Está na hora da Economia Circular!

Há dez anos falar em economia circular era tão inovador que para algumas pessoas poderia parecer algo muito distante. Para os entusiastas e os que acreditam em mudanças profundas na forma de se conduzir negócios, repensar comportamentos e desenvolvimento, a transformação já havia iniciado. O conceito tomou enormes proporções e diversos países na Europa já incluíram a economia circular em suas políticas públicas e universidades em todo mundo já possuem cadeiras e cursos de aprofundamento no tema.

A Ellen MacArthur Foundation se tornou a grande propagadora da transição para a economia circular e atualmente é, sem dúvida, uma das instituições mais respeitadas e com maior propriedade no assunto. Sem contar que a própria fundadora tem uma história fascinante e inspiradora, uma velejadora profissional que passou anos dando a volta ao mundo e analisando os impactos nos recursos naturais do modelo linear (‘extrair, produzir, desperdiçar’) que prevalece na economia mundial.

Imagem: Autossustentável.

Pode-se definir a economia circular como uma nova forma de se produzir, consumir, relacionar e fazer negócios. Visa sim o crescimento econômico, contudo, sem ser fundamentado na extração desmedida de recursos naturais da terra que além de serem finitos, estão chegando aos seus limites físicos de regeneração e perpetuação. A economia circular é um modelo econômico que implica em não produzir resíduos e poluição por princípio, através de fontes renováveis de energia e com benefício para toda sociedade (EMF, 2020).

Em seu relatório Rumo à Economia Circular: o racional de negócio para acelerar a transição, a EMF (Ellen MacArthur Foundation), explica que “o objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo, distinguindo entre ciclos técnicos e biológicos.” Se fossemos nos aprofundar nesses ciclos, isso renderia outro artigo, por isso o objetivo aqui é entender os conceitos e quem são os grandes pensadores que levantaram essa bandeira.

Fonte: UNIDO (The United Nations Industrial Development Organization).

Existem algumas escolas de pensamento que impulsionam a propagação da economia circular, três delas, super interessantes, merecem destaque:

  1. O Cradle to Cradle (Do Berço Ao Berço) que tem como princípio que o lixo é um erro de design, e que os materiais devem ser desenvolvidos de forma que ao final de sua vida útil se tornem insumos para novos materiais.
  2. A Biomimicry (Biomimética) que imita as estratégias encontradas na natureza para os desafios de design, como, por exemplo, por que não aprender com os mosquitos como criar uma agulha que doa menos?!
  3. E o Blue Economy que tem como um dos pilares, o desenvolvimento e consumo local, de forma a redefinir serviços, produção, consumo de forma equilibrada. Todos eles foram liderados por grandes figuras que merecem destaque em próximos artigos.

Não precisamos ir longe para buscarmos exemplos de economia circular. A cidade de Curitiba possui um modelo de sustentabilidade urbana que merece destaque no transporte público. Cadeiras da Ikea voltam a ser cadeiras ao final de sua vida útil; carpetes de umas das maiores marcas do mundo se transformam em carpetes novamente, gerando economia para o consumidor, que ao retornar o antigo carpete ganha desconto para adquirir um novo. Uma incrível cidade na China foi construída totalmente sob os pilares e preceitos da economia circular, ou seja, a mudança já começou.

Imagem: Renova Energías.

Os benefícios de uma transição para economia circular são evidentes, desde fatores como criação de empregos e geração de renda até reduzir drasticamente os impactos ambientais. Os desafios são enormes, e no Brasil, especialmente, traduzidos em logística para que os resíduos retornem ao processo industrial; políticas públicas; P&D (pesquisa e desenvolvimento) para novos produtos; e profissionais que possam ocupar cargos nas mais diferentes empresas e indústrias, levando o conceito à prática. A grande sacada da economia circular é a transição para serviços, isso é, as pessoas não precisam ter um carro ou uma máquina de lavar louças. O que elas realmente precisam é se locomover e ter suas roupas limpas, certo? A ideia é a durabilidade dos bens materiais, através de serviços de manutenção, aluguel e leasing. Genial!

Os próximos artigos trarão oportunidades de aprofundamento em cada tema, pois a economia circular é interessante demais e muito ampla para entrar em cada detalhe. A sugestão aqui é esclarecer possíveis dúvidas e amplificar o conhecimento sobre o assunto. Não deixe de nos acompanhar nessa jornada!

Referências:

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LAZZAROTTO, Aline. Está na hora da Economia Circular!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/10/esta-na-hora-da-economia-circular.html>.

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