Mudanças Climáticas no Cinema Ambiental: um pedido de socorro da Terra

As mudanças climáticas ocasionadas pelo ser humano têm se intensificado nas últimas décadas e gerado debates sobre como superar esse problema de ordem não apenas ambiental, mas também social e político.

As discussões sobre as mudanças climáticas envolvem desafios relacionados à ciência, à tecnologia e às práticas sociais (baseadas no progresso tecnológico e científico e pautadas na produção e consumo dos recursos naturais de forma insustentável).

Imagem: Pixabay.

Debater sobre como a sociedade é, ao mesmo tempo, a força motriz do problema e da solução, foi encontrando caminhos em diferentes meios, sobretudo, na comunicação ambiental. Há indícios de seu surgimento no final da década de 1960 nos Estados Unidos, como forma de alertar as populações ao redor do mundo sobre as mudanças climáticas e problemas ambientais, utilizando relatos e diários de viagens que eram publicados em revistas científicas.

Essas publicações eram uma tentativa de informar o público geral, capacitar os cidadãos para entenderem o que estava acontecendo com o meio ambiente e despertar o interesse em ajudar.

Foi assim, influenciado pela comunicação ambiental, que surgiu o cinema ambiental. Se a intenção era falar do problema para incentivar as pessoas a pensarem em como ajudar diante da emergência dessa discussão, a melhor forma de atingir um grande número de pessoas era utilizando um entretenimento de massa.

“Uma Verdade Inconveniente”, documentário de 2006. Sinopse: O documentário analisa a questão do aquecimento global, a partir da perspectiva do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, mostrando os mitos e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.

A representação nas telas dos danos causados pelas mudanças climáticas sejam as mais reais (que já estão acontecendo) ou até mesmo de grandes catástrofes – pensando em um futuro, caso o ser humano não mude sua forma de viver, produzir e consumir de acordo com os limites do planeta – pode causar impacto nas pessoas.

Os filmes ambientais passaram a ser instrumentos importantes para auxiliar no combate às alterações climáticas, utilizando vários gêneros fílmicos. Esses filmes chegam aos espectadores com facilidade, pelo circuito tradicional de distribuição e também por meio dos Festivais Ambientais que passaram a ganhar força nos anos 1990.

Para que um filme entre na categoria de temática ambiental, ele precisa, além de retratar a dicotomia urbano e natural, trazer motes centrais focados no meio ambiente, seja em sentido de denúncia, informação ou como pano de fundo.

Portanto, não somente os documentários – que trazem denúncias sobre os desmatamentos, extinção de biomas, aquecimento global, pobreza e tantos outros problemas relacionados ao meio ambiente – podem ser utilizados para alertar a sociedade e consequentemente, apresentar possíveis soluções e iniciativas de mudança.

Os filmes de animação que envolvem também as crianças na preocupação com o meio natural têm se tornado muito frequentes e bons aliados para explicarem para os pequenos a importância do cuidado com a natureza; as ficções científicas e os famosos filmes catástrofes, mesmo forçando a realidade ao falar das mudanças climáticas, são capazes de gerar certa preocupação em espectadores mais sensíveis à temática.

“Animais Unidos Jamais Serão Vencidos”, animação da PlayArte de 2011. Sinopse: Os animais que habitam um delta africano esperam pela cheia anual do rio, mas descobrem que os humanos estão destruindo a área para construir um balneário. Billy, um suricato, e seu amigo Sócrates, um leão, tentam salvar seu território.

É importante ter em mente, que a combinação do real com o imaginário pode promover um cenário que imita a diversidade cultural da sociedade, assim como os valores (tanto individuais quanto coletivos) e tudo que estamos reproduzindo. Ilustrar para a sociedade em geral como chegamos na situação atual, mostrando possíveis futuros, caso nosso modo de produção seja mantido, é urgente e o cinema ambiental, desde seu surgimento tem um papel importante para ecoar o pedido de socorro do planeta Terra.

Referências:

  • AGUIAR, S.; CERQUEIRA, J. F. B. Comunicação ambiental como campo de práticas e estudos. Comunicação e Inovação. São Caetano do Sul: n. 24, v. 13, p. 11-20, 2012. Disponível em: <https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/view/1474/1191>.
  • CERQUEIRA, J. F. B.; COUTINHO, R. “Mudança Climática e Cinema de Animação: Uma análise ecocrítica das séries Capitão Planeta e os Planetários (episódio The Ozone Hole, 1991) e Os Pinguins de Madagascar (episódio Operation Big Blue Marble, 2012)”. Investigar o cambio climático na interface entre a cultura científica e a cultura común: 163. Disponível em: <https://bit.ly/2JPa9ju>.
  • KORNIS, M. A. História e cinema: um debate metodológico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 237-250. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1940/1079>.
  • GUIDO, L. F. E.; BRUZZO, C. Apontamentos sobre o cinema ambiental: a invenção de um gênero e a educação ambiental. Rev. Eletrônica Mestrado Educação Ambiental, v. 27, julho a dezembro de 2011. Disponível em:  <https://www.seer.furg.br/remea/article/view/3249/1933>.

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MARIA, Flávia. Mudanças Climáticas no Cinema Ambiental: um pedido de socorro da Terra. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/mudancas-climaticas-no-cinema-ambiental-um-pedido-de-socorro-da-terra.html>.

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