“Marmitar” é preciso!

Não é incomum ver diversas pessoas carregando consigo suas marmitinhas feitas em casa. Há um movimento crescente dessa prática, que para alguns, ainda é considerada trabalhosa. Outros enxergam o ato de “marmitar” como inadequado em cenários empresariais, já que muitas vezes, estes pedem interação e reuniões até na hora do almoço.

Ocorre, que com a gama de necessidades alimentares diferenciadas que vemos surgir no dia a dia, o hábito de preparar a própria refeição e carregá-la consigo tornou-se uma necessidade e uma rotina organizada na vida de muitos.

Existem muitos veganos, lacto vegetarianos, intolerantes a glúten, lactose e tantos outros grupos que acabam não tendo opção. O não ter opção envolve por vezes, a falta desse tipo de refeição em muitos estabelecimentos.

Imagem: Creative Commons

É fundamental uma mudança profunda e com entendimento

 Certamente que já estamos vendo o cenário mudar, mas ainda há limitações nos serviços prestados por restaurantes e lanchonetes que se fixam na ideia da salada e batata frita.

Outro ponto chave é o preço dos produtos veganos e sem glúten e também a qualidade. Nem sempre se acha uma refeição que permita um desfrutar saudável e também pleno ao paladar. Quase sempre esquecem do ponto simplicidade. Comida caseira, cm itens de feira.

Vale ressaltar que não se trata apenas de inserir uma nova opção no cardápio, mas de acolher com entendimento. Não gira em torno só do comércio, de uma venda. Há um propósito, um motivo para essa mudança no comportamento alimentar das pessoas e quando o estabelecimento também não compreende isso, acaba por não atrair o público.

Em certa ocasião, vi uma faixa que dizia: “Temos opções veganas”. Na mesma cena, a direita, havia uma quantidade imensa de frutas, verduras e legumes desperdiçados numa lixeira do estabelecimento. De imediato, houve uma mudança de ideia… desperdício não poderia coexistir com a proposta da faixa (pelo menos para mim).

Perceber se os estabelecimentos estão de fato sendo sustentáveis em suas práticas com o lixo, uso de descartáveis, descarte de óleo, trato aos funcionários e tantas outras questões, é a rotina de muitos dos consumidores que trazem essa nova forma de presença no mundo, de respeito a demais vidas, autocuidado e cuidado planetário.

Marmitas favorecem entendimento sobre o consumo e sustentabilidade

 Há quem diga que preparar marmita com fome ocasiona desperdício. E é verdade! Com fome há excesso de comida colocada no recipiente que é levado todos os dias e muitas vezes, se não houver a consciência do compartilhar com os demais, lá vai a comida para o lixo.

Perceber o quanto consumimos de determinados alimentos diariamente nos ensina a programar melhor nossas compras.

Quase sempre, se a pessoa prepara a própria marmita, ela se torna uma investigadora de opções para tornar a semana mais saudável, equilibrada e variada. Muitos começam a experimentar legumes, verduras e grãos diferenciados e isso implica em fazer bom uso do adquirido, pois o que está em jogo, também é a economia. Ninguém quer gastar dinheiro à toa.

O tipo de recipiente escolhido também entra pra questão do “entendimento”. A busca é por uma marmita duradoura e segura. O ecologicamente correto, aqui, é ponto forte para os marmiteiros conscientes. Também ninguém quer trocar de marmita a cada semana e no quesito saúde, vale evitar o famoso plástico.

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Marmitas e diálogos

Quem marmita sabe que nem sempre as empresas oferecem espaços paras refeições, mas algumas já se adequaram a essa realidade. No espaço de refeições, muitas vezes se senta ao lado de alguém de outro setor ou de alguém que mesmo estando na mesma sala, pouco se conhece. E aí, que muitas amizades e trocas positivas podem começar. Claro, que isso depende da disponibilidade e vontade de cada um, mas há quem aproveite e construa boas pontes nesses espaços compartilhados.

Dicas:

  1. Monte um cardápio semanal.
  2. Escolha um dia para compras – Compre à granel e leve seus potinhos e sacolas retornáveis.
  3. Escolha um dia para cozinhar – Dedique realmente um tempo para deixar suas marmitinhas prontas. O ideal mesmo é consumir uma refeição mais fresca, caso não dê, organize as suas e congele.
  4. Faça sua janta e se for preparar tudo a noite, ao chegar, já reserve parte para sua marmita. Se alimente antes de preparare saberá a medida exata para levar.
  5. Compartilhe com os colegas de trabalho. Muitas vezes essa é uma opção inclusiva e zero desperdício.
  6. Escolha um bom recipiente e uma sacolinha sustentável e que preserve seu alimento.
  7. Não use talheres descartáveis. Leve também sua caneca ou garrafinha para o ambiente de trabalho.
  8. Já pensou em ter guardanapos de pano? Faça você mesmo.

Marmitar é uma opção interessante, do ponto de vista criativo e também um movimento de retorno a simplicidade. Cozinhar o próprio alimento e dentro dos processos envolvidos no preparo, aprender sobre a gestão da própria rotina alimentar garante uma prática restaurativa, ancestral, educativa e amorosa.

Marmitar é verbo que acolhe a si e ao meio. E você? Já marmitou? Marmita todos os dias?

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AMORES, Valéria. “Marmitar” é preciso!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/06/marmitar-e-preciso.html>.

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