Dicas para Começar uma Alimentação Saudável e Sustentável
Estabelecer uma rotina alimentar pautada em saúde e responsabilidade ambiental tem sido a busca diária de muitos. Em contrapartida, vivemos cada vez mais o cenário de insegurança alimentar.
O país tem apresentado índices elevadíssimos de fome e escassez. Para compreender tal cenário de escassez e mesmo de miséria que acomete muitas famílias, basta observar o entorno. Com a pandemia, a perda de empregos, o baixo ou nulo interesse governamental em reverter a situação de dificuldades de muitos brasileiros em manter o básico de uma alimentação, praticar uma alimentação sustentável e saudável fica ainda mais delicado e para muitos parece até impossível.
Quando pensamos em praticar sustentabilidade e experimentar saúde através da alimentação, é preciso ter em mente que isso só se torna realidade de fato quando todos podem ter a mesma possibilidade. Do contrário, sempre manteremos o desequilíbrio e a mesma visão limitada e dual de que alguns merecem e outros não. Essa ideia de “ter direito” à saúde e sustentabilidade não pode ser aplicada com um senso de propriedade. A aplicação prática e eficaz disso precisa nascer a partir de um “senso de humanidade”. Pode parecer um discurso bem utópico, mas, habitamos a mesma “casa planeta” e o que acomete a um, de alguma forma, chegará ao outro.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 propõe acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Até 2030 a meta se estabelece em acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas a uma alimentação segura. Notamos que o tempo corre e está curto. Na verdade, estamos bem atrasados! Para além de metas, precisamos de práticas e mudanças urgentes em hábitos e sistemas de produção. Precisamos de políticas públicas de fato interessadas e nutridoras. É preciso ainda uma mudança de consciência. Cada um é o todo e o todo depende da ação de cada um.
Uma forma de caminhar por esse terreno da alimentação sustentável e saudável, com consciência e responsabilidade, maximizando o olhar para o todo consiste em começar na cozinha de casa, tendo a mesma como uma central de apoio. Sim! Sua cozinha se torna uma central de apoio quando os serviços que você usa e os alimentos que adquire cooperam com outras comunidades e famílias. O uso inteligente dos recursos como água e luz também entram para a conta. O compartilhar de alimentos, o senso de usar o necessário também viabiliza transformação e mudança de cenário.
Dicas práticas para a jornada de cooperação através de uma alimentação sustentável e saudável:
- Opte por comprar de famílias produtoras locais. Muitas cultivam orgânicos mesmo nas grandes capitais. Pesquise, busque, empodere.
- Se for adquirir produtos industrializados, escolha empresas ambientalmente responsáveis. Entre nos sites, pesquise. Muitas até oferecem um telefone para retirada de dúvidas. Observe que tipo de ações as empresas escolhidas patrocinam e participam. Nós financiamos o cenário ambiental através do que compramos e consumimos. É preciso assumir essa co-criação.
- Use integralmente os alimentos! De talos a cascas e sementes.
- Evite desperdício! Tenha senso de medida apurado. Não deixe estragar alimentos, não compre demais e se isso ocorrer, doe. Quando desperdiçamos, vale aquela máxima da mãe e da avó “alguém não tem o que comer”. Parece clichê, mas é a dor e a vida de alguém.
- Não desperdice recursos como água e energia elétrica. Abra a geladeira de uma única vez, pegue seus alimentos. Apague as luzes quando não estiver no local e retire o que puder da tomada. Não adianta fazer feira orgânica se a água corre sem controle pela pia e a luz fica acesa sem que a cozinha esteja em uso. Toda a ideia de sustentabilidade “vai pelo ralo” assim.
- Use sacolas retornáveis para suas compras, mas preste atenção no conteúdo interno. Uma sacola bonita de pano com estampa de árvore e que contém muito plástico e alimentos de empresas nada responsáveis ambientalmente volta a ser como uma sacola plástica.
- Compre a granel e aproveite seus potes de vidro. Esqueça os saquinhos oferecidos.
- Opte por uma alimentação que não cause danos, dor ou sofrimento a outras vidas. Não é segredo que o desmatamento cresce para cultivo de pastos e plantação de soja para nutrir os animais que vão para abate. Pesquise e assista documentários sobre como são feitos os abates e logo mudará a forma de ver a alimentação. Vale para a produção massiva de ovos e leite. Não há saúde. Só dor, sofrimento.
- Leve marmita, cozinhe e compartilhe alimentos. Essa prática, além de oferecer saúde e integração, oferece a possibilidade de praticar autonomia e organização. Se for almoçar em algum lugar, preste atenção em como esse local cuida de seus resíduos, trata seus colaboradores e se usa muitos descartáveis. Parece complicado e excessivo, mas de nada adiante a sacola sustentável, a feira orgânica, se você financia empresas que, por exemplo, descartam óleo de cozinha em algum bueiro.
- Participe de grupos e comunidades que viabilizam alimentação para todos: se a comunidade possui um restaurante e você está próximo, vá conhecer. Vá em algum evento de doação de alimentos para ser voluntário e vá, não como máxima de caridade, mas para viver a realidade do outro e treinar empatia prática. Se não puder ir, coopere doando o que puder.
São inúmeras formas de fazer girar a saúde (que sabemos bem que não se refere apenas à ausência de doenças, mas também a como nos integramos a tudo e todos) e a sustentabilidade. Começar pelo prato, pela cozinha, pode ser o motivador de outras posturas. Que tal?
Gostou do nosso conteúdo e quer fazer referência deste artigo em um trabalho?
Saiba como colocá-lo nas referências:
AMORES, Valéria. Dicas para Começar uma Alimentação Saudável e Sustentável. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/11/dicas-para-comecar-uma-alimentacao-saudavel-e-sustentavel.html>.