O custo de ser saudável e o custo de adoecer: a importância do equilíbrio

Como a qualidade de vida impacta diretamente na saúde do planeta e os custos disso são incalculáveis

Se há um mito que me entristece é o de que para ter uma vida saudável é preciso ter muito dinheiro. Se você acha financeiramente mais caro ter uma vida mais saudável, precisamos falar sobre os custos de adoecer. E estou falando de dinheiro porque é o que mais se destaca quando falamos de custos. Mas também precisamos considerar outros custos, como: qual o custo de ser doente ou saudável no seu tempo, na qualidade de vida, no ecossistema em que vivemos.

Entre as doenças que mais matam no mundo, os índices do câncer sempre me chamam atenção. Primeiro porque a prevenção consiste em hábitos saudáveis básicos: alimentação adequada, exercício físico regular, baixa ingestão de bebida alcoólica, etc. E esses mesmos cuidados evitam, inclusive, várias outras doenças. Mas também porque casos diagnosticados precocemente têm um índice de cura de 90%, o que significa que a maioria das mortes poderia ser evitada e isso é muito triste de se pensar.

Imagem: Creative Commons.

Raramente pensamos na origem dos ditados populares, eles estão enraizados em nós, para o bem e para o mal. Sempre ouvi que prevenir é melhor que remediar, mesmo sem saber o que isso, de fato, significava. Aos poucos, quando precisei remediar muitas coisas, fui entendendo melhor.

Aos 17 anos, tomava nove comprimidos por dia. A cada seis meses, tinha que repetir exames de sangue e de imagem para verificar se o tratamento estava adequado ou precisava ser ajustado. Nessa época, somando o valor do plano de saúde (não vou negar, sinto saudade dele às vezes), dos medicamentos e dos deslocamentos já passaria fácil de um salário mínimo por mês.

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Foram 3.285 comprimidos ao ano, com cartelas descartadas (para coleta seletiva), com algumas sobras vencidas/inutilizadas jogadas fora, da maneira como minha consciência permitia no momento: o lixo comum. Além de causar contaminação do solo e da água e colocar em risco a saúde de outras pessoas e de animais, que podem encontrar os remédios no lixo e fazer o uso indevido, os medicamentos e suas embalagens podem levar anos para se decompor. E vale lembrar que cada quilo de medicamento descartado na rede de saneamento pode contaminar até 450 mil litros de água. Olha quantos custos estão se somando a essa conta.

Mas vamos nos ater ao foco do alto custo financeiro de ser saudável. Sim, um litro de leite de amêndoas custa em torno de três vezes mais que um litro de leite integral pasteurizado. Um queijo vegano custa mais que um queijo “tradicional” (o vegcheddar então, inalcançável), mas o quilo da carne e das hortaliças nos põe de volta ao páreo. Se um bife de patinho bovino custa quase R$ 30/kg, com o mesmo valor é possível comprar brócolis, um quilo de feijão, couve e umas laranjas pra espremer suco na hora. Dei esse exemplo porque me peguei refletindo no mercado justamente essa questão: “Quanto de outros alimentos eu posso comprar com o dinheiro que eu compraria um quilo carne?”.

Imagem: Creative Commons.

“Bruna, mas viver saudável é ser vegetariano ou vegano? Eu quero comer carne”. Está tudo bem querer carne, lembre-se sempre você pode comer o que você quiser, desde que de maneira consciente e equilibrada, pensando em tudo que isso envolve. Escolhas mais saudáveis passam por questionamento de hábitos alimentares e de novas rotinas. Inclusive, reforço a dica do movimento Segunda Sem Carne, clique aqui para saber mais.

Ser saudável não é fácil, mas é simples: aquilo que a terra nos dá tende a ser mais barato do que aquilo que passa por industrialização. E vale essa pequena reflexão para o dia a dia:

  • Por R$ 2, um chocolate da fila do caixa ou uma maçã?
  • Por R$ 5, uma lata de refrigerante de 350 ml (que contribui para o aumento de peso, enfraquecimento de ossos e dentes, pedra nos rins, aumento da pressão arterial) ou um suco natural de 200 ml?
  • Por R$ 30, um lanche fast food que acaba em 10 minutos e gera consequências negativas para seu organismo ou uma macarronada com molho de tomate caseiro que além de ser boa, geralmente serve duas refeições (almoço e janta)?
  • Por R$ 200, um jogo de videogame ou um tênis para caminhar que não prejudique sua coluna?
  • Por R$ 300, uma calça de uma marca famosa ou algo que realmente faça sentido para seu bolso, para seu coração, para sua saúde e para o bem-estar do planeta?
Imagem: Creative Commons.

Então quer dizer que jogar videogame é errado? Que não pode tomar refrigerante e comer um cachorro quente? Calma! Essa conversa não é sobre extremismo, é um alerta. Ontem mesmo eu comi um cachorro quente com meu refrigerante favorito, por isso não seria hipócrita em tentar limitar a vida alheia. Mas o alerta é para antes de agir avaliar quais custos você prefere arcar em cada momento. E não somente custos relacionados ao campo financeiros ou da saúde, é sobre o todo ao seu redor. O consumo consciente passa pela qualidade de vida que buscamos e desenvolvemos.

Nossas escolhas custam caro sim, sejam elas saudáveis ou não. Pelo que você está pagando e o que têm colocado na conta do planeta?

Referências:

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CARVALHO, Bruna. O custo de ser saudável e o custo de adoecer: a importância do equilíbrio. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/11/o-custo-de-ser-saudavel-e-o-custo-de-adoecer-a-importancia-do-equilibrio.html>.

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