Como a Crise Climática Ameaça o Meio Ambiente e Nossas Vidas?

No próximo dia 05 é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas não temos muito a comemorar. São tantos os impactos causados por nós no meio ambiente que as mudanças climáticas se agravaram de tal forma que atingimos uma crise climática sem precedentes.
Diante desse grave cenário, 11 mil cientistas de 153 países declararam, em novembro de 2019, que o planeta está em situação de emergência climática. E isso exige ações imediatas de instituições, governos, empresas, de mim e de você. De todos nós! Caso contrário a espécie humana e milhares de outras espécies estarão fadadas a desaparecerem do planeta.

Impactante, não é? Mas realmente precisamos entender a gravidade da situação. E exigir ações efetivas de nossos governantes e das empresas que consumimos produtos e serviços. O que vendo sendo feito de fato para conter e mitigar a crise climática que está gerando a crise ambiental e sanitária que também estamos enfrentando atualmente?
Nasci em um mundo que já discutia os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas. Desde criança ouço que o planeta está funcionando em cheque especial, uma referência ao conceito de Sobrecarga da Terra (data que marca o dia em que a demanda da humanidade por recursos e serviços ecológicos excede o que a Terra poderia regenerar até o fim do ano). Sou da geração que cresceu ouvindo sobre as negociações do Protocolo de Kyoto, sobre o buraco na camada de ozônio e como os gases CFC (clorofluorcarbonetos) comprometeram boa parte da atmosfera. Lembro dos noticiários mostrarem cada vez mais eventos climáticos extremos (secas, furacões, enchentes…) e toda comoção momentânea que eles geravam pelas vidas que, muitas vezes, se perdiam e por todas as consequências que traziam como pessoas desabrigadas, que perderam o pouco que tinham.

Desde a década de 1970 o alerta sobre o perigo dos impactos humanos no meio ambiente vem sendo debatidos – em 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo – abrindo caminho para diversas outras conferências, para a criação de importantes programas e organizações – como, respectivamente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Atualmente temos diversos mecanismos recomendatórios de abrangência internacional – como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), o Acordo de Paris – mas, como a própria nomenclatura aponta, são de caráter recomendatório, deixando a cargo de cada país como estas metas serão internalizadas. E o que observamos nas últimas décadas, pelo agravamento da crise climática, é que mudanças efetivas são bem pouco aplicadas.
Enganam-se os que acreditam que as consequências da crise climática se restringem apenas à área ambiental. Talvez esse tipo de pensamento ocorra pelo modelo econômico que utilizamos, a economia linear, que considera a natureza como provedora irrestrita de recursos naturais e serviços ecossistêmicos e receptora de todos os resíduos gerados pelas diversas fases do processo de produção e consumo.

Já sentimos em nosso bolso os impactos das secas de importantes rios na região Sudeste e Centro-Oeste. O impacto econômico das secas é sentido no setor energético com contas de energia elétrica com bandeira tarifária vermelha no segundo patamar, a mais alta. E também no setor alimentício com a alta do preço de itens da cesta básica.
As cidades também enfrentam os efeitos da crise climática com a variabilidade do ciclo hidrológico, que ora resulta em estiagens (período de secas) e ora traz épocas chuvosas longas e intensas. Essa variabilidade ocasiona em racionamento do abastecimento de água, comprometendo a assepsia e higiene durante a pandemia; em enchentes que podem levar a surtos de doenças transmitidas pela ingestão ou contato com água contaminada, além de diversos outros problemas para a saúde pública, para a infraestrutura da cidade e, consequentemente, para a economia dessas cidades.

Estamos bem mais conectados à natureza do que imaginamos e sentimos no cotidiano. O desmatamento e as queimadas do bioma amazônico, do bioma cerrado e do bioma pantanal já são sentidos em cidades próximas pela poluição do ar – o fogo que consome o material orgânico lança uma grande quantidade de carbono atmosfera formando densas cortinas de fumaça que comprometem a saúde – do solo e das águas. E os impactos não se limitam às cidades próximas, como no caso da influência da Amazônia no regime de chuvas em outras regiões graças aos rios voadores.
Por isso a crise climática deve receber a devida atenção, se continuarmos tratando ou tentando tratar apenas os efeitos dessa crise, a tendência é que o cenário piore consideravelmente nos próximos anos, muitos pesquisadores alertam para o surgimento de novas doenças e para o retorno de antigas devido ao avanço do desmatamento e deflorestamento. A intensificação dos eventos climáticos será cada vez maior causando fome, desabrigados, refugiados climáticos, países insulares e cidades costeiras sendo engolidos pelo mar. A situação é grave! E as ações precisam ser, no mínimo, da mesma intensidade.

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Saiba como colocá-lo nas referências:
ABREU, Nathália. Como a Crise Climática Ameaça o Meio Ambiente e Nossas Vidas?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/como-a-crise-climatica-ameaca-o-meio-ambiente-e-nossas-vidas.html>.
Referências e Sugestões de Leitura:
DAMASIO, Kevin. Brasil já sente impactos das mudanças climáticas e situação pode se agravar. National Geographic. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/02/brasil-ja-sente-impactos-das-mudancas-climaticas-e-situacao-pode-se-agravar>.
FANTÁSTICO. Planeta Ameaçado: um milhão de espécies corre risco de extinção, alertam cientistas. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/04/18/planeta-ameacado-um-milhao-de-especies-correm-risco-de-extincao-alertam-cientistas.ghtml>.
MUSEU DO AMANHÃ. O que é o Dia da Sobrecarga da Terra? Museu do Amanhã. Disponível em: <https://museudoamanha.org.br/pt-br/sobrecarga-da-terra-entenda>.
ONU Brasil. À medida que a mudança climática se intensifica, o mundo precisa aumentar os esforços para se adaptar. ONU Brasil. Disponível em: <https://brasil.un.org/index.php/pt-br/108036-medida-que-mudanca-climatica-se-intensifica-o-mundo-precisa-aumentar-os-esforcos-para-se>.
ONU Brasil. A ONU e o meio ambiente. ONU Brasil. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente>.
WWF. As Mudanças Climáticas. WWF. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas2/>.
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