Como trazer a discussão sobre Justiça Climática para a sala de aula?
Nosso planeta já sofre atualmente as consequências da emergência climática e os cientistas deixaram claro no último relatório do IPCC que as ações antrópicas são a causa dessa intensificação do aquecimento da Terra [1]. Entretanto, definitivamente não sofremos os impactos de forma equitativa.
Os termos “injustiça climática” e “racismo ambiental” trazem justamente esse debate: as populações mais vulneráveis e oprimidas são as mais afetadas, as que menos contribuíram com o problema e que são pouco representadas nas mesas de proposição de soluções e políticas públicas.
Tenho visto essa pauta muito mais presente nos meios de comunicação, produções acadêmicas e até na última COP realizada em Glasgow. Entretanto, a escola, como aliada fundamental no enfrentamento da emergência climática, também precisa acompanhar e inserir o debate em suas propostas e ações.
Elenco aqui algumas dicas e possibilidades para iniciar o trabalho com justiça climática na escola – entendendo que tudo isso depende sempre do contexto, faixa etária e maturidade dos grupos.
Estudar e dialogar sobre o tema
É essencial buscar conhecimento e trocar com outros educadores sobre o assunto. Proponha grupos de estudos, leitura de livros e artigos, rodas de diálogo e caso sinta necessidade, convide algum especialista para conversar com o grupo.
Conhecer e apresentar outras lideranças climáticas
Os jovens e crianças precisam ter outras referências para além da Greta Thunberg. Lideranças negras, indígenas e quilombolas como Txai Suruí, Paloma Costa e Vanessa Nakate.
Contar histórias
Compartilhar histórias de comunidades e pessoas que foram impactadas pela emergência climática, com nomes, rostos e endereços costuma sensibilizar e criar mais empatia.
Analisar imagens e realizar exposições fotográficas
Imagens têm um potencial muito grande de serem disparadoras para vários debates e diferentes interpretações. Observar fotos de eventos climáticos extremos ou até mesmo bairros com maior poluição ou contaminação pode trazer reflexões sobre o que essas comunidades têm em comum.
Propor jogos de papéis
Se colocar no lugar de um grupo de atores, comunidades e até países para dialogar com outros grupos pode ser uma atividade muito rica para o debate sobre justiça climática. Como seria estar na COP 27 como representante de Tuvalu, uma ilha no Pacífico que pode desaparecer do mapa com o aumento do nível do oceano?
Assistir a filmes e documentários
Assim como as fotos, o audiovisual tem um potencial enorme de sensibilização e de fonte para de debates.
Se conectar e se inspirar com outros movimentos e grupos
Inspire-se e conecte-se com outros grupos que estejam discutindo sobre a temática e até mesmo lutando por justiça climática. É importante que possamos nos fortalecer e enxergar caminhos possíveis e grupos atuantes.
O tema é complexo e pode parecer desafiador para muitos, mas não podemos mais encarar desafios ambientais sem colocar o debate sobre justiça social e o fim das desigualdades e opressões na conversa. Afinal, como bem colocou Robert Gilman, “não existem problemas ambientais, existem apenas sintomas ambientais de problemas humanos”.
*Se você já fez algum trabalho sobre justiça climática em sua escola ou qualquer outra instituição, comenta aqui que vou adorar conhecer. E se tiver qualquer dúvida, estou também à disposição para o diálogo.
[1] IPCC. Climate Change 2021, The Physical Science Basis, 2021.
Gostou do nosso conteúdo e quer fazer referência deste artigo em um trabalho?
Saiba como colocá-lo nas referências:
RIBEIRO, Livia. Como trazer a discussão sobre justiça climática para a sala de aula?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/12/como-trazer-a-discussao-sobre-justica-climatica-para-a-sala-de-aula.html>.
Um Otimo texto para refletirmos o que é Realmente a importancia de protecao do Meio Ambiente .
Tambem concordo todos recomendacoes que foram sugigeridos neste contexto.