PANCs – Guia Compacto para Saúde, Tratamento Natural e Economia
Você já ouviu falar sobre as PANCs? Sabe o que elas são? Conhece os benefícios que fazem à nossa saúde? E como elas funcionam como uma farmácia natural para grande parte das enfermidades de nosso cotidiano?
Se você não soube responder nenhuma das perguntas acima, fique calmo. A seguir apresentaremos um guia compacto sobre as riquezas trazidas pelas PANCs.
As PANCs – Plantas Alimentícias Não Convencionais, como foram denominadas inicialmente pelo biólogo Valdely Kinupp, são plantas comestíveis que podemos encontrar em quintais, canteiros e terrenos baldios, por exemplo. Conforme o Guia Prático de PANC:
“O termo Alimentícias quer dizer que são plantas usadas na alimentação, como verduras, hortaliças, frutas, castanhas, cereais e até mesmo condimentos e corantes naturais. O termo Não Convencionais significa que não são produzidas ou comercializadas em grande escala.”
No Brasil existem cerca de 10 mil espécies de plantas com potencial alimentício, contudo utilizamos em nossa alimentação apenas 300 destas. Esse fato evidencia a redução da regionalidade alimentar, motivada dentre outros fatores pela uniformização dos hábitos alimentares imposta pelo ritmo agitado de vida, onde preferimos consumir, muitas vezes, “alimentos” pré-prontos e fast food a dedicar tempo a uma alimentação mais saudável.
Mesmo quando procuramos uma via mais saudável de alimentação, consumindo alimentos menos danosos à saúde, incorremos na utilização de alimentos, que apesar de amplamente cultivados, não são alimentos nativos de nosso país, como é o caso da alface (nativo do leste do Mediterrâneo) e pimentão (nativo do México, América Central e do norte da América do Sul). Essa xenofilia alimentar traz como um dos principais desdobramentos o cultivo diminuto dessas espécies nativas, levando a perda de conhecimentos de populações nativas, o que pode ocasionar a perda de memória cultural e o esquecimento das propriedades benéficas dessas plantas.
A fim de preservar esse patrimônio genético, vamos conhecer algumas espécies de PANCs e suas propriedades.
Ora-pro-nóbis
Muito conhecida em Minas Gerais e utilizada normalmente como cerca viva por conta de seus espinhos pontiagudos, muitos desconhecem que essa planta além de comestível representa grande fonte de proteína e aminoácidos como lisina e o triptofano.
A ora-pro-nóbis ainda auxilia na prevenção do câncer de cólon, tumores no intestino, diabetes e diminui os níveis de colesterol ruim. A planta ajuda ainda no fluxo de alimentos pelas paredes intestinais e na recomposição da flora intestinal, devido ao seu alto teor de fibras, fato que auxilia na perda de peso.
Taioba
Rica em fibras, cálcio, magnésio e boro, fundamentais para a saúde óssea, essa PANC é muito consumida no Rio de Janeiro. Também estão presentes nessa planta cobre e manganês, que ativam nosso sistema imunológico, ferro e vitamina C. A taioba possui como propriedades medicinais a capacidade de reduzir a gordura no fígado e prevenir o câncer de colo retal.
MAS ATENÇÃO!!! Cuidado para não confundir a taioba com outras espécies não comestíveis! A taioba comestível (taioba mansa) nem sempre é fácil de ser reconhecida, se assemelhando muitas vezes à folha do inhame e da taioba não comestível (taioba brava). Essas plantas não comestíveis possuem oxalato de cálcio e outras substâncias prejudiciais à saúde, que mesmo após o cozimento são tóxicas!
O site Matos de Comer lista as características de identificação da taioba verdadeira, para acessar clique aqui. E lembre-se: se não tiver certeza, NÃO consuma!
Caruru ou Bredo
Bastante popular na Bahia, essa PANC possui um papel importante no controle da pressão arterial, sendo rica em zinco, cálcio (importante na formação dos ossos e dos dentes), magnésio, fibras, compostos fenoicos, importantes antiinflamatórios e antioxidantes que podem auxiliar na prevenção de casos de Alzhemeir e de Parkinson.
Além disso, a planta possui ferro, potássio e vitaminas A, B1, B2 e C. A ingestão desta PANC também é recomendada para o combate de infecções, problemas hepáticos, hidropisia (acúmulo anormal de líquidos nos tecidos ou em determinadas cavidades do corpo) e catarro da bexiga.
Além destas, existem diversas outras espécies ricas em propriedades preventivas e curativas à nossa saúde, como é o caso da capuchinha, rica em vitamina C e carotenóides (substância precursora da vitamina A); a bertalha, que possui poderosos nutrientes como vitamina A, ferro, cálcio e fósforo; a folha de batata doce, rica em nutrientes e antioxidantes; o picão, que possui ferro, zinco, cobre e potencial antioxidante; tupinambo, rica em antioxidantes e em inulina; araruta, rica em vitamina B, fibras e potássio, aumenta o metabolismo e a circulação, reduz a pressão arterial e auxilia na saúde do sistema digestivo; dentre outras.
Junto aos benefícios à saúde, o consumo das PANCs também contribui com a melhoria da economia local, fortalecimento da agricultura família e preservação da memória cultural, já que ao adquirir essas plantas em feiras estamos indiretamente incentivando a continuação dessas práticas agrícolas. Procure uma feira próxima a você e converse com esses agricultores. A troca de informações e o interesse são essenciais para valorizarmos a cultura tão rica que possuímos.
Para saber mais sobre o universo das PANCs sugerimos que acompanhem o site Matos de Comer, especializado no assunto. O site também disponibiliza gratuitamente um ótimo guia informativo sobre as PANCs, que você pode acessar clicando aqui.
Com informações de: Dicas de Saúde, EMBRAPA, Estadão, Matos de Comer, Remédio Caseiro, Remédio Caseiro, Revista Casa e Jardim e Super Interessante.
Me interessa muito saber reconhecer as pancs e gostaria de fazer um curso sobre esse assunto.