Cinema Ambiental: um importante recurso para despertar a consciência
O cinema ambiental surgiu, na década de 1980, como forma de representar a veiculação das questões ambientais nos festivais. O termo ainda é muito recente quando comparado ao cinema em si, e é enquadrado na categoria temática e não estética, o que o torna bem complexo, porque há a possibilidade de trabalhar outros assuntos no mesmo filme.
Não é que antes da década de 1980 não tenha se falado sobre questões ambientais, porém, elas eram introduzidas de outra forma. No Brasil, por exemplo, o cinema ambiental contou com três fases: dos primeiros filmes nacionais até o começo da década de 1930, as abordagens eram centradas nas belezas naturais brasileiras e nas florestas quase inexploradas; da década de 1930 até a década de 1950, abordavam o exotismo das regiões e exaltavam o progresso urbano que estava latente; já a partir da década de 1960, com o surgimento do cinema socioambiental, o cinema ecologicamente engajado, as abordagens apareceram com tom de denúncia, envolvendo questões de sobrevivência do homem em seu habitat.
Na atualidade, o cinema com temática ambiental tem assumido um status muito importante, envolvendo ambientalistas, educadores, produtoras, e muitos outros profissionais de diferentes áreas. O cinema ambiental compreende tanto filmes e vídeos selecionados e premiados em festivais de cinema ambiental, quanto filmes utilizados por educadores em atividades de educação ambiental, e também vídeos utilizados como veículo de divulgação de projetos ambientais institucionais e ações ambientalistas.
O caráter ambiental de alguns vídeos sempre foi muito ligado às concepções de meio ambiente como natureza imóvel, para ser observada e preservada, ou então da natureza vista como recurso, onde o homem gerencia esse processo, e ainda, como problema que necessita ser resolvido. Pode-se dizer então, que grande parte desses vídeos é utilizada para difundir que os problemas ambientais advêm da relação desequilibrada entre os seres humanos, a natureza, e outras espécies. E também que as soluções dependem da mudança de hábitos e comportamentos da população, apresentando, muitas vezes, práticas mais adequadas a serem seguidas para que o equilíbrio seja restaurado.
Mas como a discussão voltada para temática ambiental no cinema pode trazer benefícios para a sociedade? E por que essa discussão é tão importante?
O cinema pode ser considerado como uma fonte de informação, como qualquer outra mídia, podendo influenciar diretamente as percepções e concepções do público, e tem se mostrado muito importante no debate ambiental desde sua criação.
A linguagem cinematográfica utilizada como recurso na construção de conhecimentos, se torna eficaz porque pode integrar a realidade individual com o meio natural, e desta forma, desenvolver no sujeito a sensibilidade e a percepção do universo. Essa linguagem, que acaba se tornando acessível, possibilita a integração do indivíduo com o meio, fazendo com que o espectador tenha a sensação de reconhecimento e possa se identificar, e mais do que isso, possa identificar todo o processo de degradação pelo qual o planeta vem passado.
O cinema pode proporcionar uma perspectiva que está situada no presente, mas que a interliga com o passado e o futuro, ele parte do concreto, do próximo e até real e desperta todos os sentidos – a imagem apoia a fala, a narrativa, as histórias que são contadas. Todos os elementos de um filme se unem para gerar uma sensibilização no espectador que pode, de alguma forma, repensar nas suas atitudes e práticas.
São esses alguns dos motivos, que tornam o cinema tão significativo no campo dos debates ambientais, auxiliando nos processos educacionais e de sensibilização, para tomada de consciência e formação de pensamento crítico de todos nós, que são tão necessários nesse momento, na tentativa de transformação social e ambiental.
Referências:
- FERREIRA, Thais Arruda. Reflexões sobre o cinema ambiental: uma abordagem multidisciplinar. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas/ UNICAMP. São Paulo: Limeira, 2013. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000905790>.
- MORÁN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Comunicacão e Educacão, São Paulo, (2): 27 a 35,jan/abr. 1995. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36131/38851>.
- SERRA, Glades M. Debei; ARROIO, Agnaldo. O meio ambiente retratado em filme: uma análise comparativa entre ficção e documentário. Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ), Universidade Federaldo Paraná – Curitiba/PR, 21 a 24 de julho de 2008. Disponível em: <http://bohr.quimica.ufpr.br/eduquim/eneq2008/resumos/R0385-1.pdf>.
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MARIA, Flávia. Cinema Ambiental: um importante recurso para despertar a consciência. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/09/cinema-ambiental-um-importante-recurso-para-despertar-a-consciencia.html>.