Pequeno Guia para Compostagem Doméstica: saiba o que fazer com os resíduos orgânicos
O resíduo orgânico é um material de grande potencial e que pode virar energia, combustível e adubo da melhor qualidade. No Brasil, calcula-se que são produzidos em média 37 milhões de toneladas de resíduos orgânicos por ano. Ainda mais assustador é saber que deste lixo, apenas 1% é reaproveitado.
Mas você sabia que pode compostar seus resíduos orgânicos em casa, diminuir o descarte de lixo nos aterros sanitários e ainda produzir terra para as suas plantas (e dos seus amigos) sem complicação. Interessante, certo?
São três as principais formas de compostagem doméstica:
- Vermicompostagem
- Compostagem Bokashi
- Compostagem Seca
A compostagem doméstica é educativa e nos conecta com nossa alimentação, com o impacto que temos no mundo e com a natureza que está em todo lugar. Aqui você terá uma visão geral sobre estes três tipos para poder escolher qual o tipo que melhor se adapta ao seu ambiente e cotidiano.
Vermicompostagem
É a compostagem feita com o uso de minhocas (em especial as californianas), que ingerem os restos da cozinha e transformam em húmus de minhoca. O processo pode ser feito artesanalmente em caixas de plástico ou em compostores já específicos para este fim.
Como acontece
Primeiramente você precisa ter o equipamento adequado, as minhocas e material úmido e seco (em proporção entre 1:1 e 1:2). A pilha de composto é iniciada com material seco e intercalada com o úmido, que sempre deverá ser coberto para evitar que moscas e outras pragas sejam atraídas. Estas camadas devem repetir-se até que a primeira caixa esteja completa.
Existe aqui a última gaveta, reservada para a produção do chorume que, neste caso, é um biofertilizante super concentrado e sem cheiro, que pode ser diluído em água na proporção 1:10 e utilizado para a rega das plantas.
Pontos positivos
- Funciona perfeitamente em apartamentos e locais sem acesso ao exterior;
- Grande parte dos resíduos da cozinha é apropriada para esta compostagem;
- As minhocas tornam o processo bastante rápido e eficiente;
- O espaço ocupado pelo compostor pode ser adaptado à sua realidade;
- Não atrai pragas e nem tem cheiro;
- A população de minhoca se auto-regula e cresce ou não conforme o espaço disponível;
- O chorume é mais um fertilizante resultante desta compostagem;
- O contato com a terra é relaxante e diminui o estresse.
Pontos não tão positivos
- Alguns alimentos não podem ser colocados no compostor (cítricos, carnes, alimentos cozidos, entre outros);
- É preciso alguma atenção até se entender a relação entre alimento seco e úmido;
- A temperatura precisa ser amena e o compostor deve estar abrigado do sol, da chuva e do frio.
Compostagem Bokashi
Apesar de pouco conhecida, a compostagem Bokashi tem ganhado espaço devido ao seu tamanho compacto e facilidade de utilização. Aqui utiliza-se o farelo de Bokashi: um farelo de cereais e açúcar (ou melado) que contém microorganismos capazes de fermentar os resíduos.
Como acontece
Nesta técnica tem-se duas etapas: a primeira é mais comprida e é onde há a fermentação anaeróbica (sem oxigênio) dos resíduos feita por microorganismos do farelo de Bokashi; a segunda é onde mistura-se o produto da fermentação juntamente com a terra e cria-se o adubo de fato. O seu tamanho mini e a pouca necessidade de manutenção são os grandes destaques deste tipo de compostagem.
Pontos positivos
- A compostagem aceita uma grande variedade de resíduos, incluindo carnes, ossos, cítricos, etc.;
- Não requer matéria seca na mistura;
- Não tem cheiro;
- O seu tamanho é inferior aos outros compostores e é bastante adequado aos meios urbanos.
Pontos não tão positivos
- É necessário adquirir ou fazer farelo Bokashi para a fermentação;
- O processo tem duas etapas e é preciso uma “segunda compostagem” para finalizar o processo.
Compostagem Seca
Esta compostagem é mais longa, mas se adapta àqueles que têm acesso ao terreno e podem usufruir da ação da própria natureza e dos microorganismos do solo. Pode ter tamanhos diversos (desde o mini até o industrial) e, apesar de levar mais tempo para se concluir – por depender exclusivamente da ação dos microorganismos – é uma solução para quem possui muita matéria seca (como folhas secas do jardim) e não se sente confortável em compostar dentro de casa.
Como acontece
Esta compostagem se resume em juntar a matéria seca (folhas secas e verdes, galhos, grama cortada, etc.) e material úmido (restos de comida, borra de café, casca de ovos, etc.), sempre mantendo o material úmido coberto. O tempo se encarrega do processo, sendo necessário mexer o composto para trazer oxigênio para toda a pilha de compostagem, até que tudo se torne composto.
Pontos positivos
- Pode ser feito em tamanhos diversos e, portanto, compostar quantidades maiores;
- Aceita resíduos diversos sejam da indústria, urbanos ou agrícolas;
- Possibilita ver todo o processo e acompanhar os estágios de decomposição.
Pontos não tão positivos
- É a mais demorada: em média o processo leva de 3 a 6 meses;
- É necessário cuidado extra com pragas (principalmente roedores);
- Ocupa mais espaço e requer acesso ao solo.
Independente do tipo de compostagem escolhida, a gestão dos resíduos orgânicos é uma das soluções para revolucionar a forma que vemos o lixo, o nosso consumo e a nossa responsabilidade e escolhas pessoais. Já escolheu qual se adapta melhor à tua realidade?
Abaixo destacamos estes três projetos que buscam e oferecem novas soluções para a destinação dos resíduos orgânicos, são eles:
Ciclo Orgânico: O projeto situa-se no Rio de Janeiro e cuida dos seus resíduos através de uma assinatura mensal, que garante diversas recompensas. Os resíduos são recolhidos na sua casa de bicicleta e a compostagem é feita todinha por eles.
Morada da Floresta: A Morada da Floresta existe desde 2009 e é uma empresa de soluções para a sustentabilidade, que vão desde compostores a coletores menstruais. A gama de produtos é grande e super interessante. Vale conhecer!
Mudatuga: O projeto foi criado por três mulheres brasileiras em Portugal e é um sucesso. Elas fazem formação para quem deseja aprender mais sobre os processos e desmistificam a compostagem com bom humor. Recomendamos seguir nas redes sociais e participar das aulas (que também acontecem online).
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Saiba como colocá-lo nas referências:
MOSS, Luana. Pequeno Guia para Compostagem Doméstica. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/10/pequeno-guia-para-compostagem-domestica-saiba-o-que-fazer-com-os-residuos-organicos.html>.