Como a Crise Climática Ameaça o Meio Ambiente e Nossas Vidas?

No próximo dia 05 é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas não temos muito a comemorar. São tantos os impactos causados por nós no meio ambiente que as mudanças climáticas se agravaram de tal forma que atingimos uma crise climática sem precedentes.
“2020 não foi apenas o ano da pandemia, foi também o ano do recorde de temperaturas e de crescente impacto das mudanças climáticas: enchentes, secas, tempestades, incêndios e pragas de gafanhotos. Ainda mais preocupante é que o mundo está caminhando para um aumento de temperatura de pelo menos 3°C neste século.” ONU Brasil
Diante desse grave cenário, 11 mil cientistas de 153 países declararam, em novembro de 2019, que o planeta está em situação de emergência climática. E isso exige ações imediatas de instituições, governos, empresas, de mim e de você. De todos nós! Caso contrário a espécie humana e milhares de outras espécies estarão fadadas a desaparecerem do planeta.

Impactante, não é? Mas realmente precisamos entender a gravidade da situação. E exigir ações efetivas de nossos governantes e das empresas que consumimos produtos e serviços. O que vendo sendo feito de fato para conter e mitigar a crise climática que está gerando a crise ambiental e sanitária que também estamos enfrentando atualmente?
Nasci em um mundo que já discutia os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas. Desde criança ouço que o planeta está funcionando em cheque especial, uma referência ao conceito de Sobrecarga da Terra (data que marca o dia em que a demanda da humanidade por recursos e serviços ecológicos excede o que a Terra poderia regenerar até o fim do ano). Sou da geração que cresceu ouvindo sobre as negociações do Protocolo de Kyoto, sobre o buraco na camada de ozônio e como os gases CFC (clorofluorcarbonetos) comprometeram boa parte da atmosfera. Lembro dos noticiários mostrarem cada vez mais eventos climáticos extremos (secas, furacões, enchentes…) e toda comoção momentânea que eles geravam pelas vidas que, muitas vezes, se perdiam e por todas as consequências que traziam como pessoas desabrigadas, que perderam o pouco que tinham.

Desde a década de 1970 o alerta sobre o perigo dos impactos humanos no meio ambiente vem sendo debatidos – em 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo – abrindo caminho para diversas outras conferências, para a criação de importantes programas e organizações – como, respectivamente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Atualmente temos diversos mecanismos recomendatórios de abrangência internacional – como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), o Acordo de Paris – mas, como a própria nomenclatura aponta, são de caráter recomendatório, deixando a cargo de cada país como estas metas serão internalizadas. E o que observamos nas últimas décadas, pelo agravamento da crise climática, é que mudanças efetivas são bem pouco aplicadas.
Enganam-se os que acreditam que as consequências da crise climática se restringem apenas à área ambiental. Talvez esse tipo de pensamento ocorra pelo modelo econômico que utilizamos, a economia linear, que considera a natureza como provedora irrestrita de recursos naturais e serviços ecossistêmicos e receptora de todos os resíduos gerados pelas diversas fases do processo de produção e consumo.

Já sentimos em nosso bolso os impactos das secas de importantes rios na região Sudeste e Centro-Oeste. O impacto econômico das secas é sentido no setor energético com contas de energia elétrica com bandeira tarifária vermelha no segundo patamar, a mais alta. E também no setor alimentício com a alta do preço de itens da cesta básica.
As cidades também enfrentam os efeitos da crise climática com a variabilidade do ciclo hidrológico, que ora resulta em estiagens (período de secas) e ora traz épocas chuvosas longas e intensas. Essa variabilidade ocasiona em racionamento do abastecimento de água, comprometendo a assepsia e higiene durante a pandemia; em enchentes que podem levar a surtos de doenças transmitidas pela ingestão ou contato com água contaminada, além de diversos outros problemas para a saúde pública, para a infraestrutura da cidade e, consequentemente, para a economia dessas cidades.

Estamos bem mais conectados à natureza do que imaginamos e sentimos no cotidiano. O desmatamento e as queimadas do bioma amazônico, do bioma cerrado e do bioma pantanal já são sentidos em cidades próximas pela poluição do ar – o fogo que consome o material orgânico lança uma grande quantidade de carbono atmosfera formando densas cortinas de fumaça que comprometem a saúde – do solo e das águas. E os impactos não se limitam às cidades próximas, como no caso da influência da Amazônia no regime de chuvas em outras regiões graças aos rios voadores.
Por isso a crise climática deve receber a devida atenção, se continuarmos tratando ou tentando tratar apenas os efeitos dessa crise, a tendência é que o cenário piore consideravelmente nos próximos anos, muitos pesquisadores alertam para o surgimento de novas doenças e para o retorno de antigas devido ao avanço do desmatamento e deflorestamento. A intensificação dos eventos climáticos será cada vez maior causando fome, desabrigados, refugiados climáticos, países insulares e cidades costeiras sendo engolidos pelo mar. A situação é grave! E as ações precisam ser, no mínimo, da mesma intensidade.
Referências e Sugestões de Leitura:
- DAMASIO, Kevin. Brasil já sente impactos das mudanças climáticas e situação pode se agravar. National Geographic. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/02/brasil-ja-sente-impactos-das-mudancas-climaticas-e-situacao-pode-se-agravar
- FANTÁSTICO. Planeta Ameaçado: um milhão de espécies corre risco de extinção, alertam cientistas. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/04/18/planeta-ameacado-um-milhao-de-especies-correm-risco-de-extincao-alertam-cientistas.ghtml
- MUSEU DO AMANHÃ. O que é o Dia da Sobrecarga da Terra? Museu do Amanhã. Disponível em: https://museudoamanha.org.br/pt-br/sobrecarga-da-terra-entenda
- ONU Brasil. À medida que a mudança climática se intensifica, o mundo precisa aumentar os esforços para se adaptar. ONU Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/index.php/pt-br/108036-medida-que-mudanca-climatica-se-intensifica-o-mundo-precisa-aumentar-os-esforcos-para-se
- ONU Brasil. A ONU e o meio ambiente. ONU Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente
- WWF. As Mudanças Climáticas. WWF. Disponível em: https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas2/
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ABREU, Nathália. Como a Crise Climática Ameaça o Meio Ambiente e Nossas Vidas?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/como-a-crise-climatica-ameaca-o-meio-ambiente-e-nossas-vidas.html>.