A Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030

Ontem, dia 5 de junho, foi o Dia Mundial do Meio Ambiente. No entanto, não há nada o que se comemorar. Retrocessos, afrouxamento de legislações ambientais como a dispensa de licenciamento aprovada na Câmara, e sucateamento dos órgãos de fiscalização, como IBAMA e ICMBio, aumento do desmatamento, invasão de terras indígenas estão em curso.

A devastação dos ecossistemas brasileiros vem se tornando cada vez mais preocupante, não só para a biodiversidade, como também, para própria humanidade. Afinal, afeta o clima global, a segurança alimentar e pode até ser o centro de origem de novas zoonoses.

Fizemos um raio-x dos nossos biomas detalhando a importância de cada um deles e o cenário atual de degradação, destruição.

Amazônia

Um dos habitats naturais mais preciosos do mundo e desempenha um papel vital na regulação da temperatura do planeta. Apesar de sua exuberância, a Amazônia sofre diariamente com diversas ações de desmatamento, que danificam o sistema de ‘rios voadores’, responsável por abastecer outras regiões do continente.

Dados oficiais do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta semana apontam que em abril e maio de 2021 a região registrou os maiores índices de alertas de destruição para os meses em toda a série histórica.

Imagem: Felipe Werneck/ IBAMA

Somente neste ano, entre janeiro e maio, foram 2,337 Km2 um aumento na área de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar da cobertura de nuvens ter sido superior em 2021 (janeiro-maio) e apesar de ter chovido mais na região norte – o que em tese, deveria desacelerar o desmatamento.

A falta de chuva e a perda da biodiversidade provocadas pelo desmatamento na região sul da Amazônia já causam queda de produtividade e de receita ao agronegócio brasileiro. A estimativa é de que o prejuízo, mantidos os níveis de desmatamento, chegue até US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) por ano até 2050, segundo pesquisa publicada na ‘Nature Communications’.

Caatinga

A caatinga é o único bioma 100% brasileiro. Se estende por cerca de 70% do Nordeste e também se encontra no Norte de Minas Gerais. Considerado o bioma do semiárido mais diverso do mundo, a Caatinga possui mais de mil espécies de vegetais, destacando-se a carnaúba e o cumaru e quase duas mil espécies de animais, incluindo o veado-catingueiro, o tatu-peba e a asa branca.

De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 42,3% da sua cobertura vegetal original já sofreu algum tipo de modificação e 52% do bioma sofre com problemas de degradação. Apenas cerca de 4% da área da Caatinga é protegida pelo Governo.

Cerrado

O segundo maior bioma do País ocupa quase 24% do território nacional (2 milhões de km²) e é considerado a savana mais biodiversa do planeta em fauna e flora. Também abriga as nascentes que alimentam as principais bacias hidrográficas do País. No entanto, apenas 8,21% de sua área é protegida por unidades de conservação, segundo dados do ICMBio.

De 2000 a 2019, foi o bioma mais afetado por queimadas, com focos de fogo em 41% de sua área, de acordo com o Mapbiomas. Em março deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) emitiu alertas de desmatamento para uma área de 529,3 km² de Cerrado, 146% a mais do que no mesmo período de 2020.

A região entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecida como MATOPIBA, é considerada a vitrine do agronegócio brasileiro. Mas esse modelo vem acelerando o desmatamento no Cerrado. Imagem: Fernanda Ligabue / Greenpeace

Segundo dados disponibilizados pelo Mapbiomas, 43,8% do Cerrado é utilizado para agropecuária, o que é resultado do aumento de 61 milhões para 86 milhões de hectares registrado entre 1985 e 2019.

A situação é ainda mais preocupante em 2021. Somente entre 1 e 27 de maio de 2021, foram desmatados 870km², um aumento de 142% em comparação aos 360km² registrados no mesmo período em 2020.

Mata Atlântica

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o bioma cobria originalmente 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Mas, por estar presente na região onde estão as maiores cidades, atualmente restam apenas 12,4% da área de floresta original.

Este bioma é considerado o mais ameaçado do país e acolhe maior número de espécies ameaçadas, tanto em números absolutos quanto em proporcionais à riqueza dos ecossistemas. São 1.026 animais ameaçados que vivem ali, sendo que 428 deles são endêmicos, ou seja, só existem em regiões de Mata Atlântica.

Pampa

Atualmente, resta apenas 36% da vegetação nativa da região, já que boa parte foi desmatada para a criação de monoculturas de soja e arroz. No Pampa, há apenas uma Área de Proteção Ambiental, que é a APA do Ibirapuitã.

Pantanal

O ano de 2020 foi um marco terrível para o Pantanal, pois cerca de 26% de sua vegetação foi devastada em incêndios transformando mais de 4 milhões de hectares deste bioma em cinzas. Estima-se que mais de 11 milhões de animais tenham morrido durante os incêndios. E os que sobreviveram começam, aos poucos, a retornar para as suas áreas.

Imagem: Vinícius Mendonça/ IBAMA

Por trás das queimadas estão a expansão da agropecuária e o fogo para manejo de áreas de pastagem, a degradação de biomas interligados (Amazônia, principalmente) que alteram os regimes de chuva por todo o Brasil e, uma fiscalização deficiente por parte dos órgãos governamentais. Segundo o ICMBio, somente 4.4% de seu território está protegido por unidades de conservação.

Década da Restauração

O relatório “Tornando-se #GeraçãoRestauração: restauração de ecossistemas para pessoas, natureza e clima” destaca que a humanidade está usando cerca de 1,6 vezes a quantidade de serviços que a natureza pode fornecer de forma sustentável. Isso significa que os esforços de conservação por si só são insuficientes para evitar o colapso do ecossistema em grande escala e a perda da biodiversidade.

A restauração do ecossistema é uma das formas mais importantes de fornecer soluções baseadas na natureza para a insegurança alimentar, mitigação e adaptação às mudanças climáticas e perda de biodiversidade. O relatório destaca ao seu final que cada dólar investido em restauração dos ecossistemas cria até 30 dólares em benefícios econômicos.

Afinal, não basta não derrubar. É preciso contribuir para sua regeneração.

Assim, foi lançada nesta semana a Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, liderada pelo PNUMA e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030 visa prevenir, interromper e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos. É um chamado para a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo, para benefício das pessoas e da natureza.

Somente com ecossistemas saudáveis podemos melhorar a subsistência das pessoas, combater as mudanças climáticas e deter o colapso da nossa biodiversidade.

Mas o que você pode fazer?

  • Começar sua própria iniciativa em campo, unir-se a um esforço de restauração ou conservação existente, ou ajudar a construir uma aliança para apoiar a recuperação da natureza. Realize mutirões de limpeza de rios e lagos e praias.
Close Up of Person Collecting Plastic From the River. Man Cleaning River of Plastics. Environment Concept.
  • Mude seu comportamento e gastos para diminuir sua pegada ambiental local e global e direcionar recursos para empresas e atividades que restaurem a natureza, em vez de prejudicá-la. Encorajar outros ao seu redor a fazerem o mesmo. Isto é, alimente-se sazonalmente e regionalmente: descobrir quais frutas e plantas crescem perto de você durante qual época do ano.
Imagem: Creative Commons
  • Plante árvores: plantar árvores é uma atividade de restauração simples e enormemente popular. Você pode incluir árvores em um jardim, um espaço público, uma fazenda, em uma paisagem ou mesmo um país inteiro. A plantação seletiva pode revitalizar uma floresta degradada por sobre-exploração.
  • Fazer sua voz e ideias serem ouvidas em debates sobre como gerenciar seu ambiente local e sobre como podemos tornar nossas sociedades e economias mais justas e mais sustentáveis. Pressionar tomadores de decisão para fazerem a coisa certa.

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SOUZA, L. B. Leonardo. A Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/a-decada-da-restauracao-de-ecossistemas-2021-2030.html>.

Da vanguarda ambiental ao retrocesso: o perigoso plot twist da Política Ambiental Brasileira

O Brasil possui uma das mais avançadas legislações ambientais do mundo. Desde a sua Constituição de 1988, que inclui a proteção jurídica ao meio ambiente, até leis voltadas exclusivamente para a matéria ambiental.

Temos leis que englobam diversas áreas do meio ambiente e assuntos correlatos como, por exemplo: as águas (Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/97), os recursos marítimos (Política Nacional para os Recursos do Mar – Decreto nº 5.377/05), a biossegurança (Política Nacional de Biossegurança – Lei nº 11.105/05), a Mata Atlântica (Lei da Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06); o saneamento básico (Política Nacional de Saneamento Básico – Lei nº 11.445/07), as mudanças climáticas (Política Nacional sobre Mudança do Clima – Lei nº 12.187/09), os resíduos sólidos (Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei nº 12.305/10), as florestas (Novo Código Florestal – Lei nº 12.651/12).

Serra da Mantiqueira

Além disso, o Brasil é um dos países mais biodiversos do mundo, com uma riqueza natural que engloba águas superficiais e subterrâneas, seis biomas (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal), espécies endêmicas, vasta extensão territorial, recursos minerais, recursos energéticos, alta incidência solar, posição geográfica favorável, dentre vários outros fatores que dão ao país vantagem natural e energética sobre os países desenvolvidos.

O país foi sede de dois importantes eventos internacionais relacionados ao tema, a Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra) e a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável), ganhando projeção internacional e possibilitando que, dessa forma, entrasse no radar de outras nações para negociações sobre meio ambiente e outros temas.

Líderes globais na Rio +20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável). – Foto: Divulgação/UNIC Rio/Roberto Stuckert Filho. / Reprodução: Rede Globo.

Mas isso vem mudando, e caminhando para um perigoso retrocesso que já afeta não somente o meio ambiente, mas também o desenvolvimento de atividades agrícolas e industriais e, consequentemente, a economia do país, compromete a renda dos brasileiros, principalmente dos mais pobres, e prejudica a imagem do país no cenário internacional.

Quando o mundo inteiro discute a necessidade de preservar o meio ambiente diante da crise climática, incluindo e (re)criando métricas que aliam e alinham economia, governança, sociedade e meio ambiente, o Brasil caminha, a passos largos, na direção oposta. Afrouxamento da legislação ambiental, desmonte institucional, esvaziamento de discussões via descrédito na comunidade científica, negacionismo, intensificação do desmatamento, aumento das emissões de carbono, avanço da fronteira agrícola em direção à Amazônia, Cerrado e Pantanal, invasão de terras indígenas, garimpo ilegal…

Nos últimos anos observamos o meio ambiente sendo preterido diante do interesse de grupos específicos – como a bancada ruralista no Congresso, ciclo iniciado ainda com a aprovação do Novo Código Florestal na gestão de Dilma Rousseff, prosseguindo no governo Temer e sendo aprofundado no governo Bolsonaro. Esse retrocesso da política ambiental já prejudica o país com a perda de repasses diretos de outros países para políticas públicas ambientais, como o congelamento do Fundo da Amazônia.

“O Brasil deixou de receber R$ 299 milhões em 2019 que iriam para o Fundo da Amazônia, porque Noruega e Alemanha suspenderam os repasses diante da ideia do governo de usar o dinheiro para pagar um bônus a produtores rurais que cumprem a lei e não desmatam além do percentual máximo previsto. Antes o dinheiro do fundo era usado para projetos de reflorestamento e para a compra de equipamentos das equipes de bombeiros dos Estados do norte do país.” BBC Brasil

O retrocesso da política ambiental brasileira igualmente provoca crescente ameaça sobre as exportações brasileiras, já que, a opinião pública, os produtores rurais e empresas no exterior possuem grande influência sobre as decisões dos governos. Se não a questão ambiental, ao menos a questão econômica deveria acender o alerta do governo Bolsonaro, já que voltamos a ser um país primário-exportar que depende fortemente do comércio internacional para negociar e vender suas commodities. Nesse cenário de boicotes (a curto prazo) e possíveis barreiras comerciais (a médio e longo prazo) representam um grande risco para a balança comercial brasileira deteriorando ainda mais a situação econômica do país estagnada a partir de uma crise político-administrativa.

É imperativo se compreender que conservação do meio ambiente atualmente vai muito além da manutenção dos biomas e ecossistemas ameaçados pelo avanço de uma política econômica com mentalidade desenvolvimentista da década de 1970.

Conservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável estão ligados à manutenção da vida na terra, à preservação das condições naturais de cultivo e produção, à obtenção de energia para consumo residencial e industrial, ao funcionamento de cidades, a oportunidades de negócios e a uma janela de oportunidade para o país despontar como referência mundial de desenvolvimento sustentado e sustentável por meio de sua rica biodiversidade.

A mentalidade política precisa englobar o meio ambiente e o desenvolvimento por vias sustentáveis antes que atinjamos o ponto crítico e seja tarde demais para nós.

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ABREU, Nathália. Da vanguarda ambiental ao retrocesso: o perigoso plot twist da Política Ambiental Brasileira. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/da-vanguarda-ambiental-ao-retrocesso-o-perigoso-plot-twist-da-politica-ambiental-brasileira.html>.

Referências e Sugestões de Leitura:

MALTA, Fernando. Brasil: Ascensão e Queda de um Gigante Diplomático do Clima. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/05/brasil-ascensao-e-queda-de-um-gigante-diplomatico-do-clima.html>.

MIRANDA, Paulo Henrique. Óleo no litoral brasileiro: quase um ano sem respostas sobre um dos maiores desastres ambientais no Brasil. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/08/oleo-no-litoral-brasileiro-quase-um-ano-sem-respostas.html>.

MIRANDA, Paulo Henrique. O quanto de Brasil nós preservamos?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/09/o-quanto-de-brasil-nos-preservamos.html>.

MORAES, Ricardo; KELLY, Bruno. A política ambiental brasileira e sua história. Nexo Jornal. Disponível em: <https://pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2020/A-pol%C3%ADtica-ambiental-brasileira-e-sua-hist%C3%B3ria>.

PASSARINHO, Nathalia. Como política ambiental de Bolsonaro afetou imagem do Brasil em 2019 e quais as consequências disso. BBC Brasil. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50851921>.

SCHREIBER, Mariana. Por que política ambiental de Bolsonaro afasta ajuda financeira internacional? BBC Brasil. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56825520>.

SIQUEIRA, Adria. Ineficiência marca política ambiental brasileira. Jornal da UNICAMP. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2017/12/06/ineficiencia-marca-politica-ambiental-brasileira>.

SOARES, Giovanna. Direito Ambiental: entenda o conceito em 5 pontos. Politize. Disponível em: <https://www.politize.com.br/direito-ambiental/>.

#VireCarranca – Um Velho Chico Para Todos

Por mais um ano, a Autossustentável apoia e vira carranca para defender o Velho Chico.

A campanha “Vire Carranca” em defesa do Velho Chico é uma mobilização do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e tem o objetivo de conscientizar a população sobre a preservação do Rio São Francisco e mobilizar todos pelo uso responsável dos seus recursos hídricos.

Neste dia 03 de junho celebra-se o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco cujo propósito é reforçar em todo o território da Bacia a importância de um rio vivo e ativo.

O tema desse ano é “Velho Chico para Todos”. Afinal, o Velho Chico é importante para todos, pois quem vive, quer água. O objetivo é chamar a atenção de que, para assegurar os usos múltiplos, é necessária a proteção dos recursos hídricos, através do Pacto das Águas, é prioritária.

Uma das diretrizes da Lei Nº 9.433, a Lei das Águas, é justamente garantir o uso múltiplo das águas, de maneira que todos os setores usuários tenham igualdade de acesso aos recursos hídricos.

Mas de quem é o Velho Chico?

Seria da população ribeirinha? Do agronegócio? Do turismo? Da geração de energia? Das indústrias, da pesca, da fauna e da flora?

Imagem: Divulgação – CBHSF

O rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d’água do Brasil e de toda a América do Sul. De sua nascente, na Serra da Canastra (MG), até a foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, o Rio São Francisco percorre 2.700 Km, levando a água que dá vida ao Semiárido. Ele corre por 521 municípios em 5 estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas). Além disso, sua bacia hidrográfica ocupa porções de três biomas: Cerrado (de Minas Gerais ao oeste e sul da Bahia), Caatinga (nordeste baiano) e Mata Atlântica (no Alto São Francisco, principalmente nas cabeceiras).

A Bacia do Rio São Francisco é o responsável por 70% da água doce do Nordeste e de boa parte do estado de Minas Gerais. O Velho Chico alimenta a vida e a esperança dos 18 milhões de brasileiros que dependem direta ou indiretamente de suas águas, seja para o abastecimento público, para a agricultura, as indústrias, a geração de energia, navegação, pesca e aquicultura, turismo e recreação, entre outros.

Cânions do Rio São Francisco. Imagem: Fabricio Ferreira Silva / Wikimedia Commons

O rio ainda possui o quinto maior cânion navegável do mundo – o Cânion do Xingó. Com lindos paredões rochosos esculpidos naturalmente, com a ação do clima e dos ventos, há mais de 60 milhões de anos, formam uma impressionante paisagem dominada pelo verde da água em contraste com o alaranjado dos paredões.

E o que é esse “Pacto das Águas”?

O “Pacto das Águas” sugere que a União, os estados, os municípios e os comitês de bacias hidrográficas incorporem a questão dos recursos hídricos da bacia do São Francisco em sua vida política e institucional.

É a proposição de ações coordenadas para prever a distribuição da água da bacia do São Francisco garantindo a sua qualidade, quantidade e o uso racional e democrático das suas águas, evitando conflitos, além de estabelecer compromissos e ferramentas de monitoramento e revisão ao longo do tempo.

Assim, com planejamento é possível garantir água de qualidade e em abundância para quem produz, para quem pesca, planta, visita, gera energia e para quem vive lá!

#VelhoChicoParaTodos. Para quem usa hoje e para quem vai usar amanhã.

Para mais informações sobre a campanha, acesse: http://virecarranca.com.br

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SOUZA, L. B. Leonardo. #VireCarranca – Um Velho Chico Para Todos. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/vire-carranca-velho-chico-para-todos.html>.

Mostra Ecofalante de Cinema tem programação especial para a Semana do Meio Ambiente

Pelo segundo ano consecutivo, a mostra acontece de forma online e gratuita.

Mostra Ecofalante de Cinema preparou mais uma edição bem especial para celebrar a Semana do Meio Ambiente. Entre os dias 2 e 9 de junho haverá uma programação online e com acesso gratuito a 16 filmes e duas séries para TV, e trará também debates, webinars e master classes.

A proposta da Mostra Ecofalante de Cinema este ano é abranger e destacar questões, impasses e possíveis soluções relacionados aos problemas da Amazônia, promovendo a participação da comunidade na preservação deste patrimônio natural do Brasil.

Um ciclo de debates coloca em discussão diferentes questões que afetam a Amazônia, como o uso das terras, infraestrutura, bioeconomia e crise climática. Participam dos encontros, entre outros, o documentarista João Moreira Salles, o professor Ricardo Abramovay, a Secretária de Ciências e Tecnologia do Amazonas Tatiana SchorDanicley de Aguiar, do Greenpeace Brasil, e os cineastas Jorge Bodanzky e Fabiano Maciel.

Na programação da edição especial da Semana do Meio Ambiente estão os seis episódios da série exclusiva HBO “Transamazônica: Uma Estrada Para o Passado”, série dirigida por Jorge Bodanzky e Fabiano Maciel, uma coprodução entre a HBO Latin America Originals e a Ocean Films.

Imagem: Mostra Ecofalante

A elogiada produção percorre a rodovia BR-230, obra faraônica iniciada durante a ditadura civil-militar (1964-1985), com extensão implantada de 4.260 km e nunca finalizada. Da extração ilegal de madeira e a rotina nos garimpos ao total abandono da população, a série documental retrata a atual situação de quem vive nas regiões por onde passa a via.

Entre os títulos programados está “BR Acima de Tudo”, uma produção do ((o))eco que trata dos impactos da possível expansão da rodovia BR-163, cujo traçado corta a floresta amazônica em direção à fronteira com o Suriname, projeto gestado durante a ditadura civil-militar (1964-1985).

Já o “Edna”, de Eryk Rocha, focaliza as marcas da guerra pela terra em uma moradora nas margens da rodovia Transbrasiliana (BR-153, ou rodovia Belém-Brasília), e “A Última Floresta”, do diretor Luiz Bolognesi, selecionado para a edição deste ano do Festival de Berlim e protagonizado por Davi Kopenawa, xamã da tribo Yanomami corroteirista do filme que vive embates com garimpeiros que chegam a seu território.

Cena do filme Quando Dois Mundos Colidem, sobre conflitos na Amazônia peruana – Foto: Reprodução/Yachaywasi Films

Na programação está incluído o multipremiado longa-metragem britânico “Quando Dois Mundos Colidem”, que aborda o violento conflito desencadeado na Amazônia peruana por um projeto de extração de petróleo, minério e gás, que vitimou os povos indígenas ali residentes.

Entre os filmes programados pelo evento estão os premiados: “Soldados da Borracha” (de Wolney Oliveira), vencedor do prêmio de melhor filme (concedido pelo público) na Mostra Ecofalante de Cinema de 2020; “Amazônia Sociedade Anônima” (de Estevão Ciavatta), finalista do One World Media Awards, um dos mais importantes prêmios internacionais da área; “Mataram Irmã Dorothy”,  coprodução EUA/Brasil que venceu o grande prêmio do júri e prêmio do público no cultuado Festival SXSW ao acompanhar o julgamento dos assassinos de irmã Dorothy Stang; e “Serra Pelada: A Lenda da Montanha de Ouro” (de Victor Lopes), sobre o maior garimpo do Brasil e premiado como melhor filme no FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental.

“Sob a Pata do Boi – como a Amazônia vira pasto”

Título selecionado para o Festival de Berlim, “O Reflexo no Lago”, de Fernando Segtowick, trata de comunidades ribeirinhas localizadas próximas da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Já projetos com propostas de uso da floresta de maneira sustentável estão em “Amazônia Eterna”, de Belisario Franca. A atriz Christiane Torloni dirige, em parceria com Miguel Przewodowski, “Amazônia, o Despertar da Florestania”, uma discussão sobre questões ambientais da floresta amazônica. “Sob a Pata do Boi”, de Márcio Isensee e Sá, focaliza a relação da pecuária com a Amazônia. Já o curta-metragem “Ameaçados” a diretora Julia Mariano mostra a luta de pequenos agricultores do sul e sudeste do Pará.

DEBATES

“Amazônia: Uma Questão de Terra(s)”Dia 04/06, sexta-feira, às 19h00

São várias as atividades econômicas que fazem pressão sobre a maior floresta tropical do mundo e os povos tradicionais que lá vivem. Atualmente, uma série de leis em tramitação procura regular tais atividades. Quais são os principais beneficiários dessas leis? Participam do encontro Brenda Brito, pesquisadora do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), Marcello Brito, presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e Sônia Guajajara, líder indígena nacional (APIB). O jornalista acreano Fábio Pontes faz a mediação.

“Amazônia: Infraestrutura Para Quem?” Dia 07/06, segunda-feira, às 19h00

A Amazônia é palco de atividades econômicas desde o Brasil Colônia, mas foi só na ditadura militar que os projetos de desenvolvimento em grande escala surgiram, trazendo consigo uma ocupação desordenada e um forte desmatamento. Hoje, fala-se muito na necessidade de infraestrutura na região para alavancar a economia e apoiar um projeto de desenvolvimento sustentável. Como resolver o gargalo sem ampliar a destruição? Será necessário uma nova compreensão do território para alcançar esse objetivo? Integram a mesa Ana Cristina Barros, pesquisadora do CPI – Climate Policy Initiative, Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do IBAMA, e Simão Jatene, ex-governador do Pará. Sérgio Leitão, diretor do Instituto Escolhas, faz a mediação.

“Raízes da Amazônia: Projetando o Futuro” Dia 08/06, terça-feira, às 19h00

Quando o tema é o futuro da Amazônia, fala-se em bioeconomia, mercado de carbono, valorização da floresta em pé, inúmeros projetos que contemplam a biodiversidade da maior floresta do mundo e os ‘serviços ambientais’ não contabilizados que ela presta. Por outro lado, há também uma efervescência cultural – nas artes, na gastronomia, no pensamento e conhecimento milenar das múltiplas culturas da Amazônia que necessitam de reconhecimento. O debate propõe um novo olhar sobre a Amazônia, seu enorme potencial e a contribuição de seus povos. Participam Ricardo Abramovay, professor sênior do Programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE/USP) e autor de “Amazônia: Por uma Economia do Conhecimento da Natureza”, a Secretária de Ciências e Tecnologia do Amazonas Tatiana Schor e Eliakin Rufino, compositor e produtor musical de Roraima. Mariano Cenamo, diretor do Idesam/AMAZ faz a mediação.

Amazônia e os Futuros Possíveis” – Dia 09/06, quarta-feira, às 19h00

Trata-se de uma conversa sobre o documentário “BR Acima de Tudo”, que retrata a diversidade socioambiental em uma das partes mais preservadas da floresta brasileira, e as perspectivas da chegada de uma rodovia na região. Participam da mesa Fred Rahal Mauro, diretor do filme, e, a confirmar, Angela Kaxuyana, da COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, e Carlos Printes, da ARQMO – Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná.

Webinário – “A Crise Climática e a Amazônia”– 07 de junho, segunda-feira, das 10h00 às 12h00.

Entre os convidados estão dois dos mais influentes cientistas brasileiros da atualidade: o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, que atua principalmente nas questões de mudanças climáticas globais e meio ambiente na Amazônia, e o climatologista e meteorologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), especialista em mudanças climáticas e Amazônia.

Toda a programação pode ser acessada através do endereço: https://ecofalante.org.br

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SOUZA, L. B. Leonardo. Mostra Ecofalante de Cinema tem programação especial para a Semana do Meio Ambiente. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/mostra-ecofalante-cinema-2021-semana-meio-ambiente.html>.

Como a Crise Climática Ameaça o Meio Ambiente e Nossas Vidas?

No próximo dia 05 é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas não temos muito a comemorar. São tantos os impactos causados por nós no meio ambiente que as mudanças climáticas se agravaram de tal forma que atingimos uma crise climática sem precedentes.

Diante desse grave cenário, 11 mil cientistas de 153 países declararam, em novembro de 2019, que o planeta está em situação de emergência climática. E isso exige ações imediatas de instituições, governos, empresas, de mim e de você. De todos nós! Caso contrário a espécie humana e milhares de outras espécies estarão fadadas a desaparecerem do planeta.

Geleira localizada na Antártida pode cruzar seu ponto de inflexão. – Foto: Danting Zhu/Unsplash / Reprodução: Revista Galileu.

Impactante, não é? Mas realmente precisamos entender a gravidade da situação. E exigir ações efetivas de nossos governantes e das empresas que consumimos produtos e serviços. O que vendo sendo feito de fato para conter e mitigar a crise climática que está gerando a crise ambiental e sanitária que também estamos enfrentando atualmente?

Nasci em um mundo que já discutia os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas. Desde criança ouço que o planeta está funcionando em cheque especial, uma referência ao conceito de Sobrecarga da Terra (data que marca o dia em que a demanda da humanidade por recursos e serviços ecológicos excede o que a Terra poderia regenerar até o fim do ano). Sou da geração que cresceu ouvindo sobre as negociações do Protocolo de Kyoto, sobre o buraco na camada de ozônio e como os gases CFC (clorofluorcarbonetos) comprometeram boa parte da atmosfera. Lembro dos noticiários mostrarem cada vez mais eventos climáticos extremos (secas, furacões, enchentes…) e toda comoção momentânea que eles geravam pelas vidas que, muitas vezes, se perdiam e por todas as consequências que traziam como pessoas desabrigadas, que perderam o pouco que tinham.

Segundo o governo do estado do Amazonas, Anamã é a cidade mais afetada pela cheia de 2021. Segundo o Estado, a cidade está 100% inundada pelas águas. – Foto: Defesa Civil do Amazonas.

Desde a década de 1970 o alerta sobre o perigo dos impactos humanos no meio ambiente vem sendo debatidos – em 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo – abrindo caminho para diversas outras conferências, para a criação de importantes programas e organizações – como, respectivamente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).   

Atualmente temos diversos mecanismos recomendatórios de abrangência internacional – como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), o Acordo de Paris – mas, como a própria nomenclatura aponta, são de caráter recomendatório, deixando a cargo de cada país como estas metas serão internalizadas. E o que observamos nas últimas décadas, pelo agravamento da crise climática, é que mudanças efetivas são bem pouco aplicadas.

Enganam-se os que acreditam que as consequências da crise climática se restringem apenas à área ambiental. Talvez esse tipo de pensamento ocorra pelo modelo econômico que utilizamos, a economia linear, que considera a natureza como provedora irrestrita de recursos naturais e serviços ecossistêmicos e receptora de todos os resíduos gerados pelas diversas fases do processo de produção e consumo.

Imagem: Carinho Eco Green

Já sentimos em nosso bolso os impactos das secas de importantes rios na região Sudeste e Centro-Oeste. O impacto econômico das secas é sentido no setor energético com contas de energia elétrica com bandeira tarifária vermelha no segundo patamar, a mais alta. E também no setor alimentício com a alta do preço de itens da cesta básica.

As cidades também enfrentam os efeitos da crise climática com a variabilidade do ciclo hidrológico, que ora resulta em estiagens (período de secas) e ora traz épocas chuvosas longas e intensas. Essa variabilidade ocasiona em racionamento do abastecimento de água, comprometendo a assepsia e higiene durante a pandemia; em enchentes que podem levar a surtos de doenças transmitidas pela ingestão ou contato com água contaminada, além de diversos outros problemas para a saúde pública, para a infraestrutura da cidade e, consequentemente, para a economia dessas cidades.

Grande parte do bioma Pantanal foi engolido por fogo em 2020. – Foto: Mayke Toscano/Secom-MT.

Estamos bem mais conectados à natureza do que imaginamos e sentimos no cotidiano. O desmatamento e as queimadas do bioma amazônico, do bioma cerrado e do bioma pantanal já são sentidos em cidades próximas pela poluição do ar – o fogo que consome o material orgânico lança uma grande quantidade de carbono atmosfera formando densas cortinas de fumaça que comprometem a saúde – do solo e das águas. E os impactos não se limitam às cidades próximas, como no caso da influência da Amazônia no regime de chuvas em outras regiões graças aos rios voadores.

Por isso a crise climática deve receber a devida atenção, se continuarmos tratando ou tentando tratar apenas os efeitos dessa crise, a tendência é que o cenário piore consideravelmente nos próximos anos, muitos pesquisadores alertam para o surgimento de novas doenças e para o retorno de antigas devido ao avanço do desmatamento e deflorestamento. A intensificação dos eventos climáticos será cada vez maior causando fome, desabrigados, refugiados climáticos, países insulares e cidades costeiras sendo engolidos pelo mar. A situação é grave! E as ações precisam ser, no mínimo, da mesma intensidade.

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Saiba como colocá-lo nas referências:

ABREU, Nathália. Como a Crise Climática Ameaça o Meio Ambiente e Nossas Vidas?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2021/06/como-a-crise-climatica-ameaca-o-meio-ambiente-e-nossas-vidas.html>.

Referências e Sugestões de Leitura:

DAMASIO, Kevin. Brasil já sente impactos das mudanças climáticas e situação pode se agravar. National Geographic. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/02/brasil-ja-sente-impactos-das-mudancas-climaticas-e-situacao-pode-se-agravar>.

FANTÁSTICO. Planeta Ameaçado: um milhão de espécies corre risco de extinção, alertam cientistas. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/04/18/planeta-ameacado-um-milhao-de-especies-correm-risco-de-extincao-alertam-cientistas.ghtml>.

MUSEU DO AMANHÃ. O que é o Dia da Sobrecarga da Terra? Museu do Amanhã. Disponível em: <https://museudoamanha.org.br/pt-br/sobrecarga-da-terra-entenda>.

ONU Brasil. À medida que a mudança climática se intensifica, o mundo precisa aumentar os esforços para se adaptar. ONU Brasil. Disponível em: <https://brasil.un.org/index.php/pt-br/108036-medida-que-mudanca-climatica-se-intensifica-o-mundo-precisa-aumentar-os-esforcos-para-se>.

ONU Brasil. A ONU e o meio ambiente. ONU Brasil. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente>.

WWF. As Mudanças Climáticas. WWF. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas2/>.

O que é que o Natal faz com a gente?

Seja lá qual for a sua crença, o seu credo, a sua cultura, te peço (talvez seja muito, eu sei) um fôlego de 3 minutos para ler esse texto, se libertar desse peso que está aí dentro e vivenciar a magia do Natal de novo, porque você merece depois de tanta coisa!

2020 foi um ano para lá de exaustivo. Teve tristeza, frustração, muitas e muitas perdas. Perdemos vidas, histórias, a liberdade de ir e vir, a possibilidade de abraçar e estar junto de quem amamos. Perdemos empregos, cancelamos ou adiamos eventos (pode parecer até supérfluo falar disso, mas quantos sonham a vida toda com casamentos, formaturas, aniversários e quando finalmente chegaria o dia, veio a pandemia e mudou os planos). Ganhamos ansiedade, os medos viraram pânico, as incertezas tomaram conta.

Nos deparamos com questões enraizadas na nossa cultura, com mortes banalizadas, seja pela Covid-19, seja pela violência, seja pelo preconceito. Tenho um amigo que sempre diz: a gente aprende pelo amor ou pela dor. E, neste ano, infelizmente, dor não faltou. A gente aprendeu muita coisa na marra. E vou até parar por aqui, porque cada linha é uma lágrima. Me perdoem os coaches e “good vibes only”, mas foi um ano muito difícil para muita gente! E esse tal de “novo normal” que tentaram nos empurrar goela abaixo para seguirmos fingindo naturalidade não desceu não. Nada disso pode ser considerado normal, mesmo que seja normalizado pela rotina.

Eu gosto dos poréns da vida e eles sempre vêm. Acredito que eles servem justamente para nos dar vírgulas. Para concluirmos de um jeito diferente e podermos iniciar novos parágrafos com mais leveza e esperança. Quer um exemplo bem pequeno? É uma fase difícil, porém os dias ruins também chegam ao fim.

Imagem: Creative Commons

E dezembro é o mês que traz a maior quantidade de poréns do ano. Porque podemos ser egoístas, porém o Natal traz solidariedade e união. Porque o ano foi ruim, porém trouxe muito aprendizado e dia 31 a gente leva o que aprendeu e o que teve de amor para um novo ciclo. Porque estamos todos exaustas e exaustos, porém estamos juntos e renovamos a esperança de que dias melhores virão.

Porque a gente ama sonhar! Talvez mais até do que ame viver. E dezembro é mês de sonho, de programar um momento mágico para o Natal, de planejar o cardápio, a decoração, a roupa das festas de Natal e Ano Novo (mesmo que seja pra ficar na sala de casa), de brincar com a palavra Reveião, Reveillon, Rebelião, de fantasiar 365 novas possibilidades de dias bons.

Imagem: Freepik

E eu te pergunto: o que é que o Natal faz com a gente? Faz a gente ser humano! Eu amo Natal, não pela parte cristã e nem pela parte capitalista. Eu amo o Natal pela magia que ele traz para as pessoas. Pela sensação de amor, de solidariedade, de estar junto, de ser presente, de esperança. Imagina que lindo se fosse Natal o ano inteiro e a gente entendesse que o maior presente de Natal é, na verdade, amar?

Se eu posso desejar algo para o Natal de cada um e cada uma é que todos se sintam amados, acolhidos, pertencentes a esse universo tão lindo, apesar de todos os pesares (e também por causa deles). Que possamos agradecer por estarmos aqui, por termos a chance de sermos pessoas melhores para nós mesmos, para os outros e para o planeta. Que a gente não espere mais uma semana para sermos a mudança que queremos ver no mundo, mas que continuemos tentando por nós mesmos, pelas pessoas e pelo planeta. Que de 2020, a gente leve o aprendizado do que realmente importa.

Imagem: Freepik

Como disse Carol Busatto, uma das pessoas que me inspira a seguir em meio ao caos, “é a gente que pinta a aquarela da nossa vida”. Que possamos escolher as cores que fazem nosso coração pulsar contente. O Ano Novo chega dia primeiro, mas se 2020 nos ensinou algo é que uma semana é muito tempo e tudo pode acontecer. Que o amanhã seja lindo, mas que o hoje seja melhor ainda!

Feliz sonhos, feliz amor, feliz paz no coração, feliz vida e feliz Natal!

Um abraço, com afeto.

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CARVALHO, Bruna. O que é que o Natal faz com a gente?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/o-que-e-que-o-natal-faz-com-a-gente.html>.

“Os seres humanos são estúpidos demais para evitar a mudança climática.”

As palavras de James Lovelock em sua entrevista para o The Guardian, em 2010, parecem cada dia mais fazer sentido. A manutenção de um modelo civilizatório predatório, competitivo e excludente, que trata as pessoas como recursos, e os recursos como infinitos, tem causado danos aos sistemas naturais e sociais que se tornam gradualmente irreversíveis. Os bônus desse modelo são para poucos, enquanto os ônus são compartilhados com todas as formas de vida do planeta.

A COVID-19 é também uma das inúmeras consequências das formas como nos relacionamos com o ambiente. Uma das características de um evento pandêmico é a velocidade com que sentimos suas consequências e a rapidez com que nos mobilizamos para enfrentá-lo, diferindo de outros problemas socioambientais, como, por exemplo, a mudança climática, apesar de já estar sendo chamada a tempos de emergência climática.

A mudança climática possui a característica de mostrar seus efeitos de forma lenta, gradual e que, por sua complexidade, dificulta análises mais apuradas de causa e consequência, em especial, em escala local. Dessa forma, ela se configura como um dos maiores desafios já enfrentados pela humanidade, e coloca em cheque um mundo de expressão neoliberal baseado nos combustíveis fósseis e no consumismo.

Grafite em uma parede próxima ao Canal Regent, em Camden, em Londres, em 22 de dezembro de 2009. A mídia britânica atribuiu o novo trabalho ao aclamado artista de rua britânico Banksy. REUTERS / Luke MacGregor

Em resumo, apesar das evidências e de que 97% dos cientistas climáticos concordarem que o clima está mudando graças às atividades humanas, a maior parte da população mundial está à margem desse debate, cética quanto às suas conclusões e, ao mesmo tempo, sofrendo suas consequências.

Segundo o NY Times, somente no primeiro semestre de 2019, mais de 7 milhões de pessoas perderam suas moradias por conta de eventos climáticos extremos. Vale lembrar que esse e outros impactos são vividos, em geral, por comunidades mais vulneráveis e acontecem, via de regra, distantes do conforto e segurança de onde vivem a maior parte dos políticos e outros tomadores de decisão.

Imagem: Creative Commons

As mudanças climáticas não podem ser encaradas como um tema ambiental, mas, sim, social. Reverter esse quadro complexo exige uma série de esforços combinados desde a esfera privada, via mudanças de comportamentos, até amplas políticas públicas de descarbonização. A eleição de Biden joga uma nova luz nessas questões, pois quebra a dominância de um olhar calcado no crescimento econômico, e no desprezo à ciência e à busca de novos modelos civilizatórios. Tal visão parece cada vez mais em moda no Brasil.

Sendo um desafio social, informação de qualidade e participação são fundamentais na busca por soluções. Nessa direção, a educação, e mais especificamente a Educação Climática, parece também emergencial nas escolas, uma vez que visa informar e motivar as pessoas a se tornarem cidadãos ativos no enfrentamento das mudanças climáticas (Stevenson, Nicholls, Whitehouse, 2017).

Parte central dos processos envolvendo Educação Climática é a aproximação do tema da Mudança Climática dos currículos do ensino básico e, consequentemente, da vida das comunidades. Apesar disso, em toda a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) o tema é mencionado somente três vezes de forma genérica e nada propositiva.

Existem diferentes caminhos possíveis para a implementação de uma Educação Climática. O trabalho com competências climáticas se mostra um dos mais promissores no momento atual.As competências climáticas guiam a criação de diferentes estratégias de ensino que visam desenvolver a compreensão, a consciência e as habilidades necessárias para o enfrentamento local e global das mudanças climáticas (Fuertes et al., 2020). Dessa forma, estabelecer o diálogo entre competências climáticas e o currículo exige uma abordagem não somente temática, mas que leve em consideração a centralidade de diferentes conceitos, atitudes, valores e habilidades a serem trabalhados.

Imagem: Creative Commons

Do ponto de vista estrutural, ou seja, pensando no currículo como possuindo uma lógica horizontal (que estimula a interdisciplinaridade) e uma vertical (visando progressão lógica e complexa), pode-se considerar quatro pontos fundamentais a serem considerados:

  • Informação: valorizando o papel da Ciência, dos cientistas, e das formas de construção desse conhecimento baseado em investigação e busca por evidências.
  • Adaptação: compreensão dos impactos, vulnerabilidades e a importância das ações locais e globais baseadas nos mecanismos de redução de risco de desastres e preservação da vida.
  • Mitigação: busca por novos modelos civilizatórios que reduzam a dependência dos combustíveis fósseis e estabelecimentos de novos propósitos de vida.
  • Comunicação: divulgar práticas inovadoras, ampliando o círculo de corresponsabilização na busca de soluções para as mudanças climáticas.

A informação depende da identificação de conceitos centrais na compreensão das dinâmicas associadas às mudanças climáticas, permitindo a construção de narrativas que estabeleçam conexões complexas e críticas entre causas e efeitos. Mecanismos de adaptação devem trazer o contexto, ou seja, o olhar para o território e as possíveis conexões com as mudanças climáticas, fomentando a criatividade na busca por soluções.

Mecanismos de mitigação, por sua vez, ampliam o olhar para a história e as escolhas da espécie humana de forma a compreendê-la melhor na busca por caminhos para a redução da emissão de GEEs. Por fim, a comunicação deve garantir escala e acesso às boas informações e ideias, inspirando o enfrentamento das mudanças climáticas. Todos os quatro pontos dialogam, estão conectados, e contribuem para a alfabetização climática dos estudantes e professores.A busca por mecanismos de adaptação e mitigação, em especial, possui grande potencial educacional, pois estimula a investigação, a pesquisa, a cultura maker e o uso de metodologias ativas de aprendizagem. Por meio da análise integrada da escola e do território, estimula-se a identificação de possíveis vulnerabilidades que precisam ser trabalhadas, a fim de buscar soluções para reduzir os riscos e impactos das mudanças climáticas e garantir, por exemplo, que a escola e outros serviços fundamentais continuem funcionando mesmo frente a um evento extremo, tornando a comunidade mais resiliente.

Imagem: Edson Grandisoli

Dessa forma, a Educação Climática pode transformar a escola em um polo de criatividade, enfrentamento das mudanças climáticas e construção de novos conhecimentos, garantindo um novo significado ao conceito de aprendizagem e influenciando as esferas pessoal, comunitária e política no estabelecimento de novos valores mais coletivos e solidários.

Para que essa revolução aconteça é preciso reconhecer a urgência das questões ligadas ao clima e ter coragem para agir. Um dos caminhos para isso é engajar sua comunidade em eventos pontuais como a Marcha pelo Clima, ou mais continuados como o Movimento Escolas pelo Clima.

Imagem: Creative Commons

Se todos reconhecemos a urgência e gravidade do problema, o que estamos esperando para agir?

Referências

Fuertes, M. A. et. al. Climate Change Education: A proposal of a Category-Based Tool for Curriculum Analysis to Achieve the Climate Competence. Education in the Knowledge Society 21, article 08, 2020. https://doi.org/10.14201/eks.21516

Stevenson, R. B.; Nicholls, J.; Whitehouse, H. What Is Climate Change Education? Curric. Perspect., 2017. https://doi.org/10.1007/s41297-017-0015-9

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GRANDISOLI, Edson. “Os seres humanos são estúpidos demais para evitar a mudança climática”. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/os-seres-humanos-sao-estupidos-demais-para-evitar-a-mudanca-climatica.html>.

Monoculturas da Mente – Entenda o modo de vida destrutivo sobre a Terra

Entenda porque fomos e estamos condicionados a um modo de vida destrutivo sobre a Terra.

Esta leitura serve para todos àqueles que estão dispostos a sair do véu do desconhecimento e olhar de fato para o funcionamento do mundo que habitamos. Para assim, sair do automatismo e rapidez que atropela a todo tempo o próprio modo de vida genuíno e autêntico. É preciso sair da ilha, para enxergar a ilha. Neste artigo te convido a isso.

Para começar, gostaria de introduzir a autora do conceito: Vandana Shiva, PDH em física, ativista ambiental e ecofeminista. Ela participou de diversos movimentos ecologistas na Índia desde a década de 1970 e ativamente de fóruns internacionais como porta-voz do contra-desenvolvimento capitalista.

Fonte: Medium.

Com este termo, ela traz a reflexão acerca de temas como as políticas globais de conservação e preservação da biodiversidade, biotecnologia, ciência e poder, autonomia dos povos, produção de alimentos e outros insumos.  Critica os grandes organismos internacionais e as corporações que interferem na definição de políticas mundiais amparadas no conhecimento científico gerado pela comunidade acadêmica, desconsiderando, desta forma, comunidades tradicionais que  dependem da manutenção da biodiversidade.

Segundo Vandana Shiva, a cultura e o conhecimento científico ocidentais tornaram-se hegemônicos e passaram a ser encarados como únicas formas possíveis de se conceber a realidade e atuar no mundo. Aquilo que o foge dessa esfera passa a ser encarado como anticientífico, primitivo e, com o tempo, acaba desaparecendo.

A partir disso, Vandana desperta o questionamento sobre o pensamento unilateral que se instalou no mundo, denominando o processo de “monoculturas da mente”. Segundo ela, a monocultura inicia-se na mente para só depois chegar ao solo. Isso ocorre quando um grupo ou um sistema se autodetermina superior, sobretudo em termos de conhecimento e cultura, e crie mecanismos para imprimir em outras sociedades as formas de pensar e de estar no mundo.

Foto: Giselle Paulino, 2008. / Reprodução: Drops de Sustentabilidade.

Os sistemas modernos de saber provêm de uma cultura “ultradominadora e colonizadora […] e são, eles próprios, colonizadores” (SHIVA, 2003, p. 21).

Vandana afirma ainda que os sistemas locais de saber sofrem uma série de violências, destacam-se duas:   (a)   não   são   considerados   como   saber,   são obscurecidos  e  tornados  desprezíveis;  (b)  o  sistema  dominante  destrói  as próprias  condições  de  existência  concreta  dos  sistemas  locais,  eliminando alternativas ao sistema imposto. Dessa maneira, a relação com a diversidade cultural, ecológica e biológica que os diferentes sistemas de saber apresentam está condenada ao desaparecimento, e  também  são  solapados  “os  meios  de vida das pessoas, cujo trabalho está associado ao uso diversificado e múltiplo dos  sistemas  de  silvicultura,  agricultura  e  criação  de  animais”.

As reflexões são trazidas para o universo da agricultura e da silvicultura, destacando que a proposta do modelo ocidental moderno para essas áreas é a expressão concreta do saber dominante e  das  necessidades  do  mercado, gerando  uniformidade  e  destruindo  a  diversidade.

Contudo, um tipo de conhecimento ou determinada cultura não ganham status de superior simplesmente porque realmente o é. Isso acontece por meio da dominação. Como assegura Shiva, poder e saber são indissociáveis porque tem a ver com a forma que alguns grupos passaram a ser vistos com a ascensão do capitalismo. Nesse sentido, para que um grupo ou determinada nação consiga impor sua forma de pensar ao mundo, é necessário que tenha poder aquisitivo e que o tenha em maior valor do que os grupos que deseja dominar.

Imagem: Gerd Altmann/Pixabay.

A autora salienta que esse poder ainda se torna mais forte e ganha validade, porque se tende a conceber o sistema dominante não como uma tradição local globalizada, mas como uma tradição universal, que é superior aos sistemas locais. “O saber dominante também é produto de uma cultura particular” (SHIVA, 2003, p. 22).

No entanto, as sociedades que estão sob o jugo desse poder parecem alienadas e reproduzem o pensamento, modo de vida, modos de produção do sistema dominante, sem nenhum pensamento crítico a tal respeito. Mas isso não acontece por acaso, simplesmente porque as pessoas gostam de ser dominadas e desejam isso. Os sistemas dominantes atuam de maneiras diversas para que seu saber continue perpetuando e para que permaneça reinando absoluto, desconsiderando todos os outros saberes.

Imagem: Freepik.

Portanto, cabe a nós a reflexão sobre o modus operandi que se encontra o planeta. Isto é, um sistema capitalista que pressupõe a eliminação de outras culturas para sobressair um modo totalitário, impondo certos modos de vida, de pensamento, de compra, de produção, etc. E busca abolir aqueles que fogem a esse modelo.

É preciso estar atento e usar da coragem que habita em si para buscar uma vida verdadeira que condiz com seus próprios valores e construir seu sentido no mundo, não deixando dominar-se por ele. Ser voz ativa e não apenas reproduzir pensamentos e ações diárias que estão destruindo o ecossistema terrestre, que só visa o lucro. Destrói-se a vida em prol de dinheiro, sem medir o impacto que causa em nós e nos outros seres da Terra. Não podemos fechar os olhos para isso e fingir que não acontece. Saber é poder. O conhecimento expande os horizontes e ajuda-nos a não submeter ao que supostamente dizem que é “certo”.

Referências:

 

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MUNIZ, Isabella. Monoculturas da Mente – Entenda o modo de vida destrutivo sobre a Terra. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/monoculturas-da-mente-entenda-o-modo-de-vida-destrutivo-sobre-a-terra.html>.

Um chá de transformação!

Diz a lenda que, em meados de 250 a.C., o imperador chinês Shen-Nung estava sentado na sombra de uma árvore e fervia uma água a fim de purificá-la, como era de costume. A brisa da primavera trouxe para a água quente algumas folhas da árvore. Atraído pelo aroma, o imperador bebeu aquela infusão e, percebendo a sensação de bem estar e lucidez, começou a propagar a cultura do chá.

Hoje em dia é muito comum falarmos de chá fazendo referência à infusão de qualquer erva em água. Todo mundo tem uma receitinha infalível para curar alguma doença, algum desconforto físico ou emocional. O que muita gente não sabe é que as folhas que caíram na água do imperador vem de uma planta específica chamada Camellia sinensis, a verdadeira planta do chá, que dá origem ao chá verde, chá branco, chá preto e tantos outros, dependendo da forma de processamento feita.

Camellia sinensis cultivada em sistema agroflorestal. Foto: Camila Grinsztejn/ Autossustentável

Chá é uma palavra em mandarim que chegou ao português justamente porque os portugueses colonizaram Macau, uma região na costa sul da China continental. Nas línguas espanhola, italiana, dinamarquesa, norueguesa, sueca e húngara se escreve té, em inglês Tea, em francês thé, em finlandês tee, em coreano ta. Ou seja, nós brasileiros falamos mandarim toda vez que queremos tomar uma xícara de chá, já que em quase todo o resto do mundo prevalecem as variedades de té.

Ainda assim não associamos o chá à planta Camellia sinensis e a cultura do chá no Brasil gira muito em torno das plantas medicinais e da medicina popular, que utiliza espécies nativas devido à nossa incrível biodiversidade. Mas, na época que moravam por aqui, os portugueses tentaram cultivar a planta chinesa em terras tupiniquins, especialmente na região de Registro (SP), onde ainda é possível encontrar algumas plantações.

Matchá usado para a tradicional Cerimônia do Chá. / Fonte: Mundo Nipo.

Hoje, muitos outros países se destacam como produtores de chá de qualidade. Cada um possui uma característica específica que depende do terroir, do solo, da altitude, do clima, entre tantas outras coisas. Por exemplo, os melhores chás pretos do mundo são os indianos, com destaque para os produzidos na região de Darjeeling, Assam e Nilgiri. Na Inglaterra qualquer chá preto será bebido com leite. Sim, a prática é quase obrigatória entre os ingleses, porque ao adicionar o leite, os taninos do chá ligam-se com as proteínas do leite, tornando a bebida muito menos adstringente. Os chás verdes do Japão trazem notas de algas, mas o grande destaque da região é o matchá, um chá verde em pó extremamente antioxidante.

A forma de colher e de processar a planta é o que vai definir o tipo de chá que ela vai ser. Tradicionalmente existem os mestres de chá que definem a qualidade do produto final. Entretanto, existem produtores que fazem isso de forma mais artesanal e outros em grande escala para atender a demanda global por chá, que é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Este problema da escala de produção é justamente o que transformou toda uma cultura em produto, algo que deveria ser especial, mas hoje representa veneno para nós e para o solo, exploração de mão de obra e tantas outras coisas incompatíveis com a pausa delicada para uma xícara de chá no meio da tarde ou com o ritual proposto pelas cerimônias tradicionais do Oriente.

Foto: Helena Cooper.

A origem florestal e estrutura arbórea da Camellia sinensis deu lugar para a monocultura dos campos e sua característica arbustiva, que se dá por causa das podas constantes para estimular a colheita, o rebrote e mais colheita, feita muitas vezes por mulheres sob o sol escaldante. A monocultura vem ainda acompanhada de agrotóxicos, poluição das águas e da nossa própria mente.

Hoje em dia, uma xícara de chá é quase sempre uma xícara de veneno temperada com desigualdade social. É urgente e necessário valorizarmos a cultura do chá olhando para a origem florestal das plantas, para a relação das comunidades produtoras e consumidoras com toda a ancestralidade e tradição que envolvem a Camellia sinensis e tantas outras ervas medicinais que utilizamos para infusões.

A citação do monge vietnamita, Thich Nhat Hahn, ao mesmo tempo que traz uma conotação meditativa aplicada à sua realidade na década de 1930, no contexto atual pode soar até contraditório: “Beber chá é um ato completo na sua simplicidade. Quando bebo chá, só sou eu e o chá. O resto do mundo se dissolve. Beba o seu chá de forma lenta e reverente, como se fosse o eixo sobre o qual o mundo da Terra gira – lentamente, uniformemente, sem se apressar com o futuro”.

O futuro deveria ser representado por uma xícara de chá de floresta, que valoriza as pessoas envolvidas na produção, que valoriza o solo onde é cultivado e honra todo o beneficiamento artesanal e gera mais vida ao promover saúde e bem estar para quem bebe.

Fonte: Freepik.

Tomar uma xícara de chá é um convite para mergulhar nos elementos que acompanham todos os seres da natureza (fogo, água, terra e ar). A água tem uma capacidade muito especial de guardar memória. É a grande memória do Planeta Terra já que é a mesma água, em diferentes estados, que circula desde sempre por aqui. Numa xícara de chá, o espírito das plantas cede ao veículo água para ser a memória delas refletida no eterno. Do plantio à colheita, do preparo ao primeiro gole, é fundamental colocar muita intenção em todo o processo.

Essa alquimia é uma grande revolução que flui do simples para o complexo, seguindo a mesma lógica da floresta. Temos muita autonomia no processo de cultivo, colheita e preparo dessa medicina que as plantas doam para a água, que sempre tem um efeito muito potente mesmo que não possa ser percebido de imediato por quem toma.

Foto: Camila Grinsztejn/ Autossustentável.

É importante não preparar ou tomar um chá no modo automático, mas reservar um momento de contato profundo e íntimo com a planta, com sua trajetória, com o solo, com todas as pessoas e microorganismos envolvidos para que tenha chegado até a xícara. Aguçar essa percepção é uma forma de conectar com a origem da planta e naturalmente de reconhecer a situação atual do mercado de chá, tanto da Camellia sinensis quanto de outras plantas medicinais cultivadas em monoculturas. É uma oportunidade para buscar alternativas disponíveis que valorizam a agricultura familiar e um cultivo biodiverso, que não exploram o solo e seus nutrientes.

Tomar um chá é uma ferramenta incrível para reconectar consigo mesma através do Reino Vegetal, sentindo todas as sensações, o aroma, as notas sensoriais, as memórias que chegam, como essa infusão ativa o corpo e em qual parte ela se destaca. Essas são informações preciosas que fazem com que cada contato seja único e medicinal e, no final das contas, talvez o futuro devesse mesmo ser mais parecido com o passado.

 

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GRINSZTEJN, Camila. Um chá de transformação!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/um-cha-de-transformacao.html>.

Economia Circular: resíduos se transformam em matéria-prima!

Os próximos parágrafos resumirão brevemente a ilustração abaixo. Este artigo será sucinto, pois acredito que esta imagem fala por si só, e se você se atentar a cada detalhe, será guiado intuitivamente para o fluxo e entendimento ao qual se propõe.

Todo conceito, ilustração e resultados aqui propostos foram baseados no estudo realizado pela Ellen Macarthur Foundation, chamado “Rumo a Economia Circular: O Racional de negócio para acelerar a Transição”. Um material muito fluido e prático para o entendimento sobre economia circular. Particularmente indico muito as leituras dos estudos da Fundação a qual tenho muita admiração e respeito.

Diagrama do Sistema de Economia Circular. / Fonte: Ellen Macarthur Foundation.

É possível perceber que o conceito dos ciclos acima se baseia no estímulo do fluxo de nutrientes dentro de um sistema que possibilite e crie condições necessárias para a regeneração deles.  O diagrama proposto possibilita visualizar com muita clareza os campos de atuação e inovação em produtos e serviços dentro do contexto de economia circular.

De um lado o ciclo técnico, onde materiais como plásticos e polímeros, bem como outros materiais desenvolvidos pelo ser humano, são desenhados para serem recuperados e renovados, de forma a utilizar menos energia e aproveitar ao máximo o valor que o recurso possui.

Do outro lado o ciclo biológico, materiais orgânicos não tóxicos que podem voltar ao solo para decomposição ou através de um processo de digestão anaeróbica. Dessas formas, o lixo ou resíduo nos dois processos são desenhados com uma intenção final.

Fonte: Illinois Community Associations Institute.

Dentro desses princípios, os materiais se tornam recursos, componentes e produtos, otimizados ao máximo para aproveitar sua utilidade e excluindo suas externalidades desde o princípio. As diferentes escolas de pensamento compartilham desta mesma visão, se mostrando viável e factível como modelo de negócio e ferramenta para uma transição para a economia circular.

Ressignificar o resíduo como matéria-prima gera a possibilidade de ressignificarmos a forma como lidamos com o lixo, e, consequentemente, como e o que consumimos. Vamos circular juntos!

Referência:

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LAZZAROTTO, Aline. Economia Circular: resíduos se transformam em matéria-prima!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/economia-circular-residuos-se-transformam-em-materia-prima.html>.

Áreas de Preservação Permanente e Cidades Sustentáveis: o equilíbrio é possível!

Qual o tipo de cidade nós queremos? Aquela que supre nossas necessidades de maneira equitativa, envolvendo todos os meios e atendendo nossos direitos? Ou aquela que almeja o crescimento desorientado através da exploração desenfreada dos recursos naturais tão necessários à nossa sobrevivência?

Seguindo as premissas estabelecidas pelo Programa Cidades Sustentáveis, o desenvolvimento urbano sustentável reúne “as dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural no planejamento municipal”, o que envolve o cuidar dos recursos hídricos, fauna e flora regional, de modo a garantir aos cidadãos o direito ao meio ambiente e o direito à cidade, como afirma Henri Lefebvre em seu livro de 1968.

Em uma entrevista, o Professor de Direito Ambiental da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Fernando Rei, afirma que não há exemplos de cidades sustentáveis no Brasil, mas, por ser realizável, existem cidades que escolheram caminhar nesse percurso, pois por serem organismos vivos, as cidades e o meio ambiente estão em constante transformação e movimento, se fazendo necessária a continuidade da boa gestão pública ambiental e territorial, viabilizando a concordância entre os instrumentos legais ambientais e de urbanização e cumprir o objetivo de se tornar uma cidade sustentável.

Imagem: Freepik.

Coexistindo com o desenvolvimento sustentável, em 2012, houve a revogação do Código Florestal (Lei Federal n°12.651/2012) no qual o conceito de Área de Preservação Permanente (APP) foi “renovado”, ou seja, elas já eram consideradas em zonas rurais e passaram a ser consideradas as APPs presentes em zonas urbanas também (art. 4º– Lei Federal nº. 12.651/2012).

E o que é Área de Preservação Permanente? Por definição, toda e qualquer “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (art. 3º da Lei Federal 12.651/2012).

Desde então, com a consideração de APPs em áreas urbanas, nasceu outro título: “Áreas de Preservação Permanente Urbanas” (APPs urbanas).

Imagem: Mundo Geo.

De acordo com o Código Florestal, há vários tipos de APP, mas na maioria das vezes situam-se ao redor de cursos hídricos. Histórica e culturalmente falando, as cidades se estabeleceram às margens dos cursos d’água, fato que torna quase impossível não haver ocupação urbana em uma APP.

Mas, qual a conexão entre cidades sustentáveis e Áreas de Preservação Permanente? Como já dito, cidades sustentáveis estão intrinsecamente ligadas à preservação dos recursos naturais ali presentes, optando pelo desenvolvimento socioeconômico, porém sem causar impactos altamente danosos ao meio ambiente, o que envolve obras públicas e privadas baseadas em soluções naturais (Based Nature Solutions).

Quais os conflitos existentes?  Áreas de Preservação Permanente localizadas em centros urbanos refletem em variadas vertentes: antinomia jurídica e conflitos legais, realidade urbana dos municípios brasileiros, gestão territorial, gestão ambiental dos fragmentos florestais urbanos, entre outros.

Parque Estadual do Cocó é o maior parque natural em área urbana do Norte e Nordeste do Brasil e o quarto da América Latina, sendo o maior fragmento verde da cidade de Fortaleza. / Imagem: SAES Advogados.

É um conceito recente, pois até a década de 1990 não existia o conceito voltado às áreas urbanas. Na lei vigente (Lei Federal nº. 12.651/2012) não se definem os limites a serem aplicados em uma APP urbana. E como agravante ainda há a problemática “qual a solução para as APPs em áreas urbanas consolidadas?”, sendo questionável a normativa correta a ser aplicada em um processo de loteamento urbano.

E como lidar com essas áreas situadas em áreas urbanas (muitas vezes já consolidadas) respeitando os princípios legais da sociedade e caminhando em direção a uma cidade sustentável? Ressaltando que essas áreas além de abrigarem enorme biodiversidade, protegem zonas vulneráveis às ações antrópicas e regulam a disponibilidade dos recursos naturais (imprescindíveis para o bem-estar humano).

Áreas de Preservação Ambiental Urbana não são intocáveis, mas possuem suas particularidades. Quando requisitada a retirada de uma cobertura vegetal, por exemplo, é primordial a análise técnica do órgão ambiental responsável – para constatar se determinada área está de fato cumprindo a sua função ambiental – para que o laudo técnico permita ou não a supressão vegetal. Ou, então, aponte soluções como medidas que fomente a recomposição florestal.

Imagem: Construtiva Aprimoramento Profissional.

Ademais, há exceções para quando se é ou não permitida a supressão de uma APP previsto no art. 8º “a intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei”. Outro fator importante é o fato do bem coletivo estar em primeiro lugar que o bem individual, consequentemente, dadas as condições, manter uma APP em pé gera mais benefícios para a população do que retirá-la para autorização de uma obra com poucos usufruidores.

De fato, a comunhão entre o desenvolvimento urbano sustentável e Áreas de Preservação Permanentes Urbanas podem ser simples ou complexas. Para atenuar, está em trâmite no Senado o Projeto de Lei 368/2012 que prevê autonomia aos municípios para determinar a dimensão das APPs em ambientes urbanos, seguindo Planos Diretores Municipais e leis sobre Uso e Ocupação do Solo em conjunto com os Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente.

Imagem: Freepik.

Será uma solução eficiente? Dependendo da resposta para a pergunta feita inicialmente, sim. Relembrando que é imprescindível o diálogo equânime, planejamento urbano integrado e estratégico entre as partes envolventes: sociedade civil, instituições públicas, setor privado e instituições acadêmicas.

 

Referências:

 

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ARTIJA, Maria Vitória. Áreas de Preservação Permanente e Cidades Sustentáveis: o equilíbrio é possível!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/areas-de-preservacao-permanente-e-cidades-sustentaveis-o-equilibrio-e-possivel.html>.

Mudanças Climáticas no Cinema Ambiental: um pedido de socorro da Terra

As mudanças climáticas ocasionadas pelo ser humano têm se intensificado nas últimas décadas e gerado debates sobre como superar esse problema de ordem não apenas ambiental, mas também social e político.

As discussões sobre as mudanças climáticas envolvem desafios relacionados à ciência, à tecnologia e às práticas sociais (baseadas no progresso tecnológico e científico e pautadas na produção e consumo dos recursos naturais de forma insustentável).

Imagem: Pixabay.

Debater sobre como a sociedade é, ao mesmo tempo, a força motriz do problema e da solução, foi encontrando caminhos em diferentes meios, sobretudo, na comunicação ambiental. Há indícios de seu surgimento no final da década de 1960 nos Estados Unidos, como forma de alertar as populações ao redor do mundo sobre as mudanças climáticas e problemas ambientais, utilizando relatos e diários de viagens que eram publicados em revistas científicas.

Essas publicações eram uma tentativa de informar o público geral, capacitar os cidadãos para entenderem o que estava acontecendo com o meio ambiente e despertar o interesse em ajudar.

Foi assim, influenciado pela comunicação ambiental, que surgiu o cinema ambiental. Se a intenção era falar do problema para incentivar as pessoas a pensarem em como ajudar diante da emergência dessa discussão, a melhor forma de atingir um grande número de pessoas era utilizando um entretenimento de massa.

“Uma Verdade Inconveniente”, documentário de 2006. Sinopse: O documentário analisa a questão do aquecimento global, a partir da perspectiva do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, mostrando os mitos e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.

A representação nas telas dos danos causados pelas mudanças climáticas sejam as mais reais (que já estão acontecendo) ou até mesmo de grandes catástrofes – pensando em um futuro, caso o ser humano não mude sua forma de viver, produzir e consumir de acordo com os limites do planeta – pode causar impacto nas pessoas.

Os filmes ambientais passaram a ser instrumentos importantes para auxiliar no combate às alterações climáticas, utilizando vários gêneros fílmicos. Esses filmes chegam aos espectadores com facilidade, pelo circuito tradicional de distribuição e também por meio dos Festivais Ambientais que passaram a ganhar força nos anos 1990.

Para que um filme entre na categoria de temática ambiental, ele precisa, além de retratar a dicotomia urbano e natural, trazer motes centrais focados no meio ambiente, seja em sentido de denúncia, informação ou como pano de fundo.

Portanto, não somente os documentários – que trazem denúncias sobre os desmatamentos, extinção de biomas, aquecimento global, pobreza e tantos outros problemas relacionados ao meio ambiente – podem ser utilizados para alertar a sociedade e consequentemente, apresentar possíveis soluções e iniciativas de mudança.

Os filmes de animação que envolvem também as crianças na preocupação com o meio natural têm se tornado muito frequentes e bons aliados para explicarem para os pequenos a importância do cuidado com a natureza; as ficções científicas e os famosos filmes catástrofes, mesmo forçando a realidade ao falar das mudanças climáticas, são capazes de gerar certa preocupação em espectadores mais sensíveis à temática.

“Animais Unidos Jamais Serão Vencidos”, animação da PlayArte de 2011. Sinopse: Os animais que habitam um delta africano esperam pela cheia anual do rio, mas descobrem que os humanos estão destruindo a área para construir um balneário. Billy, um suricato, e seu amigo Sócrates, um leão, tentam salvar seu território.

É importante ter em mente, que a combinação do real com o imaginário pode promover um cenário que imita a diversidade cultural da sociedade, assim como os valores (tanto individuais quanto coletivos) e tudo que estamos reproduzindo. Ilustrar para a sociedade em geral como chegamos na situação atual, mostrando possíveis futuros, caso nosso modo de produção seja mantido, é urgente e o cinema ambiental, desde seu surgimento tem um papel importante para ecoar o pedido de socorro do planeta Terra.

Referências:

  • AGUIAR, S.; CERQUEIRA, J. F. B. Comunicação ambiental como campo de práticas e estudos. Comunicação e Inovação. São Caetano do Sul: n. 24, v. 13, p. 11-20, 2012. Disponível em: <https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/view/1474/1191>.
  • CERQUEIRA, J. F. B.; COUTINHO, R. “Mudança Climática e Cinema de Animação: Uma análise ecocrítica das séries Capitão Planeta e os Planetários (episódio The Ozone Hole, 1991) e Os Pinguins de Madagascar (episódio Operation Big Blue Marble, 2012)”. Investigar o cambio climático na interface entre a cultura científica e a cultura común: 163. Disponível em: <https://bit.ly/2JPa9ju>.
  • KORNIS, M. A. História e cinema: um debate metodológico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 237-250. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1940/1079>.
  • GUIDO, L. F. E.; BRUZZO, C. Apontamentos sobre o cinema ambiental: a invenção de um gênero e a educação ambiental. Rev. Eletrônica Mestrado Educação Ambiental, v. 27, julho a dezembro de 2011. Disponível em:  <https://www.seer.furg.br/remea/article/view/3249/1933>.

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MARIA, Flávia. Mudanças Climáticas no Cinema Ambiental: um pedido de socorro da Terra. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/mudancas-climaticas-no-cinema-ambiental-um-pedido-de-socorro-da-terra.html>.

Sustentabilidade na Escola – Como é o uso de materiais na prática escolar?

Professoras e professores trabalham para despertar nas crianças o interesse e desejo pela aprendizagem buscando alcançar as expectativas dos conhecimentos a serem ensinados, para isso, fazem significativo uso de diferentes materiais.

Frequentemente, os profissionais da educação atuam de forma muito criativa para estimular todos os alunos e alunas de suas turmas com distintos interesses e diferentes níveis de aprendizagem. Desta forma, é comum que educadores utilizem, diversos materiais a fim de confeccionar enfeites, ferramentas e instrumentos que possam colaborar com a aprendizagem das crianças. Por isso comumente encontramos em salas de aula, especialmente nos anos escolares iniciais, diferentes tipos de cartazes, jogos, brinquedos e instrumentos que visam colaborar com a aprendizagem das crianças.

Imagem: Freepik.

Pensando sobre as práticas escolares, sabemos que a aprendizagem deve ser atual e coerente com as demandas que vivemos, assim, um tema que tem sido trabalhado e estimulado no ambiente escolar é a questão da sustentabilidade. Considerando especificamente esta temática, proponho que façamos uma reflexão sobre o uso de materiais no ambiente escolar.

Educadoras e educadores elaboram diversos tipos de projetos com a temática da sustentabilidade, o que pode gerar um conflito, se pensarmos que utilizam grandes quantidades de materiais descartáveis, difíceis de serem reciclados ou até não recicláveis no cotidiano das aulas. Para desenvolver diversas atividades, muitos tipos de papéis são usados de forma desmedida, além de materiais específicos como EVA, glitter, colas, fitas adesivas, tecidos e diversos outros tipos de materiais que, geralmente, são descartados posteriormente.

EVA (emborrachado) com glitter. / Imagem: Magazine do EVA.

Como podemos compreender este fato? Tal prática acontece por falta de reflexão sobre o próprio trabalho? Será que o uso excessivo de materiais acontece devido à pressão exercida por gestores, familiares ou até pelo governo para cumprir as expectativas de aprendizagem? Ou será que profissionais da educação não encontram outra maneira de adequar seu trabalho?

É importante compreendermos que, possivelmente, os profissionais da educação não possuem alternativas para trabalhar de maneira mais sustentável, pois algumas vezes já recebem atividades prontas para serem aplicadas, como também trabalham com os materiais disponibilizados nas escolas. Apesar disso, é importante que haja conscientização quanto ao uso dos materiais oferecidos ou adquiridos de modo que os trabalhos ocorram de forma consciente, evitando desperdício e promovendo reutilização ou descarte adequado.

Imagem: Freepik.

Para uma prática mais sustentável, entretanto, são necessárias adaptações para além dos trabalhos dos educadores, compreendendo a toda instituição escolar e seus responsáveis. Desse modo, os materiais disponibilizados podem ser mais adequados, assim como deve ser oferecido apoio, atualização e aperfeiçoamento destes profissionais para que se sintam motivados e amparados a tornarem seu trabalho mais sustentável.

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MATTARA, Bianca. Sustentabilidade na Escola – Como é o uso de materiais na prática escolar?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/sustentabilidade-na-escola-como-e-o-uso-de-materiais-na-pratica-escolar.html>.

Moda e Sustentabilidade: o poder das nossas escolhas!

Não é de hoje que a roupa deixou de exercer somente a sua função prática, que é a de proteger o nosso corpo. Atualmente, ela também desempenha as funções estética e simbólica; essas diretamente associadas a quem somos e ao que acreditamos.

Historicamente, e em diferentes épocas, personalidades transmitiram mensagens através do vestir, diminuindo cada vez mais as fronteiras entre moda e ativismo. Podemos citar, por exemplo, a estilista Katharine Hamnett [1], que utiliza a moda como ponte para o seu ativismo em prol do meio ambiente e de causas sociais. Citamos também a atriz Emma Watson [2], que atualmente declarou apenas apoiar marcas que representem suas crenças.

Katherine Hamnett

A palavra ativismo significa “transformação da realidade por meio de uma ou mais ações práticas”. É quando a gente se opõe não apenas à teoria e partimos para o fazer.

Com as amplas discussões sobre sustentabilidade, a moda se torna um pilar cada vez mais importante para que nós, consumidores, possamos fazer escolhas assertivas. Através dessas escolhas, a roupa passa a atuar não só como uma ferramenta de expressão da nossa individualidade, como também da nossa cultura e crenças: sociais e políticas. É através dessas escolhas que estreitamos relações com nossos posicionamentos, sejam eles associados à causa animal, a condições de trabalho digno e/ou menos impacto ao meio ambiente.

Podemos ver debates cada vez maiores sobre a necessidade de apoiar economias criativas e valorizar produtores locais, onde nossas escolhas vão contra a lógica de um sistema de produção acelerado – que já falamos diversas vezes aqui, degrada o meio ambiente e escraviza pessoas.

Compre menos, escolha melhor, faça durar. / Imagem: Edward Howell/ Unsplash.

Dentro do sistema econômico que vivemos, utilizar o nosso poder de escolha para financiar negócios que acreditamos é fazer o dinheiro chegar até quem está trabalhando em prol da sustentabilidade. Através dessas decisões, garantimos não somente que iremos vestir algo que foi produzido em conformidade com o que acreditamos ser certo, como também incentivamos o crescimento dessas empresas e de toda cadeia produtiva na qual ela faz parte.

Estar nesse lugar de escolha também é sobre fazer perguntas. Sobre olhar para dentro, questionar nossos próprios hábitos de consumo, entender o impacto das nossas decisões e desenvolver consciência. Mas esse é apenas um dos caminhos, dentre tantos outros, para se chegar a um lugar de desejo –habitar espaços onde humanidade e natureza possam coexistir de maneira sustentável, prezando pelo nosso bem estar e pela preservação do planeta.

 

Referências:

 

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AURELIANO, Bruna. Moda e Sustentabilidade: o poder das nossas escolhas!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/moda-e-sustentabilidade-o-poder-das-nossas-escolhas.html>.

Seletividade Hierárquica dos Serviços de Saneamento

Fala-se muito sobre desigualdade social, mas você já observou que há um padrão de iniquidade social e discriminação no acesso aos serviços de saneamento básico? Pense na sua cidade: quais os bairros que sofrem com a interrupção no serviço de abastecimento de água? Quais os bairros que não têm rede de esgoto? Ampliando mais a análise, no Brasil, quais regiões apresentam menores índices de cobertura dos serviços de saneamento?

Imagem: Instituto Trata Brasil.

Se você pensou em bairros periféricos e regiões Norte e Nordeste do Brasil acertou!

Não se engane o saneamento básico compreende serviços de abastecimento de água, drenagem urbana e manejo de água pluviais urbanas, limpeza urbana e coleta de resíduos sólidos, esgotamento sanitário. Ele é responsável por controlar os impactos da urbanização sobre o meio ambiente e a redução dos riscos naturais. Para saber mais, acesse O que é Saneamento Básico? Entenda como funciona essa importante ferramenta de proteção à saúde humana e ambiental.

A ausência das condições adequadas desses serviços essenciais pode contribuir para contaminações dos corpos hídricos e solo, assoreamento dos rios, inundações e, consequentemente, para transmissão de doenças infecciosas.

Imagem: Martin Slavoljubovski/ Pixabay.

Mas, se a saúde também depende do saneamento, por que há desigualdade de acesso?

A primeira hipótese refere-se à incapacidade dos indivíduos de pagarem pela ligação e utilização dos serviços. A segunda, apresenta a influência dos aspectos culturais e educacionais, ou seja, os indivíduos que sabem dos benefícios desses serviços optarão pela adesão. A terceira hipótese é a deficiência na oferta desses serviços, já que, predominantemente, os prestadores são públicos. Portanto, fatores sócio-políticos evidenciam uma seletividade hierárquica (atendimento dos mais favorecidos para os menos favorecidos).

Imagem: Freepik.

Diante desse cenário, observa-se que o desenvolvimento econômico precisa estar associado às políticas públicas. Como corresponsáveis, o que podemos fazer pelo Saneamento Básico?

  1. Ao notar deficiências nos serviços de saneamento, informe aos órgãos e autoridades locais responsáveis;
  2. Preserve os corpos hídricos (rios, lagos, água subterrânea) e o solo; são dos mananciais que ocorre a captação de água para o consumo da população;
  3. Suspeitou de um vazamento de água ou ligação clandestina, informe a concessionária ou órgão de meio ambiente local;
  4. Faça a ligação entre a sua casa e a rede de esgoto da sua rua.
  5. Apoie ações de Educação Ambiental.

Caro leitor, nas próximas eleições valide seu voto pensando “nas obras que ninguém vê”, mas que garantem nosso bem-estar.

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BRITO, Suan Lima. Seletividade Hierárquica dos Serviços de Saneamento. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/seletividade-hierarquica-dos-servicos-de-saneamento.html>.

O Uso de Plantas Medicinais

O uso de chás é uma prática comum em algumas famílias que recorrem às plantas medicinais para curar determinadas doenças. Neste período de pandemia que atravessamos surgem informações, sem nenhuma base científica, sobre plantas, alimentos, produtos naturais que curam ou previnem a Covid-19.

A correta identificação, além de informações sobre o uso adequado e manejo das plantas medicinais, se fazem necessárias, pois, a automedicação e o perigo da identificação incorreta é um assunto preocupante e extremamente perigoso para a saúde. Também é preciso despertar para o uso responsável destas plantas, desmistificar esta questão de que o que é natural é sempre seguro, pois pode ser nocivo à saúde, como qualquer outro produto, se usado incorretamente.

Imagem: Tumisu/Pixabay.

Como alerta o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020), a população deve tomar cuidado com as informações que recebe e compartilha nas redes sociais, principalmente aquelas informações que garantem uma solução milagrosa, sem evidência científica. Muitas plantas caem no conhecimento popular, mas suas propriedades podem não ser tão benéficas, ou a forma de uso não é correta e, em determinadas situações, acabam agravando os problemas existentes. Por isso, vale reforçar que qualquer tratamento deve ter indicação de profissional de saúde.

Conforme consta na portaria 971/2006 do Ministério da Saúde, o Brasil possui grande potencial para o desenvolvimento dessa terapêutica, com a maior diversidade vegetal do mundo, ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao conhecimento tradicional e tecnologia para validar cientificamente esse conhecimento.

Imagem: Freepik.

Muitas plantas passaram a ser estudadas e ter maior embasamento científico, sendo aliadas da medicina para combate a diversas doenças, tanto na prevenção quanto na cura. Mas, segundo dados do Ministério da Saúde (2012), entre as 250 mil e 500 mil espécies de plantas estimadas no mundo, apenas pequena percentagem tem sido investigada fitoquimicamente, fato que ocorre também em relação às propriedades farmacológicas, nas quais, em muitos casos, existem apenas estudos preliminares.

Foram realizados estudos recentes sobre plantas medicinais utilizadas no combate à Covid-19 e se observou eficácia naquelas utilizadas para infecções no trato respiratório e com possíveis efeitos antivirais (Zhang et al. p. 24, 2020).

As plantas medicinais são produtos tradicionais para o tratamento de enfermidades, contudo, é importante fazer a identificação correta e conhecer suas propriedades e o seu uso não deve ultrapassar muito tempo. Recomenda-se utilizar por até uma semana o mesmo chá e a forma mais comum utilizada pela população é por infusão (coloca-se a planta verde ou seca na xícara, adiciona-se água fervente, tampa-se e deixar repousar). A decocção é feita para raízes, caules ou cascas, onde estas partes da planta são fervidas juntamente com a água.

Imagem: Clker-Free-Vector-Images/ Pixabay.

Segundo Lorenzi (2008), os princípios ativos das plantas medicinais provocam reações benéficas ao organismo, resultando na recuperação da saúde. Ele também reforça que é preciso conhecer bem as plantas medicinais de cada região, para assim descobrir como as plantas podem, realmente, ajudar na recuperação e na manutenção do bem-estar. Desta forma, será possível repensar os conceitos de saúde, doença e tratamentos estabelecidos.

Ao procurar fontes confiáveis de informações sobre identificação e princípios ativos para escolha da planta é possível fazer o emprego correto, utilizando plantas medicinais selecionadas com eficácia e segurança terapêutica, baseadas na tradição popular ou cientificamente validadas como medicinais.

No Brasil, a partir da década de 1980, diversos documentos foram elaborados para a introdução das plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje temos as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) que se enquadram no que a Organização Mundial da Saúde (OMS) denomina de medicina tradicional e medicina complementar e alternativa. As PICs ampliam as opções terapêuticas e melhoram a atenção à saúde da população, contemplando plantas medicinais e fitoterápicos. É válido ressaltar que cada município e estado tem suas próprias políticas, cabendo aos cidadãos informarem-se e cobrarem das autoridades, sobre projetos na área.

Imagem: Freepik

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto 5.813/2006) objetiva garantir o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicas, além de promover o uso sustentável da biodiversidade e desenvolver a cadeia produtiva e a indústria nacional.

Para maiores informações, há resoluções da ANVISA sobre as drogas vegetais e demais documentos e registro de cerca de 500 fitoterápicos, com estudos sobre cada uma destas espécies e também vários estudos científicos sobre demais plantas medicinais. Outra fonte confiável para consulta é o livro “Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas” de Harri Lorenzi e Francisco José de Abreu Matos que contempla 394 espécies da flora nativa e exótica cultivadas no país.

Referências:

  • ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Resolução-RDC nº 14/2010. DOU nº 63, 5 de abril de 2010. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_13_05_2014.pdf>.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica/Ministério da Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2012. 156 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica n. 31).
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://antigo.saude.gov.br/fakenews/47213-alimentacao-e-fake-news>.
  • BRASIL. Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006, Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde.
  •  LORENZI, H.; MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.
  • ZHANG D.; WUB K.; ZHANG X.; DENG S.; PENG B. In silico screening of Chinese herbal medicines with the potential to directly inhibit 2019 novel coronavirus. J Integr Med 2020; 18(2): 152-158.

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MAIRESSE, Nathália. O Uso de Plantas Medicinais. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/12/o-uso-de-plantas-medicinais.html>.

Compras Públicas Sustentáveis: A importância da visão sustentável nos negócios

Em 2020, a população mundial foi confrontada com os desafios da pandemia provocada pela rápida disseminação do Coronavírus que provocou (e continua provocando) significativas transformações sociais devido à necessidade do distanciamento. Em paralelo, porém, outro problema precisa ser tratado de forma eficaz e imediata para preservar as gerações presentes e futuras: as mudanças climáticas.

Apesar de diferentes, é possível fazer um paralelo entre os dois problemas, na medida em que surge grande oportunidade para que a saída pós-pandemia passe por “estratégias verdes”. Nesse ponto, indica-se aqui a possibilidade de introdução de critérios sustentáveis nos negócios como um todo (públicos ou privados) como forma de alavancar processos que no mesmo plano possam ser eficientes e contribuam para a melhora do meio ambiente.

Imagem: Freepik.

No caso das compras públicas, a busca de inclusão do critério da sustentabilidade nas Contratações Públicas remete à ideia de consideração das externalidades ambientais negativas e o custo ambiental de todo o processo de produção (“do berço ao túmulo”) que, mesmo em circunstâncias de crise, pode ser considerado. Isso porque o desenvolvimento sustentável (ambiental-econômico-social) com Contratação Pública impõe uma análise ampla desse processo.  Ora, o Estado pode desconsiderar, por exemplo, os custos com saúde da população ocasionados pelo produto “mais barato” com base no menor preço, o que em longo prazo terá sido menos benéfico.

Para tanto, é preciso utilizar a Avaliação do Ciclo de Vida (Life Cycle) de produtos e ponderação de toda a cadeia produtiva para prática de obras ou serviços requeridos pelo Poder Público. A ideia de circular não é mera coincidência, mas sim a concretização das ideias já apontadas como Economia Verde (Green Economy), Economia Circular (Circle Economy), Desenvolvimento Sustentável (Sustantable Development), Consumo Sustentável (Sustentable Consumption), reaproveitamento/reciclagem de produtos, enfim, com a consideração de todo o ciclo de vida e da defesa do meio ambiente como política pública estratégica [1].

Imagem: Freepik.

A adoção das compras públicas sustentáveis no Brasil passou a ser, inclusive, uma exigência legal e, assim sendo, tornou-se pilar norteador das Contratações Públicas (art. 3º – Lei nº. 8.666/93). No intuito de balizar ainda mais os parâmetros a serem cumpridos pela Administração Pública na escolha de bens, serviços ou obras em consonância com os preceitos ambientais, o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Federal brasileiro editou a Instrução Normativa nº. 01/2010 que visa considerar os processos de extração ou fabricação, utilização e descarte dos produtos e matérias-primas [2].

Diante disso, observa-se que o Estado brasileiro deve passar por uma (re)leitura verde para cada vez mais tornar políticas públicas ambientais como estratégicas para consolidação do Brasil no cenário mundial no tema e, assim sendo, torná-lo mais efetivo e conectado com os preceitos do século XXI.

Para mais informações, acesse:

https://lumenjuris.com.br/direito-ambiental/contratacoes-publicas-sustentaveis-2020-2632/p

Referências:

  • [1] “O instrumento-chave de implementação da noção de consumo sustentável é a “análise do ciclo de vida” dos produtos (ACV). Trata-se de uma noção utilizada, tanto nos documentos internacionais referidos, como pela União Europeia, cuja Política de produção e consumo sustentáveis tem nela o seu principal apoio. (…). O que a estratégia de produção e consumo e sustentáveis preconiza é a “neutralização” dos índices de consumo através da análise do ciclo de vida, um instrumento que recomendavelmente será aplicado a todas as fases de produção, utilização e descarte do produto/serviço, para que o consumidor tenha a informação do ónus ambiental, que todas cada uma delas provoca-desde o berço até à cova (from cradle to grave)”. AMADO GOMES, Carla. Introdução ao Direito do Ambiente. 4. ed. Lisboa: AAFDUL, 2018. p. 74.
  • [2] BRITO, Felipe Pires M. de. Contratações Públicas Sustentáveis. (Re)leitura verde da atuação do Estado Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020.

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Saiba como colocá-lo nas referências:

PIRES, Felipe. Compras Públicas Sustentáveis: A importância da visão sustentável nos negócios. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/11/compras-publicas-sustentaveis-a-importancia-da-visao-sustentavel-nos-negocios.html>.

Calçados feitos com calças jeans descartadas: Reciclagem, Upcycling e Moda Sustentável!

A indústria da moda é uma das mais vorazes em consumo de recursos naturais e uma das mais poluentes do planeta. Por trás daquela sua calça jeans, por exemplo, está um processo de produção que consome grandes quantidades de água, energia e corantes a base de produtos químicos altamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Uma simples camisa de algodão “esconde” aproximadamente 2.700 litros de água. Além disso, outra preocupação, ofuscada em meio a tantos impactos, é a geração de resíduos – são geradas 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano no Brasil, conforme dados do SEBRAE.

Descarte inadequado de resíduos têxteis. – Foto: Diário do Litoral

Mas em meio a tantos fatos ruins, felizmente existem cada vez mais iniciativas e empresas que buscam mudar essa realidade, através de ações que impactem positivamente o meio ambiente e a sociedade. Esse é o caso da EcoModas, uma empresa fundada com foco na preservação do planeta. A empresa do setor têxtil, além de produzir peças de vestuário, como o próprio nome da empresa sugere, também atua fortemente com conscientização ambiental, fruto da preocupação de seus diretores, Adriana Santos e Alex Santos, com todos os impactos negativos que a indústria da moda causa ao meio ambiente.

Como vimos, o jeans tem um impacto muito grande durante o processo de produção e ao ser descartado incorretamente continua impactando negativamente o meio ambiente, sendo entulhado em aterros. Buscando minimizar esse impacto pós-consumo, entram em cena a reciclagem e o upcycling, processos realizados pela EcoModas onde calças jeans usadas ganham vida nova se transformando em calçados lindos, cheios de estilo, confortáveis e com design ecológico.

Calçado da EcoModas feito a partir de jeans reciclado. – Foto: EcoModas

Os calçados em jeans reciclado são feitos sob demanda (o que possibilita a não geração de grandes estoques) com calças jeans que a empresa recebe através de doações. Além disso, e como um grande bônus, todo o desenvolvimento do produto é pensado de forma sustentável, já que o solado é produzido com plástico e borracha reciclados e o forro é feito a partir de garrafas PET, transformadas em tecido.

Maravilhoso não é mesmo? Mas não é só isso! A EcoModas, que ao longo dos últimos anos se destacou no mercado nacional por transformar toneladas de materiais que iriam para aterros em novos produtos, também possui outros produtos em seu portfólio: carteiras, nécessaires, estojos, ecobags e bags de notebook feitas a partir da reciclagem de outros materiais – banners e câmaras de ar de pneus.

Bolsa feita com câmara de ar de pneus reciclada. – Foto: Divulgação EcoModas

Além dos produtos feitos a partir da reciclagem de banners comercializados no site, a empresa também atua em parceria com empresas que buscam a reutilização de banners e lonas utilizadas em campanhas de mídia externa. Tendo em vista que o descarte desses materiais em aterros é problemático – o material do qual são feitos esses banners (vinil) é um polímero que possui em sua composição vários poluentes (cloro, etileno e tramas de poliéster) – a EcoModas produz brindes utilitários a partir desses materiais para empresas interessadas nesse tipo de upcycling.

Bag de Notebook feita com banners reciclados. – Foto: EcoModas.

E o propósito sócio-ambiental da EcoModas vai mais além, já que a empresa também reutiliza cones de linhas de costura industrial vazios para cultivar árvores que são usadas para enriquecer a flora e preservar nascentes através do Projeto Viveiro Educandário.

Para conhecer mais a EcoModas, acesse:

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Saiba como colocá-lo nas referências:

ABREU, Nathália. Calçados feitos com calças jeans descartadas: Reciclagem, Upcycling e Moda Sustentável!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/11/calcados-feitos-com-calcas-jeans-descartadas-reciclagem-upcycling-e-moda-sustentavel.html>.

Referências e Sugestões de Leitura:

G1. Calças jeans viram calçados em confecção de Nova Friburgo. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/especial-publicitario/ebma/renova-friburgo/noticia/2020/11/27/calcas-jeans-viram-calcados-em-confeccao-de-nova-friburgo.ghtml>.

SEBRAE. Boletim de Inteligência SEBRAE. Disponível em: <http://sustentabilidade.sebrae.com.br/Sustentabilidade/Para%20sua%20empresa/Publica%C3%A7%C3%B5es/2018_5_Upcycle.pdf>.

Cataflix: a Reciclagem por quem faz ela acontecer – Você precisa assistir essa série!

Cada brasileiro produziu, em média, 380 kg de resíduos (“lixo”) em 2018, o que equivale a 79 milhões de toneladas no Brasil inteiro, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, relatório da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). E quando pensamos na destinação correta, dentre as quais a reciclagemos catadores e catadores de materiais recicláveis têm um papel crucial nesse processo, pois são eles que coletam diariamente cerca de 90% de tudo que é reciclado no Brasil, segundo dados do IPEA.

Apesar de toda a importância que possuem – são os catadores e catadoras que fazem a reciclagem acontecer no país – infelizmente, eles ainda não recebem o merecido reconhecimento da sociedade pelas atividades que desempenham. Baixíssima remuneração e condições de trabalho que estão longe de serem as ideais são só alguns exemplos do que esses profissionais enfrentam diariamente.

Foto: Pimp My Carroça

Justamente para mudar essa realidade que o movimento Pimp My Carroça foi criado em 2012. E desde então, mais de 2000 catadores e catadoras já foram atendidos. O reconhecimento do projeto, que tem como foco o reconhecimento social e econômico desses importantes profissionais, fez com que atravessasse as fronteiras brasileiras sendo replicado em cerca de 50 cidades de 14 países diferentes.

E não para por aí! O Pimp My Carroça acaba de lançar uma novidade para dar mais visibilidade aos catadores e catadoras de materiais recicláveis: o Cataflix, uma série disponibilizada gratuitamente no canal do Youtube do Pimp My Carroça. Visando a criação de conteúdo relevante sobre a reciclagem e o universo dos catadores e catadoras, a série é apresentada pelos próprios catadores que se transformaram em youtubers para nos apresentar suas rotinas de trabalho e todos os desafios enfrentados diariamente.

Resultado de uma parceria entre Pimp My Carroça e Nestlé, o Cataflix é gravado em São Paulo e possui (assim como o Pimp My Carroça e seu aplicativo Cataki) relevância nacional com vídeos e depoimentos de catadores do país inteiro. Além disso, a série conta também com a participação de especialistas que colaboram com cada um dos temas abordados nos episódios. Outro diferencial são os cenários: um grafiteiro diferente é convidado para pintar um painel que retrate o tema de cada um dos episódios.

Foto: Divulgação Pimp My Carroça

Cataflix terá frequência quinzenal, ou seja, a cada duas semanas será lançado um novo episódio. O primeiro e o segundo episódio, lançados no dia 30/10 e 13/11, já estão disponíveis no Youtube. O terceiro episódio será lançado amanhã, dia 27/11. Nessa primeira temporada a série contará com cinco episódios, sendo sempre apresentada por uma dupla de catadores youtubers.

“O público da série é tanto o gerador de resíduos (nós) quanto o próprio catador, até porque um não vive sem o outro”. João Bourroul, coordenador de comunicação do Pimp My Carroça.

“O público da série é tanto o gerador de resíduos (nós) quanto o próprio catador, até porque um não vive sem o outro”. João Bourroul, coordenador de comunicação do Pimp My Carroça.

Confira abaixo o guia dos episódios da primeira temporada do Cataflix:

Episódio 1 – Sou catador com muito orgulho! 

Qual a importância das catadoras e catadores para o Brasil? Qual a necessidade de remunerar o trabalho dos profissionais da reciclagem? Por que os catadores sentem orgulho de sua profissão?

No episódio de estreia, o Cataflix traça um panorama geral sobre as dificuldades e as belezas do trabalho dos catadores. Também são abordados os seguintes temas: a importância do reconhecimento e da remuneração da sociedade pelos serviços prestados pelos catadores; o valor de alguns dos principais materiais coletados pelos catadores; e a trajetória do Pimp My Carroça e do seu aplicativo Cataki.

Episódio 2 – Catadores contra a Covid-19

Como os catadores podem se proteger da Covid-19? Essa é a pergunta que o segundo episódio da série vai responder. Spoiler: a responsabilidade também é dos geradores de resíduos (nós).

Os catadores e catadoras são trabalhadores muito expostos ao novo coronavírus, pois além de trabalharem o dia todo na rua, esses profissionais precisam manusear materiais potencialmente contaminados. Os catadores-youtubers Anne e Carlão dão algumas dicas sobre como os catadores têm se protegido e como o gerador de resíduos pode – e deve – contribuir para a proteção desses trabalhadores tão essenciais para a limpeza urbana e para o meio ambiente.

Clique aqui para assistir.

Episódio 3 – História dos catadores no Brasil e no mundo (Previsão de estreia: 27/11)

O lixo é um problema que acompanha a humanidade desde os tempos da Grécia Antiga e quanto mais nos desenvolvemos mais lixo geramos. Hoje os catadores são encontrados em praticamente todos os países do mundo, inclusive no Brasil, onde se espalham pela maioria das cidades.

Mas nem sempre foi assim. Como toda profissão, a atividade dos catadores tem uma origem que data de muitos séculos atrás e sua trajetória acompanha e reflete algumas das principais transformações da humanidade ao decorrer de sua história. O terceiro episódio da série é uma viagem no tempo pela trajetória dessa profissão tão essencial, mas, infelizmente, ignorada.

Foto: Conexão Planeta

Episódio 4 – Destinação correta dos resíduos (Previsão de estreia: 11/12)

A separação e a destinação correta dos resíduos, o que comumente chamamos de lixo, é o tema do quarto episódio da série.

E ninguém melhor que os catadores e catadoras para contar sobre a melhor forma para o gerador de resíduos (nós) separar e destinar os materiais de sua casa. Lembrando que depois de consumir um produto, aquela embalagem não desaparece! Ela segue existindo e, se você fizer sua parte – destinando corretamente a embalagem, além de ajudar a gerar renda para o trabalhador da reciclagem, também contribui para um planeta menos poluído.

Episódio 5 – Saúde dos catadores (Previsão de estreia: 18/12)

A tração humana de carroças está longe de ser o modelo ideal para catadores e catadoras de materiais recicláveis, mas é o modelo mais comum hoje em dia.

Pensando na redução de danos, o último episódio da primeira temporada do Cataflix traz dicas práticas para o profissional da reciclagem manter a saúde em dia mesmo diante das dificuldades e dos riscos da coleta na rua.

Para acompanhar a primeira temporada do Cataflixclique aqui e acesse o canal do Pimp My Carroça no Youtube.

Para conhecer mais sobre o Pimp My Carroça acompanhe:

E para ficar por dentro do Cataki, o aplicativo criado pelo Pimp My Carroça, acompanhe:

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Saiba como colocá-lo nas referências:

ABREU, Nathália. Cataflix: a Reciclagem por quem faz ela acontecer – Você precisa assistir essa série!. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/11/cataflix-a-reciclagem-por-quem-faz-ela-acontecer.html>.

Referências e Sugestões de Leitura:

ABREU, Nathália. Eles fazem a reciclagem acontecer! Conheça a importância dos Catadores de Materiais Recicláveis. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2019/11/eles-fazem-a-reciclagem-acontecer-conheca-a-importancia-dos-catadores-de-materiais-reciclaveis.html>.

ABREU, Nathália. Você sabe o que é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e como ela impacta diretamente na reciclagem?. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2018/11/politica-nacional-de-residuos-solidos-pnrs-e-reciclagem.html>.

BORGES, Leonardo. Cataki: o aplicativo que conecta catadores e gera renda. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/11/cataflix-a-reciclagem-por-quem-faz-ela-acontecer.html>.

Empresa oferece soluções para a logística reversa de embalagens

Na sua próxima ida ao mercado, repare nas embalagens de alguns produtos, como caixas e garrafas de suco, produtos de limpeza, artigos para animais de estimação e itens de cuidado e higiene pessoal. Algumas delas trazem o selo “eureciclo” impresso.

Mas você sabe o que esse selo significa?

O selo Eureciclo faz a ponte entre marcas de bens de consumo com recicladores, promovendo reciclagem com responsabilidade social, através da compensação ambiental. Ele foi idealizado para solucionar duas questões principais: a destinação final de embalagens geradas por empresas e marcas e a marginalização dos agentes da cadeia de reciclagem.

Assim, é possível dar um destino ambientalmente correto à uma massa de resíduos equivalente à massa das embalagens que uma empresa coloca no mercado.

Imagem: eureciclo

Então toda vez que você encontrar uma embalagem com selo “eureciclo” você pode ter certeza que essa empresa investe na cadeia de reciclagem! Isso só acontece porque, para adotar o selo, a empresa deve realizar o pagamento pelo serviço de coleta e triagem prestado pelos operadores de reciclagem.

Eureciclo homologa os operadores parceiros de coleta e triagem de resíduos recicláveis e checa a consistência do processo de forma escalável e segura, priorizando sempre a transparência e a inclusão. Do outro lado deste processo, estão as empresas que investem na cadeia de reciclagem, gerando incentivos para o desenvolvimento destes operadores.

As marcas que participam deste processo, recebem o selo eureciclo para estampar suas embalagens e comunicar seu compromisso aos consumidores.

Imagem: eureciclo

Todo esse processo é certificado visando o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), comprovando a logística reversa de suas embalagens e adequando-as à legislação ambiental vigente.

O objetivo da iniciativa é elevar a taxa de reciclagem no país, que atualmente gira em torno de 3%. Quando impresso em uma embalagem, o selo certifica que a empresa destina recursos à cadeia de reciclagem, através da compensação ambiental de pelo menos 22% das suas embalagens, conforme a meta nacional atual prevista na PNRS.

Essa meta é progressiva (34% em 2023, 40% em 2027 e 45% em 2031) e busca direcionar as empresas a adequarem seus processos. A boa notícia é que algumas marcas certificadas compensam 50%, 100% e até 200% de suas embalagens.

Muito bacana né? Já foram mais de 90 mil toneladas compensadas e mais de 2.900 marcas estão apoiando a cadeia de reciclagem em um movimento de incentivo à criação de um mundo mais sustentável.

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SOUZA, L. B. Leonardo. Empresa oferece soluções para a logística reversa de embalagens. Autossustentável. Disponível em: <https://autossustentavel.com/2020/11/eureciclo-solucoes-logistica-reversa-embalagens.html>.