Lixões, aterros sanitários e incineradores
A concentração demográfica nas grandes cidades e o grande aumento do consumo de bens geram uma enorme quantidade de resíduos de todos os tipos. Toneladas de matérias-primas, procedentes tanto das residências como das atividades públicas e dos processos industriais, são industrializadas e consumidas gerando rejeitos e resíduos, que são comumente chamados lixo. Seria isto lixo mesmo? Lixo é basicamente todo e qualquer material descartado, proveniente das atividades humanas.
Como se percebe, o lixo é gerado em todos os lugares. E se a este for dado um destino final inadequado?
O lixo que é retirado pelos caminhões coletores da porta de nossas casas vai para algum lugar. Muitas vezes esse lugar é impróprio, isto é, o lixo é jogado numa porção de terreno, sem nenhuma preparação para evitar os danos que ele pode causar. Esses locais chamam-se depósitos clandestinos de lixo ou lixões.
Mas há também lugares onde o lixo recebe algum tipo de tratamento, seja ele incinerado ou alocado em aterros, com normas de controle.
E afinal, qual o destino para aquele saco de lixo?
Depósitos Clandestinos
São aqueles locais onde um determinado cidadão ou empresa começa a descartar seu lixo. Em poucos dias o monturo vai-se avolumando e muitos começam a jogar seus dejetos lá. Esses depósitos representam uma grave ameaça à saúde pública, devem ser combatidos e denunciados.
Se você tem conhecimento de algum depósito clandestino de lixo, denuncie-o ao órgão responsável pelo controle ambiental em seu estado ou município.
Lixões
Os lixões também são depósitos de resíduos a céu aberto, sem qualquer planejamento ou medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. No local também não há nenhum controle ou monitoramento dos resíduos depositados.
Como não há impermeabilização ou qualquer sistema de tratamento de efluentes líquidos, o chorume (líquido de cor negra característico de matéria orgânica em decomposição) penetra pela terra levando substâncias contaminantes para o solo e para os lençóis freáticos.
Além disso, atrai vetores de doenças, como germes patológicos, moscas, mosquitos, baratas e ratos. Entre as doenças que são geradas pelo acúmulo de lixo, temos: dengue, febre amarela, febre tifoide, cólera, disenteria, leptospirose, malária, esquistossomose, giardíase, peste bubônica, tétano e hepatite A.
O lixão traz ainda mais um problema: atrai a população mais carente e desempregada, que está ali para coletar matérias-primas a fim de sobreviver.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/2010, previa para agosto de 2014 o fim dos lixões, mas com a sanção do novo marco do saneamento básico os prazos foram atualizados, definindo que capitais e regiões metropolitanas têm até 2 de agosto de 2021 para acabar com os lixões, enquanto cidades com mais de 100 mil habitantes têm até agosto de 2022 como prazo final. Os municípios que têm entre 50 e 100 mil habitantes terão até 2023 para eliminar o problema e as cidades com menos de 50 mil habitantes até 2024.
Incineradores
Incineradores são grandes fornos, com temperaturas que vão de 900° e pode chegar a 1250°C, onde o lixo sofre uma queima controlada por filtros, com a finalidade de evitar que os gases formados na combustão dos materiais atinjam e poluam a atmosfera.
O tempo de residência em que o material será incinerado, é controlado para permitir a quebra orgânica do resíduo, de modo a reduzir o volume e diminuir o risco de toxicidade do material. Assim, o volume do lixo é reduzido em até 85%, mas ainda assim há uma sobra de cinzas e dejetos (os outros 15%), que precisam necessariamente ser levados para um aterro sanitário.
Os incineradores têm alto custo de implantação, manutenção e operação e existe muita polêmica sobre a segurança dos sistemas de filtragem, pois há evidências de que mesmo pequenas falhas podem liberar gases altamente tóxicos, causadores de câncer. Os incineradores são, entretanto, a forma mais indicada de tratamento para alguns tipos de lixo, como os resíduos hospitalares e resíduos tóxicos industriais.
Aterros Controlados
O aterro controlado é uma solução intermediária entre o lixão e o aterro sanitário, e consiste em uma tentativa de transformar os lixões em aterros, minimizando os impactos ambientais associados ao acúmulo de lixo em áreas sem nenhum tipo de tratamento para efluentes líquidos e preparação do solo.
No entanto, os aterros controlados não recebem impermeabilização do solo nem sistema de dispersão de gases e de tratamento do chorume gerado. Apenas recebem uma cobertura de argila, terra e grama, que ameniza o cheiro do lixo e a consequente proliferação de insetos e animais que buscam alimentos nos lixões.
Aterros Sanitários
Aterros sanitários são a realidade que o Brasil busca ter desde a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e, ainda a melhor solução para o lixo que não pode ser reaproveitado ou reciclado.
Trata-se de áreas de terreno preparados para receber o lixo, impermeabilização do solo feita em camadas e com sistema de drenagem para o chorume (líquido preto e tóxico que resulta da decomposição do lixo), que é levado para tratamento, sendo depois devolvido ao meio ambiente sem risco de contaminação, além de captação dos gases liberados, como metano, seguida da sua queima.
As construções desses aterros são pautadas em normas e critérios da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que permitem a confinação segura do lixo, em termos de controle da poluição ambiental e proteção do solo, do lençol freático, das águas superficiais e da atmosfera.
Todos os municípios deveriam ter um aterro para deposição do seu lixo. Dependendo do volume de lixo gerado, existem aterros que podem ser implantados sem a necessidade de um grande dispêndio de recursos, sendo acessíveis a qualquer Orçamento Municipal.
Pressione o prefeito e os vereadores de sua cidade a implantarem um aterro sanitário o mais rápido possível, para armazenamento do lixo. Não aceite desculpas, como falta de recursos: o aterro sanitário é tão necessário à manutenção da saúde em seu município quanto as demais atividades do governo municipal.
A eliminação e possível reaproveitamento do lixo são um desafio ainda a ser vencido pelas sociedades modernas. Qualquer iniciativa neste sentido deverá absorver, praticar e divulgar os conceitos complementares de redução, reutilização e reciclagem.
Coleta Seletiva
É um processo que consiste na separação e recolhimento dos resíduos descartados por empresas e pessoas. Desta forma, os materiais que podem ser reciclados são separados do lixo orgânico (restos de carne, frutas, verduras e outros alimentos). Este último tipo de lixo é descartado em aterros sanitários ou usado para a fabricação de adubos orgânicos.
No sistema de coleta seletiva, os materiais recicláveis são separados em: papéis, plásticos, metais e vidros. Existem indústrias que reutilizam estes materiais para a fabricação de matéria-prima ou até mesmo de outros produtos.
Pilhas e baterias também são separadas, pois quando descartadas no meio ambiente provocam contaminação do solo. Embora não possam ser reutilizados, estes materiais ganham um destino apropriado para não gerarem a poluição do meio ambiente.
O lixo hospitalar também merece um tratamento especial, pois costuma estar infectado com grande quantidade de vírus e bactérias. Desta forma, é retirado dos hospitais de forma específica (com procedimentos seguros) e levado para a incineração em locais especiais.
A coleta seletiva de lixo é de extrema importância para a sociedade. Além de gerar renda para milhões de pessoas e economia para as empresa, também significa uma grande vantagem para o meio ambiente uma vez que diminui a poluição dos solos e rios. Ela também contribui significativamente para a vida útil do aterro sanitário, uma vez que a quantidade de resíduos que será descartado para o aterro é menor. Este tipo de coleta é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável do planeta.
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SOUZA, L. B. Leonardo. Lixões, aterros sanitários e incineradores. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/11/lixoes-aterros-sanitarios-incineradores.html>.