As eleições, a Constituição e os direitos conquistados – A ameaça da polarização e divisão políticas
Estamos em um período complexo. Nossas atitudes vão afetando pessoas em cascata e, sem perceber, estamos gerando inúmeros danos sem precedentes.
É comum a manifestação de opinião e a ação estrondosa, que reafirmam identidade, que dão suporte à auto-estima e que repelem o que não desejo que me atinja. Faz parte deste quadro também: um fortalecimento do individualismo, o enfraquecimento dos grupos, a divisão em grupos cada vez menores e a desvinculação de valores como a responsabilidade e a flexibilidade.
O período eleitoral que não demora a encerrar esfregou em nossas caras uma triste realidade, agravada pelas reformas trabalhista e previdenciária: será difícil manter os direitos sociais. E dói no fundo do peito e da consciência ter que escrever isso.
Independentemente de ideologia ou opção partidária, sempre estudei sobre direitos sociais, previdência e meio ambiente. Todos eles representam para a nossa história constitucional, uma grande vitória; o troféu de muitas lutas e conquistas.
Fruto da mais singela e fidedigna representatividade que pudemos ter, a Constituição Federal de 1988 é um texto repleto de conquistas, de direitos e garantias, que as últimas gerações nasceram acreditando ser seu direito incontestável e irrevogável.
Um jovem não consegue ter a dimensão do que significam os calos nas mãos de seus avós. Quanto suor, quanto trabalho, quantas manhãs pensando em desistir e persistindo. Para o jovem, uma máquina faz um serviço muito mais rápido e perfeito. É difícil entender a razão para os antigos ostentarem tais marcas como troféus. Ele não entende que foram aqueles calos que garantiram um lençol quentinho, um prato farto e muitas oportunidades.
Pois bem, falando em reformas e leis, a nossa Constituição é uma senhora muito digna, sabedora de todos os desafios que ultrapassou e esperançosa de que seus filhos possam entender todo o legado que estão recebendo. Desde o início do século passado, os passos foram somando, a população criando formas de reunião e defesa dos interesses comuns, as conquistas foram sendo listadas, para que finalmente em 1988 pudéssemos ter uma grande lista de direitos em nosso patrimônio jurídico. Uma obra coletiva de valor inestimável.
O que se percebe hoje, é que o motivo de reunião passou a ser a defesa dos interesses individuais. Antes, nos juntávamos para termos força e conseguir o melhor para todos. Hoje, já temos muito, então nos juntamos para discutir como nós, poucos, conseguiremos realizar nossos objetivos individuais.
E pode isso? Claro que pode! É o que queremos? Sim, também queremos realizar nossos desejos individuais. Mas entendemos que tipos de consequências essas ações (opiniões, falas, atos, opções, decisões) terão para o todo?
Estava comentando com uns amigos há um tempo, que tanto o conhecimento quanto a consciência são caminhos sem volta. Na medida em que você começa a entender e ter consciência do que está acontecendo passa a ser impossível “fingir demência”. O que isso quer dizer? Que a maturidade traz responsabilidade e alguns princípios que passam a definir não apenas quem você é, mas a sua pegada, o seu ritmo, a dignidade do seu passo.
Mais do que querer e poder, nosso desafio agora é observar, enxergar, entender as consequências de nossas opções.
+ amor
+ solidariedade
+ valorização do que já é nosso e estamos em vias de perder
– opinião pública sobre tudo
+ compromisso em ser um cidadão responsável
– rivalidade
+ definição de objetivos coletivos
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STEFFEN, Janaína. As eleições, a Constituição e os direitos conquistados – A ameaça da polarização e divisão políticas. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2018/10/as-eleicoes-a-constituicao-e-os-direitos-conquistados-a-ameaca-da-polarizacao-e-divisao-politicas.html>.