todas as pessoas, tenham continuidade e resultados no prazo esperado. Educar para sustentabilidade envolve muito diálogo, criações coletivas, inovação, mudança de cultura, muita insistência, correr riscos e cometer erros.
Ainda assim, existem algumas características e pontos que são comuns a projetos verdadeiramente significativos e transformadores.
1. Ouvir para conhecer e engajar
Conheci inúmeros projetos que não tiveram o engajamento, resultados ou continuidade desejados por terem pulado uma etapa essencial: ouvir.
Ouvir a comunidade e seus diferentes atores cria empatia, estimula a participação de todos, permite a troca de visões e experiências diferentes e eleva os níveis de corresponsabilização.
Antes de iniciar uma horta repleta de alfaces e tomates, por exemplo, é importante compreender se isso é um desejo compartilhado entre as demais pessoas de sua comunidade. Às vezes, é uma horta medicinal que brilha os olhos, por exemplo…
2. Projetos e escolas sustentáveis devem ser pautados em valores humanos
Trabalhar com educação ambiental focando apenas na transmissão de informações para mudança de comportamentos pontuais não se sustenta muito menos é real e significativa.
A base desse processo educacional deve ser o desenvolvimento de valores humanos e de uma mudança de cultura. Cooperação, solidariedade, altruísmo, respeito e empatia são alguns dos valores essenciais para a criação de uma escola ou instituição sustentável.
3. Infraestruturas e tecnologias ambientais como meio e não como objetivo final
Hortas, coleta seletiva de resíduos, compostagem ou até painéis solares não devem ser vistos como objetivos finais de projetos de sustentabilidade. Os mesmos devem ser ferramentas pedagógicas para transformar o que há de mais importante em qualquer espaço educador: as pessoas e seus relacionamentos.
No momento de planejar a implantação de um programa de carona solidária, por exemplo, não tenha como foco central apenas a diminuição de carros nas ruas, mas sim como isso pode estreitar vínculos, criar mais respeito e empatia entre as pessoas.
4. Soluções não são simples nem individuais
“Cada um deve fazer a sua parte” ou “pequenas ações mudam o mundo” são jargões muito utilizados na educação ambiental. Porém, para solucionar e reverter os desafios na magnitude e urgência que enfrentamos atualmente, isso não se prova como suficiente.
É necessário cada vez mais espaços educadores que apoiem o processo de empoderamento das pessoas para criarem juntas soluções criativas, colaborativas e significativas; para terem uma visão sistêmica, crítica e real da complexidade e dos desafios das quais fazem parte; e para não se darem como satisfeitas apenas separando seu resíduo reciclável em casa.
Finalizo deixando uma reflexão: se conhecesse alguém que estivesse começando agora a trabalhar com educação para sustentabilidade, quais aprendizados você compartilharia? E para quem está iniciando sua trajetória, quais são suas principais angústias ou anseios?
O trabalho de Educação Ambiental nas escolas é um projeto que da certo. Mas quando se trata de politica municipal e estadual escolar ai onde encontra-se os desafios de não aberturas para tal proposta. Precisamos fazer uma frente para que os gestores municipais invistam nessa nova proposta que benefícia a todos . Vamos juntos nessa.??