Imagine sua vida sem energia elétrica. Nada de geladeira, microondas, televisão ou mesmo banho quente durante os dias frios. Isso pode parecer bem diferente de sua realidade, mas ainda é a maneira como um bilhão de pessoas que vivem no mundo. Sem eletricidade!
Nos últimos anos a situação melhorou porque se proliferaram pequenos sistemas de energia solar distribuída a clientes de baixa renda na África e na Ásia, onde vivem pelo menos 95% da população mundial sem eletricidade. Entre 1990 e 2010, o número de pessoas com acesso à eletricidade cresceu 1,7 bilhão, porém ter energia elétrica ainda é um privilégio.
É esta realidade que a organização sem fins lucrativos Litro de Luz quer mudar com uma tecnologia simples, de baixo custo, sustentável e que empodere a comunidade. A organização ensina às comunidades desfavorecidas como fazer lâmpadas solares a partir de materiais locais, como garrafas de plástico.

Embora tenha âmbito global, a iniciativa criada em 2011 nas Filipinas nasceu inspirada pela ideia do mecânico brasileiro Alfredo Moser, que em 2002 usou garrafas PET abastecidas com água e alvejante para solucionar o problema da falta de luz dentro de casa.

Desde então o projeto já foi implementado em mais de 20 países e conta com alguns números impressionantes: 1.000.000 de lâmpadas diurnas instaladas, 25.000 lampiões e 3.000 postes instalados.

Ah…e todas as soluções são construídas em conjunto, pelos voluntários do Litro de Luz e pelos moradores. A ideia é compartilhar a metodologia com os moradores para que eles próprios possam fazer a manutenção e replicar a tecnologia para outras comunidades.

Mas como isso funciona?
Lâmpadas diurnas:
O dispositivo é simples: uma garrafa PET é preenchida com água e um pouco de alvejante para inibir o crescimento de algas e encaixada em um buraco no telhado. O dispositivo funciona como um prisma: durante o dia, a água dentro da garrafa refrata a luz do sol, liberando tanta luz quanto uma lâmpada incandescente de 40 a 60 watts para o ambiente. Vale lembrar que uma garrafa solar instalada corretamente pode durar até 5 anos.
Postes:

A estrutura do poste é toda montada com canos de PVC para facilitar a colocação de cimento e fixação no solo, e possibilitar a passagem de fiação elétrica. Dentro de uma caixa hermética fixada ao corpo do poste, coloca-se a bateria e o circuito responsável pelo acionamento da lâmpada e pela transferência da energia que é captada pela placa solar para recarga da bateria. Finalmente, a placa solar é presa no topo e, para a proteção do LED, é utilizada uma garrafa PET. A cada poste, 250 quilos de CO2 deixam de ir à atmosfera, por ano.

Lampiões:
São feitos com canos de PVC, garrafas PET, placas solares e lâmpadas de LED. Construídos da mesma forma que os postes, os lampiões oferecem maior mobilidade, permitindo que os moradores os levem de um lugar ao outro.

O projeto Litro de Luzjá foi premiado internacionalmente com o World Habitat Awards 2015, da ONU, e o Zayed Energy Prize, que é considerado o prêmio Nobel de Energia Sustentável.
Com informações de: Brazil Foundation, Inc., Gazeta do Povo e Litros de Luz