Por que é urgente falar de COP 26?
É outono onde moro. Ontem, abri meu app “Tempo” e vi que a previsão para o próximo sábado era de neve. Dia 06 de novembro! Normalmente, começa a nevar no final do mês. Mas o que ainda há de “normal” quando se fala de clima, não é?
Estamos iniciando a COP 26 (Conferência das Partes – a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) e os países estão reunidos por mais um ano para discutir o presente. Há quase 30 anos, quando os 196 países aderiram à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) a preocupação era com o futuro. Hoje, sabe-se que é preciso não piorar o estado atual.
A pauta principal esse ano será avaliar o que já tem sido feito. Depois do grande avanço da reunião de 2015 (que levou ao Acordo de Paris), os países finalmente concordaram que é preciso manter o aquecimento global abaixo de 2ºC acima da média pré-industrial. O objetivo é chegar a no máximo +1,5ºC. Para isso, cada país tem que produzir um documento chamado “Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs)”. É isso que está sendo avaliado.
O Brasil elaborou e divulgou um documento que irá apresentar na reunião. Nomeado de “Programa Nacional de Crescimento Verde”, a ideia aparentemente é financiar projetos que tenham “alguma característica verde. Energias renováveis, agricultura de baixo carbono, ecoturismo, renovação florestal”, segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite [1], que não explicou muito bem como isso seria feito. O nosso país não conseguiu atingir as metas estabelecidas em 2015. Aliás, em 2020 o Brasil aumentou a produção de carbono em cerca de 10% [2] segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.
A boa notícia é que nossas universidades continuam produzindo boa ciência para trazer propostas concretas contra o aquecimento global. O “Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa”, sediado na USP, irá até Glasgow, na Escócia, para participar do International Technology Centres Summit & Research Study [3]. Esse é um dos vários eventos que acontecem paralelamente à COP 26. O grupo vai apresentar os caminhos que o Brasil tem para se tornar exemplo de país que reduziu a produção de gases de efeito estufa.
Como é possível observar, para além de um momento de reuniões e tomada de decisões entre as partes (países) aderentes da UNFCCC, várias organizações não governamentais e centros de pesquisa sempre compõem o cenário das COPs. É o momento que temos para congregar todos aqueles envolvidos no desafio da manutenção de um planeta habitável para os quase oito bilhões de habitantes e seus descendentes.
As esperanças estão renovadas desde que os EUA decidiram retomar o protagonismo no enfrentamento do problema. Veremos quais serão as decisões tomadas e suas consequências em breve. A verdade é que não há mais tempo para negociação.
Referências e Sugestões de Leitura:
[1] G1. Sem detalhar, governo anuncia comitê para incentivar ‘projetos verdes’ a uma semana da COP26. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/10/25/sem-detalhar-governo-cria-comite-para-promover-instrumentos-de-mercado-ambientais-e-incentivar-projetos-verdes.ghtml
[2] G1. COP26: Na contramão do mundo, Brasil teve aumento de emissões de CO2 em ano de pandemia. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-26/noticia/2021/10/28/cop26-na-contramao-do-mundo-brasil-teve-aumento-de-emissoes-de-co2-em-ano-de-pandemia.ghtml
[3] Jornal da USP. RCGI vai apresentar, na COP-26, o potencial brasileiro de reverter emissões de carbono. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/rcgi-vai-apresentar-na-cop-26-o-potencial-brasileiro-de-reverter-emissoes-de-carbono/
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OLIVEIRA, Tassi. Por que é urgente falar de COP 26?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/11/por-que-e-urgente-falar-de-cop-26.html>.